aciltransferase Lehninger

Um, dois, três, quatro, cinco, seis... Harry parou de contar. Não era como uma contagem à espera do trovão após o relâmpago, pois em sua situação não havia nenhuma certeza, diferente daquelas que aconteciam na natureza. Mas... O que lhe fazia pensar que os acontecimentos que se deram a seguir não eram simplesmente eventos naturais?


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Assim como o relâmpago precede o trovão

Imbecil!

Mal vociferou o insulto, Draco arregalou minimamente os olhos e, por reflexo, quase levou uma das mãos à boca. Havia falado alto demais; e, se fosse para se explicar, simplesmente colocaria a culpa em Harry, que, ao pisar em um de seus pés, gerou a palavra nada amigável. Estava acostumado a xingar o grifinório em alto e bom som, como algo compactuado à naturalidade da realidade e de sua índole, mas, naquele momento, as circunstâncias não permitiam.

― Há uma tempestade lá fora ― Harry proferiu em baixo tom, mas não equivalia a um sussurro; estava mais para o habitual ― Não se preocupe... Ninguém lhe ouviu.

Além da tempestade, que inundava o castelo e os arredores de Hogwarts com os sons mais violentos, a possibilidade de haver alguém por perto era quase nula. Já era hora de estar na cama, e, somado a isso, os dois rapazes estavam dentro de um... Armário de vassouras. Um mero armário de vassouras, assim como qualquer outro; porém, certamente, Harry pensava, um pouco menor se comparado àquele de quando, há certamente muito tempo, a jornalista da bolsa de crocodilo lhe empurrara adentro e sacara a pena leviana que escrevia sozinha.

― Não preciso de sua preocupação, Potter ― Draco retrucou ríspido, como de costume, encarando-o com um de seus olhares orgulhosos e rondados por seu ar de superioridade.

De maneira sutil, Harry retorceu um dos cantos da boca. Não esperava que o sonserino fosse mudar ― magicamente ― de uma hora para a outra, mas, no fundo, tinha uma mínima expectativa de que o rapaz... Ah, deixa para lá.

Finalmente, a carranca no rosto pálido foi se desfazendo. Draco olhou para a porta do armário, depois para as paredes e até mesmo os objetos pouco interessantes. Harry, por sua vez, continuava a mover os lábios como quem tenta a toda hora falar algo, mas desiste por acreditar que não vale tanto a pena assim.

― Tem certeza que nenhum dos gêmeos de cabelo de ferrugem esteve lhe seguindo?

Harry franziu as sobrancelhas, mas não em surpresa, e sim a expressar o mais puro descontentamento.

Fred e George.

― Isso não é importante, Potter.

As sobrancelhas franzidas causaram uma cascata de alterações que ornamentou todo o rosto do grifinório com uma expressão pouco amigável. O Malfoyfez pouco caso; não iria retirar o que havia dito.

Aquilo não estava indo muito bem.

Se não fosse por suas fisionomias que delatavam a maturidade de ambos, poderíamos jurar estar frente a frente com um Harry e Draco em plena pré-adolescência, cada qual esbanjando seus infantis 13 anos. Mas, veja bem, ambos aqui se encontram grandinhos demais para isso ― ou ao menos assim deveria ser. Quer dizer, a julgar pelo motivo de estarem ali, sozinhos dentro de um armário de vassouras em plena tarde da noite.

Repentinamente, uma luz atravessou o vidro da pequena janela fechada localizada quase no teto do pequeno cômodo e inundou todo o espaço tão rapidamente quanto desapareceu. Durante o evento, os emblemas da Sonserina e Grifinória nas capas reluziram, como se cada qual fizesse questão de marcar presença um para o outro. A serpente queria saber o que estava fazendo sozinha com o leão.

Havia sido um relâmpago.

Segundos depois, um trovão mostrou o impacto de sua agressiva voz.

― Sabe, isso acontece porque... Digo, o relâmpago vem antes do trovão porque-

― Porque a velocidade da luz é mais rápida que a velocidade do som.

― Sim... Consideravelmente mais rápida... ― Harry tentou evitar o fim do diálogo e, com isso, uma justificativa para preencher o tempo, mas não viu maneira de prolongar a rápida troca de palavras.

