zephirat Andre Tornado

Uma banda de Rock and Roll comporta muitas histórias. Triunfo, tragédia, fracasso, comédia, maravilha e excesso. Som e luzes. Silêncio e sombras. União, desunião, compromisso e indiferença. O início e o fim, entre sonhos e desilusões. Esta é uma dessas histórias.


Cuento Sólo para mayores de 18. © História de minha autoria.

#littlebusters #ThePillows #rocknroll #banda #fim #sonho #musica
Cuento corto
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Capítulo único


Aquele era o seu último espetáculo.


Só que eles ainda não o sabiam…


Tinham-se juntado como habitualmente, no parque de estacionamento, acompanhados dos respetivos séquitos. Músico que se prezasse tinha um séquito. Namoradas, ex-namoradas, fãs, seguidores, bajuladores, oportunistas, vendedores, vigaristas. Eles eram só quatro, mas, quando havia concerto, transformavam-se numa multidão. E antes da música havia o ruído típico de muitas pessoas juntas. Gargalhadas, vozearia, assobios, urros. Cada um deles competia para ver qual dos grupos fazia mais barulho, numa batalha de egos que antecedia a sua atuação.


A banda tinha uma formação básica. Guitarrista, baixista, baterista. Um vocalista que arranhava as cordas de uma guitarra rítmica, mas esse só gostava mesmo de cantar e era orgulhoso. Tentara tocar uma vez, enganara-se nuns acordes, recebera assobios e sentenciou que nunca mais iria repetir a ousadia. Ele tinha uma reputação a zelar.


Iriam tocar no bar habitual onde se apresentavam, nas noites de sexta-feira, na sua cidade natal. Os Cães Perdidos. Era um nome ridículo, eles sabiam-no, mas em inglês soava melhor e eles apresentavam-se quase sempre nesse idioma. Somos os Lost Dogs. No seguimento da conversa havia sempre alguém que se descaía e levava para os Câes Perdidos e era esse o nome que ficava. O guitarrista, que era tão orgulhoso quanto o vocalista, odiava que se fizesse esse desvio, mas não se conseguia impor. E se o baterista, que era o fundador da banda, não dizia nada, ele depressa esquecia essa troca que o agastava e o deixava ainda mais suscetível.


Iriam ter casa cheia, já lhes tinham dito. Podiam ficar felizes, mas não ficaram. O baterista era o mais inquieto e irritado. Dar espetáculos para sítios lotados era a norma, já há algum tempo, mas dali não evoluíam para coisa nenhuma. Continuavam presos à sua terrinha, que já os conhecia e fazia questão de os apoiar, no público viam-se quase sempre os mesmos rostos à frente a olhá-los extasiados como se fosse a primeira vez. Deixara de ser suficiente, ou sequer satisfatório. Eles tinham dos álbuns editados, eles queriam sair dali e meterem-se à estrada numa espécie de digressão. O empresário levava a enrolá-los e eles estavam a pensar seriamente em terminar o acordo com o homenzinho seboso.


Demoraram-se no parque de estacionamento, recebendo a adoração das respetivas companhias, insistindo nesse tique batido de vedetas. A noiva mais apreciada era a que se atrasava para o seu casamento. E eles queriam que chamassem por eles, aos insultos e aos berros. Uma banda Rock que se prezasse nunca cumpria regras. Era inconformada, malcriada, caprichosa e intratável.


No fundo, bem vistas as coisas, só o guitarrista e o baixista eram desagradáveis e ofensivos. O baterista e líder da banda tentava traçar um rumo mais ou menos decente para que a sua música tivesse sucesso, para que pudessem construir uma carreira e tornar aquela aventura numa coisa a sério, mas fechava os olhos aos excessos e apreciava a fama dúbia. O vocalista era o mais jovem dos quatro e só queria brilhar na frente do palco agarrado ao microfone, engatar umas moças no fim da noite, embebedar-se até cair e criar uma lenda.


O dono do bar apareceu no parque de estacionamento. Corria e praguejava. Chamou-os aos gritos, pontilhados de impropérios, a dizer que não os tinha contratado para que ficassem a conviver. Tinham obrigações e tinham um público que exigia a presença deles, que estava a tornar-se impaciente e violento. Os Cães Perdidos que fossem trabalhar!


