aikimsoo Ai KimSoo

Em um dia qualquer, preparados para fazer um lanche, o destino de Kyungsoo e Jongin se cruza. Faltam alguns dias pro natal e os dois acabam se aproximando de uma forma considerável. Jongin fez uma cartinha pro Papai Noel e está achando que seu desejo irá se realizar. Será?


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#aikimsoo #kaisoo #kai #jongin #kyungsoo #yaoi #gay
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Cartinha para o Papai Noel

01/12/2015


-Tio Baekkie, tio Baekkie! – SunIn gritava seu tio, que estava na fila do Subway esperando sua vez de ser atendido e fazer os pedidos de lanches.

-O que foi, Princesinha? – Baekhyun perguntou, se abaixando para ficar à altura da criança. – Por que não está com seu appa?

-Appa pediu dinheiro. – SunIn respondeu e Baekhyun revirou os olhos.

-Kyunggie tá pensando que eu sou o Suho. – resmungou e SunIn acabou rindo.

-É que eu quero bala e o appa não tem trocado. – a criança explicou e o Byun cedeu, com um suspiro pesado. Sempre faria de tudo para agradar sua sobrinha postiça, ainda mais quando a mesma o encarava com os enormes olhos pidões.

-Tudo bem, toma. – falou entregando o dinheiro para a criança, que sorriu sapeca e voltou correndo para a direção que tinha visto o moço com a bala.

Kyungsoo estava distraído – porque ao ver sua filha com o melhor amigo ômega, resolveu se focar em achar uma mesa – e não viu o momento em que SunIn deu um encontrão nas pernas de um estranho. O estranho era alto, moreno, tinha um rosto muito marcante, olhos felinos e exalava seu cheiro de alfa; mas ao contrário de muitos da sua espécie, não se importou em olhar para baixo e tentar acudir a pequena ômega aos seus pés.

-Está tudo bem, pequena? – perguntou ao ajudar a criança a ficar de pé. – Se machucou?

-Eu tô bem. – SunIn respondeu e sorriu. – Obrigada...

-SunIn! – Kyungsoo gritou desesperado. Tinha encontrado uma mesa, quando sentiu algo incomodando-o e olhou na direção da filha, que era erguida do chão por um estranho. – SunIn! – tornou a falar o nome da filha e a tirou das mãos do estranho. – O que falei com você sobre não conversar com estranhos? – repreendeu a criança de 5 anos. Kyungsoo tinha se abaixado e segurava os ombros da pequena menina, que parecia diminuir ao vestir tantas roupinhas naquele inverno sul coreano.-Desculpe. – o moreno foi o primeiro a falar. Tinha ficado preocupado com a criança e, ao mesmo tempo, fascinado com o cheiro do ômega que se aproximou. Era uma fragrância enloquente de morango. – A menina não tem culpa, ela apenas esbarrou em mim e eu a ajudei a ficar de pé.

-Ela não teria esbarrado em você, se não estivesse correndo. – Kyungsoo insistiu e pegou a filha no colo, enquanto a encarava de forma que a mesma entendesse que estava sendo repreendida.

Ao ficar de pé, encarou melhor o estranho e sentiu uma curiosidade sobre o mesmo. Não era preciso que o moreno, a sua frente, alegasse ser um alfa. Seu cheiro de relva molhada e hortelã, sua postura e seu porte físico o denunciavam, a diferença era que seu jeito parecia ser mais suave que os de muitos alfas. Kyungsoo não tinha experiências boas com aquele tipo de pessoa.

-Ah! Perdão, meu nome é Kim Jongin. – o moreno se apresentou, fazendo uma breve reverência e levantando, logo em seguida, com um sorriso doce no rosto.

-Do Kyungsoo. – o menor respondeu um pouco desnorteado.

-Tio, você é bonito! Quer ser meu appa? – SunIn soltou e aquilo fez Kyungsoo querer sumir de vergonha.

-SunIn! – Kyungsoo repreendeu a filha baixinho e se virou para o alfa, na intenção de se desculpar. Se surpreendeu ao ver; o agora nomeado Jongin; corado também. – P-por favor, me desculpe. Minha filha tende a falar isso pra qualquer um... Quer dizer! Não é isso que eu quis dizer! – se corrigiu de forma afobada. – Eu estou falando que ela quer ter um appa e...

-Kyunggie, qual o tipo de pão que você quer? – Baekhyun gritou da fila e aquilo foi o suficiente para fazer Kyungsoo se curvar, com SunIn no colo, em um pedido mudo de despedida e sair de perto do moreno alfa.


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02/12/2015


SunIn entrou no Subway primeiro que seu appa. Tinha convencido o ômega a comprar cookies de framboesa e não via a hora de sentir o gosto doce na boca. Kyungsoo corria para acompanhar a filha e repreendê-la. SunIn precisava de um bom puxão de orelha para parar de sair correndo na rua.

-Tio! – a pequena exclamou ao ver Jongin sentado em uma das mesas e comendo seu sanduíche.

-Oh, pequena! – Jongin sorriu para a mesma. Não podia negar que tinha tido a ideia de ir ali, novamente naquela semana, para tentar encontrar o pequeno ômega e a pequena cria. Se sentia mal, afinal, Kyungsoo deveria ter um alfa. – Onde está seu...

-SunIn! – Kyungsoo entrou no lugar e chamou a filha, que o olhou e sorriu travessa. – Olha só, eu vou te deixar sem o cookie! Você está me desobedecendo demais! O que eu falei com você sobre correr na minha frente ou falar com estranhos?

-Mas eu não sou um estranho! – Jongin protestou e fez bico. Aquilo deixou Kyungsoo desconcertado. Desde quando um alfa agia de maneira fofa? – Eu me apresentei ontem.

-Pois é, appa! – SunIn concordou e Kyungsoo revirou os olhos.

-Você tá de castigo, dona mocinha! Não vai ter essa de "tadinha da princesinha!" do teu tio Baekkie não! Você vai ficar de castigo e ponto final! – decretou e pegou a pequena no colo. – Desculpe por ter que presenciar isso mais uma vez, Jongin. – pediu e se curvou. Iria se afastar, porque desistiu de comprar cookies para filha, quando Jongin tomou uma iniciativa.

O moreno tinha ficado com o cheiro de morango do ômega na cabeça desde o primeiro encontro. Faltando 24 dias para o natal, o moreno deixou de pensar se seu pedido da cartinha seria concretizado, para pensar no cheiro de morango e de talco de morango daqueles dois ômegas. Com todo esses pensamentos, acabou tomando coragem e segurando o braço do ômega.

-Você já precisa ir? – perguntou baixinho. – Eu... Sou novo na cidade e não conheço ninguém. – murmurou e aquilo mexeu com Kyungsoo.

