jace_beleren Lucas Vitoriano

Uma garota vaga nua pela floresta, guiada por uma voz que é pura escuridão e sedução. Ela largou o seu passado e sua família para abraçar o pecado.


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#suspense #bruxa #sobrenatural
Short tale
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Capitulo único

O corpo havia ficado estirado no gramado, com o sangue fresco ainda escorrendo. Uma adolescente, ou melhor, uma mulher que acabara de desabrochar, vagava a passos decididos para longe dali, deixando sua antiga casa e o cadáver de seu pai. Ele tentara estuprá-la e ela, em um ímpeto de coragem, fúria e ódio, matara-o cravando o machado de cortar lenha em seu crânio. A casa ficou para trás e a moça adentrava mais e mais na floresta.

Uma mudança operara nela, a jovem e recatada Bretha Robison, ouvira a voz que sussurrava para ela reagir enquanto o pai, bêbado, rasgava suas roupas e apertava seus seios com brutalidade. A voz lhe dizia para reagir, para tomar uma atitude e, em um ato libertador, quase poético, ela reagira. Matara o pai. Nada poderia ter lhe feito mais feito mais feliz do que rachar o crânio daquele homem desprezível e ver a vida abandonar seus olhos.

Ela ainda ouviu o choro de seus irmãos pequenos dentro da casa. Chegou a ficar tentada em ir até eles, mas a voz lhe dizia que ela teria que partir naquele momento, caso contrário, jamais teria coragem para fazê-lo. Ela ouviu a voz e deixou seu antigo lar.

Bretha não sabia aonde estava, nem aonde suas pernas iriam leva-la, mas a sensação de liberdade a excitava. Seus pés descalços pisavam na grama seca, os cabelos loiros estavam soltos, cobrindo apenas parcialmente os seios pequenos, que já começavam a tomar volume no início da fase adulta.

Com um sorriso de ansiedade no rosto, a garota caminhava nua por aquela floresta escura em noite de lua cheia. Ao longe podia-se ouvir o piado das corujas e o uivar dos lobos. As arvores pareciam criaturas distorcidas e macabras, mas Thomansin não mais tinha do ar sinistro e macabro ao redor.

O medo e expectativa do desconhecido afloravam seu lado mais perverso. Ela riu para a escuridão, para a imensidão da floresta, para os seres que habitavam aquele lugar magico. A floresta era o refúgio do desconhecido, a grande mãe que abrigava aqueles que queriam se esconder da luz e da sociedade. Era exatamente por isso que Bretha se sentia bem ali, pois ela descobrira, finalmente, que o seu lugar era ali, junto daquelas que, como ela, abraçaram a escuridão ao ouvirem o chamado da voz.

O vento gélido acariciava seu corpo, uma caricia sutil e sensual, como mãos invisíveis a estimular seus pontos mais íntimos. Ela riu, um riso alto de gozo que ecoou pela floresta.

Por toda sua vida seguira os ensinamentos de Deus, culpara-se por ser pecadora, por ser mulher, por ser descendente de Eva. Mas em todas as suas rezas, em sua vida de angústia, nunca encontrara a paz do perdão divino. Nunca ouvira Deus a acalma-la com palavras gentis, mas ouvira outra voz, uma voz sedutora, cativante e convincente. Por muito tempo Bretha ignorou essa voz. Esse tempo, porém, havia ficado no passado.

Não importava que aquela fosse a voz do Diabo, que lhe tentasse a ir contra os ensinamentos de Deus, o que importava era que ela prometia a Bretha prazer, liberdade e poder e, melhor ainda, cumpria sua promessa.

Enquanto vagava pela floresta, Bretha não mais se envergonhava de sua nudez, nem de seus pensamentos perversos por ter matado o pai. Muito pelo contrário, orgulhava-se de seus atos. Suas curvas eram atraentes e lhe faziam sentir-se bem, seus seios em crescimento lhe faziam não ter vergonha de sua beleza tentadora. A floresta, com sua escuridão e seus mistérios, não era mais um inimigo a ser temido, mas um horizonte infinito de possibilidades.

Ela já sentia o poder dentro dela, poder esse que recebera assim que aceitara ouvir aquela voz que lhe sussurrava todas as noites. Ela não era uma filha de Eva, tola e submissa, mas sim uma filha de Lilith, uma rainha que não se deixava prender por correntes nem deixar que outros ditassem sua vida.

