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Gabriela Ribeiro


Luana Galvão é uma adolescente sem muitas preocupações: tem amigos, um namorado, estuda em uma boa escola, tem pais presentes e carinhosos. Mas essa zona de conforto começa a se desfazer quando descobre um sentimento por Júlia, De forma descontraída, ela vem nos contar como esse amor a fez se transformar na mulher que é hoje, 10 anos depois.


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Como tudo começou

+ Ser adolescente não é fácil, mas vejo que ser adulta é pior ainda. Me faz querer comprar uma passagem só de ida para os meus 15 anos e querer estacionar por lá. Cá estou, sentada na minha mesa, no trabalho, véspera das festas de final do ano. Engraçado que nesse período ninguém tem nada pra fazer, mas todos são obrigados a vir trabalhar. O ócio é tão angustiante que resolvi parar para me lembrar um pouco dos meus tempos de adolescente e de um sentimento amoroso que me acompanha até hoje. E é essa história que vou contar para vocês.

Eu tinha 15 anos, pesava 55 kg, todas as minhas amigas diziam que eu tinha o corpo perfeito (coisa que sinto muita falta hoje). Eu tinha um namorado, Caio, jogador de basquete, lutador e guitarrista nas horas vagas, ele era tudo de que eu mais me orgulhava. Nenhuma das minhas amigas tinham um namorado com tantos talentos e habilidades, na verdade, a maioria delas nem namorado tinha.

Eu gostava de ser diferente, de ser uma pessoa que chama a atenção por muitos aspectos (na realidade, até hoje gosto), afinal, eu era gostosa, inteligente (uma das melhores alunas da turma), sabia cantar, dançar, desfilar e atuar, só havia beijado uma única boca na vida (o que me dava um status de "menina difícil", o que na época era bestamente muito valorizado). Eu era a melhor amiga de todas as minhas amigas, colecionava meninos que eram apaixonados por mim. Era um tempo muito bom, admito.

E eu tinha uma melhor amiga, Júlia, ela estudava comigo e morávamos no mesmo condomínio, conseguia ser ainda mais inteligente do que eu e era muito boa em todos os esportes, e surpreendentemente, eu não tinha inveja dela. Eu gostava que ela fosse tudo aquilo, eu amava poder me orgulhar tanto da minha melhor amiga. Nos passávamos o dia inteiro juntas, falávamos sobre tudo, tínhamos uma conexão que ninguém nunca conseguiu explicar. E olhe que sempre fomos muito diferentes. Eu sempre andava por ai apaixonada por milhões de meninos, não saía de casa sem maquiagem, falava mal das meninas que não sabiam se vestir, e minha maior preocupação era conseguir chegar em casa cedo para não perder o capítulo de Rebelde.

Ela não se importava com cabelo, roupa, muito menos maquiagem, nunca se apaixonava por ninguém (ou nunca falava sobre isso). Parecia ter preocupações mais sérias, com sua família, com suas notas. Ela se esforçava muito para ser boa, para ser a melhor no que lhe interessava, acho que esse era nosso ponto em comum.

Era um sexta-feira, quando uma prima da Júlia veio passar uns dias na casa dela. Tenho que ser honesta dizendo que não gostei, parecia que eu teria que dividí-la com outra pessoa, e eu não estava interessada nisso. A vinda dela não foi nada interessante para mim, foram dias cansativos e chatos, exceto pelo fato de que ela deixou vazar uma informação que, digamos, mudou tudo aquilo que eu estava acostumada a chamar de vida.

Estava sentada no salão de festas do condomínio, com a dita prima, sozinhas, até que ela pretenciosamente, me contou que ela e Júlia haviam se beijado uns meses atrás. Oi? Como assim beijo? Como assim Júlia e a dita prima se beijando? Como assim Júlia beijando meninas? Como assim essa menina beijada não fui eu? E foi nesse momento, com essas preocupações, que eu percebi que alguma coisa em mim estava mudando.

Jan. 4, 2019, 1:59 p.m. 0 Report Embed Follow story
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