oi_k4w4 Nyco Oikawa

Aomine Daiki era um homem de muitos segredos, mas o seu maior segredo era o quanto ele ainda amava seu príncipe, mesmo depois de noventa anos. Alien AU| Aokise| Yaoi| Kuroko no Baket| Songfic ↬ Essa história segue o sistema de classificação indicativa do Governo Federal Brasileiro.


Fanfiction Anime/Manga Not for children under 13.

#aokise #aominedaiki #KiseRyouta #kurokonobasket #AlienAU #yaoi
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No dia que ele partiu...

NOTAS INICIAIS

Recomendo ouvir a música “Poeira de Estrelas” do Johnny Hooker. Foi o que me inspirou para fazer essa história.

https://open.spotify.com/track/3ouy8mXH5rFiztH3L4OOEX?si=opLQjtwUQZeNdYZib6gO_g (Link da música)


No dia que ele partiu...


- Aominecchi, o que você acha de irmos naquele parque do centro mais tarde? Hoje o dia está tão bonito... - Kise disse ao abaixar o celular e olhar o noivo de costas para si olhando a janela do quarto deles.

Quando não teve resposta do outro que parecia concentrado demais nos próprios pensamentos preocupados e na sensação de que algo estava para acontecer, Kise sentou-se na cama deixando o celular de lado. O loiro estava a tempo demais convivendo como parceiro para saber quando ele estava tenso por algo sério, por mais que ele jamais lhe dizia o motivo. A verdade era que Aomine era uma pessoa de muitos segredos que sumia de tempos em tempos e Ryouta sofria em silêncio com todos eles.

- Claro. – Por fim ele disse desviando o olhar da janela e se virando para olhar o homem que ele amava.

Um sorriso pequeno surgiu no rosto com traços fortes numa tentativa de tranquilizar o loiro sentado na cama enrolado nos lençóis rosas com o corpo nu e o cabelo amassado.

- Está tudo bem? – Kise perguntou engatinhando pra ponta da cama para se sentar perto o suficiente de Aomine para abraçar sua cintura enquanto deitava a cabeça em seu colo.

A mão direita foi ao meio do cabelo loiro num carinho suave enquanto ele respirava fundo sentindo novamente o peso dos segredos sobre si. Sua cabeça pendeu pra trás com os olhos fechados.

- Sim, não se preocupe com isso, meu príncipe.


havia algo de novo no seu olhar


A sensação constante de perigo fazia os músculos definidos de Aomine ficarem tensos o impedindo de relaxar e curtir o passeio com seu noivo. Ele não conseguia parar de olhar para os lugares se preparando para fugir em caso de ataque.

Com o canto dos olhos ele viu Ryouta sorrir do jeito apaixonante para o prédio redondo disfarçado no meio das árvores. Era um observatório e agora Aomine entendera o motivo da animação do loiro pelo passeio.

- Eu sei que você quer ir Kise. Não sei como você não enjoa de ver essas coisas... – Apesar de ter dito num tom entediado havia um pequeno sorriso no cantinho dos lábios fartos afinal ele amava o brilho nos olhos de Kise sempre que estava de frente pra um telescópio ou qualquer imagem que mostrava o que tinha fora da Terra.

- Você é um chatooooo, vamos! Vamos!

Sem ligar pra mais nada, Kise saiu puxando o noivo pela mão pra dentro do prédio. Apesar da sensação de perigo estar forte, o amor preencheu e esquentou seu peito ao ver o loiro rindo bobamente ao passar pelas salas escuras com simulações de sistemas solares, buracos negros e muitos outros objetos e corpos extraterrestre com a inocência que a vida adulta não foi capaz de lhe tirar.

A saudade clara no olhar de Aomine era profunda, mas Kise apenas a associou à história que ele contou para si quando eles foram pela primeira vez em um lugar tão semelhante ao que estavam agora. Algo sobre ter pais astronautas ou coisa assim, fazia muito tempo e Kise não queria ficar lembrando o moreno de coisas tristes.

- Aominecchi! Olha!

Os olhos anormalmente azuis cintilantes seguiram o dedo indicador para onde o loiro apontava e seu corpo se arrepiou inteiro junto a um calafrio profundo que percorreu todo o corpo forte. Kise estava apontando para um telão com a transmissão da explosão de uma estrela, mas não era uma estrela qualquer era a explosão de Betelgeuse¹. Aomine era muito familiarizado com aquela estrela sobre a constante ameaça de explodir com suas contrações, mas finalmente vê-la se tornar uma supernova² fez seu coração apertar e as mãos suarem anormalmente.


Uma estrela de longe explodiu

Para nossa profecia anunciar


- Aominecchi, está tudo bem? Você está tão tenso... - Perguntou ao se virar para o noivo que o respondeu com apenas o silêncio.

A voz de Kise mal era ouvida por Aomine enquanto uma voz muito conhecida para si recitava sem parar frases que lhe encheram o coração de medo. O aperto aumentou ao redor de sua mão, o moreno conseguia sentir o cheiro do medo e do desespero do loiro de uma forma que enjoava seu estômago e lhe dava vontade de vomitar, mas seu corpo não obedecia por nada, ele estava preso naquilo até quando o Antigo quisesse.

