Nessas semanas, aconteceu de eu encontrar o amor da minha vida. Em todos os sentidos possíveis. Infelizmente, aconteceu de eu não ser o amor da vida dela.

De que vale ter tanto poder se no fim ainda vou estar sozinho? Já vi tantas pessoas querem ser como eu, mas tudo o que eu sempre quis é ser como todo mundo. Normal.

Eu me lembro de olhar no fundo do vazio de infinito nada. A escuridão que cercava meus olhos me dava confirmação daquilo que me deixava mais temeroso: Nada importa. Tudo, em todo lugar, ao mesmo tempo. Variações de um mesmo lugar. Infinito vazio. Silêncio. Mas essa é a parte reconfortante de tudo isso. Se tudo o que eu tenho é nada, então, >nada< importa. >Nada< é aquilo que eu devo proteger. Porque é tudo o que tenho.

Quando te vi pela primeira vez, meus olhos foram atraídos como um ímã. Eu não conseguia desviar o olhar, mesmo que tentasse. E agora, meus olhos continuam procurando por você o tempo todo, esperando que apareça mais uma vez para tornar meu dia melhor. Outros conseguem ver o brilho no meu rosto sempre que você está por perto, mesmo que eu não perceba. Acho que não há mais como negar... Fui nocauteado.

"Você fala como se eu estivesse fazendo coisas para te machucar de propósito! E isso não é verdade! Eu jamais iria querer te machucar! Eu jamais iria querer machucar ninguém!" Ainda assim, ela conseguia machucar a todos que se aproximava. Como sua maldição dizia, estava destinada a destruir tudo o que tocasse.

Ela é simples, espontânea e alegre. Ela se destaca em meio a todos por sua beleza, mas não a exterior. Ela tem a luz que te hipnotiza em seu sorriso. Ela tem a voz que soa como o vento, tão doce quanto o mel. E mais importante, ela é apaixonada e verdadeira em tudo aquilo que faz. Infelizmente, ela não vê nada disso por conta própria.

Um dia, foi pedido a mim que abrisse mão de tudo. E eu abri. Havia tantas lágrimas deslizando suavemente sobre minha pele, ultrapassando o grande sorriso em meu rosto. Mas não era de alegria, era dor, luto, por perder tudo aquilo que mais queria na vida. Ainda assim, meu coração estava no lugar certo. Sabia que era o certo a se fazer e que um dia valeria a pena.

Há muitos mundos criados pela mesma consciência. Várias realidades e vidas diferentes que podem ser vividas ao mesmo tempo. Você nasceu com o dom da criação, ainda assim, anseia apenas por aquilo que não pode criar de forma palpável. Corra! Fuja da verdade que te persegue por todos os cantos que passa, mas que você se recusa a ver: você pode se esconder em qualquer realidade do multiverso de sua mente, mas só realmente pertencerá à uma, a sua. Sua vida é a única que de fato é sua.

Você me intoxicou. Por muitos anos. era lindo, viciante. Mas, como uma moeda, a beleza do seu veneno me matava aos poucos. Me fez querer ser como um camaleão, me adaptar aos seus desejos, ser quem você precisava que eu fosse. Ser seu tudo. E você adorava isso. Parasita. Você sabia o tempo inteiro, sabia que jamais devolveria o que eu te dei. Ainda assim, foi em frente. Parasita!

"É como viver dentro de um único quarto sem janelas a sua vida inteira. Você acredita que o mundo é apenas tudo aquilo que está lá dentro. Mas assim que é levado para fora, percebe que o mundo é muito mais do que apenas aquilo que você consegue ver. E tudo o que acreditava ser real, acaba sendo apenas uma fantasia. Uma linda mentira criada para manter você sob controle e longe de coisas que ainda não consegue entender. Ele me tirou para fora do quarto."

Eu sei que é falso e vazio, ainda assim não consigo parar de olhar. Por quanto mais tempo vai ser cometido o mesmo erro? De novo, de novo e de novo... O tempo está passando. Tic. Tac. Tic. Tac. Tic. Tac. [...]

Linda rosa, rosa azul, rosa formosa. Pétalas hipnotizantes, envelhecendo com o correr do tempo. Cada dia, andando lentamente ao destino cruel para qual cada vida caminha inevitavelmente. Até que um dia, suas pétalas todas toquem a terra, levadas pelo vento. Hm... Que tipo de história poderia ser contada baseada na morte da rosa?