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Perder seu voo para a Irlanda na véspera de 2019 não estava nos planos de Do Kyungsoo, mas ele não contava que com toda aquela onda de azar, surgisse um baterista fofinho e atrapalhado que viraria seu mundo de cabeça para baixo e que roubaria seu coração em menos de 24 horas. CHANSOO | ANO NOVO


Fanfiction Bands/Singers All public.

#exo #chansoo #ano-novo #kyungyeol #romance #avião
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O piloto sumiu!

Dois minutos de atraso.


Apenas dois minutos são capazes de mudar vidas de um jeito totalmente inesperado. Nesses 120 segundos têm-se a possibilidade de um acidente com baleias orcas, de um ingresso impossível de se conseguir para o show de sua banda favorita, um meme épico que viralize o Twitter. Mas para Do Kyungsoo fora diferente, esses minutos de atraso foram o que o fizeram perder seu avião, e um pouco de sua sanidade também.


Afinal, aviões nunca saíam na hora exata, não é? Sempre se atrasavam, eram encaixados para outro horário — certa vez ele havia ficado por mais de nove horas no aeroporto esperando alguma mudança em seu voo, e por um fio não perdeu sua paciência ao receber as palavras rudes da funcionária da companhia aérea.

Mas o destino parecia estar de brincadeira com o Do, perder seu voo que iria cruzar a Europa ainda mais na véspera do ano novo era um tremendo azar, algo que ele infelizmente já deveria estar acostumado.


Embora isso, a culpa fora totalmente dele, pois se não tivesse se enrolado ao tomar banho, se não tivesse mandado a atendente de telemarketing enfiar todas aquelas ligações chatas e cobranças — ainda mais em um feriado — a 100cm a mais naquele tal lugar, se não tivesse parado para mimar a gatinha Ártemis — às vezes Art às vezes Rib derivado de Ribonucleica, por motivos de Kim Minseok e sua fixação por células —, se seu colega de quarto tivesse acordado-o alguns minutinhos mais cedo, se o tempo e o trânsito não estivessem um caos... Parecia que desde o momento que abrira os olhos, seu dia já estava programado para ser um fiasco total.


Iria, se não tivesse perdido o avião, para a Irlanda. Sim, a terra dos ‘‘Leprechaum’’, do pote de ouro no final do arco-íris, da sorte, dos pubs. Mas o motivo da viagem não era a bebida em si, era sua mãe para ser mais exato.

Desde que os pais se separaram, a mãe engatara um relacionamento com um médico rico e estrangeiro, casara-se novamente e fora morar muito longe do filho, que era pequeno na época. Fora criado por seu pai, o Senhor Do, que demorou em superar a escolha da esposa, mas conseguira. O que golf e programas de televisão a cabo não faziam pelas pessoas?


Era filho único, e por mais que fizesse parte de todo aquele drama familiar, fora bem criado e amado por seu progenitor. Frequentava a missa todo domingo, fazia os deveres de casa todos certinhos — era o que o pai achava. Crescera muito bem, e acabou entrando para a faculdade de Gastronomia após ralar muito ao convencer a família de que aquilo era o que ele realmente queria fazer da vida. Os colegas de faculdade, principalmente Kim Minseok e seu namorado Jongin gostavam de brincar de que na verdade o Kyung era um assassino de aluguel, e não um futuro renomado chef de cozinha.



Sua vida ia bem, tinha um apartamento pequeno e um emprego de meio-período estável, as contas estavam quase todas pagas, até que recebera um e-mail da mãe há alguns meses, convidando-o para passar a virada de ano junto dela e da família que construíra por lá.


E estaria enganado quem achasse que ele realmente queria ir. Ficara extremamente bravo, como aquela mulher que nunca se atreveu a procurá-lo durante todos aqueles anos, que nunca se importara se ele estava doente, com fome ou machucado decidiu que aquela era a hora de bancar a família perfeita?


E se emputeceu ainda mais quando o pai apoiara a decisão da mãe. Eles estavam loucos, só podia ser! Como ele poderia largar de todo o orgulho que construira durante anos para vê-la novamente?


