Uma hora animal, outra é uma linda moça, mas sabe-se que no fundo não passa de raposa. Olhar oblíquo de intenções vis. Um a um eles se vão, caem em suas mãos e por vontade própria respiram o veneno que é o seu amor. Nunca tantos morreram felizes. "Ao menos fui amado uma vez". Meu trabalho é pôr um fim nisso antes que ela ponha-me um fim.

Sou a última de pé — prestes a cair! Ao meu redor, todas sucumbiram, vítimas da ganância humana. Meu corpo começa a rasgar; a ferida a aumentar; o sangue a escorrer. Quanto ódio e violência! Minhas semelhantes urram de dor, logo me juntarei a elas e sofrerei até a morte.

Acordo assustado com o barulho. Cubro-me com o cobertor. Escuto passos em outro cômodo da casa. Fecho os olhos e permaneço escondido debaixo do cobertor. Os passos continuam, cada vez mais próximos. Está quente, tenho dificuldade em respirar. Ouço o ranger das dobradiças, a porta é aberta. Sinto uma presença. Será que devo olhar?

-Eu não sou de fofoca, mas ficou sabendo? - disse o homem da casa silênciosa. -Não, o que deu? - perguntou a curiosa senhora dos gatos, enquanto acariciava um dos oito felinos que a rodeava. -Sabe os novos vizinhos que se mudaram para frente? -Os que todos acham que são assassinos ou só… excêntricos demais? -Esses, parece foram até a casa do cameraman. -O prostituto? -Não, o que mora na esquina, que fica olhando pelas frestas. -Mas o que foram fazer lá? -Diz que tão usando droga. -Credo!

Hoje, como sempre, saí para caminhar às 6h da manhã, gosto de como a semiescuridão o torna um horário discreto. E foi quando ouvi um boato intrigante vindo de dois bêbados tropeçando já àquela hora: ouvi dizer que o vizinho da esquina, conhecido por já ter sido um grande cameraman, parece estar sempre observando quem passa perto de seu muro, e até já viram flashes pelas rachaduras. Droga! Como posso agir como um amador imbecil assim? Nem parece que aprendi com o maior a arte da captura de almas.

"Sabia que, nessa rua, tem uma casa totalmente escura, sem uma única fonte de luz?" "Sério?" "Sim, é claro" "Fala mais" "A casa está apagada a anos, muitos dizem que dentro dela acontece algo secreto, e que as luzes só acenderam quando isso acabar, e caso elas acendam, será um sinal." "O que você acha?" "Eu? Eu penso que o dono morreu quando estava fora de casa, e que sua casa tinha só uma chave, que levou consigo. A chave se perdeu. Ele nunca pagara a conta de luz. Quem sou eu pra falar algo?"

Inês borrifou o aromatizador nas cortinas, mas nem aquilo amainava o cheiro que pairava perto de sua casa. Sem graça, disse à vizinha: — Ouvi dizer que o Nando pensava em ir embora. — O quê? — Me contaram que ele dizia: "Se um dia me vir só, sem a Dana ou nossas bebês, vou sumir, para o mais longe possível. — Faz tempo mesmo que não o vejo. Que pena o que aconteceu, não? — Sim. Ele as amava tanto. — Acha que ele partiu? Inês borrifou mais perfume, olhou triste para a casa ao lado. — Eu... acho.

Uma senhora aguardava impacientemente na fila do açougue, quando outra senhora com a pele um tanto desbotada e lábios enrugados toca o seu ombro. -Antonieta! Vi que tem um homem circulando a rua com um saco preto saindo um líquido vermelho, acho muito estranho, mas quem somos nós pra julgar? Um homem pálido adentra no açougue com um saco preto e encara as senhoras sem graça. -Tá aqui o resto da carne Marcão. E jogou no chão. A senhora esboça surpresa no rosto empalidecido.

