aikimsoo Ai KimSoo

Kyungsoo acordou atrasado justamente no dia que iria conhecer seu parceiro. Teria que se juntar com o melhor aluno do curso de dança, Kim Jongin, para uma apresentação de conclusão de curso. Não podia atrasar. Kim Jongin era conhecido como o melhor da sua área e Kyungsoo sabia que teria que se esforçar muito para chegar ao nível do dançarino, não podia mesmo começar chegando atrasado. Sorriu satisfeito quando chegou no ponto final e viu que daria tempo de chegar até a faculdade, sem nenhum atraso. Descia do ônibus satisfeito, até um ser passar correndo em sua frente. Era um garoto alto, moreno e jovem. Kyungsoo tentou não guardar rancor e apenas correr. Precisava chegar na faculdade logo.


Fanfiction Bands/Singers For over 18 only.

#aikimsoo #kaisoo #kyungsoo #kai #jongin #gay #yaoi
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Único - Teste de confiança

Ir dormir tarde por ficar até altas horas assistindo filme era a morte da minha vida. Eu sabia que precisava acordar 4:40h da manhã, mas ficava querendo assistir mais um episódio ou terminar o filme - o que eu estivesse assistindo - e acabava ficando acordado até uma e pouca da madrugada. Já era normal, porém, isso não queria dizer que eu era acostumado e gostava disso. Quem gosta de dormir menos de 8 horas por dia? Eu que não.

E como toda ação tem sua reação, eu sabia que chegaria um dia - com a sorte que tenho, seria em um dia importante - em que meu corpo pediria arrego e eu iria ficar sem ouvir o despertador. A confirmação de que este dia estava próximo, era justamente o dia de hoje.

Os periquitos da minha mãe estavam cantando muito alto e eu comecei a me remexer, ficando com raiva e despertando do sono somente para brigar. Eu estava prestes a levantar, quando percebi que ainda era dia de semana e eu tinha aula na faculdade.

Procurei pelo meu celular. 5 horas e 12 minutos. Joguei as cobertas para o lado e levantei da cama com pressa. Bendito periquitos, até que tinham servido para alguma coisa.

Corri em direção ao banheiro, arranquei minhas roupas e tomei um banho rápido. Voltei para o quarto e procurei o que vestir, pouco me importado de estar colocando uma calça gasta e uma blusa velha. A regra era usar roupa, não era? Ter estilo ou ficar na moda já era outra história, história essa que eu não estava afim no momento.

Procurei por café, porém, olhei a hora e me desesperei. Eu precisava sair de casa 5:40, então não daria para me alimentar nenhum pouquinho. Um pouco chateado – por ficar sem comer – fui escovar os dentes e pôr meus óculos.

Peguei minha mochila, joguei nas costas, puxei a chave do chaveiro e saí correndo de casa. Assim que fechei o portão, meu ônibus se aproximava. Fiz sinal – mesmo sem estar no ponto – e quase chorei de alegria ao perceber que não iria perder minha condução, porém, lembrei que o ônibus deveria estar cheio e senti vontade de chorar. Era uma inconstância mesmo.

Já não bastava estar sem comida? Ter acordado atrasado? Estar com sono? E daí que eu quem procurava essas complicações? Preciso da minha diversão, se não eu piro na faculdade. A vida se vive só uma vez, não tem o botão de restart para tentar uma nova chance de viver não. Eu sempre arrumava um tempo para me distrair, mesmo que eu soubesse que iria me atrapalhar depois.

Apesar de todo o conflito entre meu pessimismo e otimismo, o ônibus tinha bastante lugar sobrando e eu não precisaria ir em pé. Aquilo era um sonho? Porque se fosse, periquitos, não precisam me acordar não.

Coloquei o fone de ouvido, que eu nem tive tempo de pôr antes de correr para fora de casa, encostei minha cabeça no banco do ônibus e dormi. Só soltaria no ponto final mesmo, não precisava me preocupar.

Depois de um tempo, senti o ônibus parar e o barulho do motor sumir, então percebi que era hora de despertar. Coloquei a mochila nas costas e fiquei na fila, esperando minha vez de descer. Olhei para o relógio e vi que não era tão tarde assim, daria tempo para ir encontrar o tal do meu novo parceiro no projeto de fim de curso. As turmas de canto se misturariam com as de dança, para que um festival fosse feito. Fui sorteado para ficar com um tal de Kim Jongin. Disseram-me que ele era o melhor e fiquei feliz por isso, esperava ser da altura dele.

Minha vez de descer estava chegando. Bocejei, olhei para a hora em meu celular e vi que eu já podia descer do ônibus. Desci um degrau e iria descer o último, quase colocando o pé no chão, quando um rapaz – de mochila nas costas – passou correndo bem na minha frente e fez com que eu me jogasse para trás, afim de evitar um acidente. Na mesma hora me recuperei e desci do ônibus com pressa.

-YA! VOLTA AQUI E PEÇA DESCULPAS, SEU IDIOTA! EU PODERIA TER ME MACHUCADO! – gritei. Eu não costumava ser assim, mas tinha ficado irritado. Eu podia ter

-DESCULPE! – o rapaz da mochila gritou por sobre o ombro e se virou, rapidamente, fazendo uma breve reverência, para voltar a correr.

