txemin mandy

Após o término de seu namoro, Lee Taeyong está sem par para o baile de formatura. Como obra do destino, certo dia, clica sem querer em um spam em seu e-mail, o qual da acesso a um site chamado Cupido Online. Será através dele que terá a oportunidade de conhecer Jung Jaehuyn, o capitão do time de futebol da escola.


Fanfiction Bands/Singers Not for children under 13.

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Acordo


Eu não podia reclamar da vida que levava, seria ingrato de minha parte caso o fizesse. Uma família que apoiava minha orientação sexual e meus gostos peculiares — como trocar a cor do cabelo sem motivo aparente —, bons amigos e um relacionamento tranquilo de dois anos com Seo Youngho e digo tranquilo porque começamos a namorar apenas aos 15 anos de idade!

Porém, tudo estava sossegado demais para um simples adolescente em seu último ano no colégio — faltando poucos meses para o baile de formatura — como eu. Alguma coisa tinha que desandar e começou por Youngho, infelizmente, ou não tão infelizmente assim.

Pois bem, deixe-me contar exatamente como foi que meu último ano quase virou de cabeça para baixo.

Como anteriormente citado, ter um namoro que dure dois anos iniciado quando se está somente no primeiro ano, pode ser considerado um evento praticamente inédito. Eu, Lee Taeyong, nunca fui de ter uma coleção de pessoas ao meu redor ou de procurar me enturmar com todo mundo. Obviamente, não quer dizer que eu era antissocial, não! Assim como também nunca fui amado ou popular entre o sexo feminino.

— Se você não tivesse se assumido, certeza que uma fila de garotas estaria te aguardando! — Kim Jungwoo, meu melhor amigo desde a infância que estuda na mesma sala que eu, disse uma vez.

            Desde a puberdade, já tinha noção do meu gosto por pessoas do mesmo sexo. As cartinhas que as meninas escreviam e colocavam em minha mochila logo pararam de aparecer quando me assumi. Minha sorte, e acredito que sorte de outras pessoas também, foi que o colégio particular o qual sempre estudei é regido por uma família que ainda prega o respeito entre gostos e escolhas diferentes — algo muito raro, mas que vem crescendo em Seul. Todavia, diariamente recebo olhares estranhos e não é todo mundo que quer ser meu amigo.

            Como se me importasse muito.

            Enfim, retornando, Seo Youngho chegou como um forasteiro em minha classe, pois, além de ser aluno novo, também veio dos Estados Unidos. É um tanto claro que virou o assunto por todo o colégio e os estudantes sempre tentavam chamar sua atenção para escutá-lo falar o que sabia em inglês ou contar sobre o mundo no ocidente.  Meu pequeno grupo de amigos, daquela época, não havia falado muito com ele, apenas coisas recorrentes em sala de aula.

— Acho que deveríamos chamar o Youngho para lanchar uma vez! — Chittaphon Leechaiyapornkul, um dos meus amigos, o Ten, um apelido que ele mesmo escolheu, ofereceu certo dia.

— Não sei, as pessoas comentam sobre a gente e pode ser que ele até recuse. — Busquei o olhar de meu melhor amigo para saber o que ele pensava, nós três tínhamos acabado de chegar ao pátio da escola. — Jungwoo, o que acha? — Ele piscou um par de vezes, como se estivesse focado em outra coisa, ou melhor, em outra pessoa.

Falarei do crush dele em outro momento.

            — Pode até ser, assim como também pode ser que ele tenha escutado sobre o quão maravilhoso eu sou e sobre seu cabelo estar quase caindo de tanto pintar! — Ten apontou dando de ombros, arrancando risos de mim e do Kim.

            Nós três sempre fomos muito diferentes. Enquanto Jungwoo era controlado, sorridente e animado, doce e sensível — daqueles que se preocupam com os animais e com a natureza —, Ten era muito extrovertido e inteligente, que gosta de atenção, ao contrário de mim, que apesar de também ser bem comunicativo e, de acordo com o Kim, sarcástico, ainda porto um gênio mais fechado e forte, ou seja, me irrito facilmente.