Aomine sentia-se em um limbo onde seus sentidos ficavam cada vez mais confusos onde a única coisa clara era a voz do Antigo prenunciando o destino horrível que há muito seu pai tentava evitar fugindo pro outro lado do multiverso.

Kise olhava o corpo de Aomine sentado no sofá daquela salinha onde o segurança os deixou com um enorme medo e confusão, a pele morena escurecia cada vez mais e as veias brilhavam em um azul tão cintilante quanto a cor dos olhos de Daiki, os olhos do loiro se arregalaram como pratos e ele se virou colocando as mãos nos braços de Aomine.

Ao se aproximar, Kise sentiu a mão queimar e logo a retirou dali, as lágrimas já desciam como um rio de fluxo forte pelo rosto com traços suaves enquanto ele berrava o primeiro nome do moreno, nesse momento o salão já havia virado um caos e um segurança os arrastou para uma sala afastada atrás do salão de projeção e os trancou ali, a porta se abriu novamente e um homem tão alto quanto Aomine com olhos e cabelos rosa fluorescente entrou com o rosto sério vestido com trajes deslumbrantes que Kise nunca tinha visto em sua vida, em nenhum lugar do mundo.

O homem não disse nada para si, apenas o empurrou para longe do sofá com força o jogando no chão e foi em direção à Daiki, os olhos de Kise se arregalaram ao ver a mão grande começar a brilhar antes de baixar com violência contra a bochecha esquerda do outro.

Aomine acordou com o berro desesperado de Kise, sua reação automática foi correr até ele, mas uma mão o parou, logo o corpo de Akaashi entrou em seu campo de visão, naquele momento seu coração deu uma pequena parada e seus olhos iam de Akaashi para Kise rápido.

- Você está avisado.

Então o homem de cabelos rosa sumiu pela porta tão rapidamente quanto entrou. Kise estava acuado no canto da sala com os olhos arregalados enquanto olhava para o rosto de Aomine que não perdera o aspecto estranho com as veias proeminentes. O peito de Ryouta subia e descia violentamente refletindo o medo que ele sentia, o lugar onde o homem estranho o tocou ardia, mas ele não quis dar atenção, estava assustado demais, com medo demais.

- Eu posso explicar. – Daiki disse ao fim de um suspiro, sabendo que aquele medo no olhar do loiro seria difícil de aplacar.

O caminho pra casa em que os dois viviam nunca antes fora tão quieto e feito tão rápido, os instintos de Kise o diziam que finalmente ele teria respostas, isso o animava um pouco, mas não tirava o medo que não deixava seu corpo parar de tremer e suar, além disso seu antebraço direito parou de arder, mas ainda latejava incansavelmente.

Chegar em casa foi outra coisa que assustou Kise em diversas formas, a casa parecia silenciosa demais e um cheiro forte exalava da porta semiaberta que com certeza não foi deixada daquele jeito, com um aviso para pegar a direção e estar pronto pra sair Aomine deixou o loiro para trás entrando na casa sabendo exatamente o que enfrentaria de mãos limpas com provavelmente poucas oportunidades para pegar as armas guardadas pela casa.

Os sons de luta chegaram aos ouvidos de Kise que apertou com mais força o volante sentindo uma necessidade movida pela angústia de desobedecer Aomine e invadir aquela merda de casa. Os minutos se arrastavam e o barulho de coisas quebrando eram cada vez menores até que pararem completamente indo embora junto ao cheiro estranho, o braço de Kise passou a doer bem menos, mas ele foi incapaz de prestar atenção naquilo enquanto os olhos estavam colados na porta de casa sentindo o suor descer pelas costas.

Levaram mais 30 minutos de apreensão até que Aomine finalmente saísse da casa, um suspiro aliviado saiu da boca de Ryouta que acompanhou com os olhos o noivo vindo em sua direção com as mãos cheias de caixas e bolsas.

-Abra o porta-malas. - Ele mandou.

Kise o fez agilmente apertando o botão no volante e esperou olhando para a entrada da casa mordendo os lábios com uma vontade de chorar, porque o loiro amava aquela casa e ele sabia que nunca mais a veria, ele não sabia como tinha consciência disso, mas ele sentia aquele fato. O loiro odiava saber que perderia todas as coisas bobas que ele amava guardadas naquele lugar assim como não teria aquela bela casa como palco de boas memórias que iria construir com Aomine. Era fútil, mas doía e lhe enchia os olhos de lágrimas.

Seus pensamentos foram interrompidos por Aomine se sentando ao lado do passageiro e mandando Kise dar a partida, ao ajustar o retrovisor o coração do loiro perdeu uma batida e o choque congelou seu corpo.

Bem no banco de trás haviam duas crianças uma assustadoramente parecida consigo e outra idêntica à Aomine, eles olhavam com certa dor para Ryouta, as crianças pareciam que a qualquer momento abririam a boca pra berrar por misericórdia.


E as crianças vieram de lá para se despedir


- Por favor, nos leve com vocês. – A criança loira com uma voz amedrontada disse.

Aomine que já estava com a mão na bainha da arma presa relaxou ao sentir a aura suave delas, não foi difícil para ele descobrir o que eram aquelas criaturas, só achou curioso que elas tenham escolhido imagens tão semelhantes à dele e de Kise que parecia ainda mais horrorizado no banco do motorista.

- Aominecchi...