Bufei irritado e voltei a caminhar. Faltava pouco para encontrar Kim Jongin e eu não queria que ele pensasse que eu era um atrasado. "A primeira impressão é sempre a que fica, então vamos tentar ser alguém agradável, Kyungsoo." me encorajei e comecei a correr. Eu estaria atrasado em breve.

Corri muito rápido e comemorei, internamente, quando cheguei ao prédio da faculdade. Adentrei o estabelecimento, de maneira afobada e ofegante, dei bom dia para o porteiro e olhei meu celular para ver qual bloco que eu iria encontrar o meu parceiro.

-Bloco H.... Poxa! Logo o último! – lamentei e guardei meu aparelho.

Respirei fundo duas vezes e "pernas para que te quero?", não é mesmo? Corri muito e estava sentindo meus pulmões explodirem. Cheguei ao bloco e fui direto para a sala que iríamos nos encontrar. Assim que parei na porta, vi o rapaz que quase tinha me atropelado com sua corrida no terminal.-Você? – balbuciei e o mesmo me olhou.

-OH! Você que é o Do Kyungsoo? – ele perguntou e eu concordei. – Omo! Desculpe por hoje mais cedo, é que eu estava atrasado e não queria causar uma má impressão de mim. Eu juro que sou pontual, só que eu fiquei até tarde ensaiando uma coreografia e acabei me atrasando. Desculpe. – tornou a pedir e antes que eu pudesse dizer algo, se aproximou e tocou meu ombro. – Você está bem?

-Sim. – respondi atordoado. O toque dele era diferente e seu sorriso simpático era muito lindo. – Eu também acordei atrasado. – comentei sem me dar conta do que realmente falava.

-Então temos algo em comum! Já consigo prever que faremos uma ótima parceria! Eu sou alto e você baixo, eu sou moreno e você branco. Você canta e eu danço. Prazer, sou Kim Jongin. – e sorriu. Um sorriso de lado que me abalou.

-Do Kyungsoo. – falei e corei. Se fosse outra pessoa me chamando de baixo, eu já teria batido, mas não consegui bater nele.

Talvez fosse seu jeito falante e simpático. Talvez fosse o modo como tocava meu ombro e sorria. Existiam muitos talvez, só que, eu tinha uma plena certeza que essa parceria me traria muito mais do que uma simples nota. Como eu sabia isso? Talvez eu acreditasse que nosso encontro de manhã não tenha sido por acaso e que nossa formação – após um sorteio – também não.


-x-


Estávamos no segundo dia de ensaio. Jongin dançava extremamente bem. Era um excelente bailarino e me contou que praticava este estilo de dança desde os 8 anos. Era admirável a forma como ele se entregava a cada passo, como sua expressão mudava, como seus movimentos eram leves e precisos. Quando ele me mostrou – no dia anterior – como ele costumava dançar, temi não poder estar à sua altura e consegui arrumar desculpas para não cantar naquele dia. Mas como toda mentira tem perna curta e fugir de seus problemas significa que uma hora ou outra você será pego, Jongin terminava de dançar e eu sabia que teria que cantar.

-O que achou? – Jongin perguntou e sorriu, enquanto ofegava. Ele estava suado, vestia calças específicas para dança e tinha uma blusa larga por cima. Jongin era lindo.

-Você dança tão bem... – soltei sem pensar. – Agora entendo o seu título de "o melhor". – confessei e ruborizei, porque vi que falei sem perceber.

-Eu não sou o melhor, apenas fico apaixonado pelo o que estou interpretando. – o moreno foi modesto e eu ri. – Agora sua vez, hyung. Preciso ouvir sua voz também.

-Por falar em ouvir minha voz. – comecei para ganhar tempo e Jongin sentou no chão, de frente para mim. Não estávamos mais na sala do bloco H e sim em uma das salas de dança, que possuía uma parede de espelho e barras de dança. – Você terá que cantar também? Ou será só eu?

-Perguntei ao meu professor ontem. Ele disse que é uma escolha nossa, mas que achava mais fácil te fazer aprender alguma coreografia dentro de um mês, do que você me ensinar a cantar bem. – explicou e eu fiquei incrédulo.

-Você canta tão mal assim? Pro seu professor dizer isso? – questionei e ele riu. Riu mesmo, chegou a tombar a cabeça para trás.

-Eu não canto mal e não canto bem, mas é muito fácil eu desafinar, porque não pratico canto. – justificou e eu corei. Ele estava certo. Quantos cantores cantam há anos e desafinam às vezes? – E, de certa forma, eu gostei da ideia de te fazer dançar. Eu... – pausou. Vi que Jongin corava e estava sem jeito. – Eu meio que já tenho uma apresentação em mente...

-Você já montou tudo? – perguntei estupefato e o moreno confirmou. – Meu Deus, você realmente é um gênio!

-Não sou nada! – ele se defendeu e eu ri do seu jeito afobado. – Acontece que eu estava ouvindo a música ontem e acabei montando as coisas sem querer. Claro que você pode descartar a ideia ou modificar algumas coisas. Eu gostaria de ouvir sua voz, pra poder te explicar a apresentação e ver sua opinião. Preciso saber se seu tom vai combinar com a canção. – ele explicou e eu me senti ainda mais pressionado. – Você poderia cantar? Pra eu saber? A apresentação vai ser dia 13 de janeiro e hoje já é 14 de dezembro. Cada momento é precioso pra gente. – ele concluiu e eu percebi como ele era sério com os assuntos que envolviam música e dança. Achei admirável.

