millie97 Camila Loskar

Eu percebi que Taehyung se aproximou rápido demais, só pude ver quando Jimin se chocou contra a parede. Eu não tive tempo de impedir o novo ataque, agora o sangue escorria do lábio inferior de Jimin, me coloquei entre eles, mas ainda assim, as mãos de Taehyung estavam cerradas em punho, eu nunca havia o visto assim. - Chega! – Eu quase gritei, precisei ficar na frente do Jimin para evitar mais uma agressão. – Taehyung, você precisa entender... Precisa se acalmar. - Entender o quê, Liv? – Taehyung riu sem humor algum, apoiei Jimin para que se levantasse e ele fez uma careta, eu sabia que ele estava machucado. – Entender que você me usou e destruiu tudo que eu sentia para poder ficar com ele? Cara, ele sempre foi meu amigo, olha o que você fez... - Taehyung, eu posso explicar... – Tentei falar, mas não consegui, Taehyung acertou um tapa na lateral do meu rosto. Levei a mão ao meu rosto, sentindo a pele aquecer. - Eu não quero explicações... Eu não quero olhar para vocês dois nunca mais. - Corta! – O diretor gritou ao fundo, suspirei aliviada. Jimin estava rindo, mas eu percebi que a tensão entre eles não era apenas pela gravação. O que eu deveria fazer?


Fanfiction Bandas/Cantantes Sólo para mayores de 18.

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O início de tudo

Eu não sei porque eu ainda me sinto surpresa, Joe nunca me respeitou então não sei porque esperei fidelidade dele. Sempre esperei demais. Joguei o anel de compromisso nele e evitei olhar a mulher que estava com ele na cama, claro que, qualquer coreana era mais bonita do que eu. Segurei as lágrimas até entrar no elevador, percebi depois que havia um rapaz dentro dele, abracei o corpo e respirei fundo. Ia clicar um dos botões para sair do elevador e descer pelas escadas para poder chorar, mas as luzes piscaram e o elevador sacudiu, praticamente jogando o rapaz em cima de mim e então as luzes apagaram completamente.

- Você está bem? – Perguntei ainda meio zonza por ter batido a cabeça, tateei a procura do celular, mas não o encontrei.

- Eu estou. E você? Te machuquei? – Ele tinha uma voz conhecida e com cuidado se afastou de mim, logo acendendo a lanterna do celular. – Hey, desculpa. Eu juro que não foi intencional, por favor, não chora.

- O quê? Eu... Eu já estava chorando, não foi sua culpa.

- Mas tem sangue no seu cabelo. – Ele apontou para a minha testa e eu olhei meu reflexo no espelho, havia um filete de sangue escorrendo pela lateral do meu rosto.

- Eu estou bem. – Afirmei e me sentei melhor, encostando as costas em uma das laterais do elevador. – Você pode ligar para a recepção?

- Ahn, não tem sinal. Droga. – Agora ele parecia nervoso. – O que vamos fazer?

- Nada. Vamos ter que esperar. – Suspirei – Alguma coisa aconteceu para o elevador trancar desse jeito, logo vão nos encontrar aqui.

- Como você se chama? – Ele encostou as costas na lateral oposta a que eu estava e manteve os olhos em mim, só aí que eu percebi quem ele era. – Eu sou Kim Taehyung.

- Eu acabei de perceber quem você é. – Sorri sem jeito. – Eu sou Olívia. Bom, Olívia Risthe.

- Olívia. – Ele repetiu com certo sotaque, foi tão fofo. Apoiei a mão na lateral do meu corpo e percebi meu celular, que estava totalmente destruído. – Desculpa. – Ele murmurou e eu ri soprado.

- Eu ia jogar ele fora mesmo, me poupa o trabalho de excluir as fotos. – Coloquei o celular na bolsa e sequei o que restou das lágrimas em minha bochecha.

- Porquê? E... Por que está chorando? – O encarei e franzi a testa, o que o fez se encolher e murmurar novamente um pedido de desculpas.

- Você não precisa se desculpar tanto, está tudo bem. – Dei de ombros. – Eu cheguei hoje de viagem, estava no Brasil visitando meus pais. Então larguei minhas malas em casa e vim aqui visitar meu namorado, eu estava com saudades.