— Você quem deu a ideia, você quem chama. — Meu melhor amigo disse, assim que escolhemos nossa mesa, dando a Ten um sorriso bonito o qual, na verdade, significava “caso alguma coisa dê errado, a ideia foi sua”.

— Beleza, deixa só eu ver onde ele está. — Começou a olhar ao redor, fazendo-me parar o caminho do sanduíche à minha boca, ao saber o que ele iria fazer.

— Você não tá pensan-

— Seo Youngho! — Segurei o impulso de tapar meu rosto com as mãos. Ten estava, literalmente, gritando e acenando para o pobre coitado.

— É nessa hora onde finjo que não o conheço e só desapareço? — Jungwoo perguntou para mim, entre risos.

— Só me leva junto. — Fiz cara de choro.

— Quietos vocês dois! Ele está vindo pra cá. — E estava mesmo, com o rosto um pouco corado de vergonha, pois quase todo mundo o olhava caminhar até nós. — Oi, hyung, sente-se conosco! — Nessa época, seus cabelos ainda eram pretos e um pouco bagunçados, antes de irem para o castanho e ganharem mais volume, deixando uma parte jogada para o lado.

Estranhamente, Youngho me fitou como se avaliasse qual seria minha reação ao escutar o convite de meu amigo; mais estranho ainda foi ver que Ten fez uma cara de desagrado. Será que ele estava a fim do cara novo? Só esperando para descobrir, há! Entretanto, se estava, não tinha contado para mim ou para Jung.

— Isso, sente com a gente hoje! — Jungwoo reforçou, soltando mais um de seus sorrisos cativantes.

Talvez, mas só talvez, se pudesse voltar no tempo, não teria ficado na mesma mesa que Seo Youngho. Não me leve a mal. Ele era — e continua — lindo, alto e forte, além de ser bastante carinhoso e divertido. Pode até parecer grosseria de minha parte, mas também, como saber se as coisas não eram para acontecer do jeito que aconteceram? Confuso? Eu sei. Irei explicar melhor.

Posteriormente, Seo pareceu ter encontrado seu lugar em nosso pequeno grupo de amizade. Quem me dera se tivéssemos ficado apenas amigos. E por quê? Ainda mais se parecia que tinha tudo para dar certo? Porque, veja bem, em poucas semanas nos apaixonamos e começamos a ficar juntos. As pessoas do colégio pareciam não ter outro assunto para comentar, se não esse. E Ten, bem, ele se afastou completamente e até mudou de turma — havia duas para cada série. Ficou um pouco chato o clima, no começo, pelo afastamento dele.

Jungwoo tentou conversar e obteve progresso nenhum, por pelo menos um ano e meio. Ele desistiu de correr atrás, já que seu crush estava se tornando algo mais. De fato, estava tão feliz pelo meu melhor amigo, assim como ele estava feliz por mim, que acabamos deixando o “tópico Ten” de lado. Felizmente, ambos tínhamos ao lado as pessoas que gostávamos. Eu com o Seo e ele com Wong Yukhei — o único homossexual assumido do time de futebol da escola e que estudava na mesma turma que Chittaphon. Wong era uma pessoa incrível e tinha a personalidade de Jungwoo e de Ten misturadas, somando ainda o fato de ser um pouco desastrado. Era engraçado. Ele já soltou comentários sobre determinados assuntos alto demais, perto de gente que não deveria escutar, custando-nos boas gargalhadas.

Viramos um excelente quarteto quando saíamos juntos, visto que Yukhei ficava, também, com seus amigos do futebol. Eu partia pra cima de quem ousasse tentar ofender meu melhor amigo, por namorar um cara popular. Isso causou alguns momentos divertidos e outros estressantes, como as brigas que eu e meu namorado tínhamos pelo motivo de eu levar problemas que nem eram meus para um lado mais pessoal. Certo, posso estar errado, mas ainda assim, não conseguia ficar quieto vendo algo injusto acontecer só porque alguém está sendo feliz sem incomodar uma mosca sequer!

