origami-book Origami Black

Conto brevíssimo de romance erótico.


Erotica For over 21 (adults) only.

#amor #paixao
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de peito aberto

— Você... não vai gostar. — recusou Ivo.

Sequer sabia o que fazia ali, após conhecer os amigos de sua amiga, aceitando o estranho convite tão tarde na semana seguinte, após o cinema. Mal conheciam-se. O filme que viram no computador havia encerrado também, e os lanches do delivery estavam no fim, por serem guardados ou descartados.

— Vou! Eu vou sim, não importa qual o... — contestou Adão agitado antes de acalmar-se, receoso de o assustar — Eu... acho que o amo. Então... amo você, você todo. Até você com esse medo bobo. — sorriu.

Não é bobo! — Ivo explodiu frustrado em não ser entendido ou fazer-se entender. — Não é quando... — sussurrou — é o único a ir de camisa para a piscina, ou à praia, ou... quando confiou em alguém que disse...

— Mentiras, certamente mentiras, foi o que disseram. — afirmou com seriedade ao notar a preocupação do outro, mesmo que não a compreendesse. — Vem, está tudo bem. — garantiu ao convidar novamente.

Ivo pegou a mão oferecida, e recostam-se à cabeceira da cama, com seus pensamentos não compartilhados. Não saberia dizer quando a mão de Adão lhe tomou os cabelos, mas estava ali, zelosa demais para quem conhecia a tão pouco tempo e distantemente. E deu-se conta que não estava em um lugar neutro, e sim na casa de quem mal conhecia. Então seria ele a sair do território inimigo e atravessar toda a cidade para voltar para sua casa, com toda a vergonha e desânimo que pudesse reunir para caminhar.

— E se fosse no escuro? — insistiu Adão.

Encarou aqueles olhos repentinamente surpresos que haviam levantado para o encarar.

— Se apagarmos as luzes, ainda seria estranho? — prosseguiu.

— Ta-talvez... — respondeu apreensivo.

Adão apagou as luzes, e fechou as cortinas para que nenhuma claridade se atrevesse a espiar, então subiu na cama, sem ver o rosto na escuridão tal como apenas sua silhueta e brilho dos seus olhos era visto, entre um piscar e outro. Ivo ainda parecia preocupado e tenso, e Adão esperava que pudesse ver seu sorriso, ou o ouvir quando tocou o seu rosto antes de afastar a franja cacheada e beijar o local, descendo pelos olhos até os lábios, e o pescoço e o queixo.

E novamente, mais apaixonado agora, no toque mais morno das línguas. Adão tirou a camisa ao levantar-se, buscando mais daquele toque em seguida e deixando que as mãos percorressem o outro corpo, pressionando a cintura oscilante da expectativa de Ivo.

Ivo queria entregar-se tanto quanto via o outro fazer, queria esquecer todos os julgamentos sofridos, todos os receios, e se novamente fosse o caso de existirem, gostaria de não importar-se. Puxou-o mais, em expectativa de o devorar como Adão esperava que o fizesse, no entanto moveu-se para escapar das mãos intrusas que tentavam invadir sua camisa.

Teve certeza do cuidado quando Adão retornou aos beijos apaixonados em seu rosto, e notou-se beijando sorrisos e dentes antes de ter sua bermuda desafivelada, porém não aberta, com o outro ainda cuidadoso com os passos de seu umbigo e descendo, sobre o tecido. Até o nome de Adão ser resgatado do fundo dos seus pensamentos confusos, e sussurrado.

De frente para o outro desafivelou o próprio cinto, expondo-se apenas de cueca ainda que não pudesse ser visto. Foi afastado repentinamente quando Ivo sentou-se mais e livrou-se completamente das roupas afrouxadas antes. Respiração contra respiração, sentiu a mão curiosa sobre o único tecido que ainda o cobria, e abraçou-o com dedicadas cócegas dos beijos no pescoço enquanto permitia a invasão antes de ser massageado. Tirou então a peça, expondo-se mais à escuridão. Buscou ar, e Ivo o entregou.

Tocou-o com delicadeza enquanto Adão lhe vestia o preservativo, ainda curiosos, e talvez também lhe amasse, o que lhe seria ainda mais doloroso ao partir. Ouviu seu nome, cada sílaba um sussurro diferente para terminar em um suspiro quando deitou-se sobre Adão, movendo-se. Enlaçou-o com um dos braços, o aproximando mais para entregar todos os beijos que havia recebido, o quadril fluído afastado o suficiente para que a massagem não cessasse, quando sentiu os dedos novamente na barra de sua camisa, exploradores.

A única peça que os impedia de um corpo tocar o outro completamente, e Ivo afastou os ombros para então retirá-la por si mesmo, jogando no chão antes que mudasse de ideia, para retornar com ainda mais dedicação quando os receios foram afastados.

Adão era habilidoso nos toques que subiram de suas costelas e chegaram aos seus ombros, sequer havia notado a busca por um peito e outro, embora lhe houvesse arrepiado o beijo provado na pele sã ao voltar à sua cintura.

Mas em seguida Adão não coordenava mais seus movimentos, e Ivo prosseguiu quando os suspiros eram cantados sem ritmo, antes de Ivo sentir, em cadeia, toda a reação que provocou. Encerrando em um resfolegar sobre o outro, sem conseguir mover-se tão longamente.

