Tudo escrito aqui são lembranças, e como toda boa lembrança, não é confiável. O que é fato e o que é imaginação não se distingue na narrativa. É mera ficção.
Era uma casa amarela de janelas azuis. Ficava quase no topo de uma ladeira que subia um morro no Cosme Velho. O Bairro na época ainda era como o que Santa Teresa é pros dias de hoje, um bairro de passeio, turismo, meio residencial. Da casa se ouvia os últimos suspiros do Império. A Bica da rainha, o Largo de São Francisco, Aquela casa dos abacaxis já completamente pretos e das paredes descascadas. Casas que tinham toda uma pose de que um dia sediaram muitas festas de gala, agora decadentes. Eu diria que é um bairro que demorou a se modernizar, se renovar, e passou a minha infância definhando. Talvez por falta de dinheiro, famílias falindo. Ainda não fazia parte do meu mundo, mas foi uma época de crise no Brasil.
Não subo essa ladeira tem uns oito anos. Já não sei dizer se é tão longa quanto o que eu me lembro. Lembro da primeira bifurcação, de lá saiam duas ruas sem saídas onde eu me lembro de jogar futebol com o Biel – meu irmão – e os meninos da Rua. Ah sim, eu sou menina mas nesse capítulo isso não é muito relevante, fui criada como criança mesmo.
A partir daí, é uma subida enorme, cheia de curvas apertadas e calçadas mal projetadas. Toda de paralelepípedos. E lá no topo, uma última curva em U que alojava a grandiosa Casa Amarela. A encosta entre as duas hastes do U era ainda bem íngreme e o terreno da Casa ia de um lado ao outro, com entrada por cima e por baixo. Ficava bem ao lado de uma escadaria que também ia de cima a baixo, e separava nossa casa da casa do Tom.
Thank you for reading!
We can keep Inkspired for free by displaying Ads to our visitors. Please, support us by whitelisting or deactivating the AdBlocker.
After doing it, please reload the website to continue using Inkspired normally.