Eles riram-se, pediram calma, chegaram a desdenhar do estado apoplético do homem que lhes pagava o cachet. Acabaram as suas cervejas, os seus cigarros, deram os últimos beijos na mulher que tinham elegido para lhes aquecer a cama naquela noite, de entre todas as que faziam parte do seu harém dedicado.


O baterista foi o primeiro. Era quase sempre ele que começava, que dava início às coisas, a locomotiva do comboio, a máquina que punha todas as outras engrenagens em funcionamento. Adiantou-se, entrou no bar. Seguiram-se o vocalista e o baixista. O guitarrista, o mais irreverente, foi o último e fez questão de entrar pendurado em duas lindas mulheres, duas amigas recentes da namorada que rugia zangada na retaguarda.


Os instrumentos estavam nos bastidores, um recesso delimitado por divisórias amovíveis que cumpriam a função tosca de camarins. Ou se calhar nem isso, quem os usava é que lhes dava um nome que nem sequer mereceriam. Eram compartimentos tão estreitos, sujos e precários que ficavam rapidamente apinhados de gente, de fumo, de cheiros, de suor. Dinheiro que passava de mão em mão. Trocas de comprimidos e de charros. Beijos e apalpões e gemidos. A derradeira injeção de adrenalina antes de subir ao palco. Natural ou artificial.


A bateria já estava montada no local da apresentação, os microfones também. Só o guitarrista e o baixista é que iam até ali retirar os seus instrumentos dos respetivos estojos e fingir que eram estrelas suficientemente importantes para poderem desfrutar daquele caos típico da antecâmara de um grande concerto.


Mais mulheres, outros amigos, curiosos que queriam imiscuir-se no grupo, estranhos que tentavam a sua sorte nos negócios, o baterista e o vocalista desdobravam-se em contactos que lhes inflava a vaidade. Eram adorados como deuses e esqueciam-se que os pés que tocavam no chão imundo calçavam botas rascas já demasiado usadas.


Foram para o palco debaixo dos gritos impacientes do dono do bar, a desprenderem-se das mulheres que ainda arrastavam no seu rasto toscamente brilhante.


Chegados lá, foram aclamados com mais gritos, mas desta feita de entusiasmo.


O vocalista deu as boas noites. O baterista assinalou o seu inconformismo com um rufar dos tambores. O baixista fez-lhe uma carranca. O guitarrista estava elétrico e apressado. Um riff atrapalhado de introdução e começou a primeira canção.


A escuridão típica do bar que projetava laivos de sombra na densa nuvem de fumo provocada pelos cigarros dos fumadores não deixava ver como eles estavam desalinhados, cansados e desatentos. Não eram uma banda naquela noite. Não eram os pomposos Lost Dogs ou os ordinários Cães Perdidos. Eram quatro indivíduos a tentarem sair de uma situação sufocante. Estavam desesperados para arranjar uma desculpa que não os deixasse tão responsáveis e arrependidos pela decisão que tinham tomado inconscientemente, sem que qualquer um deles a admitisse com honestidade.


E a desculpa aconteceu.


No arranque da terceira canção, o vocalista estava a beber uma cerveja para humedecer a garganta. O baterista ajeitava os seus pratos. O baixista acariciava o braço suado e desgastado do seu baixo. O guitarrista esforçava-se por não se enganar nos acordes, mas a guitarra estava desafinada, embora ele tivesse rodado as tarraxas nos intervalos mínimos que tivera entre temas.


Pois estava a começar essa terceira canção, o vocalista chegou-se ao microfone. Cantou o primeiro refrão. Pelo canto do olho viu a mancha do movimento repentino e saltou para se escapar do ataque. Um homenzarrão voava desde o público, literalmente voava impulsionado por um salto impossível, na direção do guitarrista.


O baterista levantou-se, braços para cima, a boca aberta num grito de alerta.


O homenzarrão agarrou-se ao pescoço do guitarrista. Sacudiu-o como se este fosse um espantalho. A guitarra guinchou, um silvo agudo reverberou das colunas de som. O vocalista, o único que estava equipado com microfone exclamou, assustado:


– Ei!!!


Gerou-se um tumulto. Mais pessoas vieram ajudar o atacante, outras escalaram o palco para separarem os dois homens, o baterista tentou perceber o que se passava, mas preferiu afastar o vocalista que continuava aos berros como se isso fosse fazer alguma diferença. O baixista desligou o seu instrumento dos amplificadores e recuava para se colocar a salvo.