- Então por que está chorando? – Taehyung ia pedir desculpas outra vez e eu neguei com um gesto de cabeça.

- Bom, quando eu cheguei no apartamento, ele já estava com outra mulher lá. – Suspirei pesado e mais algumas lágrimas escorreram. – Ele me privou de tantas coisas que eu achei... Achei que ele iria me respeitar.

- Eu sinto muito... Eu... Eu nem sei como te consolar, nunca namorei.

- O que eu me diria... – Pensei. – Devia ter saído desse relacionamento quando as proibições começaram, porque não era saudável. Mas eu estava apaixonada, nem pensei direito.

- E agora? – Taehyung inquiriu e eu fique confusa. – Você não o ama mais?

- Não sei. Essa traição está doendo, mas eu não acho que seja porque ainda o amava. – Sequei o rosto. – Eu me acostumei com ele, me acostumei a ter um abraço caloroso para me esconder nos momentos ruins. Entenda, eu estava sozinha em um país com costumes completamente diferentes dos meus, era bom ter a quem recorrer nos momentos difíceis. Desculpa, acho que você não precisava ouvir isso.

- Tudo bem. Só me sinto mal por não saber como fazer você se sentir melhor... – E então a lanterna do celular dele simplesmente apagou. – Droga. Acabou a bateria.

- Que azar. – Murmurei. – Você está bem?

- Para ser sincero, estou um pouco nervoso agora.

- Eu também estou. – Mordi o lábio inferior. – Você quer que eu me aproxime mais?

- Se não for deixar você desconfortável, por favor, se aproxime. – A voz dele tremulou e eu estiquei a mão, tateando o piso do elevador até encontrar a perna de Taehyung.

- Segura a minha mão para eu me guiar até você. – Falei e engatinhei para mais perto dele e senti que quando segurou minha mão, se moveu mais para o lado, abrindo espaço para mim. Me sentei ao lado dele e percebi que ele respirou fundo, apertando a minha mão.

- Você não se importa de segurar a minha mão?

- Não me importo, está tudo bem. – Acariciei as costas da mão dele com o polegar e acabei sorrindo, mesmo que ele não pudesse ver. – Que mão grande você tem.

- Ah... Bom, pode ser só a sua mão que é menor que a minha. – Ele riu e moveu sua mão, a deixando palma a palma com a minha, era realmente muito maior. – Quanto você tem de altura?

- 1,68... eu acho.

- Bom, isso explica sua mão ser tão pequena.

- Você fala como se fosse gigante.

- Sou maior do que você. – Ele riu, mas logo ficou quieto. – Você conhece o BTS?

- Mais ou menos. Quando eu comecei a namorar o Joe... Bom, ele tinha ciúmes. – Eu revirei os olhos. – Ele tinha ciúmes de qualquer ser que respirasse.

- Hipocrisia a dele. – Taehyung bufou e apertou a minha mão. – Então como ele pôde te trair?

- Os homens são assim, Taehyung. – Funguei. – Essa é a verdade.

- Mas... – Senti ele se mexer ao meu lado, parecia desconfortável, então percebi que foi por causa do meu comentário. “Homens são assim”. – Você teve mais do que um namorado?

- Eu tive alguns, mas nem todos foram sérios. Sempre tive dificuldade em me relacionar, então na maior parte das vezes que eu abri meu coração para alguém, ele foi partido. O que eu mais gostei, ele me traiu com a minha irmã. Eu falei demais? É muita informação?

- Não. Eu só fiquei pensando que esses homens devem ter sido horríveis para você generalizar como falou antes. – Taehyung acariciou o dorso da minha mão com o polegar. – O que eles fizeram de tão grave?

- Sabe, eu nem acho que a culpa era deles. Em grande parte, eu sempre criava expectativas demais. Eu criava grandes expectativas, porque eu fui criada em um lar de muito amor, eu sempre esperei que existisse para mim, um amor como o dos meus pais. – Senti lágrimas se formarem em meus olhos novamente. – Eu me frustrava com eles e acabava me distanciando e por isso eu sempre fui traída. Eu era jovem, ainda acreditava em contos de fadas. Mas com o Joe, bom, eu dei o melhor de mim para dar certo e no final, aconteceu como todas as outras vezes.