Onde, em todos os seus 23 anos, encontraria um alfa fofo daquele jeito? Todos os alfas – que fora acostumado a encontrar – eram prepotentes e donos do saber. O único que salvava era seu amigo Suho, que tinha conhecido na cafeteria que trabalhava. Suho era dono da cafeteria, alfa e alguém de bom coração. Tinha contratado Kyungsoo com 20 anos, após SunIn completar 2, e deixou o horário de Kyungsoo totalmente flexível. Graças a bondade do seu chefe, Kyungsoo era capaz de estar presente na vida de sua filhinha sempre, porém, por mais bondoso que Suho pudesse ser, ele tinha seus momentos de alfa prepotente. Kyungsoo não o condenava, não o julgava e era por isso que estava espantado com aquele alfa fofo.

-Appa, vamos sentar? – SunIn quebrou o silêncio que tinha se instalado e tirou Kyungsoo do transe.

-Por favor, sentem-se. Eu ficaria muito feliz de poder conhecer alguém nessa cidade, tudo é tão grande e diferente do que fui acostumado. – Jongin comentou de forma inocente e aquilo fez Kyungsoo decidir se sentar.

-Diferente de como foi acostumado? – perguntou curioso. Colocou SunIn sentada ao seu lado do sofá e se focou no moreno.

-Sim. Eu vim do interior com meus appas. Na verdade, eu fui criado apenas pelo Taemin- appa. Nós viemos pra cidade, porque meu appa reencontrou o amor da vida dele e ambos estão juntos agora. – explicou e Kyungsoo ficou espantado. Jongin falava tudo com tanta calma, que Kyungsoo via SunIn conversando com alguém. Uma criança sempre tinha a mania de contar sobre sua vida sem ninguém perguntar.

-Ah sim. Você mora com seu appa e o namorado dele? – o baixinho acabou perguntando. Estava curioso, sempre fora, mas Jongin parecia atiçar sua curiosidade.

-Por enquanto sim. Nos mudamos faz 3 dias e eu não conheço nada ainda. MinHo, que agora se tornou meu appa alfa, acolheu meu appa e eu. A casa é boa e nós três vivemos muito bem. – contou orgulhoso e Kyungsoo acabou sorrindo da inocência do moreno. Onde encontraria alguém daquele jeito?

-Soo-appa... Susu tá com fominha. Não pode meeeeeeeesmo comprar cookie? – a menina pediu e Jongin pegou a metade do seu sanduíche e estendeu para a criança.

-Quando estamos com fome, não podemos comer doce. Come esse sanduíche e seu appa pode pensar em comprar o cookie pra você depois. – o moreno aconselhou e a pequena pegou o sanduíche na hora, o levando até a pequena boca carnuda e mordendo.

-SunIn... – Kyungsoo murmurou desacreditado. A atitude do moreno tinha o chocado tanto, que nem teve tempo de reagir e impedir que sua filha comesse o lanche alheio. – Jongin, desculpa! Eu vou pagar a parte dela e...

-Está tudo bem, Kyungsoo. – Jongin o tranquilizou e sorriu abertamente. Estava feliz que o baixinho estivesse lhe chamando pelo nome. – Eu ofereci.

-Mesmo assim, não era sua obrigação... Ai que vergonha! – lamentou olhando a filha se lambuzando com o sanduíche. Jongin viu a cena e acabou rindo, mas não sabia se ria da reação de Kyungsoo ou do estado lambuzado da pequena ômega.


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10/12/2015

-Kyungsoo, você não acha que foi precipitado da sua parte convidar esse alfa pra tomar café aqui? – Baekhyun questionou. Os dois amigos trabalhavam no estabelecimento de Suho, embora o mesmo não estivesse na Coréia do Sul no momento, e ambos cuidavam da cafeteria.

-Não acho. Jongin é muito infantil, jamais pensaria em exercer sua pose de alfa pra cima de mim. Ele é um doce, Baekkie, de verdade. – Kyungsoo afirmou e sorriu. Aquilo deixou Baekhyun alarmado.

-Você só sorri desse jeito quando a Princesinha faz alguma coisa. Eu quase nunca vejo esse coração em seus lábios, sentia saudades. – Byun foi sincero e aquilo deixou Kyungsoo surpreso. – Desde que o Haeyong fez aquilo com você, quase nunca tem sorrido de forma verdadeira. Talvez Jongin seja alguém muito especial mesmo. – acabou dando o braço a torcer e fazendo Kyungsoo corar.

O baixinho de olhos grandes olhou na direção do moreno alfa e encontrou o mesmo o fitando. Jongin tinha a mania de olhá-lo tão intensamente, que Kyungsoo sempre se arrepiava com isso. Era um arrepio bom, algo que Haeyong nunca fora capaz de despertar em si.

O moreno, vendo que o ômega tinha encontrado seu olhar, sorriu abertamente e acenou para o mesmo. Era uma situação inédita. Ninguém jamais pensaria em encontrar um alfa de 22 anos agindo com uma criança inocente. Jongin estava tão distraído e eufórico com a troca de olhares que teve com Kyungsoo, que nem notou a chegada de seus convidados.

-Filho? Filhotinho do appa? – ouviu a voz de Taemin e olhou, encontrando seu appa de mãos dadas com seu padrasto.

-O que houve, Jongin? Viajando no mundo da lua? – MinHo perguntou, enquanto se sentava à mesa com seu ômega. MinHo era tão grato por Taemin nunca ter sido marcado, que a primeira coisa que fez ao morarem juntos, foi providenciar uma marca em seu ômega.

-Não estava viajando, é que o Kyungsoo tinha me olhado e eu estava retribuindo. – se explicou de maneira inocente e aquilo fez os mais velhos sorrirem felizes.

-Parece que nosso garoto está se arrumando por aqui. – MinHo comentou. Não fazia distinção de Jongin, pelo contrário, adorava o alfa como se fosse seu próprio filho.

-Er... Eu posso ajudar? – Kyungsoo perguntou timidamente. Viu quando clientes novos chegaram e se sentaram com Jongin. Ficou tão curioso, que resolveu atender a mesa mesmo não sendo chamado.

-Kyungsoo, esses são meus appas! – Jongin se apressou a dizer.

-Você que é o Kyungsoo? – MinHo questionou e ficou em pé. – Prazer, sou Choi MinHo, padrasto do Jongin.

-Padrasto não. Appa. Gosto mais de appa. – Jongin corrigiu o mais velho, que sorriu e se sentiu feliz com aquilo.

-Eu sou Kim Taemin, o appa ômega do Jongin. É um prazer conhecê-lo, Kyungsoo. Jongin fala muito de você e eu sou extremamente grato por você não ter zombado do meu filhote. – Taemin disse com toda sinceridade.

-Por que eu zombaria? – Kyungsoo ficou confuso.

