omegakim Amelia Kim

Sereias não tinham uma forma definida. Estas apenas se transformavam naquilo que seu coração mais queria, afim de atraí-lo para o fundo do mar e sugar sua alma. Mas Baekhyun nunca acreditou nesse tipo de coisa até que encontrou Kim Minseok, seu primeiro amor falecido, dentro do seu barco de pesca depois de ter encalhado numa ilha desconhecida.


Fanfiction Bands/Singers Not for children under 13.

#baekmin #min-tritão #baek-pescador
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I - Aquele garoto morto

Baekhyun soube que estava encrencado quando percebeu que o motor do Isis II estava fazendo um som estranho. Tirou o boné da cabeça e o jogou em um canto qualquer enquanto virava o leme de modo a conseguir ao menos estacionar na ilha que se mostrava a sua frente. O motor parou antes que chegasse a praia da mesma, mas a correnteza o jogou em direção as rochas do lugar aos poucos e isso, ao menos, o tranquilizou, porque significava que não ficaria à deriva no mar. Mas ainda assim fechou a mão direita num punho e acertou o leme do barco.

Maldito motor!

Seu pai deveria tê-lo escutado quando disse que aquela lata velha estava com os dias contados, afinal era um modelo de barco tão antigo que nenhum deles lembrava mais o ano. No entanto, seu pai ainda tinha um carinho enorme por aquele amontado de alumínio e madeira velha, afinal fora herança do seu bisavô. Estava na família há 3 gerações, incluindo a sua. E não havia um Byun que não houvesse navegado no Isis II ao menos uma vez.

Baekhyun navegava sempre enquanto os pais se ocupavam com a feira em Yongho-dong, onde moravam. Era dele o dever de conseguir os peixes que venderiam na feira e chegar em casa sem nenhum significava ficar sem dinheiro para as necessidades básicas, contudo, pior do que isso era perder tudo o que havia pescado até aquele momento. A carga inteira estava no convés, dentro de três barris de plástico de água congelada para que chegassem frescos no porto. Contudo, pela forma como estava preso ali, não achava que tudo aquilo poderia se conservar tanto assim.

Mas não achava que estava tão longe assim de Yongho-dong, afinal estava justamente voltando quando terminou encalhado ali. Aproximou-se da janela da cabine, olhou em volta. Avistou a ilha mais uma vez, o barco balançava e o som das pedras raspando nas laterais do barco incomodava, mas acreditou que mais um pouco, com o aumento da maré, talvez, terminasse com o Isis II encalhado na praia da ilha. Voltou a encarar seu painel e pegou o rádio. Não havia jeito. Iria pedir resgate a Guarda Costeira.

Aqui é o Isis II. — começou com um suspiro.


***


O sol se pôs aos pouquinhos como que para alertar Baekhyun da sua má sorte, afinal a Guarda Costeira não viria reboca-lo tão cedo, em parte por culpa de acidente entre dois barcos que havia acontecido em algum lugar mais longe de onde estava e ainda havia a possível tempestade que estava se formando no caminho até onde estava, que só servia para atrasar qualquer resgate e só contribuía para que pensasse em como estava sem sorte naquele dia. Então, só lhe restou esperar, sentado, com tédio, na cabine de comando.

Voltou a colocar o boné na cabeça e saiu dali, queria saber se conseguia enxergar a tempestade dali ou se poderia se tornar alvo desta, mas o céu apesar das nuvens cinzentas, não dava muitos sinais de uma tempestade ruim. A maré continuava subindo a cada vez que a noite se aproximava, percebeu, assim como percebeu que estava mais próximo da praia da ilha. Logo conseguiria passar as rochas e estaria encalhado ali, pensou. Não parecia um destino ruim, mas não se sentia feliz com a forma como o casco do barco estava sendo danificado.