- Quantos anos você tem? – Ele mudou bruscamente de assunto e eu mordi o lábio inferior com força, havia falado demais e sem parar.

- Eu sou de 1995 como você. Tecnicamente temos a mesma idade, eu faço aniversário em 13 de setembro.

- Oh... – Taehyung riu. – Eu achei que você fosse uma adolescente quando entrou no elevador.

- Isso é maldade sua. – Dei um tapa de leve no braço dele e acabei rindo também.

- Você falou da sua irmã... Como ficou o relacionamento entre vocês?

- Nós nunca mais nos falamos, eu a bloqueei em todas as redes sociais... Ela não é uma boa pessoa e eu nunca consegui confiar nela novamente.

- Isso é tão triste. – Ele suspirou. – Eu amo os meus irmãos, não sei o que faria sem eles.

- São mais novos que você, não é?

- Sim. Uma garota e um garoto.

- Eu tenho sete irmãos mais velhos. Seis homens e uma mulher.

- Wow, que família grande.

- São todos adotados. – Comentei e ele entrelaçou os dedos aos meus e eu senti um frio estranho na barriga.

- Porque seus pais adotaram tantos filhos?

- Bom, eles não podem ter filhos biológicos. Bom, eu sou filha do primeiro casamento de um dos meus pais, então eles foram adotando outras crianças, tínhamos quase a mesma idade. O que era muito legal. Eu tive muita sorte.

- Você quer ter uma família grande também?

- Filhos?

- É. – Ele afirmou. – Eu adoro crianças.

- Bom, eu não sei. Não agora. – Murmurei. – Depende de tantas coisas. Mas eu gostaria de adotar, como meus pais fizeram com meus irmãos.

- Essa é uma atitude bonita. – Ele fez uma pausa. – Você fala com muito carinho dos seus pais, parece amá-los muito.

- Eu os amo demais. – Suspirei baixo. – Eles foram um bom exemplo, embora tenham suas falhas.

- Você vai voltar para o Brasil? Para ficar perto deles?

- Não, eu não posso. – Mordi o lábio e encostei a cabeça no braço de Taehyung que pareceu levar um choque, mas logo relaxou o corpo. Ele tinha um cheiro bom. – Eu sou escritora, sabe? Meu contrato é com uma editora daqui, por enquanto.

- Que legal! O que você escreve? – Pelo tom de voz, ele parecia realmente interessado.

- Atualmente estou escrevendo um romance, que se passa em outro planeta, em um mundo devastado pela guerra tecnológica onde bem poucos sobreviveram. É a visão de uma rainha, que despertou sem nenhuma lembrança em meio ao caos, ela tem apenas seu guarda pessoal como companhia. – Sorri de lado. – Não vou dar mais spoilers.

- Ah, eu estava interessado. – Ele resmungou e eu ri.

- Talvez um dia eu te conte como a história começa. Talvez.

- Que maldade... – Taehyung ia falar mais alguma coisa, mas o elevador sacudiu. Ele apertou mais forte a minha mão conforme senti o elevador se mover e as luzes se acenderam, mas estavam fracas.

Não falamos mais nada até as portas do elevador se abrirem e por mais estranho que parecesse, ao invés de descermos, estávamos no último andar. Havia aparentemente uma equipe de primeiros socorros e muita gente em volta, inclusive o restante dos membros do BTS. Tentei soltar a mão de Taehyung, mas ele não desentrelaçou os dedos dos meus.

Minha cabeça estava estranha, então foi Taehyung o primeiro a sair do elevador. Ele aproveitou que estava segurando a minha mão para me conduzir para fora. Tinha muita gente ali para que eu conseguisse raciocinar, só dei por mim quando já estava sentada em uma maca para receber atendimento.

- Olívia, você está bem? – Taehyung perguntou e eu assenti meio perdida. – Vão examinar você agora, está bem?

- Está bem. – Confirmei com um gesto de cabeça e então ele se afastou, indo falar com os outros rapazes do grupo. Percebi aos poucos que as pessoas foram diminuindo, mas eu estava mais preocupada em ser atendida.