- Está tudo bem Kise, eles tão vão nos machucar. – Tentou acalmar o loiro que continuava tremendo enquanto olhava o banco de trás sem nenhuma coragem para mexer um músculo. – Mas a gente realmente precisa muito sair daqui agora.

- T-Tudo bem...

Respirando fundo na fútil tentativa de se acalmar, Kise deu a partida segurando com força no volante com suas mãos geladas.

- De onde vocês vieram?

- Kentaurus³.

- Tão perto... Como?

- Nossa família foi assassinada e nós fomos sequestrados pelos assassinos... – A criança com a aparência de Aomine disse estreitando os olhos evitando que lágrimas caíssem.

- Qual o nome de vocês?

Pelo retrovisor Kise viu as crianças se entreolhando profundamente por um longo tempo. Com o medo do desconhecido voltando a corroer seu interior, o loiro voltou sua atenção para a estrada que parecia muito tranquila naquele dia quente de verão, mas isso, não passava de uma percepção alterada por toda a adrenalina que corria solta nas veias de Ryouta.

- Queremos ser conhecidos como Akira e Yudi. – O loiro disse apontando para si quando disse Akira e, apontando para o irmão sentado ao lado ao dizer Yudi.

- Certo.

- Quantos anos vocês têm?

- Humanos?

- Não.

- Setenta.

- Merda! Vocês são muito novos.

Kise em seu silêncio enquanto dirigia arregalou os olhos em surpresa por todas as informações que conseguia tirar daquela conversa, mas não ousou falar nada com medo de mais de que se falasse aquilo se tornaria ainda mais real.

Na verdade, ele só queria acordar daquele sonho completamente bizarro onde aparentemente alienígenas eram reais.

- Nós sabemos...

- Por que vieram até nós? – Aomine questionou respeitosamente mesmo que sentisse uma profunda indignação com a história daquelas crianças de uma raça tão lendária e pelo visto agora rara também.

- Nossos pais mandaram a gente encontrar o príncipe e seu marido loiro. – Kise sentiu um arrepio horrível em sua coluna, mas se forçou a ficar de boca fechada e esperar as explicações de Aomine. – Eles nos disseram que vocês são a salvação de tudo.

O que era aquele tudo, Kise não sabia, mas pelo jeito que a cara de Aomine tomou tons pálidos ele sabia muito bem o que aquele tudo significava.

- Puta merda. – Foi a última coisa dita dentro do carro.

O silêncio foi quebrado pouquíssimas vezes e apenas para Aomine dizer para onde Kise deveria seguir.

- Amor... O que está acontecendo? – Kise finalmente perguntou ao virar na última rua da cidade indo em direção à rodovia.

- Não agora Ryouta. Precisamos estar a salvo primeiro.

E novamente ele se fechou para o silêncio contemplativo.

A salvo de que era o que e porquê eram as questões que mais estavam preocupando Kise.


Numa réplica, numa súplica

Não nos deixe aqui


Demorou boas cinco horas até que Aomine finalmente dissesse para Kise sair da rodovia e pegar uma estrada de chão que ele sequer teria notado se o próprio Aomine não tivesse que apontar.

Mais bons quarenta minutos foram gastos naquela estrada irregular, as crianças (Ryouta preferia ignorar todo aquele papo de idade não humana) pareciam se divertir com o jeito que o carro balançava e tremia naquela estrada.

Kise mentiria se não admitisse que sentiu certa paz ao ver e ouvir aqueles risos inocentes daquelas crianças.

O fim da estrada dava de frente para uma clareira com uma espessa floresta de copas incomumente altas para a região que eles moravam, mas toda aquela altura permitia a completa camuflagem daquele local.

- Não saiam daqui eu já volto. – Daiki disse desembaiando a arma que trazia consigo.

Ele, num ato inteligente, saiu e se afastou do carro mais rápido do que as reclamações que seu noivo com certeza faria. Ele queria ter tempo para explicar ao loiro cada detalhe, mas enquanto eles não chegassem no seu refúgio, eles não teriam esse tempo.

Assim que se afastou o suficiente da linha de visão de Ryouta, Aomine concentrou seus poderes na lâmina que trazia nas mãos para fazê-la crescer e se tornar a sua espada que há muito tempo não via.

O moreno perdeu um pouco do ar quando viu que o objeto normalmente dourado agora assumia uma cor azul escura de cima a baixo, nenhum detalhe entalhado pelas habilidosas mãos dos melhores e mais poderosos guerreiros de todos os universos foi poupado.

- Quando chegar sua hora ela mudará assim como diz a tradição.

A voz do líder da forja onde sua espada foi feita ecoou macabramente em sua cabeça como mais um alerta do inevitável. Sem querer se apegar a isso, Aomine se concentrou na tarefa de achar o painel de comando escondido naquelas árvores o mais rápido possível.

O porquê de tanta pressa? Daiki tinha consciência das criaturas que estavam à sua caça. Cada uma delas. E bom, elas eram muitas.

E o único lugar naquele planeta onde nenhuma delas jamais os encontraria estava além daquele mato todo.

Em outras palavras, Aomine estava desesperado atrás daquele maldito painel que ele forçava sua mente a se lembrar onde tinha deixado. Demorou mais torturosos 4 minutos para que ele finalmente se lembrar onde tinha deixado.