-Porque eu sou um alfa diferente. Eu cresci com Taemin-appa e ele é ômega, me ensinou muitas coisas de ômegas e outras de alfas, mas eu costumo ser mais frouxo que muito alfa e meus appas estavam com receio que eu não me adaptasse a cidade. – Jongin explicou e Kyungsoo entendeu.-Eu adoro o jeito...

-APPA! – Kyungsoo fora interrompido por um grito infantil. SunIn adentrava o lugar de forma afobada. – Appa, appa...

-Mas o que aconteceu, bebê? – Kyungsoo perguntou preocupado. Se abaixou para ficar na altura da filha e a examinou com os olhos, enquanto aguardava a resposta.

-Dente tá mole! Dente vai cair! Soo-appa, socorro! SunIn vai ficar bengala! – a garotinha choramingava e Kyungsoo acabou segurando um riso.

-Princesa vai ficar bengala? – Jongin repetiu e riu da fofura infantil. – Deixa o tio ver esse dente. – Jongin pediu e se abaixou, para ficar da altura da menina.

Kyungsoo riu de como SunIn fazia um drama pelo seu dente da frente e Taemin pensava que Kyungsoo era alguém bom para seu filho, mesmo que tivesse receio que Kyungsoo pudesse ter um alfa.

-Ele não tem alfa, querido. – MinHo sussurrou no ouvido do ômega. – Kyungsoo só tem o cheiro dele, de morango, e da sua filha, talco de moranguinho.

-Tem certeza? Jongin não pergunta nada e eu fico preocupado.

-Não se preocupe, amor. Kyungsoo não tem alfa nenhum e não é marcado, talvez a história dele seja parecida com a sua. – MinHo tranquilizou Taemin e sorriu ao sentir seu amado segurar sua mão.

-Tio Yeol falou que eu vou falar cuspindo se ficar bengala! – SunIn falou e sua voz tirou o casal mais velho do mundinho deles. Era engraçado a criança trocar banguela por bengala.

-O orelhudo falou isso? Ahhh, eu vou pegar aquele alfa de meia tigela! – Baekhyun exclamou e saiu de perto, indo até onde estava o alfa.

Chanyeol era o motorista da van que levava e buscava crianças. Desde que SunIn tinha passado a voltar do Colégio na van de Chanyeol, Baekhyun vivia de implicância com alfa. Kyungsoo achava que era desejo reprimido.


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15/12/2015

Jongin e Kyungsoo estavam mais próximos do que podiam esperar e imaginar. Kyungsoo ainda não tinha contado para Jongin seu passado e o moreno parecia não querer perguntar, por não querer deixar o mais velho tenso. Eram nesses pequenos atos preocupados do mais novo, que Kyungsoo acabava se rendendo mais e mais aos encantos de Kim Jongin.

Os dois, alfa e ômega, se encontravam em uma pracinha da rua enquanto viam SunIn brincar nos brinquedinhos. Jongin tinha insistido em acompanhar Kyungsoo até em casa, porque tinha visto no jornal que alguns ômegas estavam sendo assaltados e por isso o alfa – mais o conselho de MinHo – tinha tomado a atitude de acompanhar Kyungsoo e SunIn até seu lar. No momento, estavam apenas observando a pequena brincar.

-Nini, Nini! – SunIn veio correndo até o moreno e sorriu. – Me pega no colo e me coloca ali? – pediu e apontou para a barra de exercícios.

-Quer malhar? Assim vai ficar mais forte que eu. – Jongin brincou e se levantou, pegando a menina no colo e a levando até a barra de exercícios.

Kyungsoo ficou olhando de maneira admirada. Gostava tanto do jeito que Jongin tratava sua filha, que parecia ser ilusão. SunIn também gostava muito de Jongin e uma prova desse sentimento era: ela deu um apelido carinhoso ao alfa moreno.

-Vem sempre aqui? – Kyungsoo ouviu e se arrepiou. Não era um arrepio bom.

Kyungsoo ignorou o alfa, porém, o mesmo não parecia disposto a ser ignorado. Sentando ao lado de Kyungsoo, o alfa cheirou o ar e sorriu de maneira inebriada. Estava doido para pegar um ômega com aquele cheiro de morango e, naquele momento, tinha um do seu lado.

-Te fiz uma pergunta, moranguinho. Vem sempre aqui? – repetiu de maneira prepotente e Kyungsoo ignorou. O ômega estava prestes a levantar e deixar o alfa para trás, quando o mesmo o agarrou pelo braço.

O toque daquele ser era diferente do toque de Jongin. Na primeira vez – em que Jongin tocou Kyungsoo no pulso – fora um contato tímido, acanhado e suave, diferente do aperto firme que aquele alfa dava. Kyungsoo lembrou a razão de não ir muito com a cara de alfas e fechou a cara.

-Me larga. – grunhiu baixinho e tentou se soltar, mas o aperto em seu braço foi mais forte, sempre era e Kyungsoo detestava isso.

-Você é um ômega muito mal-criado e precisa de um corretivo. Seus pais não ensinaram que deve baixar a cabeça pros alfas? Se eles não fizeram isso, eu mesmo farei. – o alfa avisou e Kyungsoo se sentiu amedrontado. – Peça desculpas e depois me satisfaça! – ordenou com a voz de alfa e Kyungsoo se encolheu um pouco.

-Você quem tem que pedir desculpas e se retirar daqui! – Jongin rosnou e puxou Kyungsoo, tirando o ômega das mãos do alfa nojento e fazendo o baixinho arfar de alívio. Kyungsoo tentou pegar SunIn do colo de Jongin, contudo, o mais novo nem se mexeu.

O moreno estava brincando com SunIn, quando se sentiu incomodado e o cheiro de Kyungsoo se tornou inconstante. Mesmo na distância em que estavam, Jongin conseguia respirar o aroma de morango e quando o sentiu oscilando, percebeu que Kyungsoo estava assustado. Foi nesse momento que virou e encontrou um alfa tocando em seu amigo ômega. Aquilo era inadmissível!

-Quem é você? Eu cheguei primeiro! – o alfa tentou avançar em Jongin, que puxou Kyungsoo para trás de si e firmou o braço que sustentava SunIn em seu colo.

-Ele não é um objeto pra ser disputado! Se não pretende pedir desculpas pelo seu comportamento infeliz, sugiro que se retire daqui agora! – Jongin mandou e estreitou os olhos. SunIn e Kyungsoo estavam pasmos. – Se você insistir, a partir do momento que eu entregar a criança pro appa dela, não responderei por mim! - rosnou.

-Está querendo comprar briga? – o outro alfa não se intimidou, afinal, estava irritado que aquele homem estava barrando seu desejo.

-Ainda estou te ouvindo? – Jongin indagou e viu o homem dar um passo. – Princesinha, vai com seu appa. – Jongin sussurrou e entregou SunIn para Kyungsoo. – Eu avisei. – e então avançou no homem.