- É superficial. – A enfermeira disse quando limpou o corte na minha cabeça, realmente não estava doendo tanto assim, nem nada.

- Obrigada. – Sorri quando ela se afastou e percebi que minha bolsa agora estava ao meu lado, o telefone quebrado estava em um dos bolsos externos. Me levantei e me curvei para a moça que fez o curativo antes de seguir em direção as escadas.

- Hey, não vou deixar você ir embora desse jeito. – Era a voz de Taehyung, então me virei para ele.

- Eu estou bem, posso ir para casa agora.

- Não, você parece estar confusa. – Ele negou com um gesto de cabeça e segurou minha mão, me conduzindo em direção aos outros. – Concordamos que é melhor você passar a noite no nosso apartamento.

- Mas...

- Sem “Mas”, vai ser melhor assim.

- Eu não... – Ele nem me deixou falar, passou a me guiar para a entrada do apartamento deles. E eu tive que concordar com Taehyung, eu estava confusa demais para fazer qualquer coisa, quando ele fez menção de tirar os meus sapatos, coisa que eu ainda conseguia fazer sozinha. O rapaz me conduziu pelos cômodos amplos até um quarto gigantesco que não parecia estar sendo usado.

- Vai tomar um banho, eu vou arranjar umas roupas para você. Vou deixar na cama.

- Está bem. Obrigada, Taehyung. – Sorri e me curvei para ele antes de seguir em direção ao banheiro. Fechei a porta do banheiro e tirei minhas roupas, mas foi quando parei frente ao espelho que percebi que eu estava horrível. Os olhos inchados por ter chorado, o sangue seco grudado no cabelo. – Muito atraente, Olívia. – Resmunguei sozinha e então fui para o chuveiro. Lavei o cabelo e o corpo o mais rápido que consegui e então me enrolei em uma toalha para sair do cômodo. No quarto, havia roupas sobre a cama e um bilhete. “Trouxe várias peças, vista o que se sentir mais confortável. Vou tomar um banho também, então volto para conversarmos melhor. Taehyung.” Sorri fraco e dei uma olhada nas roupas que ele havia deixado na cama. Três calças de cores diferentes e quatro camisetas estampadas. E algumas cuecas, eu acabei rindo, mas agradeci por ele ter pensado nisso. Vesti uma das cuecas e uma calça de moletom escura que ficou bem grande em mim, então dobrei nas pernas. Escolhi uma camisa verde listrada de mangas longas e me afastei da cama para secar o cabelo, foi quando percebi que estavam conversando no cômodo ao lado do que eu estava, olhei para a porta e vi que estava apenas encostada, havia uma fresta, então me aproximei para ouvir.

- O que o Taehyung estava pensando? – Era a voz do Suga. – Ele não conhece essa garota, não é seguro ela ficar aqui.

- Você tem razão, Yoongi. – Era a voz de Jin. – Ela não é confiável. Vamos falar com ele quando sair do banho.

Respirei fundo, como era de se esperar, desconfiaram de mim, eu não os julgava por isso, mas ainda assim, senti meu coração doer. Espiei para fora, não havia mais ninguém ali então peguei minha bolsa e sorrateiramente abri a porta do quarto, olhei para ambos os lados e não vi ninguém então segui para onde eu tinha certeza que era a saída. Calcei meus sapatos e destranquei a porta, saindo do apartamento logo depois.

Desci pelas escadas, um longo tempo para se pensar nas coisas que aconteceram. Eu não sabia o motivo do elevador ter trancado daquele jeito, muito menos o porquê de Taehyung não ter me deixado ir embora. Por horas, eu só queria encontrar um taxista que não reparasse o quão mal eu estava me sentindo, eu parecia uma louca com uma toalha na cabeça e roupas bem maiores que seu número.

Paguei o táxi e subi as escadas do prédio em que eu morava, por sorte, era no quinto andar. Eu não ia aguentar subir até a cobertura e estava com medo de entrar no elevador, para ser sincera. Destranquei a porta do meu apartamento já jogando os sapatos para o lado e fui recepcionada pela minha gata. Banana era uma gatinha preta enorme que eu havia adotado em um abrigo, ela era minha única amiga nessa cidade estranha. Tranquei a porta e peguei a felina no colo, cheirando sua cabeça antes de enchê-la de beijinhos. Me sentei no chão, encostada na porta e fiquei acariciando a gata, quando vi, estava com sono demais para poder me mexer.