-Desculpe se eu te desapontar. - pedi e antes que ele começasse a falar algo, comecei a cantar.

Eu não fazia ideia da canção que saía dos meus lábios, porque estava nervoso demais para saber a reação de Jongin. Ele era muito mais talentoso que eu e isso me deixava nervoso. Se minha voz não o agradasse, o impediria de dar seguimento ao que já tinha planejado. Eu já disse o quanto fico nervoso em pensar nisso? Acho que “nervoso” estava se tornando a palavra que me definia.

Quando a música chegava ao fim, percebi qual era. Eu cantei uma música japonesa, chamada Hanabira, que falava sobre o amor e pétalas de cerejeira. Ao terminar de cantar a última palavra, respirei e abri os olhos – que nem percebi fechar.

Olhei para Jongin e esperava qualquer coisa dele, menos um olhar intenso e... Uma possível admiração estampada naqueles olhos? O moreno estava paralisado e me encarava tão fixamente, que senti minhas bochechas esquentarem.

-J-Jongin? – chamei e vi que o mesmo pareceu sair do transe. – O-o qu-que achou? – gaguejei e o mesmo se colocou de pé imediatamente.

-HYUNG! SUA VOZ É PERFEITA! – o moreno me elogiou de forma afobada e senti meu coração acelerar. – Por favor, escuta a música que eu tenho em mente e depois eu vou te dar a letra, ai você tenta cantar. Por favor, por favor! – ele implorou, como uma criança pedindo doce, e me estendeu seu fone de ouvido, junto com seu celular.

Fiquei atordoado. Jongin não me deixou pensar direito e já me fazia ouvir a canção. Eu queria saber se ele tinha gostado mesmo da minha voz, se queria algo diferente, mas ele não me deu a chance de me manifestar. Ouvi a música e gostei. Eu já a tinha ouvido uma vez, mas muito rapidamente.

-Agora tenta cantar, hyung! – o moreno pediu e eu concordei.

Peguei a letra da música, vi Jongin ficar de pé e quando a canção tocou no rádio maior, perdi o tempo de soltar minha voz, por ficar admirando o moreno.


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1° dia de ensaio

15/12/2016

-Este sonho que todos já tiveram alguma vez... Só o nome disto... AHHH! Eu não consigo, Jongin! – choraminguei jogando a letra da música no chão.

-Hyung, calma. Você vai bem, só que acaba deixando seu timbre tomar conta e corta o ritmo do rapper. Respira fundo e tenta lembrar que essa parte não se canta. – aconselhou e o menor fitou o moreno, enquanto seus olhos enchiam de lágrimas. – Hyung...

-Jongin, eu não consigo! Eu treino em casa, mas não consigo fazer o rapper! – voltou a insistir.

-Então eu vou tentar cantar essa parte e a gente vê como fica. – ele sugeriu e me estendeu a mão. – Vamos tentar de novo? – perguntou e eu concordei, ainda com um bico nos lábios. – Não chore, hyung. – ele pediu e eu olhei para o alto, na intenção de fazer as lágrimas voltarem.

Jongin soltou a música e eu comecei a cantar. Jongin estava na minha frente e segurava uma de minhas mãos, enquanto sorria abertamente e me instigava a ir no ritmo da canção. Estava indo bem, mas ao chegar na parte do rapper, calei minha boca e Jongin sorriu – como se criasse coragem – e começou a cantar.

Eu fiquei encantado. Ele levava jeito e sua voz não era ruim. Ele viu meu sorriso e soltou nossas mãos, pois se empolgou e começou a performar enquanto cantava. Era engraçado como ele conseguia partir de sério para brincalhão. Eu gostava disso em Jongin, porque me relaxava e me aquecia por dentro.


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9° dia de ensaio

23/12/2016

Estávamos descansando um pouco, até que o elétrico e sádico Kim Jongin resolveu levantar e me forçar a cantar e dançar. Ele me deixava parar de cantar poucas vezes, porque ele alegava que eu precisava aprender a controlar meus ofegos para não sair o som no microfone.

Somente o instrumental da música começou a tocar e eu comecei a cantar, pulando e me mexendo do jeito que estava planejado. Em um dado momento, eu precisava segurar Jongin pelo pescoço e encolher minhas pernas. Esse era o pior momento, depois de uma parte que ele me levantava sutilmente, porque eu não tinha muita confiança nele.

-Soo! – Jongin resmungou ao tentar rodar comigo em seu colo. Era para eu ter ficado com a perna encolhida, mas acabei esticando, como sempre. – Eu já disse que não vou te deixar cair! A gente precisa sair desses passos pra dar seguimento a tudo.

-Mas eu sou pesado, Jongin! – retruquei e fiz bico, enquanto me afastava dele.

-Não é não! – ele voltou a insistir e vi sua expressão se iluminar. – Tive uma ideia.

-Eu acho que não vou gostar nada nada dela. – fui sincero e ele gargalhou. – Jongin...

-Fica de frente pro espelho. – ele pediu e eu o fiz. Pelo reflexo, vi que ele se posicionava atrás de mim. – Agora se joga pra trás.

-QUÊ?!

-É teste de confiança. Você precisa ter confiança em mim, acreditar que eu não vou te derrubar em momento algum. – ele me explicou e vi seu olhar intenso quando olhei para trás. – Agora se joga pra trás. – tornou a repetir.