O barco era uma lata velha, admitia, mas ainda era sua lata velha e no fundo, não queria realmente se desfazer de si. Apoiou os cotovelos na borda do barco e encarou os barris de peixe de canto de olho. Iria perder a carga, já sabia disso, mas não havia muito o que pudesse fazer. Suspirou e resolveu voltar para dentro da cabine. Iria procurar o colchonete de ar que o pai escondia ali dentro para momentos de emergência, como quando a mãe o expulsava de casa e ele era obrigado a dormir no barco. Não acontecia tanto, mas seu pai era um homem preparado.

Encontrou o colchonete enrolado ao lado da bomba de ar dentro do armário da cabine, perto do painel de controle. Não havia jeito de abrir a escotilha, que dava acesso a parte interior do barco, quando a mesma estava emperrada há meses e seu pai havia desistido de tentar abrir. Então, tudo o que lhe restou foi o espaço no convés entre os barris de peixe, contudo, não era de todo ruim toda vez que percebia que bem poderia dormir olhando para as estrelas.

Ocupou-se em encher o colchonete e quando ficou satisfeito com o resultado, deixou a bomba de ar de lado e deitou-se ali. Deixou o boné ao seu lado, a cabeça estava bem apoiada embaixo dos braços cruzados e o céu começava a se tornar escuro. Já conseguia notar algumas estrelas aqui e ali, apesar das nuvens. O barco balançava, o som da água batendo contra as laterais do Isis II era incrivelmente calmante e por um momento, não achou de todo ruim ficar encalhado ali.

O peito parecia leve, o ar era puro, não havia nada com que se preocupar. Todo o mundo tinha parado de respirar apenas para que conseguisse relaxar ali, quieto, sozinho. Abandonado. Mas não com todo o peso que a palavra em si carregava. Abandonado no sentido mais simples possível, mais leve também.

Fechou os olhos por um momento e apreciou o momento. Acabou dormindo e acordou com o som de passos pelo barco. Abriu os olhos devagar, piscou por bastante tempo até conseguir realmente focar a visão. Por um momento, acreditou que podia ser alguém da Guarda Costeira no Isis II, mas não avistou nenhuma luz e muito menos nenhum chamado, tudo o que conseguiu ver foi alguém debruçado sobre um dos barris de peixe.

Pôs-se sentado no colchonete e abriu a boca para chamar a pessoa quando o viu erguer a cabeça, o braço puxou-se para fora do barril. Havia um peixe na sua mão, que foi logo levado a boca sem nenhuma cerimônia apenas para ter o Byun arregalando os olhos e deixando a boca pender aberta, em uma expressão de surpresa.

Quem diabos era aquela pessoa?, quis perguntar assim como quis ficar de pé e ir até lá, expulsa-lo do seu barco e dizer que aqueles peixes faziam parte do seu sustento. Mas não fez nenhuma dessas coisas, só sentiu a surpresa do momento se intensificar no seu sangue quando reconheceu o traço dos olhos puxados da pessoa e o tom dourado do cabelo. O sangue pareceu secar nas suas veias, a boca se fechou e as mãos fecharam-se em punho ao lado do seu corpo.

— Min-minseok? — pronunciou baixinho sem perceber.

Mas a coisa pareceu perceber, porque largou o peixe parcialmente comido e olhou diretamente para si, os olhos terrivelmente curiosos como se Baekhyun fosse quem estava destoando aquele momento inteiro. Ele deu um passo em sua direção, uma mão ergueu e pousou na borda do barril, como se não pudesse afastar muito dali, Baekhyun arrastou-se para trás, o coração aos saltos no peito.

— O-o que... — tentou dizer, mas todas as palavras se embolaram na sua língua, ficaram presas na sua garganta junto daquela terrível certeza. — Você está morto. — expôs.

A coisa riu, dentes brancos e afiados. Definitivamente, nenhum pouco morto.



Então, Baekhyun desmaiou.

Feb. 8, 2020, 12:55 a.m. 0 Report Embed Follow story
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