Eu estava me sentindo tão bem, mas então ouvi batidas e tive a sensação de que tudo estava desabando. Me mexi e meu corpo todo doeu, as batidas não pararam então abri os olhos, aparentemente eu havia dormido encostada na porta da frente. Mais batidas na porta e eu praguejei em português, ofendendo até os ancestrais de alguém.

- Espera, já vou abrir. – Gritei em coreano e com dificuldade me levantei, ouvindo vários estalos nas minhas costas. Destranquei a porta e fiz minha expressão mais zangada até perceber quem estava à minha porta. – Taehyung?

- Oi, Olívia. – Ele sorriu. – Eu estou atrapalhando? Juro que é rápido o que quero falar.

- Não... Você não está atrapalhando. – Sorri sem jeito e abri mais a porta. – Entra, fica à vontade.

- É que você parecia muito brava... Tem certeza que quer que eu entre?

- Eu me assustei com as batidas. – Segurei Taehyung pelo pulso e o puxei para dentro do apartamento. – Acabei dormindo encostada na porta, acordei no susto, mas não foi culpa sua.

- Você está bem? – Taehyung me olhou de canto de olho ao que tirava seus sapatos.

- Eu estou sim. – Falei baixo. – E você? Está tudo bem?

- Eu estou... – Ele mordeu o lábio inferior. – Porque você foi embora ontem?

- Não queria atrapalhar. – Neguei com um gesto de cabeça. – E ouvi o Suga e o Jin falando que eu não era confiável. – Dei de ombros e segui para a cozinha. – Vem comigo, eu preciso de um café para conseguir pensar melhor. Fica à vontade. – Passei pelo balcão até alcançar a cafeteira, então ajeitei para passar o café antes de me virar novamente. Taehyung havia ocupado um dos bancos frente ao balcão e parecia querer falar alguma coisa, então mantive meu olhar nele.

- Eu trouxe uma coisa para você. – Taehyung parecia nervoso, então estendeu uma sacola na minha direção.

- Mas...

- Aceite, por favor. – Ele sorriu e então eu maneei a cabeça, pegando a sacola das mãos dele.

- Obrigada. – Sorri tímida e ele aumentou o sorriso. Abri a sacola e tirei uma caixa de lá, pelo tamanho, parecia ser um celular. Desembrulhei e dei de cara com um Iphone, aparentemente, último lançamento. – Taehyung, eu não posso aceitar.

- Claro que pode. Eu quebrei o seu celular, é justo eu te dar um novo. – Ele fez uma expressão fofa. – E é falta de educação recusar um presente.

- Mas... – Encarei o rapaz e percebi que ele ficaria magoado se eu não aceitasse. – Obrigada, Taehyung. Foi muita consideração sua.

- Ah, eu peguei seu número também. – Taehyung desviou o olhar. – Você disse que não tinha amigos aqui, então eu quero ser seu amigo. Você quer ser minha amiga? Eu sou legal, não vou te atrapalhar em nada. Juro. – Ele juntou as mãos e se curvou suavemente, como eu poderia negar qualquer coisa para um ser tão adorável como Taehyung?

- Eu também quero ser sua amiga, Taehyung. E você não vai me atrapalhar. Mas e eu? Não vou te atrapalhar? Eu sei que a sua rotina é bem corrida. – Me virei para servir o café e separei duas canecas. Me virei novamente para o balcão e coloquei uma das canecas frente ao Taehyung, juntamente com uma colher, açúcar e adoçante. Para o meu café, preferi açúcar mesmo.

- Você não vai me atrapalhar, não se preocupe. – Ele sorriu e puxou a caneca para perto de si enquanto eu me virei para pegar um dos bancos.

- Como você me achou, Taehyung?

- O seu celular quebrado, você o deixou cair. Tinha um papel com esse endereço escrito, eu perguntei para o porteiro também e ele falou que você ainda morava aqui, mas que ia se mudar em breve.

