carlos-henrique-ch Carlos Henrique

Flaquer Raymond é um poeta no topo da sua pequena carreira, com os seus 24 anos julga ter vivido muito e para ele tudo era um grande poema e poderia ser resumido em versos, mas nem sempre ele queria faze-los, pois, isso o feria de alguma forma. Sua mãe com 68 anos sofre de uma doença chamada demência e perde pouco a pouco as suas valorosas memórias, seu pai tenta ajudar como pode, mas é difícil para ele ver a sua amada de tal maneira. Seu irmão o odiava por nunca estar presente nos momentos ruins e nunca parecer se importar quando estava.


Drama Not for children under 13.
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Os tristes Versos das nossas vidas

Introdução 


Flaquer Raymond é um poeta no topo da sua pequena carreira, com os seus 24 anos julga ter vivido muito e para ele tudo era um grande poema e poderia ser resumido em versos, mas nem sempre ele queria faze-los, pois, isso o feria de alguma forma.


Sua mãe com 68 anos sofre de uma doença chamada demência e perde pouco a pouco as suas valorosas memórias, seu pai tenta ajudar como pode, mas é difícil para ele ver a sua amada de tal maneira.


Seu irmão o odiava por nunca estar presente nos momentos ruins e nunca parecer se importar quando estava.


1 - O verso sobre ausência 


- Pai como estão as coisas com a mamãe?

- Filho, precisamos de dinheiro para os remédios.

- Tudo bem, mas o senhor já pensou no que disse? A clínica de repouso é uma opção melhor, o senhor não vai aguentar o sofrimento que isso vai te causar.

- Tá! e o que eu faria? Viraria um alcoólatra e iria visitar a sua mãe todas as semanas? Você pensa que eu aguentaria viver sem ela por perto?

- Não é isso, o senhor está sendo apenas egoísta, mas tudo bem, vou mandar o dinheiro.

-Não é apenas isso, sua mãe precisa de você aqui, estou cansado de ouvi-la choramingar chamando o seu nome.

- Desculpa, mas não posso, a minha vida inteira está aqui, as publicações os editores, o contrato, não posso sair daqui.


Tudo o que faço é mandar o dinheiro e os meus versos de tristeza, mergulhando profundo em minha ignomínia, meu irmão deve sempre estar presente e o meu pai deve me odiar pela ausência, tudo o que faço são versos, me sinto aliviado, mas não feliz.


"Sofre e me sinto triste

Minha ausência te mata

Minha falta de presença 

Me esmaga, o lado bom

É que não posso ver as 

Suas lágrimas, mas sei que 

Cada verso que te mando 

É retribuído com um belo sorriso."


2 - O verso sobre amor


A noite me preencho no "drown the hurts" têm uma bela bebida, me faz esquecer? Bem, não sou o único que vem aqui, a Melanie minha ex noiva, sempre vem aqui com o seu atual marido, isso mesmo, marido algo que não pude ser.


Várias vezes me chamou de egoísta, disse que só penso em mim e nos meus versos idiotas, será que ele pensa que não percebo que só quer me causar ciúmes? Bem, eu pensava que tínhamos uma boa relação. E quando ela disse que era o fim, muito brava, mas seus olhos brilhavam pela luz refletida nas lágrimas, e tudo que eu podia fazer eram os meus versos considerados por mim idiotas, embora todos achassem profundos.


Ela ainda me olha de relance o idiota não nota, e após uma longa noite de bebedeira me encontro em casa deitado no sofá, e penso como é efêmera a sua tinta assim com as várias formas de vida que habitam esse pequeno planeta.


Batidas na porta, então vou lentamente e abro-a tenho o que era para ser uma surpresa.


- Oi! quanto tempo.

- Duas semanas? Ela ri com o meu comentário.

- Eu te odeio tanto.

- Não quer entrar e provar esse ódio. Ela lentamente entra hesitante.