✈ ✈ ✈

Foi uma marra para convencê-lo a ir, mas quando soube que sua mãe iria bancar toda a despesa da viagem e que ela e seu pai haviam combinado de finalmente dar um carro ao filho como presente de aniversário, ele aceitou prontamente — era um cara fácil de se comprar no final das contas.


Já que estava saindo no lucro, resolvera ir, mas isto não significava que iria passar um tempo lá, estava indo para ficar poucos dias e por isso, em protesto, viajou na véspera de 2019. E o tempo todo pegava-se pensando na família que iria passar junto, se era de que estilo, a que tinha tradições como comer lentilha ou de pular as sete ondas, até mesmo daquela que falava ‘‘Ah! A última vez em que tomei banho foi em 2018’’ passou por sua cabeça. Esperava do fundo de seu coração que não fosse o estilo da última opção.


Perder o voo não foi proposital, tá’ certo que ele ainda não queria ir mas nem passou por sua cabeça que aquilo poderia acontecer, poxa! Aquela tinha sido a primeira e última vez que algo daquele tipo aconteceria. Mas como havia prometido para todos, — e uma promessa é algo que deve ser cumprido independentemente da situação — pôs-se a implorar para a mulher a sua frente que arranjasse um horário novo e ela, não tão bem humorada assim, conseguiu sem muita vontade recolocá-lo em um avião que partiria em duas horas. E nossa, estava ótimo para Kyungsoo que quase a beijou de tanta euforia.


Eram seis horas da manhã e ele tinha duas horas ainda para zanzar pelo aeroporto. Sendo assim, começou a andar em busca de um assento livre, — o lugar estava cheio como sempre, mesmo sendo véspera de um feriado tão importante — e encontrou-o entre um homem engravatado e uma mulher com uma criança de colo. Foi correndo até o mesmo pois corria certo risco de perdê-lo e se jogou ao sentar. O homem e a mulher acharam-no estranho mas não falaram nada.

Ligou para seu pai, que certamente estranharia a ligação do filho, já que hipoteticamente falando, ele deveria estar no avião.


— Olá! Você ligou para o número do Senhor Do. Por favor deixe um recado após o bip que responderei quando puder. — Quando o menino ouviu o barulhinho, logo começou a falar.


— Oi, pai. Sou eu, o avião atrasou e só vai sair às oito e eu achei melhor te avisar, — mentiu. — não se preocupa, tá? Quando eu chegar lá, te aviso! Até mais. — Desligou.


Ficou meio mal por mentir, mas era melhor do que fazer seu velho se estressar atoa, afinal, tudo já estava resolvido mesmo, não é? Tentou ligar para mãe, e ela o atendeu prontamente.


— Oi, filho. Aconteceu alguma coisa? Por que você não tá’ no avião? Não me diga que cancelaram o voo, e agora? Ai meu Deus. — A mulher estava bombardeando-o com perguntas, felizmente nada com ele ter perdido o horário.


— Oi, tudo bem com a senhora? — perguntou por educação. — O voo atrasou e vai sair daqui duas horas, não precisa ficar nervosa.


— Ah, é isso? Que bom meu amor, boa viagem! Estaremos te esperando no aeroporto, ok?


— Ok. Até lá.


— Tchau, se cuida! — desligou antes que ela pudesse terminar.


A criança ao lado começou a chorar estridentemente e o Kyung achou que iria ficar surdo, como um ser humano daquele tamanho conseguia chorar tão alto? A ciência tinha muita coisa para descobrir ainda e enquanto isso ele tentava não se irritar.


Mas tudo pareceu ficar em silêncio quando um menino bem mais alto que ele, que carregava uma mala enorme junto de si, tropeçou nos próprios cadarços, embolando-se todo naquelas pernas compridas e deu de cara no chão. Os pertences e a mala voaram para longe e o aeroporto todo comprimiu uma risada — nem todo mundo segurou, e muitas gargalhadas puderam ser ouvidas. Kyungsoo não achou graça ao ver o menino cair, mas o achou bonitinho com as bochechas vermelhas iguais ao cabelo, e o jeito como ele continuava deitado, aceitando seu fracasso.