Respirei fundo. Eu precisava fazer aquilo, afinal, faltavam poucos dias para a apresentação e eu não estava nada bem na dança. Eu não tinha pegado nem metade da apresentação! Não podia simplesmente condenar a nota de Jongin por culpa dos meus receios e limitações. O mais novo era muito atencioso comigo e paciente, eu precisava retribuir.

Tentei me jogar para trás, mas acabei travando. Jongin riu e pediu para que eu tentasse novamente. Foram incontáveis tentativas até eu finalmente começar a parar nos braços de Jongin. Mas parar nos braços dele, não significava que eu estava me entregando a confiança, pelo contrário, eu sempre estava tenso.

-Soo, eu sou alguém tão...

-Jongin, eu confio em você. Eu só estou travando, porque tudo é muito novo pra mim. – apressei-me a dizer e senti meus olhos marejados. – Desculpa, Jongin! – pedi e saí correndo da sala de dança. Eu estava inconformado com o meu fracasso. Eu precisava me colocar em meu devido lugar e perceber que se fracassássemos, eu levaria Jongin junto e ele não merecia.


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11° dia de ensaio

24/12/2016

Era véspera de natal e lá estava eu indo para faculdade ensaiar. Se eu não tivesse causado tantos obstáculos, talvez pudéssemos ter nos permitido ter uma pausa nas datas de festividades, mas infelizmente não era o caso. Minha incapacidade nos tirava até o final de semana.

Depois da crise que tive, Jongin me mandou uma mensagem de madrugada avisando que estaria me esperando na sala de dança no horário de sempre e por isso eu estava na frente da porta da sala, criando coragem para entrar. Contei até 10 e quando criei coragem, abri a porta.

Uma melodia clássica preenchia o lugar de forma calma e agradável. Olhei para todos os lados e encontrei Jongin se aquecendo nas barras.

O moreno era dono de uma elasticidade invejada. Ele tinha a perna direita na barra, enquanto afastava a esquerda com a intenção de abrir um espacate. Não quis interromper aquela sessão de aquecimento e fiquei apenas admirando. Depois de concluir sua contagem para aquele tipo de alongamento, Jongin mudou a perna da barra e se inclinou para frente, esticando braços, troncos e pernas. Era tão bonitinho ver a pontinha do pé que o moreno fazia. Ele era um bailarino nato.

-Vai demorar muito pra tomar coragem e entrar? – Jongin questionou e eu me sobressaltei. – Ou vai sair correndo como fez ontem? – indagou e ergueu o olhar, para que se encontrasse com o meu.

-Hã... Jongin... Desculpa. – pedi e encarei o chão. Não tinha coragem de sustentar o olhar dele.

-Não se desculpe. Preparado pra tentarmos o teste de confiança novamente? – ele perguntou e eu apenas assenti. – Ótimo, então vamos começar o trabalho. – ele declarou.

Como no dia anterior, parei em frente ao espelho e Jongin se posicionou atrás de mim. Respirei fundo e me joguei para trás, sem nenhuma restrição. Se eu caísse, apenas bateria com a cabeça. Esperei a queda, mas tudo o que senti foram os braços de Jongin me segurarem com firmeza. Abri os olhos e encontrei o sorriso mais lindo do mundo.

-Você confia em mim. – ele balbuciou feliz e me ajudou a ficar em pé novamente.

Depois daquele momento, repetimos o teste de confiança por mais vinte vezes. Em nenhuma delas Jongin me deixou cair e em nenhuma delas, o sorriso mais lindo do mundo abandonou seu rosto.

Fizemos uma pausa de uma hora e conversamos sobre como seria nossa véspera. Descobri que Jongin morava no alojamento da faculdade, então o natal dele se resumiria em ligar para a família – que estava em outro estado – e ir dormir.

-Vamos pra minha casa! – convidei e o vi ficar surpreso. – Vamos pra lá. Minha família sempre dá uma festa de natal e vai ter muita comida. Meu hyung leva a esposa dele também e assim a casa fica cheia e animada.

-Eu vou incomodar...

-Não vai não! No natal eu nem costumo dormir, mas se sentirmos sono, minha cama é beliche e você pode dormir nela tranquilamente. – expliquei e ele continuou me olhando desconfiado. – Vamos, Jongin! Vai ser legal e é bom que a gente se aproxima mais. Ficarmos muito amigos é importante pra apresentação, num é? – argumentei e o ouvi rir.

-Você me convenceu, Soo-hyung. – ele cedeu e eu ri.

Encerramos nossa pausa e começamos a ensaiar do começo. Depois do teste de confiança, eu realmente me entreguei mais. Os passos que mais nos impediam de dar seguimento, começaram a ser superados.

No final do nosso ensaio, acompanhei Jongin até o alojamento e o moreno pegou algumas coisas essências para passar um dia na casa de um desconhecido. Depois de tudo guardado na mochila, seguimos até o ponto de ônibus.

O moreno era muito divertido e percebemos ter muitas coisas em comum. Não demoramos a chegar a minha casa e minha família recebeu Jongin muito bem. Explicamos que éramos parceiros da apresentação e todos ficaram curiosos para ver Jongin dançar, mas eu impedi e o levei até o meu quarto, para que ele deixasse suas coisas lá.

Não houve acontecimentos grandiosos, apenas um natal feliz e divertido. Jongin se soltou depois de um tempo e aproveitou da hospitalidade. Ficamos acordados até dia 25. Nossos olhos não se aguentavam mais e fomos dormir 10h da manhã. Passamos dia 25 de dezembro dormindo.