Daiki ativou o painel e fez o percurso de volta pro carro em menos de dois minutos, Kise abriu novamente a boca para o questionar, mas a única coisa que ele disse foi uma ordem para que seu noivo seguisse pra dentro da trilha que se abriu afrente deles.

Com um suspiro o loiro passou a marcha do carro e seguiu pra onde Aomine indicou.


Me leve com você pras estrelas
Me jogue contra as ondas do mar


Não demorou mais que dez minutos para que o carro estacionasse em frente a um chalé simples de dois andares que estava sobre o último pedaço de terra antes da areia da pequena praia começar a se estender sobre o chão.

- Estamos salvos agora. – Disse Aomine com um tom aliviado – Vamos.

Kise ainda com aquela sensação de medo fez os procedimentos para desligar o carro em segurança então ele tirou seu cinto. Ao olhar o banco de trás foi com certa surpresa que ele viu as crianças empurrando a porta do carro para saírem dali com uma força que crianças comuns não deveriam ter.

- Kise, abre o porta-malas.

Ele o fez antes de sair de dentro do carro e finalmente esticar as pernas depois de tanto tempo dirigindo, o vento frio que vinha do mar embalou seu corpo arrepiando todos os seus pêlos.

- Vem, ajuda aqui. – Pediu Aomine entregando uma bolsa para as duas crianças ao seu lado.

Claro que o loiro estava no limite de toda aquela história e queria as malditas explicações, mas ele tinha consciência que surtar agora não seria bom pra ninguém, então pela última vez naquele dia ele segurou seus sentimentos e foi ajudar a carregar as bolsas de dentro do carro para o chalé.

Com quatro pessoas fazendo a atividade não demorou para terminar e finalmente eles se viram quentinhos e protegidos dentro do chalé. Os três seres não pertencentes à Terra sentiram perfeitamente o momento em que Ryouta iria extravasar, não só isso, mas também todo o medo, o terror, a confusão e todos os outros muitos sentimentos que borbulhavam dentro de Kise.

Em todos os quatorze anos em que Daiki conhecia o loiro ele nunca tinha visto Kise chorar, gritar e agir daquela forma. Era algo completamente inédito que ele não fazia ideia de como agir para ajudar o noivo a beira de uma reação asmática.

Sem alternativas, o moreno abriu os braços para envolver o corpo de Kise num abraço muito apertado sem nunca parar de sussurrar frases para acalmar mesmo que minimamente os nervos do homem. As duas crianças apenas observavam a dinâmica dos dois e se deleitavam com os sentimentos calmos e bons que se soltavam daqueles dois.

- Está mais calmo agora? – Perguntou Aomine baixinho ao sentir as costas do loiro pararem de tremer.

Kise apenas lhe respondeu com um movimento com a cabeça, mas sem deixar de apertar o tecido que cobria as costas de Daiki.

- Eu sei que você tem muitas perguntas, mas me deixe contar uma história pra você antes.

Com um olhar na direção das duas criaturas abraçadas sobre o outro sofá, Aomine permitiu que eles se aproximassem deles. No entanto, as crianças subiram no sofá para colocarem suas cabeças no pequeno espaço entre as pernas de Kise e Aomine.

- Bom, tudo começou quando meus pais se casaram. No início foi tudo muito bem, meu pai era apenas um príncipe sem importância na época ainda mais com os muitos irmãos que ele tinha, então eu nasci. – Um suspiro saiu dos lábios de Aomine. – Foi no mesmo dia que meu avô morreu e deixou o controle de tudo no colo do meu pai que nunca foi treinado para assumir o trono.

Kise não fazia ideia de que trono era esse, mas por alguma razão ele não se sentia pronto para ter essa resposta.

- Não demorou para que tudo desse errado e os meus tios tentarem tirar ele do trono. – Daiki fechou os olhos e respirou fundo antes de continuar. – Pelo que eu me lembro meus tios mataram minha mãe e tentaram fazer o mesmo com meu pai, mas ele conseguiu escapar e me trazer pra família Aomine. Depois disso eu não tenho ideia do que aconteceu com ele.

Ryouta não disse nada, ele sabia que era mais seu estado de choque que estava o calando e fazendo sua mente ficar em branco para que cada palavra do noivo ficasse registrada pra ele nunca esquecer.

- Eu nunca esqueci de onde eu vim então eu vivi minha vida normalmente, bom, você sabe a maior parte do que veio depois...

- Por que você sumia? – A voz rouca de Kise ecoou em tom baixo pela sala.

- Depois que eu fui deixado aqui, não foi difícil o governo me achar... Em troca da minha moradia em paz eu tinha que ajudar eles em algumas missões e essas coisas.

Certo, ao menos não era um caso de traição.

Tomando um pouco de coragem, Kise se sentou sobre os joelhos de Aomine para olhar os olhos anormalmente azuis. Ele tomou seu lábio inferior com os dentes e respirou fundo antes de falar:

- Por que eu sinto que não acabou? – Daiki lhe deu um sorriso orgulhoso que Kise não entendeu o motivo.

- Bom, o trono não pode ser ocupado enquanto meu pai não estiver morto e mesmo que ele fosse morto, apenas o herdeiro que ele determinar vai poder assumir. – Uma expressão triste que Ryouta não estava acostumado a ver naquele rosto. – Aparentemente ele morreu algumas horas atrás... E bom... – Um sorriso triste adornou os lábios fartos de Daiki. – Eu sou o próximo na linha de sucessão.

