esternw Ester Cabral

Estrelas. Corpos celestes a anos luz de distância da Terra. Contudo, mesmo tão longe, sua luz ilumina o céu todas as noites. E o olhar dela, deslumbrado, encantado, era semelhante ao brilho das estrelas.


Fanfiction Series/Doramas/Soap Operas All public.

#doctor-who #doctorwho #doutor #12°doutor #bill-pots #estrelas #noite
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Único

— Eu acho que vai chover — Bill comentou, levando uma batata frita até a boca, enquanto observava o firmamento noturno estrelado, junto de algumas nuvens esparsas.

Olhou para o senhor do tempo ao seu lado, que estava mais ocupado em ajeitar o telescópio em que mexia. Ele mirou o céu, encontrando algum ponto específico, e depois retornou a ajustar o objeto. Por fim, afastou-se e fez sinal para que a garota olhasse pela lente.

— Uma introdução do nosso próximo encontro na semana que vem — ele afirmou e Bill entregou um jornal que enrolava as batatas, que olhou por alguns segundos para a comida, sem entender por que ela tinha dado aquilo em suas mãos. Em seguida, deu de ombros e pegou uma das maiores batatas e levou até a boca.

Observou Bill abaixar-se e olhar pela lente do telescópio o ponto que ele havia selecionado. A garota sorria, mesmo que ela sequer percebesse a expressão que fazia. E ele gostava de observar o semblante que o rosto dela tomava nesses momentos, de descoberta, frente ao novo, ao intrigante, frente àquilo que mostrava para ela. Tanto que dava até gosto de ensinar aquela jovem. O Doutor desejava que mais alunos da universidade que ele palestrava, tivessem a mesma vontade que ela tinha.

— Proxima Centauri, do sistema estelar de Alpha Centauri — ele cortou a linha de pensamentos, explicando sobre o ponto em que focara o telescópio, ao mesmo tempo que pegava mais uma batata frita das grandes. — São as estrelas mais próximas do Sistema Solar.

— E aquele do lado é o Cruzeiro do Sul — Bill afirmou, tirando os olhos do céu e voltando-os para o Doutor. — Ei! Minhas batatas!

O senhor do tempo levou mais uma das batatas à boca, seguido de um gesto de “desculpe”.

— Exatamente. — Distraidamente, pegou outra batata e apontou com ela para o céu. Bill sequer percebeu, tendo voltado a olhar para o firmamento. — Logo na ponta da constelação, temos Alpha Cruc...

— Como surgem as estrelas? — a jovem interrompeu sua explicação, porém, ele não se importou, ao ver curiosidade genuína nos olhos dela.

Não era apenas o sorriso, mas os olhos, que pareciam brilhar como as estrelas que eles contemplavam no observatório da faculdade. Era realmente encantador ver aquele brilho no olhar dela, deslumbrada com coisas que para ele eram tão comuns, de tantas vezes que ele as vira. Foi nessa fração de instante, que o Doutor realmente teve a certeza: ele tinha feito a escolha certa. Não só ao escolher Bill para ser sua “pupila”. Ele tinha feito a escolha certa ao decidir convidá-la para viajar ao seu lado.

O universo era vasto, infinito, contudo, após tantos milhares de anos viajando por ele, a maioria das coisas tornava-se… Não queria usar a palavra “banal”, entretanto, não conseguia pensar em nenhuma outra no momento. Mas era realmente isso que sentia: aquele deslumbramento começava a ir embora. Porém, para isso ele tinha elas. Elas que observavam admiradas o espaço, aquilo que quase chamava de “seu quintal”.

E Bill era assim. Os olhos que resplandeciam com um brilho parecido com aqueles que faziam as estrelas queimarem. E aquele sorriso, que ela sequer percebia se formar, mas que demonstrava tanto do que estava passando pela mente dela naqueles instantes.

E por falar em luz das estrelas…

— Vê essas nuvens? — O Doutor apontou para o céu que começava a nublar. Bill estava certa, provavelmente choveria durante a madrugada. Contudo, por enquanto eles poderiam aproveitar a visão espacial.

Bill assentiu, tendo tirado o olhar de cima de suas cabeças e voltado-o para o senhor do tempo ao seu lado.

— No espaço também há nuvens, cheias de gases e de poeira. E é dentro delas que a estrela nasce. — Ele sorriu, ao lembrar-se de quantas vezes presenciara o nascimento de um desses corpos celestes. Em seguida, voltou os olhos para cima. Gesto esse que foi imitado por Bill. — A gravidade, então, começa a puxar mais gases para dentro da nuvem, fazendo com que os átomos colidam entre si e que esquentem cada vez mais, até que bum! — ele demonstrou com as mãos, mesmo ainda segurando o jornal com as batatas, mais vazio, em uma delas. Bill riu com a onomatopeia empregada pelo Doutor. — É através dessa explosão que nasce uma estrela, que vai brilhar por alguns milhões ou bilhões de anos, até morrer.

Bill voltou o rosto para ele, ignorando que mais da metade de suas batatas haviam sumido, afinal, ela estava mais entretida com a explicação que recebia.