Como não era bobo nem nada, e muito educado — um digníssimo cavalheiro —, largou de seu lugar quentinho, e andou até o menino jogado ao chão. De perto ele era ainda mais bonito, o coração do Do ameaçou a parar e aquela vontade de enterrar a cabeça no chão foi forte, mas ele resistiu os impulsos e agachou-se, começando a juntar as coisas do sujeito.


Enquanto isso, o outro continuou escondendo o rosto e nem se mexeu. Depois de ter terminado de juntar os itens do rapaz, cutucou as costas e esperou. Nada, ele não fez nada. Cutucou de novo, sem resposta.



— Moço, — falou baixinho. — Toma aqui suas coisas. — Deixou-as do lado dele.


— O quê?


— Eu juntei a sua mala e o que voou dela.


O desconhecido levantou a cabeça rapidamente, parecia meio confuso com o que ouvira e quando o olhou, não conseguiu parar de encará-lo. Kyungsoo meio constrangido, esticou a mão para ajudá-lo a levantar e quase caiu com o puxão que fora dado. Já de pé, pode perceber que ele realmente era muito menor, e que as mãos dele eram macias como a de um bebê.


Ok, só podia estar louco em reparar nisso.


O desconhecido fofinho — como carinhosamente apelidou — estava sem jeito, deu pra reparar. Mas Kyungsoo estava mais, tentando se recuperar das olhadas nada discretas que recebera.


— Muito obrigada, sério. — Deu uma risada constrangida. — Posso te pagar um café como recompensa?


Kyungsoo ficou em dúvida se aceitaria ou não, mas por quê não? Ainda tinha tempo de sobra e definitivamente não queria voltar para seu assento e ficar ouvindo choro de criança.


O sujeito até tentou pegar a mala de volta, mas o Do fora mais rápido.


— Deixa que eu levo, assim não tem perigo de você cair de volta. — Disse e viu o menino ficar vermelho como um tomate. — Também te aconselho a amarrar os cadarços, vai que... — O outro inflou as bochechas que ainda estavam vermelhas, formando um bico e se agachou, amarrando-os com firmeza.


— Vamos lá.



✈  ✈  ✈

Eles andaram pelo aeroporto inteirinho a procura de alguma cafeteria aberta, mas não havia nenhuma — ou estavam fechadas por conta da data ou por reforma. Kyungsoo não aguentava mais ficar caminhando de um lado para o outro feito uma barata tonta, afinal, era um digno sedentário e praticamente morria para alcançar as passadas largas do maior.


— Ei! — exclamou baixinho, puxando o casaco que o outro usava. — Acho que a gente não vai encontrar nenhuma cafeteria aberta no aeroporto.


— Tem razão. — Soltou um suspiro derrotado enquanto passava na frente da única cafeteria que não haviam checado.


Quando o Do se preparou para procurar algum outro lugar, uma senhora de idade se aproximou de ambos cheia de pacotes pesados e puxou um molho de chaves do bolso. Ele pode ver os olhos do maior brilharem de contentamento.


— A senhora precisa de ajuda? — O garoto se ofereceu a ajudá-la prontamente e o menor só pode admirá-lo.


— Oh! Aceito sim, meu filho. — disse, entregando a cada alguns pacotes e abrindo a cafeteria. — Entrem, entrem! Por favor, está frio e quero agradecê-los por serem tão gentis comigo.

Os garotos entraram, deixaram os pacotes atrás do balcão e se sentaram, meio sem jeito, esperando a mulher que havia sumido por uma portinha. O Do praticamente gritava de alívio por dentro por finalmente parar de zanzar por aí, mesmo que fosse com alguém tão bonito quanto o desconhecido fofinho.



Quando a mulher retornou, anotou os pedidos — café preto para Kyungsoo e Frapuccino para o outro — e começou a contar um pouquinho de sua vida para os dois garotos, que seu filho Sehun cuidava da parte do atendimento e que ela ficava só na cozinha, mas que ele estava gripado e que ela tinha que se virar no que podia. O garoto de cabelo vermelho até ofereceu ajuda a senhora, mas ela soltou um grito negando, dizendo que eles já haviam a ajudado demais e que se estava em um aeroporto, era porque tinha viagem marcada, e que o café que iria fazer para ambos era por sua conta. Eles até tentaram argumentar contra, — o Do ficou em dúvida se falava algo, já que não era ele que iria pagar por seu café — mas no fim, a mulher venceu e se retirou para poder preparar os pedidos.