Um silêncio sepulcral foi feito enquanto os três seres não humanos deixavam a cabeça de Ryouta juntar as peças e finalmente chegar à conclusão do que aquilo implicaria.

- Não... – As mãos finas de Kise cobriram a boca entreaberta.

Aomine precisou ser muito forte pra não deixar as próprias lágrimas caírem enquanto assistia os olhos da pessoa que ele mais amava em todos os mundos revelando a dor da possível perda, foi horrível para si saber que as lágrimas que escorriam pelas bochechas de Ryouta não seriam as primeiras e que ainda faltava muito a ser dito.

- Eu sei, eu sei... Eu não quero ter que ir, mas é necessário... É o meu povo Kise... Eles estão sofrendo há mais de 100 anos, não dá pra continuar assim.

Kise não tinha reação alguma, Aomine estava literalmente lhe dizendo que iria embora sem saber se voltaria, ele iria lhe deixar sozinho naquele mundo grande demais para ele viver sozinho.

- Vem aqui. – Disse Daiki puxando o loiro para mais um abraço em que as duas crianças também se juntaram.

Os três tentavam por meio de carinhos em Kise o acalmar para que Aomine pudessem continuar explicando como funcionaria as coisas dali pra frente.

- Me leva com você. Por favor! Me leva, me leva! – O pedido feito com aquela urgência toda surpreendeu Daiki.

Mas ele sabia que não poderia levar seu amor consigo, a presença dele lá só deixaria as coisas ainda piores e ele seria uma presa fácil no meio daquela guerra de poderes tão violenta.

Ele precisou fechar os olhos com força para evitar demonstrar incerteza, ele não poderia fazer isso com Kise, ele não poderia o deixar aqui mais preocupado do que já ia ficar.

- Amor... – A voz de Daiki estava tremida e aquele som acabou com Kise. – Eu queria muito te levar comigo, mas eu não posso me dar o luxo de perder você, e-eu prefiro você aqui onde está a salvo do que lá onde um dos meus tios podem te usar pra conseguir o que querem.

Claro que Ryouta entendia. Céus, como ele entendia, mas isso não significava que era o que ele queria.

E Ryouta não ligou de parecer uma criança mimada enquanto murmurava em meio ao choro sofrido que Aomine não podia deixar ele sozinho e que ele tinha que levar o loiro consigo.

E é claro que o moreno entendeu, por isso deixou que ele demonstrasse do jeito que sentisse que fosse certo.

Kise só relaxou quando o cansaço o venceu e ele acabou dormindo no colo de Aomine. Ao notar isso, um sorriso melancólico surgiu nos lábios dele, tentando não se abalar, ele tocou a cabeça das duas criaturas agarradas ao loiro para as afastar.

- Venham, vou mostrar a casa pra vocês já que Ryouta não vai conseguir entender nada agora.

Antes ele parou apenas para deixar o loiro deitado na cama do quarto principal.


Me cegue com as suas certezas


- Eu deixei um diário guardado junto com algumas outras coisas para Ryouta em uma caixa embaixo da cama, quando ele acordar por favor o entregue. – Disse Aomine às duas criaturas que como ele imaginou ficaram na Terra para cuidar de Kise até quando ele voltasse (Daiki estava convenientemente ignorando a possibilidade de não voltar).

- Certo. – Yudi disse segurando a blusa que Aomine tinha tirado.

- Por favor... Não deixem ele ficar triste por muito tempo e lembrem-se de não sair daqui sobre nenhuma possibilidade.

- Sim senhor. – Akira disse mantendo um sorriso delicado sobre os lábios.

Daiki sentiu seu coração se apertar em saudade ao vê-lo, não saber quanto tempo ele ficaria sem ver o rosto de Kise doía mais que ele queria.

- Se cuidem. Eu vou tentar ser o mais rápido possível. – Disse terminando de tirar o restante das roupas de seu corpo e entregar para a criança loira.

Respirando fundo e se despedindo internamente de tudo que ele conhecia daquele mundo, Aomine se virou e andou pela areia não se importando com o vento congelante ao seu redor ou com a temperatura da água sobre seus pés ele entrou na água daquele mar tão vasto que escondia tantos segredos das pessoas comuns.

- AOMINECCHI! – Ele ouviu o chamado quando já estava com água até a cintura.

Daiki ainda tinha esperanças de conseguir ir embora antes do loiro acordar. Ele sabia que olhar sobre seus ombros e encarar o rosto de Kise seria ainda mais doloroso para os dois, mas ele não conseguia evitar.

- DAIKI, NÃO!! – A visão de Kise correndo com tanto desespero na sua direção o machucou profundamente, mas ele aceitou que não tinha o que ele pudesse fazer.

Foi com extremo horror que Kise viu seis braços saindo do mar para formar um círculo ao redor do seu noivo, Aomine pareceu notar, mas ele não apresentava nenhum medo.

O som das ondas quebrando sobre as pedras ao redor era ensurdecedor mais Ryouta soube muito bem o que seu noivo disse antes daqueles seis braços agarrarem seu corpo e o puxarem pra baixo.

- Eu já volto príncipe.