- Não posso mais fazer isso, me sinto culpada de uma forma, mas mesmo assim você me deixa feliz.

- Então você não quer voltar?

- E tudo se repetir? Não obrigada.

- Então, seu marido não te espera?


Ela me beija como faz às vezes, tivera a pouco com o seu marido, mas mesmo assim me beija, essa mulher, é totalmente errado o que fazemos, mas tudo o que faço é retribuir, e claro os meus versos, penso o quanto sou idiota e babaca, como se tivesse apenas usando os sentimentos que ela sente ao meu favor, mas não e isso que é o amor? Afinal de contas ela também está me usando para os seus prazeres, não tem problema quando é recíproco certo? Bem, é o que eu quero acreditar.


"Tão proibidos são os nossos 

Valorosos momentos de amor

A culpa invade os seus olhos

Mas o prazer é irresistível 

E o momento inesquecível

Depois de momentos felizes

Sai ela deslizante e triste

Sobre a cama dos prazeres

E gravados na memória 

Estão os nossos atos

Tão memoráveis quanto proibidos."


3 - versos sobre se importar 


- Mamãe como a senhora está?

- Flaquer por que não veio me visitar antes.

- Sou eu mamãe, o Jerman, Flaquer não está aqui, não entendo, sempre estive aqui e mesmo assim.

- Não se preocupa com isso filho, é apenas a doença.

- Mas por que ele? Nem sequer vem visita-la, sou eu quem sempre estou aqui e mesmo assim é como se fosse tudo sobre ele, e eu nunca entendi.

- Eu também não, mas você a odeia por isso?

- Não, eu a amo, mas ainda assim me sinto triste, pois, ela sempre pareceu me ignorar quando ele estava por perto.

- Ele sempre fazia os seus versos, a sua mãe ficava encantada, sempre gostou de poesia e ver o seu filho fazendo àquilo a deixou impressionada.


Ele não se importa com nada, e mesmo assim todos o amam, não que eu queira ser amado, é só o que ele nunca faz nada por ninguém, bem, por que vou me importar com isso?


- Acho que todos queremos ser amados filho… De certa forma.


- Oi amor.


Teu abraço esquenta o frio que ficara em meu coração.


- Como estão as coisas com o seus pais?

- O estado dela está piorando, e o papai sofre com isso, estou fazendo o máximo para ajudar, e ainda assim ela só lembra o nome dele.

- Você parece uma criança com ciúmes.

- Eu sei, mas deixa pra lá.


Meu irmão o jerman ele sempre soube o que fazer, e eu apenas com os meus tristes versos, ele deve estar cuidando da mamãe e do papai, e eu aqui arrumando desculpas para não ir vê-los.


Sempre estiveram certos, todos eles quando disseram que só me importo comigo, mas realmente pensam que não quero me importar? Pensam que não tento, mas sempre acabo não fazendo nada. 


"Você sempre deslumbrante 

A minha frente, e eu buscando 

Me importar, me buscando 

Em meio a tudo que há 

Quando me encontro 

Vejo em mim o ser egoísta que há 

Mas vejo em você o ser 

Que ajudar sempre ira

Seu mundo é dividido 

Com todos

E quanto a mim?

Tudo o que faço é me isolar

Não consigo me sentir próximo 

Nem mesmo de quem 

Mais pode me amar."


3 - versos de lágrimas 


Mais um livro de poesias sendo publicado, mas mesmo assim está indo tudo mau, minha vida pessoal, vivo os dias lendo e escrevendo, as noites bebendo e ela nunca mais retornou, isso me deixa triste, mas feliz por ela; e também ele parecia um cara legal talvez não merecesse isso.