Kyungsoo e SunIn estavam assustados com aquele Jongin que tinha surgido. O ômega mais velho estava estático e a criança surpresa, mas fazendo uma torcida única para seu alfa preferido. Kyungsoo só saiu do seu torpor, quando viu Jongin cair no chão.

-Jongin! – gritou e tentou se aproximar do alfa, mas o estranho se meteu na frente e sorriu maliciosamente.

-Você está me dando trabalho, acho que vou me satisfazer muito quando te pegar.

-Você não vai encostar um dedo sequer nele. – Jongin grunhiu e puxou o alfa para trás. Ninguém tinha visto o moreno levantar.

Jongin não era de briga, na verdade, aquela era a primeira em que se metia. Sempre preferiu ser alguém pacífico, mas seu lobo parecia estar ensandecido e aquilo o contagiou. Não estava levando a pior e nem a melhor, os dois alfas se atracavam na mesma intensidade.

Kyungsoo não aguentava mais ver Jongin apanhando. Via quando o moreno acertava o alfa, mas só conseguia pensar em como aquela criança alfa ficaria dolorida e machucada depois. Kyungsoo começou a gritar de desespero, mas ninguém queria ajudar. O baixinho temia que aquela luta fosse tão primitiva, que os alfas só a parassem quando algo de grave acontecesse.

-Kyungsoo? – ouviu seu nome ser chamado e quase chorou de alívio ao ver Suho se aproximando.

-Hyung, hyung! Por favor, separa eles! Por favor! – pediu desesperado e apontou para briga.

Suho não entendeu nada, mas imaginou que aqueles alfas deviam ser o desespero de Kyungsoo. Suho estava passando por ali, quando ouviu seu amigo ômega gritar por ajuda. Olhou para a direção que Kyungsoo apontou e arregalou seus pequenos olhos. Seu primo Jongin, do interior, quem estava envolvido em problemas.

Suho se meteu na briga e separou os rapazes. O alfa desconhecido bufou irritado e decidiu ir embora. Não valia a pena ficar se esforçando só para conseguir uma foda com um ômega qualquer. Ômegas estavam espalhados por toda parte, então só bastava encontrar um e pronto. Cuspiu sangue no chão, encarou Kyungsoo nos olhos e se afastou.

-Jongin, Jongin! – Kyungsoo gritou afobado e correu para perto do moreno, que estava sendo escorado por Suho. – Jongin, você está bem?

-Dói. – o moreno balbuciou e fez biquinho. Kyungsoo não sabia se suspirava aliviado por ver seu alfa de volta ou se ficava preocupado com os machucados do mesmo.

-Nini, dói muito? – SunIn perguntou e viu o moreno consentir. – Soo-appa, leva ele lá em casa! Soo-appa cura os dodóis quando tô machucada. – a criança falou e Kyungsoo concordou.

-Suho, me ajuda a levá-lo, por favor. – Kyungsoo pediu e Suho o encarou confuso.

-Você conhece meu primo? – acabou perguntando e então Jongin viu quem era.

-Hyung! Você voltou de viagem? Meu appa quer te ver, os tios te mandaram lembranças. – Jongin falou animado e tentou sorrir, mas acabou fazendo careta ao sentir dor.

-Vamos deixar os esclarecimentos pra depois. Kyungsoo, eu te ajudo a levar esse bebezão até sua casa. – Suho avisou e Jongin resmungou que ele não era um bebê. Aquilo deixou Kyungsoo confuso, mas feliz. Jongin estava de volta e não era aquele macho alfa ensandecido de antes.

Como o pequeno lar de Kyungsoo e SunIn não era muito distante, logo o quarteto se viu adentrando a pequena casa. Era um lar comum, muito aconchegante e cheio de brinquedos espalhados pelos lados. Kyungsoo ruborizou ao ter esquecido de arrumar a bagunça da filha e pediu desculpas.

-Sua casa é bonita. Ela me lembra muito a casa que eu vivia com Taemin-appa. – Jongin comentou sorridente, mas logo fez careta ao ser posto no sofá. Seu corpo doía.

-Eu vou pegar a maleta de primeiros socorros. – Kyungsoo avisou, deixando SunIn no chão e correndo para o banheiro.

-O que deu na sua cabeça? Você nunca foi de brigar com ninguém, Jongin. – Suho observou. Queria repreender o primo pela imprudência, mas a carinha de dor e a falta de conhecimento da situação o impediam.

-Tio Suho, o Nini estava defendendo meu Soo-appa. Aquele alfa era ruim e deixou o braço do Soo-appa vermelho. – SunIn explicou e Suho arregalou os olhos.

-Soo está machucado? – Jongin indagou preocupado e se pôs de pé imediatamente, ignorando qualquer dor que seu corpo pudesse sentir. – Soo, ele te machucou? - perguntou afobado ao ver Kyungsoo chegando na sala.

-Quê? – o baixinho ficou atordoado e Jongin colocou as mãos em seus ombros, enquanto tentava ver qualquer machucado. Kyungsoo se sentiu SunIn quando a inspecionava para ver se a mesma estava bem. – Eu tô bem.

-A Princesinha disse que você está com o braço vermelho. – Jongin insistiu e achou a marca. – Que cara infeliz! – praguejou e se aproximou da marca vermelha, deixando um beijo no antebraço do ômega. – Vai passar. Taemin-appa fala que beijo cura qualquer machucado. – Jongin se explicou e sorriu.Kyungsoo ficou estático. Seu coração batia muito com aquele pequeno toque e com os sentimentos que a ação carregou. Jongin era tão inocente quanto sua filha e não se aproximava de si com nenhuma intenção ruim. Um sentimento de proteção crescia em Kyungsoo. Queria cuidar daquele bebê crescido, mesmo que perante a sociedade ele quem deveria ser cuidado.

-Soo-appa também fala que o beijo sara dodói. – SunIn comentou e saiu do sofá. A pequena ômega pegou a mão machucada de Jongin e deixou um beijinho breve. – Pronto, beijinho de remédio.

-Nossa, Princesinha! Minha mão está bem melhor! – Jongin declarou e movimentou os dedos. Era um bobão quando se tratava de crianças, principalmente a filha do ômega que tanto o encantava.

-Me sinto sobrando. – Suho comentou e o trio o olhou. – Alguém pode me dizer como vocês 3 se conhecem? – perguntou e SunIn foi a primeira a se manifestar, contando todos os detalhes.

-E você, tio Suho? Como conhece o Nini? - a menina questionou curiosa, enquanto Kyungsoo limpava os machucados de Jongin e tentava conter o riso ao ouvir as manhas do maior.

-Jongin é meu primo. Meu pai alfa é irmão do pai ômega dele. – Suho explicou. – Eu soube que você estava na cidade, porque o tio Taemin vai se casar com o MinHo, mas não esperava te encontrar daquele jeito na rua. Eu fiquei muito surpreso. – confessou e Kyungsoo encarou o amigo, como se pedisse uma explicação para o que tinha acabado de falar. – É que o Jongin não mata nem uma mosca, que dirá cair no braço com alguém. Quando vivíamos no interior e as pessoas zombavam dele, eu que partia pra briga. Onde aprendeu a lutar?