Imóveis. Estátuas petrificadas pelo prazer.

Tentou aliviar o peso do outro no momento seguinte, todavia foi abraçado. Era ali que Adão o queria, ainda sobre ele mesmo que só por um instante mais. Sentiu seu cabelo cacheado ser encaracolado pelo anfitrião.

— Descul... — Ivo disse.

— Eu te amo. — confessou Adão.

O quê? — questionou na escuridão. — Não se diz isso depois de...

— Eu disse antes.

— Mas...

— Tudo bem se não me ama. Eu... gostaria que não dissesse, se não ama. — suspirou em receio, abraçando-o quando o corpo dizia o que a boca não, assumindo que ouvir a mentira seria bom em algum momento.

Ivo finalmente rolou para o lado, para retirar e amarrar o preservativo, mantendo o braço estendido para fora da cama, pendurado nos dedos sem saber onde poderia o largar. Ombro contra ombro.

— Você quer... Seria perigoso no escuro, então... — falou Adão. — Quer tomar banho primeiro?

— É a sua casa. — Ivo olhou novamente o brilho dos olhos no breu do cômodo.

— Enquanto eu o amar e não me oferecer mal — riu —, pode ser nossa casa quando vier me visitar.

Achou um absurdo estar tão constrangido depois do que acabara de fazer com o outro, do que havia lhe tirado ao satisfazerem-se, e virou o rosto evitando quem mal enxergaria ali. Ouviu mais um riso baixo ao lado, divertido, e sua reação tímida foi abraçada por pernas nos joelhos e pulsos nos ombros, o que significava que Adão havia notado e evitado propositalmente sua falha, e quanto antes terminasse aquilo melhor seria. Torturante de chegar em casa, mas seria seu melhor refúgio.

Adão guiou-o, sem acender a luz do quarto caso o outro quisesse refugiar-se ali novamente, agora que suspeitava seus motivos. Manteve-se sempre um passo atrás, e abriu outro sabonete para que o visitante pudesse usar, e viu-o entrar primeiro sob o chuveiro, com os cachos quase desfazendo-se sob a água — os cachos que sabia que amaria para sempre. Abraçou sua cintura e deitou em seu ombro antes de cerrar os olhos, repousando na água morna. Poderia dormir em pé pela tranquilidade que tinha ao estar ali.

— O que acha? — Ivo interrompeu-o. — O que pensa agora?

— Sobre? — perguntou duvidoso se era do que haviam feito, da dúvida do sentimento, ou do que havia descoberto.

— Você sabe. Sobre... — parou, deixando que Adão sentisse-o seu corpo retrair preocupado.

— Posso tocar? — pediu.

— Não acha nojento, castigo ou... culpa minha por não ter me cuidado?

Castigo? — questionou incrédulo. — Como pode ser culpa sua? E não é nojento. Absolutamente. Esqueça isso.

— Não seja hipócrita, não é algo bonito de se olhar.

Foi abraçado com ainda mais cuidado, com a mão que deslizou para cima vagarosamente, lhe dando a chance de o interromper se quisesse. Sentiu a ponta dos dedos correrem quando a cicatriz foi alcançada, de um extremo ao outro, estudada. Repentinamente apavorado de ter a ferida ferida, que não passasse de um jogo cruel que o outro fazia.

— Posso beijar? — questionou Adão lhe deixando receoso de que fosse mordido até que a carne sangrasse.

— Por que... por que faz isso? — indagou Ivo.

— Por que? Porque eu gosto de dizer que eu o amo. — suspirou Adão.

Havia tocado antes, e agora explorado mais. Porém, até o momento, não tinha pousado os olhos e apenas imaginava seu relevo, seu comprimento, sua textura lisa, e os tons de suas cores.

Ivo livrou-se dos braços que o rodeavam, com o olhar vacilante nos olhos do outro antes de desviar e expor completamente o peito, onde um lado era são enquanto o outro detinha uma cicatriz quase horizontal.

— É... é o que sou, agora. É apenas uma falha, mas... — suspirou Ivo — um corpo defeituoso ainda assim.

— Nunca. — Beijou a cicatriz. — Nunca. Nunca. Nunca. — jurou cada promessa selada com um toque dos lábios.

— Eu não te entendo. — confessou novamente frustrado pelo conflito em seus pensamentos. — Por que?

— Você não é uma cicatriz, e menos ainda uma falha, Ivo. — declarou-se imaginando quantas vezes o faria, e simplesmente gostaria de dizer todas as vezes embora não gostasse da dúvida que Ivo detinha. Não havia mais sorrisos quando o outro se via tão distante da verdade. — Você é completo, e tenho sorte da oportunidade de o amar. E... talvez você não retribua, mas isso também não seria uma falha de modo algum...

— Precisei tirar um pedaço! De mim! — contestou ainda com perplexidade ao esclarecer. — Pra sobreviver.

— É... pra sobreviver. — concordou. — Não amo apenas uma parte sua. Eu sempre vou amar essa cicatriz que te marca, porque faz parte de você. E... sem ela você seria tirado de mim, eu nunca te conheceria. — declarou por fim, satisfeito. — Mas sempre direi amar o lado diferente, se for o que quer ouvir. Porque eu te amo. E tudo se resume a isso, Ivo.

📷
March 1, 2020, 1:36 a.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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