A noite no bar, a TV irritante nos meus ouvidos passando aquele maldito jornal, e eu embriagado meio zonzo quando escutei aquele nome entrando forte no meu cérebro com a notícia de sua morte, aquele maldito tivera a agredido, mas não só isso, ele te tirou deste mundo, nunca prestei atenção no corpo que eu possuía naquelas efêmeras noites e nos graves hematomas cobertos sobre os lençóis e toda a escuridão, vivera o momento apenas, queria sentir todo o prazer daquelea momentos, apenas isso.


Em casa deitado com as minhas lágrimas banhando o meu rosto e nada posso fazer assim como nada fiz, meus versos que você odiava, sequer quero escrever neste momento, espero que tenha dormido bêbado e isso seja apenas um horrível pesadelo, tenho algumas bebidas na geladeira viro cada garrafa na boca esperando entrar em um coma alcoólico, sentia a decida do líquido que queimava como seu eu estivesse engolindo o próprio inferno.


Acordo tarde na manhã seguinte muito depois do meio-dia, meus olhos inchados, vômito no chão minha cabeça pesa, estava em um ridículo declínio, quero te reencontrar, talvez eu vá te encontrar, seja lá onde você está.


O telefone toca irritantemente, o seu som, parece que a minha cabeça vai explodir.


- Alô!

- Sua mãe, ela está no hospital.


E aquela voz distante e meio rouca ecoa distante nos meus ouvidos, coloco o telefone sobre a mesa e deito sobre o chão repleto de vômito e lágrimas, que representavam todo o meu declínio envolto em desgraças que caíam sobre mim uma atrás da outra como peças de dominó que o destino com um maldito sorriso nos lábios tivera tocado.


- O que está acontecendo? Mal consigo falar, mas grito incessantemente.

- Que merda está acontecendo? Por que com as pessoas próximas, me diz o por quê?

- Não entendo todo esse sofrimento, tudo o que sinto agora, sequer consigo pensar direito.

- Estou cansado, tão cansado, por favor me diz que é o fim e me leva ao maldito chão, pois, estou cansado de cair.


A minha voz soa agonizante e fraca, tudo isso juntando com lágrimas e mais lágrimas, sei que não sou forte o suficiente para suportar tudo isso, sei também que a minha decadência me levará a um horrível fim.


Na cozinha uma faca afiada sua ponta em frente ao meu peito esquerdo, cada vez mais aumento a pressão sobre o cabo, quando minhas mãos ficam fracas e a faca cai no chão, e mais um grito agonizante junto com as minhas lágrimas de dor.


"Tudo parece desvanecer

Não sou forte o suficiente 

Para suportar como você 

Meu coração parece apertar e explodir 

Meus pensamentos parecem aumentar 

E se extinguir, meus medos me agarram 

E seguram apertado

Meu erro: Não faço nada 

Fico flutuando sobre o rio de lágrimas 

E a dúvida é se salto ou não desse arranha-céus 

Pois saltei no abismo, mas a queda não tem fim

Então por favor; quero sair daqui."


4 - versos confusos


Após alguns dias de sofrimentos e julgamentos que não resolveriam nada, decido ligar para o meu pai, tentei várias vezes, mas ele não atendia, decido ligar para o Jerman.


- Alô! Jerman Você está aí?

- Quem é? 

Uma voz feminina com certeza era a sua esposa.

- Sou o Flaquer, onde está o Jerman?

- Está no hospital com sua mãe.

- Você pode me dizer o que aconteceu?

- Não cabe a mim falar.


Ela desliga, tento várias vezes, mas ela não atende, não consigo conter essa maldita angústia, meu pai provavelmente estava ao lado da mamãe, sei o que fazer, embora não sei se é o certo, me dirijo ao aeroporto; chego na cidade e infelizmente não sei em qual hospital está a mamãe, mas há apenas dois hospitais, a cidade é pequena.


Chego no primeiro e encontro meu pai e irmão na sala de espera, eles não parecem se importar com mais nada além dos seus pensamentos, meu pai sentado com às duas mãos entrelaçadas olhando para o chão, meu irmão da mesma forma, eles sempre foram parecidos.


