forestella Cintia Walter

[SHORTFIC | HORROR] Minseok teve uma infância dolorosa e uma infância solitária, lidando com os próprios traumas e medos ao longo do tempo. Agora, aos seus vinte e nove anos, está enfrentando uma depressão que se mostra cada vez mais letal, reflexo de uma vida extremamente cruel. Porém, percebe ter realmente chegado ao apogeu de sua existência quando acorda em um dia como todos os outros e um cheiro de podridão lhe atrai ao porão, fazendo-o se deparar com uma criatura tomando parte do chão e esperando ser alimentada — com carne humana.


Fanfiction Bands/Singers For over 18 only.

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Uuljeung


Minseok abre os olhos pesados e a primeira coisa que consegue ver é um clarão vindo do teto. É tudo tão estupidamente branco em seus olhos que ele pensa não estar em casa, mas infelizmente está. É apenas mais um dia normal. Portanto, decide se levantar, pois pássaros cantam lá fora e aparentemente o dia está nascendo. E provavelmente está de ressaca, porque a sua cabeça dói e a sua visão está embaçada. Seria conveniente, dado que ele tem sido um homem perdido em si mesmo ultimamente.

Quando a sua vista clareia, constata que realmente é o seu quarto. Está um tanto quanto bagunçado, várias garrafas de vodca espalhadas pelo chão, roupas amontoadas sobre uma cadeira de madeira velha e a luz estranhamente acesa. Nada que não possa ser resolvido, ele pensa, mas a sua cabeça está fodidamente dolorida. Maldita seja a noite passada — ele não se lembra dela [recordações escassas].

Minseok escova os dentes, penteia o cabelo e se olha no espelho. Não gosta da imagem que vê: olheiras profundas, boca seca e rosto magro. A depressão está o engolindo aos poucos, mas ele não se importa. Na verdade, há tempos que ele não se importa com mais nada. A sua perspectiva de vida é nula, e tudo que há dentro de si é um vazio crescente. É como se pudesse enxergar um espectro negro atrás de si no seu reflexo e nada pudesse fazer para se livrar dele.

Seu pai dizia a verdade, afinal — você é apenas um fracassado frustrado vagando no mundo à espera do castigo eterno, pois não é merecedor das coisas boas que o Universo há de oferecer.

Um merda. Ele caminha dolorido para a cozinha, pegando do armário a única coisa que ainda havia naquela casa: miojo vencido. Talvez estivesse cada vez mais doente por conta da sua má alimentação — baseada em café, água, macarrão instantâneo e ovo mexido, além das inúmeras garrafas de bebida —, mas ele realmente não liga. Espera que assim, pelo amor de Deus, morra mais rápido e que não tenha que suportar mais a própria existência podre. Patético. A sua mãe brigaria consigo, com certeza.

A televisão está queimada, o vídeo-game quebrou e o cristal líquido de seu celular vazou há alguns meses atrás [ataques de pânico]. Minseok não tem mais dinheiro, e muito menos se interessa em consertar o que seja. Não há mais meios de se divertir, e nem conseguiria se houvesse. O cheiro do corpo morto do seu pai ainda era fresco em sua mente. As coisas têm andado cada vez mais vagas, e há quem afirme que ele está conhecendo o verdadeiro inferno, mas ele sabe que está apenas mergulhado na parte mais profunda de si mesmo.

Quando termina o seu miojo, já frio por tanto tempo largado na mesinha ao lado do sofá todo rasgado, ele sente o estômago revirar. Faz muito tempo que o organismo de Minseok não aceita o que ele ingere, mas tudo que faz agora é no automático. Não se importa se, no final de cada refeição, vomitará até sair sangue de sua garganta machucada. Para ser sincero, ele quer sangrar até morrer — os cortes profundos em todo o seu corpo não contestam esse fato.

Ao jogar a cabeça para trás e encarar o teto encardido, ele suspira em desistência. Não sabe quanto tempo faz desde que acordou, mas sabe que não é muito e que quer voltar ao seu sono — e dormir para sempre [morrer]. É inevitável ser tomado pelo seu subconsciente. O espectro negro o enforca e toma os resquícios de sua alma para si. Ele definitivamente desistiu de tudo.

Feb. 27, 2019, 9:05 p.m. 0 Report Embed Follow story
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