O loiro nunca correu tão rápido na sua vida e ele sabia disso, nem mesmo Akira e Yudi conseguiram segurar o loiro que simplesmente se jogou na água congelante para tentar alcançar o outro. As lágrimas se misturavam à água salgada, seus gritos eram abafados e seu peito queimava com a quantidade de água que entrava sem parar no seu corpo.

A última coisa que os olhos castanhos de Kise viram antes de uma onda o puxar de volta pra cima e o jogar na areia da praia foi o brilho azul cintilante dos olhos do homem que ele amava.


Um novo deus nascerá


Daiki já esperava que sua chegada em Touraf fosse conturbada. Mas receber um tiro no ombro assim que seus pés tocaram o chão realmente o surpreendeu. Ele mal teve tempo de sacar sua espada para se defender antes de levar uma coronhada na cara e tudo se apagar.

- Bem-vindo de volta Daiki. – A voz de seu tio mais velho ecoou em seu ouvido antes mesmo dele abrir os olhos. – Confesso que estou surpreso pela sua cara de pau de realmente aparecer depois de tantos anos.

Um gemido dolorido saiu dos lábios de Daiki ao abrir os olhos inchados pela agressão anterior e encarar o homem mais negro que si com padrões verde escuros entalhados na pele. Ele estava sentado no trono que não o pertencia com uma cara de deleite ao ver o próprio sobrinho naquela situação miserável aos seus pés.

Daiki precisou virar a cabeça para encarar os outros três tios encostados mais atrás com caras igualmente maliciosas, o moreno tinha total noção de como seu corpo se encontrava machucado e como o sangue fluía constantemente de seu ombro agora sem a bala.

- Parece que Akaashi realmente cumpriu sua promessa a nós... – Um deles disse venenosamente.

O homem ajoelho suspirou pela dor e pelo cansaço, mas não se deixou abalar pelas ameaças e frases que em qualquer outro momento o fariam partir pra cima daqueles quatro como sangue nos olhos sem sequer se importar com as consequências.

Contudo, Daiki não poderia se dar esse luxo. Ele tinha que terminar tudo logo.

Seu príncipe estava o esperando.

- Foi realmente interessante descobrir que você estava se engraçando com o último prist do universo.

O cenho de Daiki se enrugou em confusão, até onde ele sabia os prist foram extintos muito antes dele ser levado para a Terra, como ele poderia se envolver com algum deles?

- Oh, você não sabe... – O riso maldoso arrepiou seus pêlos, mas os olhos continuavam presos no tio sobre seu trono.

- Os prist foram extintos, você está mentindo. – Ele disse com toda a confiança que conseguia.

As risadas venenosas ecoaram pela enorme sala do trono, mas Daiki não ligou ele começou a repassar o que sabia sobe aquele povo em sua própria cabeça. Ele sabia que havia uma lenda que os prist foram os primeiros governantes daquele universo, que eles eram muito poderosos e sábios, mas que tinham o coração puro e incorruptível por isso quando as outras raças começaram a desenvolver a ganância e a maldade eles foram os primeiros a serem atacados por serem justos demais, puros demais, certos demais.

Algumas lendas os associavam ele aos filhos do primeiro Sol.

- Será mesmo? Não me surpreenderia descobrir que ainda restou um, escondido no planeta mais frágil de todos onde ele poderia aprender valores tão parecidos com o de seu povo.

- Isso não prova nada. Eu nunca conheci um prist. – Insistiu Daiki mesmo que sentisse algo errado e começasse a duvidar de suas convicções.

- Você realmente não quer ver né. – Um de seus tios que estavam no canto disse ainda com um ar de riso enquanto se aproximava de si. – Você está com o cheiro dele.

- Impossível. Eu não toquei em nenhum prist.

- Claro que não, apenas naquele loirinho não é? – Debochou aquele sentado sobre o trono.

Então Daiki simplesmente se calou.

Eles não estavam insinuando que Ryouta era um prist, não era possível. Daiki passou anos ao lado dele e nunca viu o noivo agir de forma estranha, nem ao menos demonstrar qualquer traço de magia.

Mas... E se Kise não soubesse do próprio passado?

Isso explicaria a falta de manifestação dos poderes dele e a fixação incomum com astronomia que o loiro tinha.

Então por que ele nunca percebeu o cheiro diferente do noivo?

- Parece que ele está entendendo... – Disse o terceiro tio em tom jocoso.

- Sim, você tinha a arma mais forte do universo em suas mãos e voluntariamente a destruiu.

Os olhos azuis de arregalaram como pratos como aquela frase.

Ele tinha matado Kise ao se separar dele.

A dor esmagou seu peito e seus ombros caíram. Em sua face havia nada menos que a derrota, naquele momento, não importou a troca de olhares vitoriosa entre os outros ocupantes da sala. Não importou a luta que ele jurou não perder. Não importou mais nada.

Para si, a luz de sua vida havia sido apagada e voltado a ser apenas poeira de estrela.


E nós que estamos aqui


Kise Ryouta sempre foi um homem forte. Não importava o tamanho do problema ou da dor, ele sempre acabava a superando, mesmo que demorasse, ele sempre a superava.

Mas sua vida não o preparou pra dor que sentiu quando Aomine foi embora. Kise podia sentir cada parte de seu corpo queimar e agonizar como se estivesse sendo desintegrando.