Ten voltou a se aproximar de nós no último ano. Sentia muita a sua falta. Ele nunca me contou o motivo de ter se afastado, porém, nunca o pressionei, apesar de desconfiar. E novamente, quando tudo parecia que voltaria ao normal, problemas renasceram como uma fênix. Problemas dos grandes.

Estávamos quase na metade do terceiro ano. O Kim e o namorado usavam uma aliança, enquanto meu relacionamento aparentava estar, não sei, vazio? Admito que me apaixonei, — no começo — entretanto, com o passar dos dias, algo não estava certo. Faltava um sentido ou talvez não existisse mais esse algo. Pequenas coisas viravam motivo de briga e tinha vezes em que preferia não ter mais a companhia de Seo. Quem sabe, pode ter mudado durante as férias, onde tive que viajar para o Japão com meus pais e lá conheci muita gente e sei lá, visto as coisas de outra forma.

Inclusive, mudei meu cabelo do loiro para o pink, oficialmente.

— Derramei café na nossa foto, Taeyongie, me perdoa, foi sem querer! Mas você a tem no computador, né? — Até seu jeito desastrado, que antes eu achava um charme, tirava-me do sério. As explicações vinham com uma frequência maior e isso também me tirava do sério.

Outro detalhe, ele e Ten pareciam muito mais próximos desde que eu voltei. Próximos de um jeito mais íntimo. Espantou-me saber que não me incomodava da forma que seria “normal” e sim por saber e ter certeza que me escondiam algo — os dois eram pessoas que, de qualquer forma, eu nutria carinho e gostava de suas companhias e ainda eram um dos poucos seres humanos que podia confiar.

De um jeito ou de outro, nosso relacionamento chegou ao fim. Youngho não seria mais meu par para o baile de formatura e consequentemente, chamei-o para acabar com tudo.

Só não esperava ficar tão desapontado uma semana depois.

Poxa, fui sincero sobre como me sentia e até sugeri que tentássemos ser amigos e ele simplesmente se afastou. Quase sumiu. Ele e Ten. Para darem as caras em uma segunda-feira de mãos dadas para quem quisesse ver. Fiquei sendo motivo de piada, porque eles não tiveram coragem suficiente de me contar a verdade!

Obviamente, foi como um divisor de águas. Eu e meu melhor amigo passamos a lanchar sozinhos e sempre desviávamos de possíveis encontros com o novo casal — pode parecer infantil de nossa parte, contudo, fiquei tão magoado. Precisava de um tempo longe e Jungwoo ficou ao meu lado.

Nessa primeira semana, o Kim me convenceu de ir assistir aos treinos de futebol de Yukhei, após as aulas, ao invés de apenas passar o restante do dia em casa vendo meus doramas.

— Sabe, faz bem para a alma ver algumas pessoas bonitas treinando. — Meu melhor amigo disse divertido, assim que aceitei ir acompanhá-lo uma vez. — E sabe que não gosto de ficar sozinho no meio de tantas garotas suspirando feito loucas pelos meninos. — Essa última parte podia compreender totalmente.

Não foi tão ruim. Tudo bem, quem quero enganar? Já era de conhecimento geral uma listinha dos garotos mais bonitos de todo o ensino médio, — eu estava nela, obrigado — e boa parte deles eram os atletas da escola, porém nunca tinha, de fato, reparado tanto quando estava namorando. Agora que eu estava livre, podia olhar sem culpa alguma — não que antes não pudesse, até porque admirar não tira pedaço, era mais algo meu de não ligar muito — e, nossa, tinha que admitir que havia uns três ou quatro jogadores de saltarem aos olhos.

— Quem é aquele ali, mesmo? — Apontei discreto para o que parecia ser o artilheiro e também, capitão do time. Não lembrava seu nome, apesar de saber que estudava na mesma sala que Ten.