Mamãe, mamãe, mamãe… você não vai acreditar no que eu vi quando tava indo para escola com o Caio. Nós descobrimos quem mora na casa escura e sinistra. É um moço alto de chapéu e sobretudo. Ele estava carregando apressado uma sacola preta enorme sobre o ombro que devia tá furada por que saiu pingando no jardim todo. Nós apostamos sobre o que tinha dentro do saco, valendo um real. Eu disse que era suco de morango e o Caio tinta vermelha para pintar a casa e… Mamãe, por que você está com essa cara?

— Menina, você ouviu o que aconteceu? Parece que aquele vizinho da esquina viu o casal que se mudou quase agora passar na frente da casa dele com correntes e chicotes. Ele ficou preocupado, já faz uns dias que todo mundo escuta uns barulhos estranhos do quintal deles, aí acredita que ele chamou a polícia achando que eles estavam torturando alguém? Acabou que a polícia só viu uma intimidade de casal, do tipo que um gosta de bater e o outro de apanhar, sabe? Todo mundo saiu envergonhado!

O Velhote da casa silenciosa está achando que é poeta! Acredita nisso? Ele disse pra mim ontem, “Desde crianças caímos, choramos, gritamos, levantamos, sorrimos e comemoramos”. Ele continua, “Quando foi que desaprendemos a levantar? Deixamos de tentar pelo medo de falhar…” Deixei ele continuar, " Vivemos e sofremos quando larvas… Nos trancamos em casulos e assim ficamos, porém quando nos libertamos para ser borboletas?" Ele enlouqueceu sozinho naquela casa! Quem gosta desse tipo de coisa?

Ninguém sabe como a coisa começou e nem de onde ela surgiu. Dizem que os gatos à volta dela não buscam apenas o alimento que ela lhes dá. Porém, sempre que a velhinha desponta na rua, portas são fechadas e cortinas cerradas. Não é algo que se prove, contudo, quando a dita cuja bota os olhos em uma casa e a miação começa, pode esperar que uma alma será ceifada e um novo gato surgirá.

— Isso é causo dele, muié! — Causo nada, aposto que é verdade… As donas de casas escutaram o barulho da lata de lixo caindo na rua, correram para suas respectivas casas ao verem o homem passar falando sozinho. Ele cumprimentou-as, sorridente, e entrou em sua própria casa solitária e silenciosa. As mulheres correram para seus “zaps” para terminarem a fofoca. “Por isso vive falando sozinho?” “Ele jura que é um soldado de um tal messias. E que tem um chip que manda mensagem na cabeça.” “Será, muié?

Há algo que no fundo não possamos evitar? Há um amor que realmente está à nossa espera? E se há um amor... onde ele está? No começo foi tudo muito bom, sempre parece tudo perfeito. Eu não sabia que iria te amar, nem se quer sabia se ía dar certo,  mas deu. Éramos inceparáveis, não imaginavamos um  sem o outro. Sempre ríamos de todos os problemas, tinhamos medo de perder um ao outro. Foram bons tempos! Tempos que relembrando apenas trazem lágrimas e saudades.

Teus olhos verdes eram a joia mais preciosa que tinha no momento. Após guerra era uma assombração sem fim, mas você veio meio acanhado, me deu seu ombro como amigo e agarrei com todas as minhas forças possíveis, não houve palavras para aquele ato tão caloroso. O calor vindo de você, era como uma velha casa, simples e cheia de histórias para contar, pois foi nos seus braços que desmanchei em lágrimas e gritos mudos... foi pela primeira vez que "tu" me transmitiu uma paz. — Obrigado, Potter!

Pensei em algo conexo... Mas vi meu reflexo, e não importavam quantos 4.000 e-mails chegavam, até que por quê eram apenas spams. Nenhuma mensagem importante, pois minha existência era insignificante. Que demência! Pensar em alguma pessoa que me achará interessante. Que burrice! Ponderar no amor que não existe mais...

Depois de um tempo, o desejo se tornou comum e aquele arrepio que a tomava evaporou em uma névoa densa. Tudo se perdeu e a única opção que encontrou para alcançar aquelas sensações outra vez foi recomeçar.