Ele sequer entendia o motivo daquilo estar acontecendo consigo, em algum lugar de sua mente anestesiada ele sabia que aquela dor não era normal, os gritos que se soltavam de sua boca não eram comuns e que as lágrimas que manchavam seu rosto não eram as mesmas que derramava sempre que ficava longas semanas sem saber do namorado.

Mas pelo visto ele não poderia fazer nada além de aceitar.

Em algum momento quando ele conseguiu abrir os olhos em meio a dor ele viu um brilho dourado forte sobre sua pele, muito ao fundo ele conseguia ouvir os berros alarmados das crianças ao seu redor, mas nada disso importava porque seu Aomine não estava com ele.

A sensação da água em seus pulmões só piorava a situação e Ryouta nunca teve realmente medo de morrer por sempre viver sua vida do melhor jeito possível, mas estar ali de cara com a morte balançou tudo que ele achava que sentia.

Enquanto estava se contorcendo na areia com as ondas molhando seu corpo e sentindo sua vida se acabando, Ryouta só conseguia pensar no quanto ele queria estar nos braços de Daiki.


Por vós devemos esperar


Yudi estava sentado na areia daquela mesma praia. Longos e complicados anos haviam se passado desde o dia em que vira o príncipe do universo sendo engolido pelo mar.

Foi naquele mesmo dia que ele e seu irmão testemunharam um dos eventos mais impressionantes e tristes das suas vidas.

A dor da perda de um prist.

O garoto com uma aparência de dezoito anos humanos suspirou, haviam se passado oitenta anos desde então, mas ele conseguia se lembrar perfeitamente das emoções daquele dia.

Ele encarou o único girassol no meio da areia e sentiu o coração se apertar ao lembrar dos gritos de Ryouta.

- O que está fazendo Yudi? – Era a voz de Akira se aproximando por trás de si.

Ele se virou para encarar o irmão que agora estava tão igual, mas ao mesmo tempo tão diferente de Kise.

- Pensando naquele dia...

Um sorriso triste se abriu nos lábios rosas e finos de Akira enquanto ele encarava o mar a sua frente.

- Foi um dia e tanto.

Yudi apenas se limitou a confirmar com a cabeça. Recordar como tinha sido difícil controlar o prist que tinham como pai atualmente era sempre muito doloroso para os dois.

Naquele dia, Akira e Yudi entenderam o motivo deles estarem sempre sendo ensinados sobre uma raça extinta na maior parte dos primeiros setenta anos de suas vidas.

Seus primeiros pais sabiam o que estava por vir.

- Ele tem sorrido mais nos últimos dias. O que acha que pode ser? – Akira perguntou se sentando ao lado do irmão.

Ele era o que mais passava tempo com Ryouta porque era doloroso demais para o loiro ficar muito tempo perto de Yudi. Não era pra menos, o moreno estava tão parecido com Aomine Daiki que chegava a assustar.

- Acho que está chegando a hora. – Disse com uma nota de esperança na voz.

- Tem certeza?

- Gêmeos e Virgem estão mais brilhantes hoje. – Falou apontando pras constelações no céu.

Então eles se encararam e dois enormes sorrisos de esperança surgiram para iluminar suas faces.

Tudo estava finalmente acabando.

A última profecia se cumpriria em breve.

E eles finalmente poderiam ser a família que os quatro sempre sonharam.

- AKIRA! YUDI! SAIAM DAÍ, A JANTA ESTÁ PRONTA! – Kise gritou da entrada do velho chalé acenando a mão sobre a cabeça com a mesma inocência e doçura que os muitos anos não conseguiram apagar.


Do outro lado, do lado que vi,


Aomine olha a porta da sala do trono ser escancarada com extrema violência, seus olhos azuis cintilavam com o doce gosto da vingança ao mirar os quatro corpos enormes sendo arrastados pelo chão onde ele mesmo tinha sangrado tantos anos antes.

Ah, ver os Antigos os carregando com aquele olhar de ódio e violência nos olhos fazia tudo valer muito a pena. Todos os anos sobre a tortura e humilhação diante do próprio povo estavam sendo quitados naquele exato momento.

Nada para Daiki era mais satisfatório que ver seu povo que tanto sofreu nas mãos asquerosas e impuras daqueles quatro seres nojentos os jogando os piores tipos de substâncias encontradas nas vastas e ricas terras de Touraf.

Na verdade, havia uma coisa, mas ela era impossível de ser alcançada.

Ao menos até aquela fatídica tarde onde ele se viu desintegrando aqueles quatro cavaleiros corrompidos pelo o que havia de pior no universo diante de todos os seres que sofreram com suas injúrias e injustiças.

Naquela tarde, Daiki cumpriu a profecia que Midorima lhe tinha sussurrado noventa anos atrás. Ele cumpriu seu destino ao liderar não só os tuf5, mas todo o universo em direção ao equilíbrio novamente.

Naquela mesma tarde, Akaashi anunciou que ele estava vivo.

Sua luz ainda brilhava forte no mesmo chalé que ele tinha deixado noventa anos atrás.


A nossa profecia se anunciar


O prist estava regando distraidamente os três girassóis que curiosamente ainda sobreviviam na areia daquela praia. Havia um sorriso suave em seu rosto enquanto ele observava Yudi e Akira brincando na parte rasa da água.