-Não sei. Eu só não gostei de ver aquele alfa tratando o Soo de forma rude e fui pra cima dele. Meu lobo queria sair e eu quase me transformei. Poxa, quem aquele cara pensa que é pra dar ordens ao Soo? Detesto alfas assim. – Jongin declarou e Kyungsoo o olhou surpreso.

-Foi sua primeira briga, Jongin? – perguntou fitando os olhos felinos e vendo que a resposta era positiva. – Não faça mais isso, você podia se ferir gravemente.

-Daqui a pouco eu tô melhor, Soo! Eu só não podia deixar aquele infeliz te tocar de novo! Ainda não acredito que ele fez aquilo. – resmungou emburrado e Kyungsoo acabou sorrindo. Um coração se encontrava em seus lábios e aquilo foi o suficiente para fazer o coração do moreno bater acelerado. – Você vai ficar bom logo. Eu te dou um beijo com remédio. – Kyungsoo sussurrou e ficou de pé, estava agachado antes, deixando um beijo no centro da testa de Jongin. – Um beijo aqui vai curar todos seus machucados.

Assim como o beijo de Jongin tinha acelerado o coração de Kyungsoo, o de Kyungsoo - acompanhado do sorriso afetuoso – tinha desestruturado o de Jongin. Suho sorriu diante da cena e bateu sua mão com a mão pequena de SunIn. Suho sempre desejou que Kyungsoo encontrasse alguém por quem se apaixonasse e fosse retribuído, assim como sempre torceu para que seu primo encontrasse uma pessoa boa. O alfa mais velho estava feliz em ver que seu desejo estivesse prestes a se concretizar.

Jongin era um alfa bom e amoroso. Kyungsoo era um ômega meigo e marcado pelo passado. Jongin parecia ser a pessoa perfeita para fazer Kyungsoo viver feliz e vice-versa.

-Tio Suho? – a pequena chamou baixinho e Suho a olhou. – Sabe por que eu não chamo Jongin de tio?

-Por quê?

-Porque eu sonhei que ele se tornava meu appa e vivia feliz com o Soo-appa, igual nas historinhas dos livrinhos. – contou e se aproximou do ouvido de Suho, ficando em pé no sofá e colocando a mãozinha na frente dos lábios. – Eu quero chamar o Nini de Nini-appa. Você pode me ajudar? – cochichou o pedido.

-O que conversam ai? – Kyungsoo perguntou ao olhar os dois de segredinhos.

-Nada! – SunIn respondeu sorridente e olhou para o tio, que sorriu e piscou o olho para a menina. Não achava que precisaria de muito para que o sonho de SunIn se tornasse realidade.


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20/12/2015

-O que você pediu pro Papai Noel? – Jongin perguntou enquanto segurava a criança no colo e seguia Kyungsoo pelo mercado.

-Não sei o que pedir. – a menina foi sincera e Jongin riu. – Eu tenho todos os brinquedos e o amor do Soo-appa, além de ter você e os tios.

-Que bonitinho, SunIn. – Jongin ficou tocado e deu um beijinho na bochecha da criança. – Mas não tem nada que você queira mais? Nada? Eu queria te dar algo.

-Hum... – a pequena colocou uma mãozinha no queixo, como se pensasse com cuidado. Kyungsoo olhou para trás na hora e acabou rindo da pose da filha, mas logo voltou a prestar atenção no que tinha que comprar. – JÁ SEI! – a criança falou animada.

-O que é? – Jongin estava agitado, queria muito saber o que podia dar para a pequena.

-Você e o Soo-appa que vão ter que me dar! – ela avisou e Jongin ficou mais curioso ainda. – Em casa eu conto. – a pequena sussurrou e Jongin concordou.

Não demoraram muito no mercado, porque já era noite e todo mundo tinha que acordar cedo no dia seguinte. Kyungsoo precisaria trabalhar, SunIn tinha que ir para a escolinha e Jongin sairia com seus appas para comprar presentes de Natal. O moreno ainda não trabalhava e não sabia no que trabalharia, porque MinHo disse que o colocaria na empresa que era dono e que Jongin tinha que esperar mais um pouco.

Depois de Kyungsoo pagar tudo que tinha comprado, SunIn foi para o chão e deu a mão ao pai, porque Jongin carregava a maioria das bolsas. Aquele não era um momento raro entre ambos, porque depois que Kyungsoo descobriu que Suho era primo de Jongin, qualquer hesitação que podia existir com relação ao moreno, tinha ido por água abaixo. Kyungsoo se permitia sentir pela primeira vez em anos.

-Nini, os seus appas vão no café quando? - SunIn perguntou curiosa. Tinha gostado dos pais de Jongin e por isso queria vê-los de novo. Adorou, principalmente, MinHo por ele ser brincalhão e se estressar facilmente.

-Está com saudades deles? Posso levá-los amanhã. Eles sempre perguntam por você. – Jongin foi sincero e Kyungsoo sorriu contido.

-Eba! Quando eu sair da escolinha, leva eles lá! – a menina pediu e o moreno concordou.

-Jongin, você pode me ajudar a montar a árvore de natal? Ela é um pouco pesada. Eu sempre peço pro Suho me ajudar, mas... – deixou a frase morrer. Não queria dizer, em voz alta, que desejava passar mais tempo na companhia do moreno. Kyungsoo era muito tímido.

-Claro que ajudo, Soo! – o moreno ficou animado e Kyungsoo corou. Somente sua filha que o chamava por aquele apelido, mas agora Jongin também. Gostava de ouvir "Soo" sair da boca do alfa.

-Então depois do jantar, você me ajuda. – Kyungsoo decretou e o mais novo assentiu.

Não demoraram a chegar à casa do ômega, porque o mercado era bem perto. SunIn chamou Jongin para ajudá-la em seu dever de história e o moreno foi, enquanto Kyungsoo ia para cozinha fazer o jantar.

Se um vizinho batesse à porta daquela casa, pensaria que Jongin era o alfa pai de SunIn e que tinha voltado para viver com a família. Os 3 tinham um sentimento tão lindo entre si, que muita gente pensaria que eles eram uma família comum. Kyungsoo estava bastante ciente disso, SunIn também e Jongin tentava se policiar para não fantasiar demais a realidade.

Após o jantar ficar pronto, Jongin tentou abordar SunIn sobre o presente, mas a criança já tinha adormecido na mesa. Kyungsoo levou a filha até o quarto, vestiu o pijama na mesma, deixou um selar em sua testa e voltou para sala, depois de se certificar que o aquecedor do quarto estava ligado e que sua filha estava coberta.

Entrou na sala e viu Jongin sentado no sofá, brincando com os dedos. O moreno era tão educado, que Kyungsoo se questionava se era real.