O dono do bar interferiu. Entre empurrões e murros desfez a confusão.


O baterista arrastava o vocalista de volta aos camarins. O baixista ia à frente.


Chegados àquele local esquálido e deprimente, os três começaram a discutir e a acusar-se mutuamente. Dedos espetados, berros, palavras cuspidas. Quando chegou o guitarrista com uma sobrancelha aberta e a sangrar, a hemorragia estancada com um lenço preto nojento que ele empurrava contra a testa num punho contraído, a raiva voltou-se toda contra ele, que fora o causador da interrupção e da pancadaria. Problemas com um traficante, uma questão insignificante, uma dívida, a erva não prestava, explicava ele, com a voz a subir de tom até se igualar à gritaria que os quatro trocavam entre eles.


Então o baterista sentenciou:


– Tu! Vai à merda! Tu também… vai à merda! E tu… vai à merda!!


Agarrou no seu casaco e saiu porta fora. Esqueceu o seu séquito, a banda, a música, os amigos, os inimigos, os compromissos, o futuro. Estava farto daquilo tudo e queria distância daquela noite.


A desculpa mais que perfeita.


Conseguiu o que queria. Não se viram durante quinze anos.


Um dia parou numa estação de serviço a caminho de mais uma entrevista de emprego. Meteu combustível. Tinha fome e sede, foi até à loja comprar umas batatas fritas, uma embalagem de seis cervejas geladas sem álcool, um pacote de pastilhas elásticas para disfarçar o hálito a malte. Era primavera, mas já fazia um calor horrível naquele deserto. Ao chegar-se ao balcão, reconheceu-o.


– Ei, meu!!


Apertou a mão ao vocalista que também o reconheceu.


– É aqui que trabalhas?


– Sim.


– Já tinha vindo aqui antes e nunca te tinha visto…


– Comecei na semana passada.


– Ainda cantas, meu?


– Sim… Faço umas atuações pelos bares da zona noturna da cidade. Nada de especial. E tu? Ainda tocas bateria? Continuaste… continuaste os Lost Dogs? Sempre foi a tua banda.


– Eh… Deixei-me disso. Os Lost Dogs terminaram. Ando a ver se tiro um curso de administração. Tenho trabalhado em contabilidade, mas preciso de ser qualificado para ganhar melhor. O salário que consigo com os biscates é demasiado baixo, mas com o curso… Como precisam sempre de contabilistas nunca estou sem trabalho e posso mudar de patrão quando acho que estou a ser explorado. Era o que ia fazer agora. Vou tentar entrar num bom escritório de contabilidade. Um novo patrão. Tenho uma entrevista hoje.


– Estou a atrasar-te…


– Não, não estás! Tenho tempo. Faz-me aí a conta. E da gasolina também. Atestei o depósito.


– E os outros tipos? Tens tido contacto com eles?


– Desde aquela noite? Não… Nunca mais vi ninguém. Cortei com essa vida definitivamente. Se me estás a fazer essa pergunta é porque também nunca mais os viste…


– Soube, por um amigo comum, que o guitarrista morreu há dois meses. Um tumor no cérebro, uma cena dessas. Não tenho mais detalhes. Não fiz perguntas. Não nos falávamos há tanto tempo, achei que não tinha o direito de perguntar nada.


– Ih… muito lixado.


– Muito triste. Não soubeste?


– Não. Não soube. Como te disse, cortei com essa vida.


– Eu não… Quero dizer. Nunca mais vi os outros. Mas a vida da música… Sim. Continuo a cantar.


– Fazes algum dinheiro? A cantar, digo…


– Se fizesse, não estaria neste trabalho de merda numa estação de serviço.


– Hum… Tens razão. Desculpa, meu.


– Não peças desculpa. Continuo o mesmo falhado de sempre. Aqui está a tua conta.


– Tem desconto?


– Não te estiques… se faço um desconto irregular, sai do meu salário.


– Estava a brincar contigo. Fica com o troco, assim ganhas uma gorjeta.


– Estás muito generoso…


– Ei… sabes como contactar com o baixista? Arranjávamos um novo guitarrista. Fazíamos uma festa. Tocávamos juntos… ressuscitávamos os Lost Dogs. Um único concerto.


– Isso és tu a fazeres as pazes?