Eles corriam um atrás do outro rindo gostosamente enquanto espalhavam água pra todo lado. Kise ainda não tinha se acostumado com o enorme carinho que sentia pelas crianças que hoje considerava seus próprios filhos.

Ryouta amava aqueles dois.

Ele largou o regador sobre a areia e se sentou na cadeira que deixou ali do lado. Em suas mãos agora havia um caderno de capa azul escuro decorado com vários pontos brancos ligados por uma fina linha dessa mesma cor para formar as constelações de Gêmeos e Virgem, as suas preferidas.

Não tinha sido ele quem fizera aquele caderno, muito menos quem tinha escrito em todas as páginas amarelas, mas ele era seu.

Aquele caderno era o que restara de Daiki para si.

Kise abriu um sorriso triste enquanto passava os dedos suavemente sobre o objeto, ele sentia tanta falta de seu amor. Claro que essa falta não o machucava tanto quanto nos primeiros anos, mas ela ainda estava lá.

O loiro sentiu falta das palavras carinhosas de Aomine quando descobriu sobre suas origens, sentiu falta do contaste que ele faria consigo na criação de Yudi e Akira, sentiu falta dos passeios pelos parques que eles faziam juntos, sentiu falta da sua voz o ensinando a dominar os próprios poderes...

Em cada pequeno momento, Aomine Daiki fez falta.

Seus olhos castanhos se levantaram para o céu azul clarinho sem nuvens daquela tarde ensolarada. Aquele provavelmente seria um dia em que os dois ficariam de bobeira na piscina que tinham em casa enquanto conversavam dos assuntos mais aleatórios possíveis ou iriam até o observatório da cidade ver as novidades astronômicas.

Kise amava aqueles dias porque traziam tantas boas lembranças.

Contudo, o grito de Akira chamou sua atenção de volta para a água e seu mundo parou.

Ali, no mesmo lugar onde desaparecera noventa anos antes estava Aomine Daiki sem envelhecer nem mesmo um único dia.

Ryouta não parou para pensar se aquilo poderia ser uma alucinação sua ou não, sua única reação foi jogar tudo que estava em suas mãos para os lados e correr em direção aos braços abertos do homem que ele amava com o mesmo desespero que correu noventa anos antes.

Antes mesmo dele chegar até ele, o choro já tinha alcançado seus olhos, mas não importava, era Daiki ali, o seu Daiki.

O primeiro soluço de Kise veio quando ele lançou seu corpo sobre o dele.

- Estou de volta príncipe.

O primeiro soluço de Aomine veio logo depois.

E na beira da praia Akira e Yudi derramavam as próprias lágrimas silenciosas enquanto sentiam seus sentimentos se misturando com os que se soltavam do casal um pouco mais à frente.

O ciclo de profecias havia acabado.

Finalmente o desequilíbrio tinha sido corrigido.

A bondade estava renascendo e o destino traçando futuros de paz para aquelas quatro almas que desempenharam seus papéis com tanta honra.

O primeiro beijo em longos anos foi dado no momento que o quarto girassol emergiu na areia da praia.

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1 Betelgeuse é uma estrela da constelação de Órion que ainda não explodiu, mas os astrônomos estão de olho nela porque ela tem potencial de se tornar uma supernova.

https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2020/01/28/betelgeuse-cientistas-esperam-pela-explosao-de-uma-das-estrelas-mais-brilhantes-do-ceu.ghtml (essa foi a matéria que li pra buscar essa info, recomendo pra quem gosta do assunto)

2 Supernovas são um evento astronômico que ocorre durante os estágios finais da evolução de algumas estrelas, que é caracterizado por uma explosão muito brilhante. Por um curto espaço de tempo, isto causa um efeito similar ao surgimento de uma estrela nova, antes de desaparecer lentamente ao longo de várias semanas ou meses.

3 Kentauros se refere à estrela Alpha Centuri e seu sistema solar. A estrela Alpha Centuri pode também ser conhecida como Rigel Kentaurus e é o sistema solar mais próximo do nosso ficando a 4 anos luz de distância.

https://osr.org/pt-br/blog/astronomia-br/alpha-centauri/ (Aqui tem umas curiosidades muito legais sobre a Alpha Centuri)

4 Touraf é um anagrama de Farout, o planeta mais distante da Terra. Aqui Touraf o principal planeta do sistema Arrokoth.

Mais sobre Farout: https://super.abril.com.br/ciencia/o-que-se-sabe-sobre-farout-o-objeto-mais-distante-do-sistema-solar/

Arrokoth significa céu na língua dos indígenas norte-americanos. Aqui é um sistema de cinco planetas que está literalmente do outro lado do universo.

5 Como são chamados o povo de Touraf.

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Obrigado por lerem até aqui!

May 9, 2020, 9:18 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

Meet the author

Nyco Oikawa ↬Elu|Ele ↬ 23 anos ↬Todo o conteúdo desse perfil é um safe place para pessoas LGBTQIA+, neurodivergentes, PCD's, praticantes e entusiastas de BDSM e pessoas com fetiches convencionais ou não. ↬As minhas histórias são encontradas nos sites Spirit, Wattpad, Inkspired, Fanfiction.net e AO3, todos

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