O silêncio imperou. Um, dois, três, quatro, cinco, seis... Harry parou de contar. Não era como uma contagem à espera do trovão após o relâmpago, pois em sua situação não havia nenhuma certeza, diferente daquelas que aconteciam na natureza.

Maldito escuro.

Mas... O que lhe fazia pensar que os acontecimentos que se deram a seguir não eram simplesmente eventos naturais?

Após a reclamação do sonserino, este deu um passo à frente e curvou um pouco a cabeça para baixo. Havia uma diferença de altura que permitia, afinal. Draco quis simplesmente acabar logo com toda aquela tensão estúpida e fazer o que tinha de ser feito, mas, na metade do trajeto, subitamente parou.

Os malditos olhos de Harry estavam fixos aos de Draco.

O Malfoyengoliu em seco. Finalmente, permitiu que a bagunça do seu próprio eu naquele momento se expressasse através do nítido nervosismo que estava cada vez mais difícil de controlar.

Os malditos olhos de Harry Potter, por trás das malditas lentes dos malditos óculos, continuavam fixos nos de Draco Malfoy.

Por um instante, o sonserino sentiu vontade de desviar o olhar. Contudo, contrariando a si próprio, foi aproximando mais seu rosto do alheio. À medida que se aproximava, o verde das íris do grifinório se tornava mais vivo, entrando em conflito com o azul das suas. Não, não em um conflito; mas, sim, em uma sincronia.

O primeiro toque acabou sendo mais retraído do que ambos imaginavam. Não foi mais do que um tímido selar ― e os rapazes permaneciam tensos demais, de qualquer forma, para sentirem qualquer coisa.

Talvez precisassem trocar alguma palavra. Mas não trocaram. Talvez fosse um bom momento para se olharem, mas não o fizeram. Dessa vez, foi Harry que se ocupou de avançar, erguendo-se um pouco para encaixar melhor seus lábios aos de Draco.

Finalmente, houve um progresso.

O rapaz pensou ter imaginado coisas, mas sentiu as mãos do sonserino tocarem suavemente em seu rosto e ali se encaixarem. O grifinório se surpreendeu mais uma vez ao constatar o quão eram macias.

A língua de Harry tocou delicadamente o lábio inferior do Malfoy, e este respondeu entreabrindo mais a boca e permitindo que o contato se intensificasse. Talvez o grifinório estivesse imaginando coisas, inebriado pelo momento, mas podia jurar que Draco transmitia um doce e suave gosto de caramelo.

O encaixe entre os lábios dos rapazes era equiparável ao de um substrato à sua respectiva enzima ― perfeito.

Quando o beijo foi se findando, as mãos de Draco, que antes seguravam o rosto alheio, desceram lenta e cuidadosamente pelo pescoço, até se recolherem, o ato realizado explicitamente sem pressa alguma.

O silêncio conseguiu ser mais constrangedor do que qualquer outro.

― Potter, eu-

Não era como se Draco tivesse tido interrompido por Harry; na realidade, foi como se tivesse interrompido a si próprio.

― Ninguém saberá o que acabou de acontecer aqui ― o sonserino retomou, mudando completamente o rumo de suas palavras.

Draco foi embora sem permitir uma outra troca de palavras, deixando o grifinório sozinho no armário de vassouras.

Quando o Malfoyhavia se interrompido, Harry tivera a momentânea impressão de que o rapaz tinha algo importante a dizer. No entanto, apos o desfecho, decidiu rever seus pensamentos, contentando-se com a ideia de que fora apenas coisa de sua cabeça.

O erro de Harry persistia em continuar achando que sua ligação com Draco nada tinha a ver com a natureza ― o que lhe impedia de enxergar que, assim como o relâmpago precede o trovão, seu primeiro beijo com o sonserino também precedia algo muito maior; a diferença é que não aconteceria após alguns segundos, assim como em uma tempestade. Todavia...

Harry podia esperar.

July 13, 2019, 9:31 p.m. 0 Report Embed Follow story
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To be continued...

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Lehninger Apenas um amontoado de poeira estelar.

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