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20° dia de ensaio

02/01/2017

Jongin e eu estávamos jogados no chão mortos de cansaço e ofegantes. Agora faltava muito pouco para a apresentação e estávamos bastante confiantes. Fizemos alterações, que ao meu ver, ficaram muito boas. Eu estava me vendo ansioso mais e mais.

-Soo? – Jongin chamou e eu olhei. – Hum... Você quer conhecer minha família? – ele perguntou apreensivo e eu ri.

-Claro! Tenho certeza que são todos muito legais, igual a você. Sem falar que sua mãe é muito gentil. – fui sincero, pois no natal ela tinha me desejado um feliz natal caloroso e pediu que eu tomasse conta de seu filho.

-Meus pais vão vir pra assistir a apresentação, porque no dia seguinte vamos pra minha casa, já que entraremos de férias. – Jongin começou a contar e se sentou, para me encarar enquanto eu permanecia deitado. – É que o dia após a apresentação, é meu aniversário e meus pais vão fazer um bolinho. Eu gostaria muito que você fosse. – ele confessou sem jeito e eu sorri da forma que ele me convidou.

-Seria um... OMO! Você faz aniversário dia 14 de janeiro? – perguntei me sentando rapidamente.

-Sim, por quê? – ele perguntou confuso.

-Porque eu faço aniversário um dia antes da apresentação. – expliquei e o vi arregalar os olhos.

-Isso é sério?!

-Sim!

-QUE MÁXIMO! Então não vamos ensaiar um dia antes, pra podermos comemorar seu aniversário! – ele decretou e eu fiz careta. – O que foi?

-Não vamos cancelar o ensaio por culpa do meu aniversário não. O dia anterior é crucial pra gente consertar todos os erros. – justifiquei e vi um bico manhoso se formar em seus lábios.

-Mas ai vai passar seu aniversário ensaiando? Isso não é justo. – ele argumentou e eu sorri.

-Não se preocupe, a gente comemora depois. – o tranquilizei, mas percebi que ele não estava muito satisfeito.


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30° dia de ensaio

12/01/2017

-Olhando para este amor meio estranho entre um garoto e garoto... – cantarolei enquanto Jongin girava.

O moreno se jogou no chão e ficou respirando fundo. Me desesperei, porque pensei que ele pudesse ter se machucado. Corri até Jongin e me inclinei sobre ele. Olhei seus olhos e perguntei se estava bem, mas tudo o que recebi foi um sorriso e toque no meu rosto.

-Feliz Aniversário, Soo. – ele sussurrou baixinho e eu fiquei feliz. – Eu sou muito grato por ter esse dia como seu e te ter com exclusividade nessa data tão especial.

-Jongin...

-Eu quero que você saiba que é muito importante pra mim e que eu estou muito feliz por poder estar com você hoje. Amanhã encerraremos nosso objetivo, mas eu não quero me afastar de você. – ele confessou e puxou meu rosto para mais perto. – Este sonho que todos já tiveram alguma vez. – ele sussurrou sua parte da música e nossos rostos estavam bem mais próximos. – Eu quero realizá-lo. – segredou e colou nossos lábios.

Senti uma explosão de coisas novas no meu corpo. Meu estômago se remexia de maneira que eu acreditasse que eram as famosas borboletas, minha respiração se tornou mais rápida, meu coração acelerou e minha necessidade de estar próximo de Jongin foi ainda maior, mas para minha infelicidade, o moreno interrompeu o beijo e se colocou de pé antes que eu pudesse pensar em ter alguma reação.

Sentei no chão e fiquei o fitando. Tenho certeza que minha expressão deveria estar cômica, mas como eu estava de costas para o espelho, não tive como ver minha expressão de confusão. Jongin também não viu minha cara, porque correu até o som da sala e colocou uma música clássica. Eu a conhecia, mas estava tão desnorteado, que não lembrava o nome.

-Soo, vamos dançar. – Jongin chamou e veio até mim, estendendo suas mãos e me ajudando a ficar de pé. – Agora, segura minha mão e meu ombro. – mandou e eu o fiz. Acho que eu estava chocado demais para questionar o que acontecia.

Jongin estava animado e isso me deixava ainda mais confuso. Tínhamos acabado de nos beijar, então o que era essa reação dele? Jongin tentou conduzir a dança, mas por eu estar confuso demais, acabei errando e pisando em seu pé.

-Desculpe. – balbuciei e o ouvi rir.

-Está tudo bem. Soo, pisa nos meus pés. – ele mandou e usou seu braço, que rodeava minha cintura, para poder aproximar nossos corpos.

-Que? O quê? – perguntei, mas Jongin tinha um jeito único de conseguir o que queria.

Ele me fez pisar em seus pés, porque eu dançava descalço – não tenho sapatilhas e as do Jongin ficaram grandes no meu pé – para logo em seguida começar a guiar a dança. Foi então que eu pareci sair do transe e entendi a situação. Nossos corpos estavam colados e Jongin guiava nossa dança, porque ele sustentava meu peso em cima de seus pés. Senti minhas bochechas corarem e enfiei o rosto na curvatura de seu pescoço, para esconder a vergonha.

-Soo? – Jongin chamou, mas eu não respondi. – Soo? Por favor, Soo, me olha. – ele pediu e eu acabei acatando. – Agora eu posso continuar com o presente.