– Sim. Podemos ver assim. Isto sou eu a tentar emendar o que foi feito no passado. Acho que nos despedimos da pior forma. E agora nem podemos incluir o guitarrista nisto.


– Já me casei, tenho um par de filhos. Isto de ter uma banda é sonho de adolescente.


– Eu também me casei, tenho uma filha. Mas continuas a cantar. Continuas com o sonho de adolescente.


– Sim, continuo. Só por diversão. Faço uns covers porreiros e tal. Já cheguei a cantar num hotel. Pagam melhor do que num bar.


– Vamos reunir a banda. Vamos reunir os Lost Dogs. O que me dizes, meu?


– Eh… pode ser. Obrigado pela gorjeta. Toma aí o meu número…


Como aconteceu no passado, o baterista é que impulsionou tudo. Conseguiu, após considerável esforço, contactar com o baixista que era motorista de pesados e fazia transportes de carne de matadouros para pontos de distribuição. Outro que levava uma vida corriqueira. Nem parecia verdade que eles tinham tido, um dia, uma banda de Rock ‘n Roll.


Colocou um anúncio no jornal para um guitarrista e apareceram-lhe rapazes imberbes, sem traquejo, sem ritmo, com ideias vazias e conceitos enviesados sobre música e sobre o Rock. Era incapaz de lhes ensinar as canções da banda – haveriam de as tocar sem alma, sem história. E despediu esses candidatos sem pensar duas vezes.


Encontrou um novo guitarrista, um moço da sua idade, no aniversário de uma amiga da filha. Adorou o acaso e agarrou-o. Fez-lhe a proposta e o tipo aceitou, sem dar muito crédito àquilo. Era uma banda de outros tempos, outros sons, uma cena nostálgica, tudo bem, ele podia fazer o jeito…


Quando os três elementos originais se juntaram num armazém que ele alugara para os ensaios e que apetrechara com as condições mínimas para que tocassem ali foi um momento estranho. Estavam acanhados, relutantes, orgulhosos. Foi ele, mais uma vez, que despoletou o derretimento do gelo. Com a sua bateria e uma falsa alegria do reencontro. O guitarrista novo juntou-se-lhes poucos minutos depois e nesse então já existia um ambiente saudável. O passado fora definitivamente enterrado.


O vocalista conhecia bastante bem a zona noturna da cidade, os melhores bares, aqueles que tinham a melhor música ao vivo e a melhor cerveja. Coube a ele estabelecer os contactos com os empresários e encontrar um local para que pudessem tocar. Seria um único espetáculo que eles andavam a divulgar nas redes sociais. Até tinham criado uma página para a banda que estava a congregar seguidores – antigos e, curiosamente, novos que de alguma maneira conheciam o seu trabalho inicial, por influência de amigos ou parentes mais velhos.


O dia do espetáculo chegou e eles estavam nervosos. As condições tinham mudado e fora-lhes oferecido um lugar bastante asseado e agradável nos bastidores do bar, um camarim a sério com serviço de catering e tudo. Não era nada de especial. Fruta, snacks, bolachas, água mineral e cerveja, mas a atenção impressionou-os.


Continuavam a manter os seus respetivos séquitos, porque músico que se prezasse teria sempre de ter companhia antes de qualquer concerto. Daquela vez, porém, eram séquitos mais ordeiros, calmos e vulgares. As mulheres, os filhos, as famílias, os amigos chegados. Nada de groupies ou de desordeiros.


O baterista perguntou:


– Lembras-te daquela noite? Da nossa… última noite, quando houve aquela barafunda por causa da dívida do guitarrista que não tinha pago a erva ao tipo? Quando nos separámos?


– Hum-hum – respondeu o vocalista e analisar as embalagens que estavam no carrinho do catering. Eram marcas boas.


– Gostarias de voltar atrás e…?


– Não! – respondeu o vocalista encarando-o. – Nunca.


– Porquê?


Encolheu os ombros.