— É Jung Jaehyun. O mais bonito e popular. Todo mundo o ama! Ten disse uma vez que até aquela professora carrasca de geografia, gosta do Jung. — Respondeu-me essa última parte mais baixo, aproximando-se de mim na arquibancada e passando seu braço por cima do meu ombro. — Quando comecei a namorar o Yuk, fiquei com medo da ideia dele de me apresentar aos amigos do futebol, lembra? Até convidei você para ir junto, mas não pode ir. — Sorrimos, lembrando o motivo de eu não ter comparecido. Minha mãe queria fazer uma surpresa para mim: ela comprou um filhote de gatinho que eu queria desde criança. — Enfim, Jaehyun foi o primeiro a me cumprimentar e a conversar comigo, foi bem legal de sua parte.

Nós dois ficamos mais um tempo assistindo e meus olhos insistiam em observar Jaehyun. Era lindo, muito lindo! Um pouco mais alto do que eu, com alguns músculos aparecendo nos braços, cabelos loiros — com uma franja em sua testa — e seu maxilar bem delineado, másculo.

Uma hora mais tarde, Jungwoo saiu com seu namorado e eu retornei para casa, abri meu computador, dando uma olhada geral no meu e-mail e nas minhas redes sociais — evitei abri-las desde o término, algumas pessoas poderiam ser bem ruins quando queriam.

Como o esperado, comentários desnecessários apareciam nas minhas fotos com Seo, apaguei todas junto dele e fui para meus e-mails que estavam uma bagunça total, sendo desde promoções de um site onde compro livros, uma mensagem de Ten — não estava pronto para lê-la ainda — e uma penca de anúncios, com os quais não perdi meu tempo e fui mandando para a lixeira.

Pode parecer coisa do destino, ou uma brincadeira de mau gosto, bom, explicando: faltava mais uma mensagem para ser deletada da minha caixa de entrada — nem o nome eu dei atenção — e não sei como, acabei abrindo-a e acessando um site — também não faço ideia de como o abri — com letras em um rosa forte formando Cupido Online.

— De onde isso surgiu? — Questionei em voz alta. Movido pela curiosidade — e com o fato de ter nada demais para fazer, exceto alguns poucos exercícios de matemática — rolei o mouse pela página chamativa e extravagante. — Deve ser aquele site que um grupo de meninas criou ano passado, para as pessoas encontrarem pares compatíveis e irem ao baile de formatura. — Falei sozinho, novamente, pois tinham várias fotos e comentários do baile anterior. — E as inscrições voltaram para este ano!

Não irei mentir… Fiquei interessado. O que é um peido para quem já está cagado, não é mesmo? Tornei-me motivo de riso entre as pessoas por causa do meu ex, então não seria má ideia encontrar um par, levá-lo, mostrando que o término não me abalou pelos motivos que pensam ser e, de quebra, quem sabe conheço alguém bacana, pois, pelo o que o site apresenta, irá buscar o perfil mais compatível com o meu. Poderia dar tão errado assim? E se der, é só fazer a egípcia.

Abri a ficha, na qual coloquei meus dados básicos e um pouco sobre minha personalidade — além de deixar claro minha preferência pelo sexo masculino — e enviei. Devia estar nervoso? Porque eu não estava. Sei que nem todos os garotos são homossexuais e uma grande parte não é assumida. O que me resta é me ocupar e fazer minhas coisas da escola, se alguém compatível aparecer, ótimo, se não… Fazer o quê?


[...]


No dia seguinte, posterior ao fim da aula, depois de contar minha loucura à Jungwoo, que apenas riu de mim, fui ansioso para casa conferir se alguma resposta havia chego. Faria 24 horas desde que eu não vi mais meu e-mail e pela primeira vez, certo nervosismo habitou meu ser, ansioso em saber se eu teria um pouco de sorte. Ah! Esqueci-me de contar! O mais divertido no Cupido Online é você não colocar nome ou foto, ou seja, você só poderá conhecer seu pretendente através de um encontro! Claro, só se ambos estiverem de acordo — tive que pôr o número do meu telefone, assim eu poderia trocar mensagens com a pessoa que for escolhida.