-Jongin? – chamou e o alfa o olhou. – Pode me ajudar?

-Claro! – o alfa levantou do sofá em um pulo e com um enorme sorriso no rosto.

Kyungsoo o levou até um canto da casa, que usava como depósito, e pediu ajuda para tirar a árvore dali. Jongin pegou sem nenhum esforço e acabou levando o objeto para sala sozinho. Kyungsoo ficou envergonhado, mas não deixou de admirar a força do moreno.

-É pra bota aqui? – Jongin perguntou, apontando para um canto da sala.

-Sim. – Kyungsoo respondeu e começou a abrir as caixas de enfeite, que já tinha pegado durante a manhã. – Jongin, eu tenho uma curiosidade.

-Qual? – o mais novo indagou e se levantou, pois tinha posto a árvore em seu destino.

-Por que nunca me perguntou onde está o appa alfa da minha filha? – questionou e viu Jongin arregalar os olhos, pois tinha sido pego de surpresa.

-Ah... Bom, não sei. Acho que nunca pensei muito nisso, porque meu appa também não tinha alfa e nada impediu que ele me criasse. – Jongin foi sincero e Kyungsoo sorriu perante a resposta. Jongin era puro.

-Entendo... Bom, se você quiser saber, posso te contar. – Kyungsoo sugeriu. Tinha tomado a decisão de contar para Jongin, porque pensava que o moreno tinha curiosidade e poderia se sentir desconfortável por não saber, mas o ver que não era dessa forma, não se importava de ignorar o passado. Era passado.

-Tudo que diz respeito a você, eu sempre vou querer saber. – Jongin foi sincero e aquilo deixou Kyungsoo balançado. O moreno não fazia ideia do quanto mexia com Kyungsoo.

-Não quero ser chato, por isso não precisa ser gentil em...

-Não estou sendo gentil, Soo. Eu quero saber, só que jamais passaria por cima da sua vontade. Se quiser me contar, fico extremamente feliz, porque vai ser mais uma coisa que saberei de você, agora... Se você não se sente confortável, não me importo. Eu posso não saber o passado, mas farei de tudo pra saber seu presente e seu futuro. – o mais novo declarou e Kyungsoo respirou fundo. Sua vontade era de declarar sua atração, admiração e carinho pelo moreno naquele momento, porém, não queria assustá-lo e muito menos ser apressado. Jongin não mentia, Kyungsoo sabia disso, mas achava que não era o momento de deixar seus sentimentos tomarem conta de si, focaria apenas em contar o que Jongin não fazia ideia e permitir que ele sempre estivesse presente em suas novas memórias.

-É que... – uma pausa para respirar. Kyungsoo precisava disso, mesmo que no fundo estivesse ciente que aquele momento seria decisivo para seguir em frente, sem mais nenhum rancor. – Eu costumava ser um aluno mediano no colégio, sabe? Então eu conhecia todo mundo, mas isso não significa que eu falasse com todo mundo. Meu sonho era encontrar o alfa destinado a mim e ainda ser puro, pra que eu pudesse ter todas as minhas primeiras vezes com ele. Só que eu comecei a gostar de um colega de classe. Ele era muito bonito, um alfa de boa família e sempre prendia minha atenção. Baekhyun me incentivou a me aproximar dele e eu acabei fazendo amizade. Nós dois nos aproximamos muito e o cio dele chegou. Eu era muito tolo, então eu acabei pensando que aquele alfa podia ser meu companheiro pra vida toda e não hesitei em me “voluntariar” pra passar o cio com ele. – contou e viu Jongin arregalar os olhos. O moreno estava sentado no chão, de frente para Kyungsoo, e ouvia tudo atentamente. Saber que Kyungsoo tinha gostado de alguém ou tido suas primeiras vezes com outra pessoa causou um desconforto tão grande em Jongin, que ele fazia esforço para não chorar.

-O que aconteceu depois? – perguntou, ao perceber que Kyungsoo não continuava. Viu quando o baixinho levantou o olhar e o fitou com os olhos marejados. Aquilo desesperou tanto o moreno, que o mesmo não hesitou em puxar Kyungsoo para o meio de suas pernas e abraçá-lo. – Por que está me contando se não te faz bem? Deixa isso pra lá, Soo. Eu não...

-Eu preciso contar, Jongin. Eu estou bem, só... É um pouco difícil reviver o passado. – justificou e aproveitou para rodear o corpo moreno com os braços. – Nós passamos o cio dele juntos. Ele estava fora de controle, mas foi carinhoso mesmo assim. De alguma forma, ele conseguia não me machucar e me tirou todo o medo que eu tinha dos cios. Eu voltei pra casa completamente feliz e contei tudo pro Baekhyun. Ele brigou comigo, porque disse que eu não devia ter feito isso e apenas me aproximado do garoto pra fazer minha atração por ele morrer. Eu não sabia de uma coisa que o Baekkie tinha descoberto há pouco tempo, naquela época.

-O que era? – Jongin questionou. Estava fazendo carinho nos cabelos de Kyungsoo, para que o mesmo se acalmasse. Jongin nem imaginava que apenas seu cheiro era o suficiente para deixar Kyungsoo entorpecido e relaxado.

-Haeyong estava ficando com outro ômega além de mim. Se eu não tivesse me “voluntariado” pra passar o cio com ele, ele tinha outras pessoas. Depois que descobri isso, terminei qualquer coisa que pudéssemos ter e ele pouco se importou, pelo contrário, me mostrou um lado totalmente prepotente e nojento. – confessou e se aconchegou mais no peito largo de Jongin. – Só que meu cio não veio, eu perdi o apetite, vomitava com frequência e o Baekkie resolveu me levar no médico. Descobrimos que eu estava grávido. Eu era um ômega não marcado de 18 anos que estava grávido e que nem tinha engravidado no próprio cio, o que é raro. Procurei por Haeyong e contei sobre a gravidez, mas ele disse que não se responsabilizaria e que eu merecia, porque o destino dos ômegas era apenas servir aos alfas no cio... – Kyungsoo deixou a frase morrer, porque Jongin rosnou. Foi um rosnado que veio do interior para fora e se propagou de maneira feroz.

-O que esses idiotas têm na cabeça?! Por que o fato de vocês serem ômegas significa que devem servir aos alfas?! Eu detesto isso, detesto mesmo! Isso é uma idiotice! Vocês são melhores que nós alfas, vocês são gentis, inteligentes, capazes de gerar uma vida! Só o fato de serem capazes de gerar uma vida já é grandioso demais! – Jongin praguejou e Kyungsoo acabou sorrindo, mesmo que o moreno estivesse falando com voz de alfa. – Eu não sei sobre o alfa que ajudou meu appa a engravidar, só sei que ele foi tão idiota quanto esse tal de Haeyong! Soo, não pense mais nesse imbecil. SunIn está saudável, cresceu muito bem e parece somente com você...