Foi então que o Kyungsoo percebeu que não sabia nada a respeito do indivíduo sentado a sua frente, só possuía suas impressões — que ele era um fofo, desastrado, fofo, bonito, carismático, gentil, muito fofo.



— Hm. — Coçou a garganta para chamar a atenção dele. — Então, você tá indo pra onde? Tipo, é praticamente ano novo e tudo mais.



— Tô indo pra Irlanda, e você?



— Eu também. — Ambos esboçaram um sorriso. — Em que poltrona você ficou?



— 21A e você?



— Quase! Fiquei na 21C. — falou e acabou notando a careta que Kyungsoo fez. — Por que você fez careta? — perguntou rindo, pois havia achado o Do bonitinho.



— Porque é a pior coisa do universo ficar no corredor! Só não ganha de sentar no meio, quando você não conhece as pessoas que pegam a poltrona da janela e do corredor. — explicou.



— Ah! Não sei na verdade, é a primeira vez que viajo de avião.



— Sério? Você não tá nervoso?



— Só um pouco… — Esboçou um sorriso amarelo. — Na verdade, eu tô morrendo de medo.



— Não é tão assustador assim. — Ofereceu um sorriso tranquilizador ao garoto a sua frente. — O problema é a decolagem e aterrissagem só, mas eu te ajudo, ok?



Kyungsoo ia falar mais um pouquinho sobre aviões, mas a mulher acabou voltando com os pedidos, e com alguns muffins que não passaram despercebidos pelos dois.



— Nem me olhem assim! — Ela disse. — É cortesia da casa.



— Muito obrigado! — disseram juntos.



— Se precisarem de alguma coisa, podem chamar! Os outros clientes devem chegar logo, então vou para o balcão.


Fizeram uma breve reverência, e a mulher se retirou. O silêncio acabou se instaurando na conversa, mas não era nada desconfortável, cada um estava preso em seu próprio mundinho enquanto bebericava seu café.



— Você sabia que pessoas que tomam café puro possuem tendências a ser psicopatas? — perguntou, enquanto tomava um gole de seu Frapuccino e escondia seu rosto atrás da caneca.



— Eu não acredito que você também! — Kyungsoo exclamou emburrado. — Meu colega de apartamento e o namorado dele vivem dizendo que eu sou um serial killer e não um futuro chef de cozinha!



— Sério? — Soltou uma gargalhada gostosa. — Desculpa cara, não tá mais aqui quem falou. Então você cursa Gastronomia?



— Sim, tô no último ano, e você cursa o quê?



— Não to cursando nada por enquanto. — Entortou a cabeça e empurrou os óculos. — Sou baterista de uma banda.



— Você tá zoando? Isso é incrível, em que banda você toca? — perguntou intrigado.



— Se eu te contar, vou ter que te matar…. Brincadeira, sou baterista do EXO-CBX.



— Engraçadinho… Eu não conheço, desculpa. — Ficou meio sem jeito. — Depois você me apresenta? Afinal, a gente tem onze horas e meia até chegar na Irlanda. — disse enquanto checava o relógio do celular, e já estava quase na hora para desembarcarem.



— Apresento sim! Acho que vai dar pra ouvir toda a discografia.


Como o horário do voo já estava próximo, eles terminaram o café rapidamente, agradeceram a senhora que se recusou a aceitar que pagassem pelas bebidas mas que pediu — ameaçou com uma colher de pau, na verdade — para que ambos retornassem sempre e que continuassem sendo gentis sempre.


Kyungsoo ajudou o maior com todos os procedimentos necessários e logo eles se aproximaram ao portão de embarque, que estava cheio e já formava uma fila quilométrica.

— Ei. — Foi cutucado. — Meu manager tá ligando, te vejo no avião, ok?

— Beleza. — E se separaram.