-Presente? – perguntei confuso e ele olhou para os meus lábios. Eu entendi o que ele dizia.

-Posso? – perguntou e eu assenti, pois percebi que estava ansiando ainda mais por aquilo. – Feliz aniversário, Soo. – ele sussurrou e tornou a colar nossos lábios.

Dessa vez o ósculo foi mais intenso e mais entregue. Eu estava feliz e podia sentir que Jongin também. Não era de hoje que eu percebia que sentia algo a mais por ele, afinal, eu gostava de impressionar Jongin, receber elogios, conversar com ele e passar horas e horas ao seu lado na sala de ensaio. Não era qualquer amigo meu que fazia meu coração acelerar e me fazer suar frio. Só existia um único amigo com esse poder e esse amigo era ninguém mais e ninguém menos que Kim Jongin, o bailarino que me beijava.


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Dia da apresentação

13 de janeiro de 2017

Eu estava nervoso. Andava de um lado para o outro por trás do palco. Jongin estava terminando de se arrumar e eu estava quase me descabelando. Tinha gente demais na platéia, não era para ter isso tudo.

-Acho que alguém vai enfartar se continuar assim. – ouvi Jongin dizer e olhei para trás.

Jongin estava tão lindo. Ele vestia uma calça justa, específica para balé, que parecia ser uma calça jeans, estava com sapatilhas masculinas, uma blusa comum e os cabelos rosados penteados em um topete de lado. Seu sorriso era travesso.

-Eu não sou acostumado com isso, Jongin-ah! – choraminguei e ele me puxou para um abraço.

-Apenas concentre-se na melodia e tudo vai dar certo, não tem motivos pra você se desesperar. Eu vou estar com você, então fique calmo. – ele sussurrou e o senti dar um breve beijo na minha cabeça.

-Agora iremos apresentar a dupla KaiSoo. Eles irão performar uma música chamada First Love. – ouvimos a apresentadora e Jongin me empurrou levemente, para que eu me tocasse que precisava soltá-lo do abraço e caminhar até o palco.

Enquanto eu caminhava, ri do nome da nossa dupla. Kai era o apelido de Jongin, porque ele sempre começava as coisas em sua turma e Soo era como ele me chamava. Na falta de criatividade, montamos aquele nome.

Subimos no palco e eu não pude deixar de sorrir acanhado. O palco estava com o cenário que pedimos, ou seja, uma praça comum. Tinham árvores de enfeite, banquinho e tudo o que se costuma ter em pracinhas. Olhei para Jongin e o vi ajeitar o microfone, que estava colado em sua bochecha, e fiz o mesmo com o meu. Respirei fundo e me posicionei.

-Oh, Oh, ooooh. Ohh. Oooh. Ayeh! – cantarolei.

-Passo a passo eu sigo você. – Jongin começou a cantar, enquanto eu caminhava me balançando ao ritmo da música. – Combinando meus passos com os seus sem você saber. – o moreno acompanhava minha caminhada animada com breves pulos de balé. Eram passos divertidos, assim como toda a música. – O seu perfume fica em minhas roupas... – neste momento eu parei e Jongin saltou para ficar na minha frente, me abraçando rapidamente, pois me soltou em seguida e deu pulos, nas pontas dos pés, para trás. – porque isso faz meu coração bater. Tão doce! – ele encerrou sua parte da canção fazendo um giro com os dois braços levantados. Era minha vez.

-Suas pequenas, pequenas, belas pontas dos dedos. – apontei para os dedos de seus pés, enquanto Jongin se inclinou para frente e ergueu sua perna esquerda. – Mal tocam e "balança" meu coração. Antes que eu perceba, eu tenho este caloroso afeto em minhas mãos. – nesta hora minhas mãos e as de Jongin se entrelaçam, fazendo com que nós dois sorríssemos de lado. – Nossa simples história de amor apenas passou por mim. – concluí e cada um correu para o lado oposto do outro.

-Meu coração (se torna branco). – cantamos juntos e as luzes do palco se tornaram brancas. – E minhas bochechas (ficam vermelhas). – cantarolamos e rimos, enquanto caminhávamos em direção um ao outro. – Nossos olhos se encontraram (vira preto) – as luzes mudaram para preto e Jongin esticou um braço, enquanto eu peguei sua mão e colamos o tórax um no outro, enquanto nos fitávamos intensamente. – E meu céu (se torna amarelo). – as luzes do palco assumiram um tom amarelado.

-Eles gradualmente morrem e me sinto nas nuvens. – cantei.

Esta era uma parte da coreografia em que tivemos problemas, pois eu agarrava o pescoço de Jongin com os dois braços – em um abraço apertado – e recolhia minhas pernas, para que o moreno desse um leve giro que interpretasse o "me sinto nas nuvens". Apesar de nervoso, o passo saiu tão bem executado, que ouvi os aplausos da platéia.

-Como se eu pudesse voar, com este novo coração - pulsando sensações. – terminei de cantar e Jongin me colocou no chão, mas segurou minha cintura, se posicionando atrás de mim.