-Eu não penso mais nele, Jongin. – Kyungsoo interrompeu ao maior. – Confesso que guardava rancor pelo o que ele me fez passar, afinal, Baekhyun se culpou de tudo e meus pais ficaram decepcionados comigo, mas... SunIn é um doce e fez com que todo o ódio que tínhamos, sumisse aos poucos. Contar pra você, creio eu, que foi a última vez que eu me deixarei abalar por esse passado. Seu appa deve ser que nem eu e se sente abençoado por te ter.

-Meu appa sempre fala isso. – Jongin sorriu bobo e Kyungsoo se afastou do abraço, para que pudesse ver aquela expressão gentil.

-E eu sei que ele é verdadeiro. Como você mesmo disse, minhas memórias passadas vão deixar de ser tão importantes quando comparadas as que teremos a partir de agora. – Kyungsoo foi sincero e respirou fundo. – Me ajuda a montar a árvore?

-Sim! – Jongin respondeu sorridente e se colocou de pé. – Eu adoro montar árvore! Esse ano o meu appa comprou uma já montada, então nem pude enfeitar nada, mas agora eu posso!

-Sim, agora você pode e... Amanhã pode vir aqui, pra me ajudar a dar os retoques finais junto com SunIn. – Kyungsoo sugeriu e o moreno concordou sorridente.

-Venho sim! Eu posso passar o natal com vocês? Eu acho que meus appas vão querer fazer algo especial e não quero atrapalhar. – pediu e Kyungsoo sorriu largo. Ele tinha intenção de convidar Jongin desde sempre.

-Claro que pode! Baekhyun também costuma passar o natal aqui em casa, vai ser divertido. SunIn e eu vamos adorar.

-Ótimo! – o moreno comentou feliz e começando a enfeitar a árvore. – Soo?

-Hum?

-O que a SunIn quer de presente de natal? Perguntei a ela e ela disse que eu precisaria de você pra me dar o presente. – o moreno contou e Kyungsoo parou de mexer nas caixas, para fitar o maior.

-E o que era? – questionou curioso.

-Ela disse que contaria quando chegássemos em casa, mas ela dormiu. – respondeu fazendo bico e Kyungsoo sentiu vontade de selar aqueles lábios carnudos, mas se conteve. Jongin mexia com sua sanidade de uma forma única.

-Amanhã a gente pergunta pra ela. – Kyungsoo decidiu e se pôs a ajudar Jongin na arrumação.

Não sei se os pedidos dos adultos se realizam, mas... Papai Noel ou qualquer divindade, eu gostaria de ter reciprocidade.” Kyungsoo orou silenciosamente quando subiu na escada para por a estrela no topo da árvore de natal. O baixinho olhou para Jongin e abriu seu sorriso de coração, sendo retribuído com um sorriso infantil e charmoso.

Jongin não fazia ideia do que Kyungsoo tinha pedido silenciosamente.


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22/12/2015

-Você não vai passar o natal com a gente, tio Baekkie? – SunIn perguntava, enquanto Baekhyun a segurava no colo e via Kyungsoo interagindo com Jongin na cafeteria.

-Tio Baekkie vai sair com o tio Channie. – o ômega respondeu e viu um sorriso sapeca na pequena. – Que sorriso é esse, Princesinha?

-Soo-appa falou que tio Baekkie e tio Channie vão namorar, por isso vão passar natal juntos. – a menina explicou e Baekhyun corou.

-KYUNGSOO! O QUE VOCÊ ANDA ENSINANDO PRA SUA FILHA?! – o mais velho gritou e Kyungsoo riu, porque já imaginava o que era.

-EU SÓ ENSINO A VERDADE! – Kyungsoo retrucou em alto e bom som, porque só tinha Jongin como cliente na cafeteria.


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23/12/2015

Jongin e Kyungsoo estavam sentados no sofá encarando SunIn em pé, que os olhava com uma carinha travessa. Era de noite, porque Jongin tinha pegado o hábito de jantar na casa de Kyungsoo, e os dois mais velhos tinham conseguido perguntar para SunIn o que ela queria de natal, que precisava da colaboração de ambos.

-Então... – a pequena começou. – O que eu quero... É que...

-É o que, SunIn? Estou ficando impaciente! – Kyungsoo resmungou e Jongin riu da impaciência do mais velho.

-Só o Papai Noel vai saber. – a criança concluiu e os dois adultos a olharam desacreditados. – Pensei bastante e vi que esse presente não posso pedir, só o Papai Noel pode saber e ver se quer me dar.-Eu não estou crendo nisso, SunIn. – Kyungsoo confessou.

-Muito menos eu! Estou há 3 dias esperando você me dizer que presente é esse! Poxa, Princesinha, não tem nenhum presente que você queira? Eu quero te dar algo. – Jongin falava de forma manhosa.

-Me dá o que quiser, Nini. – a criança foi sincera e andou até o moreno, que a pegou no colo. – Se não quiser me dar algo, não tem problema também.

-Ela está sendo sincera, Jongin. SunIn nunca foi de gostar de bens materiais, ela preza mais o sentimento que as pessoas têm por ela. – Kyungsoo reforçou e a menina concordava freneticamente.

-Isso mesmo! Nini, se quer tanto me dar algo, promete que vai passar o natal aqui? Eu posso dormir na cama com o Soo-appa e você dorme no meu quarto, só promete passar o natal aqui. – a criança pediu e Jongin sorriu emocionado.

-Vou passar o natal aqui, Princesinha. Prometo. Agora... sobre dormir aqui... Seu appa pode não...

-Pode dormir, Jongin. Não tem problema e é melhor que não fica um natal corrido. Você vem no dia 24 e passa o dia 25 com a gente também. – Kyungsoo convidou e o moreno concordou.

-Promete, Nini? – SunIn insistiu e estendeu seu dedo mindinho para o alfa.

-Prometo, Princesinha. – Jongin declarou e envolveu o mindinho da pequena com o seu. – Selado. – ambos encostaram o dedão. – Copiado. – passaram as mãos uma na outra. – Carimbado. – e então cada um bateu com a mão na testa do outro, gerando uma gargalhada gostosa na casa.


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24/12/2015

Era Véspera de Natal e a casa de Kyungsoo estava repleta de risadas divertidas. Jongin não se arrependia da decisão de passar o natal com a pequena família Do, pelo contrário, achava que aquele era o presente de natal que mais poderia ter almejado.

Kyungsoo tinha feito várias comidas e não esperaram dar meia-noite para devorar, porque todos estavam famintos e a comida estava com uma aparência saborosa. Jongin e SunIn se divertiam tanto, que conseguiam divertir Kyungsoo. O ômega nunca imaginou que pudesse se sentir tão bem e realizado ao lado de um alfa. Lembrou do que Suho tinha comentado, sobre a possibilidade da aproximação de ambos ter sido tão natural, e acabou sorrindo.