Caixa de entrada (1)


Não pira, Taeyong, pode ser alguma solicitação do Twitter.


Cupido Online


Encontramos um par para você!


Podia escutar o som das batidas do meu coração, como se fossem tambores, e sentir o suor em minhas mãos. Tão nervoso! Cliquei — um pouco trêmulo — no link de meu possível par e comecei a ler.

No início, as informações eram básicas; dizia ser bem inteligente, gentil, bastante confiante — interessante —, educado, da mesma idade que eu e que costuma ver o melhor lado das pessoas, acreditando que todos são dignos de uma segunda chance — isso me fez refletir um pouco. Colocou ainda seu amor pelo filme La La Land e, também, a paixão por dias chuvosos. Muito interessante; mas o que quase — mentira, tem nada de quase — me fez gritar e cair da cadeira, foi o fato de meu parceiro ter colocado o seguinte na parte de curiosidades: “Gosto de pessoas divertidas, sou muito brincalhão, tentando a todo custo aliviar a tensão de meu time, além de ser meu dever como capitão.’’

— Ele. É. Jung. Jaehyun! — Pronto, agora sim tenho um infarto!

Permaneci uns bons minutos tentando regularizar minha respiração e ajeitar-me na cadeira.  Logo ele! O cara mais popular e desejado de todo o colégio! Só pode ser alguma brincadeira, deve ser uma brincadeira. Yukhei é o único assumido como homossexual da equipe! Estou entendendo mais nada.

Fui arrancado de meus devaneios ao escutar um som baixo, característico de meu celular. Tirei-o do bolso de minha mochila e encarei a tela por tempo demais, totalmente perplexo e chocado.

[Número desconhecido]: Podemos nos encontrar ainda hoje? Quero saber quem é meu par ^^

Será por isso que ele deixou bem evidente que é o capitão do time? Por que sabia que as chances de levar um fora eram nulas? Assim, só se eu fosse muito burro de recusar e, também, não sou o tipo de pessoa que nem tenta. Detesto ficar me remoendo depois, pensando no “e se’’. Aposto que ele nem sabe quem sou, no máximo deve me “conhecer’’ como o amigo do namorado de Wong e que também curte a mesma fruta. Ok, fiquei curioso, curiosíssimo, sendo sincero.

[Taeyong]: Podemos sim, tenho nada de interessante para fazer... Mas em que lugar?

Pensei que demoraria para uma resposta chegar, no entanto, em poucos segundos o celular apitou. Estava ficando nervoso novamente. Não tenho ideia no que pode, ou não, acontecer.

[Número desconhecido]: Tem uma sorveteria nova no centro, poucas pessoas vão lá, acho que será melhor assim pra gente conversar. Te mando o endereço, blz?

Certo, parece que ele não quer ser visto, o que faz e não faz sentido. Veja bem: se eu for com ele ao baile, todo mundo verá, mas entendo — um pouco — Jaehyun querer privacidade. Talvez esteja com vergonha e é uma possibilidade bem grande, se ele nunca saiu em um encontro com um garoto.

[Taeyong]: Ok!

Em seguida, mandou-me o endereço do lugar e trocamos poucas mensagens — apenas combinando o horário. Melhor conversar cara a cara e outra, eu chegaria antes dele. Prefiro saber e observar qual será sua reação a me ver e tirar uma das inúmeras dúvidas que rondam minha mente a respeito de meu companheiro — sendo uma delas: será mesmo Jung Jaehyun?

Ao invés de perder tempo matutando sobre o Jung, fui me adiantando: tomei banho, escolhi vestir uma calça jeans clara e uma camiseta preta de uma banda de rock que eu costumava escutar e calcei um par de tênis azul, bem confortável. Por último, sequei meu cabelo, deixando-o liso, além de passar um pouco do meu perfume em meu pescoço e pulsos. Fiquei pronto em alguns minutos, o que me deu a chance de sair de casa e chegar antes do horário combinado — o ônibus coletivo estava vazio praticamente, ou seja, não fez muitas paradas até meu destino.