Os padres de sua aldeia sempre diziam que as bruxas eram perigosas e cruéis, mas agora Bretha percebia que elas eram indomáveis e livres. Mulheres que não temiam abraçar as trevas se isso lhes desse asas para voar a alturas inimagináveis.

- Eu sou livre e ninguém nunca mais irá ditar o meu destino! – gritou, extasiada. Era um grito de libertação, cheio de paixão e de energia. Sua voz ecoou por toda a floresta e era como se as arvores e o vento reagissem ao poder de sua voz.

Bretha sentiu o vento soprar mais forte e os galhos das arvores balançarem. Foi então que ela viu uma figura surgindo da escuridão. Era uma moça envolta em trevas, de pele branca e longos cabelos cor de mel, de um castanho tão escuro que quase se tornava negro. Ela vestia um manto velho, cor de musgo. O olhar da moça se encontrou com o de Bretha e a garota percebeu que havia encontrado uma semelhante. Elas não sorriram, não disseram sequer uma palavra, mas nada disso foi preciso.

- Fico feliz em vê-la irmã – disse a moça. Bretha sentiu uma conexão imediata, como se fossem realmente irmãs que não se viam a muito tempo – ele me indicou que mais uma de nós estava para nascer e por isso vim a sua procura.

A moça não se explicara a quem se referia, mas não precisava. Bretha sabia que estava a falar do Diabo, do senhor das trevas, de Lúcifer.

- Consegue entende-lo tão bem? – perguntou, aproximando-se da moça misteriosa que já era, para Bretha, sua irmã – consegue distinguir claramente as palavras do Diabo?

Bretha aproximou-se até ficar a apenas meio metro da moça. A mulher com cabelos cor de mel acariciou o rosto e os cabelos de Bretha de uma forma não ausente de erotismo. Fora um toque simples, mas que fizera a garota sentir um calafrio.

- Nós nunca entendemos palavras, apenas sentimos os desejos do mestre. Não o chame de Diabo, essa é a forma que aqueles tolos ignorantes o imaginam. O mestre é muito maior do que isso. Você mesma irá perceber quando se conectar mais profundamente com ele.

A mão da moça acariciava gentilmente a bochecha de Bretha. A garota sentiu o desejo de beijar aquela mulher, hesitou por meio segundo, mas, sendo a mulher livre que era, completou o ato. Seus lábios tocaram nos lábios da outra. Fora um beijo rápido, porém intenso. Quando as bocas se separaram Bretha sentia-se com mais vigor. A moça sorriu brevemente para ela.

- Qual o nome dele então? – perguntou Bretha.

- Não acho que nomes possam exprimir o que ele é, mas nós o chamamos apenas de Mestre.

Mestre, isso era o suficiente. Bretha fez um aceno positivo com a cabeça. A moça começou a andar e a garota a seguiu. Bretha sabia que aquela mulher iria leva-la até as outras, as suas irmãs, as bruxas que vagavam e reinavam naquela floresta escura.

Assim, as duas mulheres sumiram na escuridão da noite. Eram seres que viviam nas sombras. O mundo simples com pessoas de mente fechada não poderia suprir seus desejos. Apenas o Mestre podia. Bretha estava ansiosa para conhece-lo melhor.

Por anos o ouvira sussurrar em seus ouvidos, mas só agora poderia ouvi-lo falar claramente, em alto e bom som. Ela sorriu e se foi com sua nova irmã, deixando para trás todo o seu passado.

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NOTAS FINAIS: Obrigado por lerem! Se quiserem conhecer mais de meu trabalho como escritor, peço que deem uma olhadinha, sem compromisso, nas minhas redes sociais, lá estou sempre a falar dos projetos aos quais estou trabalhando. Meu perfil no instagram é o @l.vitoriano.

Sept. 21, 2019, 10:07 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

Meet the author

Lucas Vitoriano Sou escritor, tendo alguns contos publicados. Além disso, sempre que possível posto alguma coisa aqui também. Amo animes, filmes da disney e mitologia grega. Para acompanhar meu trabalho visitem meu perfil no instagram @l.vitoriano ou meu perfil de literatura @pensandoescritor. Espero vocêsl á!

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