✈  ✈  ✈


Kyungsoo, já devidamente acomodado em sua poltrona com os fones de ouvido a postos, procurava pelo garoto alto de cabelo colorido. Como pudera esquecer de perguntar seu nome, algo tão essencial? Ok, a culpa era totalmente dele, mas quando estavam conversando, não parecia tão relevante assim além de trazer um frio na barriga, afinal, estava vivendo uma cena digna de filmes hollywoodianos e também, um pouco de mistério não matava ninguém, não é?



O Do achava que seu fim e começo de ano seriam péssimos, mas acabara sendo surpreendido com sua onda de azar que resultou em algo bom. Agora não parecia tão ruim passar o Réveillon com a família de sua mãe, afinal, não poderia passar a vida sem conversar com a mulher, e no fundo, sentia muita falta dos momentos onde todos estavam juntos.



— Oi, você vem sempre aqui? — Ele se assustou com uma voz grossa enquanto olhava pela janela do avião, e se virou, deparando-se com o desconhecido fofinho enquanto este guardava sua mala no compartimento de malas.



— Só quando você vem, tsc. Achei que você tinha se perdido.



— Quase. — Abaixou o rosto. — Tô’ nervoso, será que a pessoa que vai sentar no meio vem?



— Hmm, não sei. Fico pensando em como ela deve ser.



— Talvez seja um serial killer… Que perdeu o avião pois o sangue da sua vítima não queria sair de jeito nenhum, e não tinha condição de sair coberto de sangue



— Ou talvez, seja uma pessoa que estava num hotel onde um serial killer estava hospedado, e foi morta por ele. — Kyungsoo disse enquanto fazia uma careta assustadora.



— Nossa imaginação é ótima, né?



— Realmente.



— Esqueci de perguntar, o que você vai fazer na Irlanda?



— Vou visitar minha mãe e a família dela, e você? Ah espera, deixa eu adivinhar! Você veio tocar em um show?



O baterista só concordou com a cabeça, e esboçou um pequeno sorriso.



“Senhoras e Senhores, bom dia! Sou uma das comissárias deste voo, e em nome de nossa equipe apresento as boas vindas a bordo de nosso avião para Dublin. Durante a decolagem, o encosto de sua poltrona deve ser mantido na posição vertical, sua mesa fechada e travada. Observem os avisos luminosos de afivelar os cintos de segurança. Em caso de despressurização, máscaras cairão automaticamente. Puxe uma delas, coloque-a sobre o nariz e a boca, ajustando o elástico em volta da cabeça e depois auxilie os outros, caso necessário. São exatamente dez horas e cinco da manhã, e dentro de alguns minutos, decolaremos. Sendo assim, desejamos a todos um ótimo voo!”, Kyungsoo olhou para o garoto ao seu lado, e este não aparentava estar tão nervoso assim enquanto analisava o cardápio do avião, talvez estivesse apenas disfarçando, mas isso só seria descoberto na hora da decolagem.


E na hora de decolar, seria cômico se o garoto não estivesse desesperado — se virasse meme, Kyungsoo não tinha culpa de nada —, sua mão fora agarrada com tanta força que conseguia sentir o quanto o outro tremia e soltava alguns palavrões. O Do tentava distraí-lo de alguma maneira, e acabou compartilhando um lado de seu fone no ouvido, música sempre o acalmava, então não custava tentar.

Acabou funcionando, e eles decolaram ouvindo Medo de Avião, do Belchior — uma música que o Sr. Do sempre escutava e que acabou fazendo parte da infância de Kyungsoo.


Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez a tua mão”

✈  ✈  ✈

O Do não soube quando nem como, mas quando havia dado por si, descobriu que tinha dormido encostado no baterista, e que este se encontrava em uma posição que dava inveja para todas as dores musculares possíveis. Antes que ele acordasse, Kyungsoo puxou uma caneta e um pedaço de guardanapo que acabara achando em sua mochila e anotou seu número de celular. Enquanto pensava em como diabos iria dar seu número para o desconhecido fofinho sem parecer desesperado, ele acordou e o Do acabou escondendo o papel no bolso de seu casaco.



— Bom dia, bela adormecida. — disse.



— Oi. — A voz estava rouca e encheu o Do de arrepios. — Que horas são?