- Ah, é. Eu vou. – Mordi o lábio inferior. – Meu irmão, ele comprou um apartamento para mim, é uma cobertura em um prédio chique, bem mais perto de tudo. Aqui é alugado, eu estava protelando para comprar, porque eu não tenho muito jeito com isso.

- Seu irmão? Qual?

- O segundo mais velho, o nome dele é Edmund, ele é médico e é casado com uma atriz daqui, nunca lembro o nome dela.

- Acho que eu conheço ele, faz os exames de rotina da Big Hit.

- Ele falou algo sobre isso faz algum tempo, o Ed é um bom médico. – Eu ri soprado. – Ele também é tatuador.

- Wow, sério? – Taehyung franziu a testa. – Ele é bom?

- É sim. Me deixa mostrar. – Me levantei e ergui a camisa, até abaixo dos meus seios, onde estava a tatuagem que eu queria mostrar. Um arranjo floral cheio de borboletas.

- Que... Que lindo. – Ele corou violentamente e eu ri, abaixando a camisa e voltando a me sentar.

- Tem essa aqui também. – Puxei a manga da camisa e mostrei o antebraço esquerdo, havia uma frase “Amanhã será melhor”, com uma correção, transformando em “Amanhã serei melhor”.

- O que diz? Eu não entendo...

- Era “Amanhã será melhor”, eu fiz essa em uma época difícil. Eu tentava constantemente me matar, então eu fiz essa tatuagem para me lembrar que o dia seguinte poderia ser melhor. Quando aquela fase horrorosa passou, modifiquei a tatuagem para “Amanhã serei melhor”, porque a única coisa que tenho controle, sou eu mesma.

- Porque tentou se matar?

- Não quero falar disso. – Neguei com um gesto de cabeça. – Mas a mais especial é essa aqui. – Mostrei meu pulso direito, eram duas letras e um pequeno símbolo. – Eu fiz com meu irmão mais velho.

- R.R. – Taehyung leu e eu senti um aperto no peito. – Esse não era o nome artístico daquele rapper que morreu em um acidente há alguns anos?

- Era. – O olhei nos olhos. – Ele era meu irmão. Aqui, espera. – Puxei de dentro da camisa o relicário, então o tirei e alcancei para Taehyung, havia uma foto bastante antiga do meu irmão e eu. – De todos os meus irmãos, ele era o que eu mais confiava. Ele era meu melhor amigo. – Suspirei baixo e percebi que o rapaz ia abrir o relicário. – Não! – Quase gritei ao que segurei as mãos dele. – Por favor, eu guardei algo aí que não quero que ninguém veja.

- Tudo bem. – Taehyung sorriu e entregou o relicário em minhas mãos, logo o coloquei novamente no pescoço. – Então era você quem aparecia nas letras dele? “R.O.”

- Bom, era, as letras que falavam de amor. – Dei de ombros. – Ele dizia que eu só sabia falar de amor.

- E isso era mentira?

- Não. Eu sempre achei que o mundo poderia ser bem melhor se o amor pudesse chegar à todas as pessoas, inocência minha, eu sei.

- Você fala como se quisesse mudar o mundo. – Ele negou com um gesto de cabeça.

- Eu quero, mas eu sei que é impossível, bom, a minha parte eu estou tentando fazer. – Bebi mais café e suspirei. – Falo demais, não é?

- Eu gosto de te ouvir. – Ele piscou um olho para mim e eu senti as bochechas esquentarem. – E você não vai contar mais nada do seu livro para mim?

- Oh... – O encarei surpresa, Taehyung realmente havia prestado atenção no que eu disse no dia anterior. – Eu fiz uns esboços dos personagens, você quer ver?

- Quero! – Ele basicamente saltou no banco que estava sentado e eu acabei arregalando os olhos. – Desculpa. – O rapaz murmurou e eu percebi que seu sorriso murchou.

- Taehyung?

- Sim?

- Você não precisa se desculpar toda vez que age de maneira espontânea comigo. – Disse baixo e ele me encarou confuso. – Se vamos ser amigos, quero que seja de verdade. Entende?

- Mas... Eu não quero te desrespeitar.