-Você veio até mim (você veio até mim e desabrochou, uma rosa bonita). – cantamos juntos e Jongin me ergueu brevemente, para que eu abrisse as pernas no ar. Era um passo muito comum no balé, mas por eu não ter uma abertura de perna, apenas disfarçávamos isso com a pouca distância do chão. Esse mesmo passo acontece 3 vezes, até Jongin me colocar no chão e se afastar. – Você é minha luz (somente minha luz, a luz que ilumina meu coração) – continuávamos cantando, enquanto eu me aproximava de Jongin, que estava parado. – Um segredo que ninguém saberá... - Jongin começava a se curvar para trás, como se fosse fazer ponte, e eu me inclinava sobre ele. - (ninguém saberá deste segredo que mantemos entre nós.) – cantamos e sorrimos, enquanto ele segurava minha cintura para não cair e fingíamos contar um segredo, que de fato existia, afinal, ninguém sabia que Jongin e eu não éramos apenas amigos. – A imagem mais ofuscante (minha imagem, uma imagem tão bonita). – terminamos de cantar juntos e voltamos a ficar retos. Jongin pegou em minha mão e começamos a caminhar saltitando na ponta dos pés.

-Até mesmo as palavras doces, doces que eu pratiquei todas as noites, se derretem para fora da minha memória. – nesta hora paramos de caminhar aos pulos e Jongin leva suas mãos até minha cabeça, para logo afastá-las, representando as doces palavras que fogem da minha memória. – Ao olhar para você sorrindo tão grandemente para mim. – e o danado sorriu o sorriso mais lindo que já vi. – Olhando para este amor meio estranho entre um garoto e um garoto, não há nada além disso que eu precisava. Você sussurrou para mim com seus olhos honestos e refletiu em seus olhos, estou sorrindo grandemente também. – e com um sorriso, Jongin e eu nos afastamos.

Repetimos o refrão e toda a dança, porém, antes que eu cantasse minha parte sozinho, deitei no chão como se dormisse, enquanto o palco tinha seu jogo de luz.

-Tudo parece tão diferente para mim, porque fico sonhando acordado todos os dias. – cantei e Jongin veio até mim, como se me acordasse, e eu fingi estar ofuscado com o brilho da imagem, como a parte do refrão em que cantávamos juntos.

Uma vez de pé, me afastei e esperei o ritmo da música dar a entrada de Jongin. Era a hora do rapper e do meu enrolar de palco, já que eu não sabia ser um bailarino profissional.

-Este sonho que todos já tiveram alguma vez, Só o nome disto, primeiro amor, fazem seus corações pulsarem. – sua voz tomava conta do palco, enquanto eu dava breves saltos, giros e me aproximava dele. – Estou me aprofundando mais e mais. – nesta parte, ele me puxa para perto de si e afunda seu rosto em minha clavícula. – Eu não sabia, eu quero conhecer você novamente. – eu respirei fundo, porque ele iria contar e nesta hora eu teria que pular, pois Jongin me agarraria pela cintura e me colocaria de cabeça para baixo. – Um, dois, três. - ele terminou a contagem e o passo aconteceu. Jongin era forte, porque os passos eram rápidos e exigiam força, mas ele fazia parecer que eu era leve. – Me diga o que é amor, você é o único que pode me ensinar. – ele cantou e segurou firme minhas pernas, para que eu conseguisse me virar para cima. Eu também fiz bastante força, mas no final, consegui estar com o meu corpo todo em seus braços e meu rosto na curvatura de seu ombro e pescoço. – Desenhe num pedaço de papel branco e me mostre secretamente para que ninguém veja. Vou passar meus dias loucamente, os passarei com você. – ele cantava dando leves pulos e giros comigo ainda em seu colo. – Estou sonhando, baby, amor amor, te amo baby bay. – encerrou sua parte e me colocou no chão.

-Silenciosamente você entra em meu coração, e cautelosamente você toma tudo. Tudo que conheci através de você é tão lindo. – fiquei nas pontas dos pés e acariciei seu rosto. – Eu quero continuar a sonhar este sonho eternamente.

O refrão se repetiu e nossos passos também, até que eu deito no chão, como se fosse dormir e Jongin se ajoelha ao meu lado.

-Hoje, no (meu) mundo que é você, o momento que coloquei meus pés aqui onde renasci. – nessa hora Jongin me ergue e me coloca sobre suas pernas como se me ninasse.

-Você veio até mim (você veio até mim e desabrochou, uma rosa bonita). Você é minha luz (somente minha luz, a luz que ilumina meu coração) – continuávamos cantando juntos, enquanto eu me aproximava de Jongin, que continuava parado. – Um segredo que ninguém saberá (ninguém saberá deste segredo que mantemos entre nós.) A imagem mais ofuscante (minha imagem, uma imagem tão bonita). – terminamos de cantar juntos e nos abraçamos.

-Ah Ah Ahh ah ah au. - cantarolamos e erguemos nossos braços, formando um coração. Meu braço completava o coração do braço de Jongin. Era o nosso First Love mais verdadeiro, que ninguém nem suspeitava.

A platéia aplaudiu e nós nos levantamos, para depois curvarmo-nos em agradecimento. Ninguém suspeitava da gente, porque o tema das apresentações eram as variedades de amar e nossa variedade foi o amor de um homem com outro homem.

Assim que descemos do palco, senti minhas pernas bambearem e Jongin me deu apoio, enquanto ria e dizia que eu fui muito bem.

-Você foi o melhor. – o elogiei e deixei que me apoiasse, porque agora eu sentia como se não tivesse mais nenhum peso em cima das minhas costas, o que me deixava completamente leve e desnorteado. Além é claro, de muito feliz.


-x-


Hanabira

14/01/2017

-PARABÉNS PRA VOCÊ, NESSA DATA QUERIDA! – começamos a cantar. Eu nunca cantei um parabéns com tanta empolgação como cantava naquele momento.