– Sei lá… – respondeu o vocalista. – Talvez nos tivéssemos separado porque era o melhor a fazer naquela altura. Estávamos a transformarmo-nos numas pessoas arrogantes e medíocres. Não concordas comigo? – O baixista assentiu, sem dizer uma palavra. – Pois… não me arrependo do que fiz e não quero recuperar nada que tivesse ficado perdido. O meu destino, talvez, não morasse na música. Continuo a cantar, é verdade, mas faço-o por paixão e é muito melhor do que fazê-lo com objetivos deturpados de fama e dinheiro. Nunca deixarei de ser cantor, mas podia deixar de ser quem sou se persistisse nesse caminho errado que era, afinal, uma ilusão. Não tínhamos o que era preciso para termos o sucesso dessas bandas que conquistam o mundo. Éramos… apenas uma banda de Rock ‘n Roll e a nossa história terá sempre esse apontamento. Sobre uma banda de Rock ‘n Roll. E, meus amigos, nós temos uma história para contar. Que, felizmente, terminou bem. – Respirou fundo. – Imagina que não nos tivéssemos separado naquela noite… Imagina. Acredito que o nosso fim acabaria por ser mais feio e doloroso.


– O que queres dizer? – perguntou o guitarrista que o ouvira com muita atenção. Ele era o intruso, podia fazer uma análise isenta que eles iriam respeitar.


– Não podemos rejuvenecer quando somos velhos – explicou o vocalista. – Não podemos arrastar-nos na mentira de termos uma aparência que só nós próprios conseguimos ver. Por dentro julgamos que somos esses rapazolas rebeldes e por fora somos uns velhos ridículos que ainda não se deram conta da sua decadência. Isso é terrível!


– Assim, quando fomos jovens… tivemos uma banda de Rock ‘n Roll e foi divertido a valer! – disse o baterista.


– Isso! – concordou o vocalista. – Vejo que percebeste. É uma lembrança e agora, depois de tanto tempo passado, tornou-se numa lembrança… boa que partilhamos.


– E o que estamos a fazer aqui, esta noite? – perguntou o baixista baralhado. – Estamos velhos e vamos tocar as canções da nossa antiga banda. Não é a mesma coisa?


O baterista agarrou-lhe o ombro.


– Vamos recordar, meu amigo. Não seremos velhos a fingir que somos jovens. Seremos nós a falar de quando éramos jovens através da música. É diferente.


– Vocês são demasiado profundos para o meu gosto – atirou o guitarrista entediado. – Ei, meu. Abre aí umas cervejas. Fazemos um brinde à juventude e fica tudo bem. Deixem lá a filosofia para depois. Isto é só Rock ‘n Roll.


No palco deram um espetáculo engraçado e provocador. Foram novamente amigos e tocaram muito bem, como jamais tinham tocado. Criaram uma ponte com a audiência e, entre música e improviso, houve espaço para piadas, gargalhadas e até pequenas histórias que abrilhantaram a sua prestação sobre aquele pequeno palco que se tornou gigante, especial, sublime, avassalador.


Havia quem, no público, se lembrava deles, de há quinze anos. Havia quem, como eles, se tinha tornado jovem outra vez, naquela noite, pelo tempo que durou uma canção.


E quando terminaram sabiam que tinham cumprido a sua função.


Porque, afinal, aquilo era mesmo só Rock ‘n Roll.

12 de Agosto de 2020 a las 17:32 3 Reporte Insertar Seguir historia
4
Fin

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Andre Tornado Gosto de escrever, gosto de ler e com uma boa história viajo por mil mundos.

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Lyse Darcy Lyse Darcy
Oi André! Já havia lido este conto ... Revivi novamente as emoções dos primeiros acordes da juventude....a separação abrupta do grupo ... O reencontro inesperado com a notícia da morte de um dos integrantes... Então o grupo se reúne sem pretensões e sem mágoas....apenas revivem a alegria efêmera da juventude... um tempo breve e feliz da duração de uma música. Amei demais este conto Valeu um reprise Beijos!
August 12, 2020, 23:12

  • Andre Tornado Andre Tornado
    Oi Lyse! Este conto estava programado para ser publicado nas minhas outras plataformas em setembro, depois do fim do projeto no Spirit. Mas como entretanto o projeto terminou resolvi antecipar esse momento. E aqui temos esta histórias que fala da juventude, daquele tempo em que podemos conquistar o mundo apenas com a nossa vontade. Se no fim tivermos a sabedoria de reviver essa juventude sabendo a estrada que nos levou até ali, seremos felizes. Muito obrigado pelo teu apoio a esta história. Beijo! August 13, 2020, 13:39
  • Lyse Darcy Lyse Darcy
    De nada André... Sempre o apoiarei ... seus projetos são maravilhosos. E entendo perfeitamente sua posição Beijos! August 13, 2020, 20:26
~