— São.. — Olhou para a tela que ficava na frente do assento. — Nove e meia!



— Céus, a gente dormiu muito.



Logo, o serviço de bordo chegou e foi ai que eles perceberam o quão famintos estavam, afinal, a última refeição que haviam feito fora a algumas horas. Cada um escolheu uma janta diferente — sushi para o Kyungsoo e pizza para o baterista — e não deixaram que o silêncio se apossasse de ambos. Descobriram que haviam muito em comum, além de serem da mesma cidade e possuírem gostos musicais similares. O Do até revelou que gostava de cantar, e cantou baixinho para o outro, que ficou impressionado e que disse que ele poderia seguir carreira de cantor tranquilamente, que um dia gostaria de fazer um dueto entre eles, ou até mesmo que o Do cantasse com seus colegas do EXO-CBX.



— Deixa eu te mostrar as músicas da banda. — disse baixinho, pois todos dormiam e eles eram os únicos acordados.


— Tudo bem.


Ele observou o outro conectar os fones no celular e entregar um lado do fone, enquanto se aproximava para o fone alcançá-lo. E perto assim, Kyungsoo se sentia todo embrulhado, mas não sabia que era o sushi que havia trazido o mal estar ou aquela proximidade. Após escutar todos os álbuns e aprender a diferenciar o CBX, ele já se considerava um grande fã e estava apaixonado, muito apaixonado pela banda. As músicas o bombardeavam com uma sensação gostosa e viciante, que fazia com que tudo se tornasse ainda mais bonito, as letras e a melodia eram contagiantes e deixavam-no com vontade de levantar e sair pulando — e isso que o Do se considerava uma pessoa reservada.


Quando se deu conta, a aeromoça já anunciava que estavam chegando, e pedia para que todos apertassem os cintos de segurança, e mantivessem as mesas fechadas e travadas. Na hora de pousar, sua mão fora esmagada novamente — não tanto quanto na decolagem — mas isso nem o incomodou, procurando elogiar o baterista pelo grupo e agradecê-lo por apresentá-los, mesmo que este nem prestasse atenção no que Kyungsoo dizia.


Desembarcaram do avião juntos, passaram pela alfândega e pegaram suas malas nas esteiras. O Do não se sentia pronto para se despedir de seu companheiro de viagem, e começava a suspeitar que começara a sofrer por uma paixão a primeira vista. Quando pararam em frente ao portão de desembarque, Kyungsoo se obrigou a parar e se despedir, fazendo com que o outro parasse com as passadas longas que deixavam o Do sem folêgo. Ambos amuados querendo que o aquele momento durasse para sempre.



— Então…



— É.



— Esse fuso horário me deixou todo confuso, mas feliz ano novo para você e espero que em seu show dê tudo certo.



— Obrigado, o mesmo pra você… Mas com sua família, é claro.



Às vezes, as pequenas paixões nos levam a cometer pequenas loucuras e fora a vez de Kyungsoo realizar uma, a qual ele nunca se arrependeria.



— A gente passou o dia todo junto, mas eu não sei seu nome ainda. — Kyungsoo perguntou enquanto coçava a nunca.



— Não acredito que esqueci de me apresentar, que cabeça de vento! Prazer, Park Chanyeol.



— Park Chanyeol, por favor não me odeie por isso.



— Odiar pelo qu-



E o Park acabou sendo surpreendido pelo Kyungsoo, que o puxou pelo casaco e fez com que ele se curvasse, até que as bocas se encostassem em um selar singelo. E o Do que esperava ser chutado ou afastado, acabou se assustando quando Chanyeol o puxou pela cintura e pediu passagem, iniciando o ósculo. Quando o ar faltou, eles se separaram lentamente, as mãos ainda permaneciam na cintura de Do, impedindo que ele escapasse.



— Feliz ano novo, Chanyeol — disse, selando os lábios mais uma vez, enquanto colocava o guardanapo com seu número no bolso do casaco alheio.



— Hmm, eu ainda não sei seu nome



— Kyungsoo. Do Kyungsoo.



— Feliz ano novo, Do Kyungsoo.



Jan. 1, 2019, 11:06 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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