c-s--moses C.S. Moses

Será que as crianças têm um sexto sentido; elas podem perceber o que os adultos não podem? Este miniconto é um pequeno relato sobre essa possível condição.


Paranormal Todo público.

#espírito #filha #céu #barulho-à-noite #madrugada
Cuento corto
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Imaculada Percepção


Os murmúrios advindos do quarto àquela hora me fizera perceber que ela não estava sozinha, ou pelo menos aparentava não estar. Algo tão deprimente para a maioria das pessoas era convertido em alegria minutos depois do café da manhã e nas subsequentes madrugadas, depois que ela ia se deitar; a solidão lhe parecia peculiar. A voz em meio-agudo, de palavras incompletas e arrastadas, combinava perfeitamente com a aparência parda, de cabelos liso-ondulados de Elis. Quando ela necessitava de algo, não hesitava em lançar seus gritos de “pa-pa-pa-papai, aqui!”, advertindo-me que uma pequena e malcheirosa bomba orgânica acabara de chegar e o responsável pelo desastre agora deveria limpá-la. Se me alimentou, agora me livre desse problema.

A minha boca e garganta secas, avisaram-me que o meu corpo carecia de água naquele instante. Às três horas da manhã, ofuscado pela luz interna da geladeira, eu me vi com os ouvidos atentos a duas vozes retinindo por entre os vãos escuros da casa. Caminhando de um cômodo a outro, percebi que os ruídos vinham de um lugar específico: o quarto rosado de Elis. Parei em frente à porta e aguardei alguns segundos. “Sem barulho, o papai está de pé!”, escutei em palavras quase inaudíveis. Mas como seria possível? Elis mal conseguia falar papai, não era capaz de termos tão eloquentes. “Tem alguém na porta”, ouvi segundos antes de empurrá-la e adentrar o quarto à meia luz. Fiquei atônito ao notar que ela permanecia dormindo profundamente. “Ainda estou sonolento e imaginando coisas”, pensei, fechando a porta e retornando à cama.

Às seis horas da manhã o sol cruzara a janela do meu quarto em direção aos meus olhos ainda cerrados. Após me espreguiçar, pus-me de pé outra vez, ajeitando meus chinelos enquanto seguia ao banheiro. Embora lento pelo sono, segui até a cozinha, deslizando as mãos sobre o rosto fatigado. As portas dos armários e geladeira estavam escancaradas e os alimentos removidos de dentro; pequenos rastros de comidas indicavam um trajeto, que instantaneamente acompanhei com os olhos arregalados. “Mas... o que aconteceu aqui?”, refleti seguindo ao quarto rosado. Ao chegar, vi Elis plainando sobre o seu berço, entre os braços do que parecia a sua própria sombra projetada em tamanho maior. “Pa-pa-pa-papai, aqui...! Mã-mã-mã-mãe!”, disse ela. De repente, minha visão antes turva, fez-me perceber que a sua mãe olhou inexpressivamente para mim e caminhou para fora sem me cumprimentar. “Agora o seu papai mora no Céu, meu amor”.



P.S.: Esta estória é contada do ponto de vista do espírito (pai), visto as histórias ditas que os mesmos também não sabem que estão mortos.

20 de Octubre de 2020 a las 16:30 1 Reporte Insertar Seguir historia
8
Fin

Conoce al autor

C.S. Moses C.S. Moses wrote some articles for sites on philosophy, art and published some poetry on sites and books of the genre. He attended Law, Psychology and Philosophy courses. He is a legal advisor, disciplined in the internal control of a public agency and in the bidding area. In five years he wrote “Exorcism ─ Under the influence of evil”; "The brotherhood"; "The Writer"; "Elisabeth"; "Anthology: 'Beyond the Earth; Beyond the Sky'". Currently finishing a novel and a soap opera.

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Joubert Alves Joubert Alves
Mais uma obra de arte do escritor! Um pequeno conto que transcende o mundo físico. Muito bom!
August 08, 2021, 17:18
~