Parecia que meu estômago sairia pela boca, de tão exasperado que eu me encontrava quando pus meus pés na sorveteria. Era simples e no momento, havia um grupo pequeno de adolescentes mais novos — escolhi uma mesa longe deles, em um canto mais reservado e que ainda me dava visão da entrada.

— Deseja pedir algo, senhor? — Quase pulei de susto ao ouvir uma voz feminina ao meu lado.

— Por enquanto não, obrigado. — A atendente me pareceu um pouco desapontada, apesar de ainda manter um sorriso antes de ir em direção ao caixa.

Isso quase me fez rir, se meus pensamentos não tivessem sido interrompidos pelo barulho de notificação de meu celular.

[Número desconhecido]: Estou chegando, estarei vestindo bermuda cinza e uma camiseta de listras azuis.

Não precisei sequer pensar para responder, pois a porta foi aberta por nada mais, nada menos que Jung Jaehyun, vestindo o que tinha descrito na mensagem. Meu coração pareceu dar uma volta completa de trezentos e sessenta graus. Era ele mesmo! E não sei se é possível, mas parecia ainda mais bonito usando roupas comuns. Seus olhos pararam primeiro no único grupinho que havia — sem contar que algumas meninas o secavam sem vergonha alguma — e parecendo fazer pouco caso, seguiu adiante até me encontrar. Acenei tímido com o celular em minha destra — deixando claro que era comigo que estava conversando — e seu rosto pareceu suavizar, deixando-me confuso.

Tentei parecer calmo — mesmo que não soubesse como me portar — enquanto ele caminhava até mim e sentava-se na cadeira a minha frente.

— Lee Taeyong, certo? — Ah meu Deus, ele é tão lindo de perto! Olha essas covinhas fofas quando sorri, socorrinho. Controle-se, Taeyong, controle-se! Como sabe meu nome completo? Torci minhas mãos em meu colo e ofereci um sorriso discreto.

— Sim e você é Jung Jaehyun? — Ele concordou, mostrando suas covinhas — mais uma bendita vez — que me amoleceram um tiquinho e, antes que eu pudesse fazer mais uma pergunta, a atendente reapareceu perto de nós, desta vez, com a atenção voltada para Jaehyun.

— Quer pedir alguma coisa, senhor? — Podia jurar que a voz da moça tinha soado em um timbre mais agudo. Não sei como ela não o chamou de oppa.

— Taeyong-ssi, o que irá escolher? — Fitei um cardápio grande que tem perto do caixa, lendo os preços e sabores. Pensei em pedir apenas um sorvete de flocos, todavia, a ideia de tomar um milkshake de Ovomaltine me venceu.

— Milkshake de Ovomaltine, pode ser o de tamanho médio. — Falei para a atendente, a qual anotou o pedido em um bloquinho e encarou ansiosa Jaehyun, este tinha os olhos cravados em meu rosto. Quase corei.

— E o senhor?

— Também quero um milkshake de tamanho médio, só que de flocos. E pode colocar na minha conta. — Olhei-o surpreso. — Me deixe pagar nesse primeiro encontro? — Fiquei em um misto de sentimentos; quis rir da expressão de choque da moça, quis me enfiar num buraco pela tamanha vergonha, assim como não sabia o que pensar direito sobre toda a situação, sem contar sua escolha por flocos!

— Desta vez. — Cedi. — Como sabe meu nome? — Tornei a perguntar, quando ficamos a sós novamente, e após uma senha ser entregue para avisar quando o pedido ficasse pronto.

— Jungwoo namora meu melhor amigo e eles já o citaram algumas vezes. — Droga, Jaehyun, pare de sorrir! — E como sabe o meu?

— Meio impossível não saber. — Quando vi, já havia falado. Ele me olhou surpreso por alguns segundos e soltou um riso baixinho. — Quero dizer, as pessoas falam sobre você... É o capitão do time da escola! — Acho que consegui consertar. — Também estão falando de mim, por causa do que aconteceu com meu ex. — Dei de ombros, buscando ver qual seria sua reação.

