Era uma vez uma ninfa que se apaixonou pelo Deus do Sol. Sua beleza era tão linda quanto sua tristeza, toda moldada em tons de azul, nossa ninfa. Mas cada vez que o calor de seu amado irradiava sobre seu frágil corpo, a mesma se embrulhava numa capa espessa que irradiava tons de felicidade amarelada. Sua alegria durava metade de um dia, quando a presença cegante e quentinha do Deus do Sol invadia cada um de seus poros, a escondendo das maldades do mundo real. Sua tristeza a roubava durante a outra metade quando ele se escondia nas sombras de suas nuvens protetoras e, mais tarde, desaparecia de vez, deixando-a abandonada sob a presença de estrelas tão brilhantes e azuladas quanto suas lágrimas.
Um dia, sua capa amarelada foi pisoteada por seu amado. Neste dia, notou ela, ele não era mais amarelo e aconchegante. Ao lado de outra ninfa, sua irmã, ele era todo laranja avermelhado, inteiro ganância e luxúria. A partir daquele dia, todo amarelo se mesclou ao seu azul numa mistura de verdes agonizantes. A ninfa se virou para o chão amarronzado e nunca mais ousou se voltar para o céu. A partir daquele dia, sua metade de sol foi-lhe tomada restando apenas a paleta azul esverdeada que a sufocava por inteiro.
A ninfa possuía apenas um objetivo em sua pequena vida: agradar a todos ao seu redor, nunca pensaria em fazer a si mesma feliz, seria absurdo pensar ser merecedora de tal sentimento. Felicidade era para outros, assim lhe fora ensinado. Pensando então estar sendo punida, a ninfa aceitou seu destino e decidiu apodrecer naquele lugar, em meio aos azuis esverdeados - agora quase totalmente transformados num verde limão -, e olhar para o céu. Se obrigaria a encarar aquela felicidade laranja avermelhado que era do Deus do Sol, os sorrisos que foram doados àquele que roubou-lhe o mundo tão severamente.
Assim foi feito por anos e anos, até criar raízes naquele lugar e se ver presa ao chão, até suas costelas esverdeadas se mesclarem com o solo e se transformar numa carcaça amarronzada. De tanto encarar o Deus do Sol com toda sua imponência alaranjada, acabou com as bordas de seu corpo todas em um amarelo ouro.
Não era intenção da pequena ninfa, acabar se tornando uma linda obra da natureza. Não era intenção da ninfa se transformar em uma linda flor que irradiava um aroma que clamava por atenção, uma cor tão vibrante que ofuscaria até mesmo ao Deus do Sol, não era a intenção da ninfa se tornar a primeira de muitas flores a nascer da dor. E você pode ter certeza que não foi nem um pouquinho intencional essa ninfa se tornar a primeira obra de arte a se servir de toda dor e sofrimento coletados e transformar todos os tons mais tristes em amareladas pinceladas de felicidade traçada.
A ninfa não sabia que sua resiliência em tomar toda tristeza e violência impostas a si e se erguer, usando-as como seu pincel e tintas para desenhar sua triste história seria mais tarde reconhecida como exemplo de força e beleza suprema.
Essa flor não sabe como me fez me tornar mais forte e admirada a cada dia.
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