- Você vai me desrespeitar se fingir ser alguém quem não é. – Pisquei para ele e me levantei. – Vem, deixa eu te mostrar os desenhos. – Sorri e estendi a mão para ele, que prontamente a segurou antes de seguirmos para o meu estúdio e o soltei apenas quando me aproximei da minha mesa, separando alguns papéis que entreguei para o rapaz, mas me aproximei ao que ele olhava os esboços.

- Wow, a rainha tem uma mão robótica. Que legal! – Ele analisou os outros desenhos. – Mas, porque o guarda pessoal dela não tem rosto?

- Eu ainda não consegui pensar no rosto que quero que ele tenha.

- Ele vai ser um espadachim?

- Sim. Ele vai usar uma espada de energia, herdada de seus antepassados. – Mordi o lábio inferior. – Ele vai ter memórias do passado e ele, bem, ele é apaixonado pela rainha.

- E ela? Gosta dele?

- Não. – Neguei com um gesto de cabeça. – Ela o acha inferior, mas lá no fundo, sabe que sem ele não sobreviveria. – Peguei os desenhos de volta e os guardei novamente. Eu ia falar mais alguma coisa, mas o celular dele começou a tocar, então me afastei alguns passos para que ele pudesse falar. Foi quando Banana se enrolou nas minhas pernas. – Está com fome, menina? Vem, vou te alimentar. – Segui para a cozinha e servi ração para a felina, aproveitando para trocar a água.

- Você tem uma gata. – Era a voz de Taehyung, então me virei para encará-lo. – Qual o nome dela?

- Banana.

- Banana? – Ele riu e eu assenti. – Eu preciso ir, Olívia. Mas vou te mandar mensagem mais tarde. Eu prometo. Você vai me responder, né?

- Vou sim, Taehyung. Prometo. – Me aproximei dele e então seguimos para a porta e eu esperei até que tivesse calçado os sapatos para destrancá-la. Percebi que ele estava pensativo, mas eu não consegui entender sobre o que ele pensava. – O que foi?

- Eu... Eu quero te abraçar. – Taehyung disse sem me encarar e eu dei de ombros e me aproximei, abraçando a cintura dele, que logo passou os braços pelos meus ombros e me aconchegou em seu peito, ele tinha um cheiro tão bom. Só o soltei quando ele deu a entender que queria se afastar, então ele se curvou e saiu do apartamento. Esperei ele entrar no elevador antes de fechar a porta do apartamento e me encostar na mesma. Eu estava com um sorriso bobo nos lábios e minhas bochechas estavam queimando, coloquei minhas mãos no rosto e aquele sorriso ficou ainda maior, foi quando percebi que a gatinha preta me encarava, parecia estar pensando o mesmo que eu e como um soco no estômago, a verdade me atingiu. Eu não pertencia ao mundo de Taehyung, ele provavelmente se cansaria da minha companhia como todos os outros e no final, restaria mais um coração em pedaços.

Ouvi um celular vibrar e lembrei que Taehyung havia me presenteado com um celular novo, então me aproximei do balcão e peguei o aparelho, havia uma mensagem e pela foto, era de Taehyung. “Gostei muito de passar esse tempo com você, Olívia. Eu espero não ter atrapalhado e quero te encontrar mais vezes.” Eu sorri ainda maior quando li aquela mensagem, mas ao mesmo tempo me segurei.

- Assim fica fácil se iludir, não é? – Falei em voz alta e maneei a cabeça. Pensei um pouco, e acabei respondendo a mensagem. “Eu adorei sua companhia, Taehyung. Você nunca vai me atrapalhar, está bem? Garanto que logo nos veremos novamente.” – Eu não vou me apaixonar, eu não vou me apaixonar... – Repeti até chegar ao meu quarto, precisava arrumar as coisas para a mudança. Olhei as roupas e cheguei à conclusão que não seria mais a mulher que Joe queria, eu havia mudado todo o meu estilo para que ele ficasse feliz. Fui separando as roupas e encaixotando as que eu não queria mais ver na minha frente.

Foram necessários três dias para organizar tudo, e nesses mesmos dias Taehyung conseguiu se aproximar de mim com tanta facilidade que parecia que nos conhecíamos a vida toda.

15 de Agosto de 2020 a las 20:48 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Camila Loskar "Se você me quer em sua vida, coloque-me nela. Eu não deveria estar lutando por uma posição." Frida Kahlo

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