Jongin estava atrás do bolo, batendo palmas e sorrindo feito uma criança. Minha adorável criança. Eu estava muito feliz pelo prêmio que recebemos na faculdade e por ter escolhido vir com Jongin para sua cidade natal. A neve já tinha sumido, então existiam sakuras que nasciam, para deixar a paisagem linda.

Mas nada era mais lindo do que ver Jongin completando mais um dia de vida e assoprando a vela. Peguei meu celular a tempo de fotografá-lo curvado e assoprando o pequeno fogo. Ele ergueu o olhar e sorriu para mim. Era um sorriso repleto de mensagens que somente nós dois entendíamos.

Ao contrário do plano original, nós não voltaríamos para Seul no dia seguinte, passaríamos nossas férias com a família de Jongin, porque tinham insistido muito e era minha primeira vez em outro estado.

O moreno cortou o primeiro pedaço do bolo e comeu, pois alegou que tinham pessoas muito especiais ali, para que ele tivesse que escolher somente uma. Eu achei uma atitude muito linda e não pude deixar de corar quando ele me deu o segundo pedaço, alegando que aquela festa era tanto minha quanto dele. Ninguém tinha feito isso por mim, me senti tão feliz.

Comemos o bolo durante um bom tempo e depois Jongin arrumou um jeito de me puxar para fora de sua casa. Ele entrelaçou nossos dedos e começamos a passear por uma rua que tinha uma árvore de sakuras.

-Sabe Soo, existe uma lenda que diz que se pegarmos uma pétala de sakura, enquanto ela está caindo, a primeira pessoa que olharmos ficará com a gente para sempre. – Jongin contou e soltou minha mão. – Vamos a caça? – ele perguntou e saiu correndo, enquanto pulava e tentava pegar uma pétala.

Eu decidi fazer o mesmo e fiquei revoltado por não consegui pegar nenhuma. Eu não iria desistir, queria pegar uma pétala e olhar para Jongin, mesmo que isso pudesse soar precipitado.

-CONSEGUI! – o moreno comemorou e veio até mim. – CONSEGUI, SOO! E a primeira pessoa que olhei, foi você. – ele falou acanhado e de repente me roubou um rápido selar. – Por que está fazendo bico?

-Eu não consegui pegar. – respondi cruzando os braços e ele riu. – NÃO RIA, POXA!

-Ok, vou te ajudar! – ele decretou e se abaixou. – Sobe nos meus ombros, quanto mais alto você ficar, mais fácil fica.

-Ficou doido?! A gente vai cair! – protestei e ele olhou para cima, encontrando meu olhar.

-Depois de toda minha demonstração de força e teste de confiança, você ainda acha que vou te derrubar? – ele perguntou incrédulo e eu praguejei internamente.

-Tá, tá! – resmunguei passando a primeira perna em um dos ombros e ele me ajudou a passar a outra.

Cruzei meus pés nas costas de Jongin, enquanto o moreno me segurava – firme – pelas coxas. Ele ficou de pé e eu me senti um pouco tonto por estar tão no alto, mas logo me recuperei. O moreno começou a andar e eu estiquei meus dois braços, na intenção de pegar uma pétala.

-HANABIRAAAAA – Jongin começou a cantar do nada e eu olhei para baixo, rindo.

-Por que está cantando isso? – questionei risonho.

-Porque foi a primeira música que ouvi na sua voz e combina com o momento. A gente está atrás de pétalas. – ele explicou e eu ri.

-Hanabira... – comecei a cantarolar e olhei para minhas mãos, que continuaram erguidas enquanto eu conversava. Prendi a respiração. – JONGIN! JONGIN! – gritei e o vi levantar o rosto, para olhar para mim. – EU PEGUEI UMA PÉTALA DE SAKURA! – comemorei e abaixei minha mão, para que ele pudesse ver a pétala.

-SOO! – ele arquejou e eu fiquei inquieto. – OLHA O FORMATO DESSA PÉTALA! – ele falou e eu levantei minha mão.

-Oh meu Deus! – arfei e senti meus olhos marejarem de felicidade. – Jongin, é um coração. – comentei emocionado. – Ah! – gritei ao sentir Jongin soltar uma das minhas pernas e me puxar para baixo.

-Calma, eu sei o que estou fazendo. – ele me tranquilizou ao me segurar firme em seus braços, como se eu fosse um neném. – Vamos guardar essa sakura pra sempre e mostrar pros nossos netos.

-Nós vamos ter filhos? – perguntei brincalhão e ele nos rodou. – Jongin!

-Eu disse, Soo, quem pega a pétala e olha pra uma pessoa, ficará com ela pra sempre. Eu peguei uma pétala e você pegou uma em forma de coração. Consegue ver o quão destinados a ficar juntos estamos? – ele perguntou e me apertou em seus braços. Fechei minha mão para pétala não voar.

-Sim. Vamos colocá-la em um quadro e torná-la um objeto de gerações. – concordei e rodeei seu pescoço, para aproximar nossos lábios. – Feliz aniversário, Jongin. – sussurrei e o beijei.

Podia parecer precipitado, mas eu acreditava que era a melhor atitude que já tomei na vida.

Porque minha melhor decisão foi ceder e confiar a Kim Jongin.

July 21, 2019, 1:50 a.m. 0 Report Embed Follow story
1
The End

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