— E o que acontece quando elas morrem? — inquiriu, realmente interessada no tópico que ela mesma levantara.

Brevemente, percebeu o Doutor voltar os olhos para o céu, com um sentimento que parecia… Aquilo era nostalgia nos olhos dele? Não saberia dizer, entretanto, acreditava que fosse.

Ele viajara por tanto tempo pelo tempo e espaço, até finalmente parar por décadas — pelo que ouvira dizer, o Doutor palestrava naquela universidade há no mínimo uns cinquenta anos —. Não era de se estranhar que ele se encontrasse nostálgico ao olhar para o céu. Talvez até mesmo com saudades.

Bill deu um sorriso melancólico ao perceber a expressão nos olhos dele. Às vezes ele parecia tão triste…

— Os gases nunca param de se fundirem. Depois de um tempo, eles começam a formar outros elementos e o núcleo da estrela se torna tão denso, que libera a energia, criando uma supernova.

Bill abriu a boca em “oh!”, finalmente entendendo como se formava uma supernova. O Doutor sorriu por breves segundos com a expressão da garota. Incentivado por isso, resolveu continuar.

— Depois disso, a supernova pode se tornar uma estrela de nêutrons ou, dependendo do tamanho da estrela, virar um buraco negro.

Findada a explicação, voltou a pegar uma das batatas. Bill cessou com as perguntas por algum tempo, retornando sua atenção para o céu. Ela realmente ficava admirada como o Doutor conseguia explicar coisas tão complexas de forma tão simples.

— E você sente falta? — ela externou a pergunta que estava em sua mente, recebendo um olhar confuso do outro. — De lá, de ver as estrelas, as supernovas…

Em resposta, o Doutor ficou em silêncio e Bill se arrependeu de fazer aquela pergunta.

— É só que… Você parece sentir saudade de algo, quando olha pra lá. — Apontou para o céu com a cabeça. A garota havia trocado sua atenção das estrelas acima deles pelo senhor do tempo ao seu lado. Os dois eram realmente intrigantes.

Ele parecia sentir tanta coisa ao mesmo tempo, com apenas esse questionamento, que ela sequer conseguia adivinhar todos os sentimentos que passavam através daqueles olhos azuis.

Quando o Doutor parecia pronto para formular uma resposta, depois de ponderar o que dizer por mais de um minuto inteiro, Bill interrompeu-o:

— Por que você não me leve até lá?

Ele franziu as sobrancelhas, surpreso pela proposta repentina da jovem.

— E na volta você pode me comprar umas batatas. Eu continuo com fome. — Apontou o dedo para o jornal que o Doutor ainda segurava, contendo apenas uma meia dúzia de batatas, já que ele devorara o restante durante sua explicação sobre as estrelas.

— O que acha de ver Alpha Centauri? — sugeriu, referindo-se à constelação que iniciara toda aquela conversa.

O senhor do tempo realmente não esperava que aquela “aula prática” sobre algo que iria começar a ensinar para Bill, se tornasse em um convite tão repentino. E quem diria que ela é quem proporia isso a ele? Realmente, ele sempre se surpreenderia com os humanos, não importava quanto tempo passasse entre eles.

— Em algum lugar, algo incrível está esperando para ser descoberto — Bill disse de repente, levando uma das últimas batatas até a boca. O Doutor franziu as sobrancelhas à frase dela.

— Carl Sagan. — Em questão de segundos havia reconhecido a frase que ela citou. — Ele era um homem brilhante. E concordava comigo quanto à relação de Física e poesia.

Os dois começaram a descer as escadas em direção à saída do observatório, com o Doutor na frente, guiando o caminho até sua sala, onde a Tardis estava parada.

— Eu dei uma lida num dos livros dele que estava na sua mesa — Bill confessou, terminando de comer a última das batatas fritas.

— Você andou mexendo na minha mesa? — devolveu, não parecendo muito feliz com a afirmação da moça.

Bill apenas riu, jogando o jornal numa lixeira, logo ao chegarem aos corredores do prédio de Ciências Exatas.

E assim ela deixou que o Doutor guiasse o caminho e, depois, lhe mostrasse, ao menos um pouco, daquela imensidão do universo. O tempo todo ela mantinha o mesmo brilho no olhar, quase na mesma intensidade das estrelas que eles observavam de tão de perto. E o Doutor também sorriu. Um sorriso cheio de nostalgia, por estar no lugar que ele sentia tanta falta. Mas, ao mesmo tempo, também era um sorriso feliz. Alegre de ver aquele sorriso maravilhado no rosto de Bill.

XXX

Apenas uma one durante a 10° temporada <3 E então? Gostaram? Sim? Não? Talk with me ou deixem um votinho ali ;)

March 7, 2019, 11:13 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

Meet the author

Ester Cabral Direto do interior de São Paulo e com duas décadas de vida nas costas, apesar da carinha de menina. Rodeada de histórias e tentando transformar a sua em realidade. ♡ Sempre devemos ter cuidado com livros e com o que está dentro deles, pois as palavras têm o poder de nos transformar ♡

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