“Jongin e você podem ser companheiros, Soo. Meu primo não se aproxima de qualquer um e você também não, mas olha só como ambos estão.”

-Soo?/Soo-appa! – Jongin e SunIn gritaram juntos.

-O que houve? – Kyungsoo questionou.

-Hora da contagem regressiva. – Jongin respondeu dando a mão para SunIn, que não o deixou tocá-la e se afastou. – Eu te machuquei?

-Não! Eu vou pegar minha cartinha. – a garotinha falou e saiu correndo para o quarto.

-E você, Soo? Não fez cartinha de natal? – Jongin perguntou curioso, uma vez que sua carta estava escrita desde o começo do mês, antes de ambos se conhecerem.

-Por que eu faria? Não sou mais criança. – Kyungsoo murmurou e Jongin riu, pegando na mão de Kyungsoo, fazendo com que ambos se sentissem acolhidos pelo toque.

-Não é porque não somos mais crianças, que não podemos ter desejos. Não tem nada que você queira ganhar? – questionou.

-Tem sim e eu fiz uma oração pedindo isso. – Kyungsoo confessou e deu um passo à frente, encurtando a distância que tinha entre ambos. – Mas é um desejo que só eu posso realizar.

-E que desejo é esse? – Jongin perguntou curioso. Kyungsoo dizia não fazer cartinha por não ser criança, mas mesmo assim tinha rezado e pedido por algo.

-Que horas têm? – o baixinho perguntou e viu que faltava 1 minuto para meia-noite. – Jongin, eu preciso te contar algo.

-O que é? Estou ficando curioso.

-Você sempre é curioso, Jongin. – Kyungsoo retrucou e viu o moreno formar um bico.

Faltando 30 segundos para o Natal, Kyungsoo se colocou nas pontas dos pés e selou os lábios de Jongin. Não era nada aprofundado, era apenas singelo e representativo. Era aquilo que Kyungsoo tinha pedido aos céus e o que queria contar para o moreno. Falar só o faria hesitar, então preferiu mostrar com ações. Já estava encantado pelo mais novo há tempos, tinha tido 25 dias para conhecê-lo e não se arrependia em nada, pelo contrário, esperava que fosse retribuído para que pudesse conhecer o maior todos os dias.

Com apenas 10 segundos para a meia-noite, Kyungsoo afastou os lábios fartos e encarou Jongin, que o olhava com olhos felinos, amorosos, surpresos e... Parecia haver um brilho de felicidade intensa ali. Kyungsoo torcia para que fosse felicidade, porque Jongin estava tão vermelho quanto seu rosto deveria estar.

-Esse é seu pedido? – Jongin acabou sussurrando. Comemorou internamente por não ter gaguejado, já que tremia o corpo inteiro e o coração parecia querer sair do peito.

-S-sim. – Kyungsoo respondeu e mordeu os lábios. Estava começando a se arrepender de ter sido ousado, Jongin era quase que uma criança, deveria estar confuso.

O baixinho esperou que o moreno dissesse algo, porém, tudo o que Jongin fez foi estender um papel, dobrado, para Kyungsoo.


“01/12/2015

Querido Papai Noel,

Eu fui um bom alfa esse ano assim como meu appa. Meu appa encontrou MinHo e agora os dois vão ser felizes. Eu adoro vê-los juntos e sinto que quero encontrar alguém, quero ter uma família e protegê-los, além de dar todo o amor que recebi do Taemin-appa. Eu fui um bom menino, pode considerar conceder o meu desejo?”

-Jongin... – foi tudo o que Kyungsoo conseguiu dizer.

-Acho que Papai Noel concedeu meu pedido. – o moreno sussurrou e sorriu de orelha a orelha. – Ele concedeu, Soo?

-Acho que ele concedeu o meu e o seu. – Kyungsoo respondeu e correu para abraçar Jongin, pois queria esconder sua timidez, além de aproveitar para sentir todo o calor afetuoso que exalava do maior.-Kyaaaa! – ouviram um gritinho estridente e se afastaram, já que tinham levado um susto. – PAPAI NOEL É O MELHOR!

-Do que está falando, SunIn? – Kyungsoo perguntou confuso, mas logo estendeu a mão para entrelaçar com os dedos de Jongin.

-Eu ganhei meu presente de natal. – a menina explicou e amostrou o desenho que tinha feito.

O desenho era infantil - assim como a autora – e mostrava 3 pessoas desenhadas, sendo as duas maiores abraçadas e a menor no colo deles. A pessoa que era menor de todas tinha escrito em cima da cabeça “SunIn”, o segundo menor tinha “Soo-appa” e o maior estava acompanhado de uma escrita mais chamativa, que dizia “Nini-appa”.

-Eu pedi pro Papai Noel deixar o Nini se tornar meu appa. – a garotinha concluiu e sorriu tímida. – Vocês estavam abraçados.

-Sabe, Princesinha, eu também fiz uma cartinha pro Papai Noel. – Jongin contou e soltou a mão de Kyungsoo, para que fosse até a criança e a pegasse no colo. – Nessa cartinha, meu pedido se realizou também.

-O que você pediu? – a menina perguntou curiosa.

-Eu pedi pro Papai Noel me dar uma família e logo em seguida eu conheci vocês. – Jongin respondeu e viu a menina arregalar os olhos de surpresa. – Então eu acho que o meu pedido mais o seu e o do Soo-appa se realizaram.

-Eu posso te chamar de Nini-appa? Eu tenho outro appa? – a criança questionava de maneira afobada.-Se o Jongin quiser ser chamado assim. – Kyungsoo comentou se aproximando de suas duas felicidades.

-Eu posso te chamar de Nini-appa, Nini? – a criança indagou e Jongin puxou Kyungsoo pela cintura, fazendo com que os 3 se abraçassem.

-Papai Noel sempre realiza os desejos de pessoas boas, Princesinha. – Jongin declarou e a garotinha o agarrou pelo pescoço.

-Nini-appa! Soo-appa! – ela balbuciava e Kyungsoo acariciava as costas da pequena, que estava emocionada.

-Feliz Natal. – Kyungsoo desejou e recebeu um beijo na cabeça.

-Feliz Natal. – Jongin sussurrou ao se afastar e o olhar mais feliz. – Que nossos natais sejam sempre felizes, como o de hoje está sendo.

-VIVA AO NATAL! – SunIn gritou, tirando o rosto da curvatura do pescoço de Jongin, e erguendo seus bracinhos para o ar.

Ainda demoraria muito para que Kyungsoo e Jongin pudessem ser uma família concreta, porém, naquela véspera de Natal – após a meia-noite – um passo tinha sido dado e desejos realizados.

O espírito de natal abençoava aquela futura família.

July 20, 2019, 3:28 p.m. 0 Report Embed Follow story
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