— Ah, tem isso, mas não sou o tipo de pessoa que gosta de ouvir fofoca dos outros e apesar de tudo, sinto muito por você estar nessa situação. — Jaehyun respondeu sincero, fiz um aceno de que estava tudo bem.

— Flocos é seu sabor favorito? — Troquei o tópico do papo, não queria ter que “chorar as pitangas’’ para um desconhecido e ele pareceu notar.

— É sim, gosto mais do que chocolate, acho um tanto enjoativo. — Engatamos nesse assunto, sobre gostos de comidas, descobrindo muitos em comum. Jaehyun era uma pessoa bem fácil de conversar e eu tentava a todo custo não ficar reparando em seu sorriso bonito.

Foram bons minutos de conversa fora, até ele se levantar — deixando o celular na mesa — para pagar e pegar o pedido.

A tela de seu aparelho acendeu algumas vezes e como estava virado para mim, foi meio impossível não ler o que tinha escrito.

[Jeongguk/lateral]: Ninguém mandou apostar comigo!

Quero só ver qual garoto tu vai levar no baile

Talvez deva ir de disfarce kkkkk pras meninas n te reconhecerem kkkkkk

Se ferrou

Agora tá explicado! Sabia que alguma coisa não estava certa.

— O seu, hyung, parece estar uma delícia. — O Jung retornou, colocando meu copo na minha frente e sentando-se eu seu lugar — tínhamos descoberto, inclusive, que eu era alguns meses mais velho.

— Aposta? — Fui direto, vendo-o parar o caminho do seu canudinho até os lábios e desbloquear seu celular. — Acabei lendo sem querer.

— M-me desculpe por mentir, hyung! Não sabia como te contar a situação logo de cara, queria, antes de tudo, poder te conhecer um pouco melhor e abrir o jogo. Desculpe-me mesmo! — Era notável que aparentava estar arrependido. Suspirei, entendendo seu lado.

— Fiquei um pouco chateado, mas tudo bem. O que apostou? — Além de chateado, confesso que havia certo desapontamento, estaria mentindo para mim mesmo se dissesse que ele não tinha me interessado. Lógico, estava bom demais para ser verdade, logo o cara mais lindo de todo o ensino médio! Não estamos em um filme clichê americano.

— Algo idiota, para falar a verdade. — Jaehyun se encolheu um pouco em sua cadeira. — Estava todo o time na minha casa e começamos a fazer apostas para descontrair e, num certo ponto, desafiei Jeongguk a correr de cueca pela rua, ainda mais ele que tem vergonha nenhuma na cara pra essas coisas. Óbvio que perdi e minha “pena” foi essa: levar um garoto ao baile. — Aguardei, esperando uma explicação melhor. — Jeongguk sempre me acusou de ter quase todas as meninas bonitas aos meus pés, palavras dele, e por isso acreditou que essa seria uma boa punição. Tem nada a ver com ser preconceituoso, apesar de eu ser hétero. — Adicionou essa última parte em um tom mais baixo, sem me encarar.

Absorvendo o que me foi dito, bebi meu milkshake — estava uma maravilha — e minha cabeça começou a trabalhar com possibilidades.

— E o site?

— Foi uma forma mais rápida. — Encarou-me, pela primeira vez, com as bochechas rosadas.

— Podemos fazer um acordo, caso queira ir comigo ao baile. — Tomei mais um pouco da bebida.

— E que acordo seria? — Perguntou interessado, ajeitando-se para mais perto. Por que tão bonito?

— Como você deve saber, mesmo não gostando de fofocas, estou sendo motivo de piada e acho que até meu ex está nessa. Te proponho a fingir ser meu namorado na frente dele e de seu atual rolo, assim você me ajuda e eu te ajudo. Nosso segredo. Fechado? — Estendi a mão com receio.

Jaehyun pareceu pensar e analisar, por fim, aceitou. A textura de sua pele era macia e quentinha.

Jan. 16, 2019, 12:15 a.m. 2 Report Embed Follow story
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swango swango
magnífico~
March 03, 2019, 00:34

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