Sou um andarilho que vaga de tempos em tempos nos caminhos da imaginação. Já naveguei por mares desconhecidos, lutei em guerras por reinos e vivi paixões avassaladoras. Sigo caminhando por entre páginas e capítulos buscando viver outras vidas nessa finita e monótona lida.

Os meus sonhos antes eram memoráveis e indispensáveis todas as noites,até que certa vez um destes sonhos me contou uma realidade que vivi há muito tempo.Apenas recordo do toque de um estranho e disso causar uma crise desesperada de ansiedade,onde me cocei freneticamente por mais de quarenta minutos, tive lapsos temporais e alguns relances do que aconteceu naquela noite.A única palavra que eu balbuciei foi:- Agonia ! * A resposta foi no sonho ou no subconsciente?

Um guerreiro caminhava pelo castelo. Ele tinha um adereço bonito na cabeça e um belo assento, mas no fim, ainda era um guerreiro. Um herói. Justiça e honra eram importantes para ele, mas a verdade era vital. Segredos nublavam a vida e os relacionamentos das pessoas ao seu redor. Infelizmente, o guerreiro também tinha um segredo, algo com o qual nascera e que com o tempo, tornara-o amargo. O destino armara para ele e em seus momentos mais sombrios, ele não podia evitar desejar armar de volta.

De um lado para o outro. Pula, pula e pula. A morte leva e a vida traz.

Morri quando me moldei para o mundo e ignorei as minhas emoções.

Sentada em frente à janela da cafetaria, descrevi o amor da minha vida em um guardanapo. Não exigi muita coisa, apenas o que toda mulher merecia após anos de solidão, e depois que assinei com um beijo e o meu número de telefone. Deixei, novamente o guardanapo no mesmo lugar, então saí para não estragar a surpresa que o destino iria me dar, mas para a minha surpresa a pessoa que encontrou o guardanapo era apenas o meu professor!

Ela sonha em encontrar o amor, em ser alguém feliz, mas como fazer isso em um mundo onde o romance está extinto? Então ela espera... e espera... e espera... Mas nada acontece. Ela se afoga em meio aos livros, aos filmes e músicas. Imaginando sua vida com um alguém que não existe realmente, olhando para uma foto de seu personagem favorito e desejando que ele fosse real, e que ela fosse sua alma gêmea.

Encaro o alto nublado, antes celeste agora cinza! Tudo opaco, amargo e gelado. O frio me toma. Não há edredom, cobertor ou aquecedor, existe apenas o vento gelido tocando meu corpo, rasgando minha pele e dilacerando minha alma. E não há certeza se o desconforto é causado pela baixa temperatura ou pelo desespero, pode ser um, pode ser o outro, contudo a única sugestão agradável é o ponto.

Imagino o quanto você está se sentindo mal agora. Todo esse medo, dor, desespero, tristeza, angústia, sofrimento, solidão, vazio... E não há palavras, ou gritos, ou lágrimas, ou até coisas erradas e/ou danosas que façam parar esse inferno interno que te assola dia após dia, vezes sem conta. E sei que a maioria ou até todo mundo fala que é fraqueza, ou burrice, ou frescura, ou mimimi. E que poucos ou ninguém entende. Talvez nem mesmo você. Ou somente você. E sinto muito por isso. Por todos nós...

Eu sinto você, sinto este fio nos ligando. Às vezes penso que posso sentir seu coração bater. Você escuta o meu? Ele está batendo forte. E eu sinto sua falta; sinto tanto a sua falta. Quero saber a cor dos seus olhos, da sua pele, do seu cabelo. Quero saber como seria tocar suas mãos. Mas só sinto o fio. E a cada dia que passa sinto cada vez menos.

Era uma vez uma fada, ela era muito boazinha, mas também podia ser bem... determinada. Essa fada não queria ser madrinha de um alguém, o que ela queria era um belo príncipe rico que a amasse como ninguém. Esse poema seria o que contariam em seu futuro reino, onde ninguém jamais saberia quanto sangue e traição envolveram sua subida ao trono. Um casal destruído e um mal libertado. Mas a fada viveria feliz para sempre, e isso era tudo o que realmente importava.