- Onde está a mamãe?


Olham para mim surpresos e irritados, sinto que nunca irei esquecer esse olhar, me sinto cada vez mais culpado, meu irmão levanta irritado.


- Onde estava você? Seu cretino egoísta.

- Olha eu não quero discutir agora, onde ela está?

- É sua culpa idiota você não estava aqui, e por isso.


Ele respira profundamente, meu pai me olha da mesma forma de sempre, decepcionado e nem sequer falou comigo, e isso era pior que todas as suas broncas, não querem falar nada sobre a mulher que mais me amou durante toda a minha fastio vida; tudo o que vejo é o punho do jerman vindo em direção ao meu rosto.


- Vai embora, vai fazer os seus malditos versos insignificantes que ela tanto ama.


- Eu não fiz nada.

- Só agora percebeu isso?

- Pai por favor.


"Todo o ódio despejado 

Sobre este pequeno ser

Toda a vida, tudo me tira

Suas palavras, o seu silêncio 

Me destroçam e me matam

A confusão na minha cabeça

Todas as perguntas 

Como o ar que enche demais 

O balão, e ele acaba na tão 

Violenta explosão

Como o navio que de dor

Transborda, como o fim 

Se aproxima o meu fim?

E sobre os meus erros

Me liquida o nada que fiz?"


5 - eu me importo


No dia seguinte, saio do hotel que me abriguei após a discussão de ontem, volto ao hospital, haviam algumas pessoas na sala de espera sempre há alguém, vou até a recepcionista.


- Pode me dizer onde é o quarto da senhorita Clerida Reymond?


Podia ver o estranhamento em seus olhos de um castanho-claro.


- Você tem algum parentesco com a paciente?

- Sou filho dela.

- Seu pai está de acordo, não ira ter problemas?

- Olha, por favor só me diz onde ela está.


Ela finalmente me diz e então, sigo para o quarto da minha mãe, tenho tantas perguntas; meu pai sentado na cadeira dormindo ao lado da sua amada, bem clichê, não colocaria isso em um livro, minha mãe acordada com o olhar fascinante, tão emocionante vê-la depois de tudo isso, meus olhos não me obedecem e acabam mostrando a minha fraqueza.


- Mãe, desculpa.

- Flaquer, é você, finalmente está aqui.


Sua voz baixa me esforçava para ouvir cada uma de suas palavras.


- Não vou mais sair mãe, não se preocupe.

- Eu ia te ver filho, mas não consegui, um maldito homem em um carro tão veloz me impediu de te ver.


E tudo fez sentido, todo o ódio que fora despejado em mim e em pensar que foi tão simples a resposta, como fui idiota, ela apenas queria me ver o tempo todo, era tudo o que ela queria, e eu...


- Mãe desculpa.

- Eu li todas as suas publicações.


Ela parecia não me ouvir, mas não importa não é? Estou aqui agora.


- E o que a senhora achou?

- Você foi sempre tão profundo, lembra da vez que leu o seu primeiro livro de poesias, então você disse "mamãe, quero fazer isso" tão empolgado e sorridente.


Ela falou por horas e eu fingi que estávamos dialogando, até o meu pai acordar e incrivelmente ele não falou nada, deve ter se contentando com aquele sorriso inocente e feliz, jerman chega, ele me vê no quanto e não entra, penso que todos se contentavam com aquela face alegre, apenas por me ver, apenas por estar aqui, o homem mais egoísta desse pequeno universo.


Ao sair do quarto o jarman nem sequer falou comigo e entrou para o quarto, então me dirijo ao meu pai.


- Eu não vou abandona-la.

- Ela vai ficar feliz com isso.

- E o senhor?

- Ela vai ficar feliz.


Então ele volta para o quarto e lá está a família da qual não faço parte, e que seria perfeita sem mim.


"O mundo me apresentou a dor

Que duramente me mostrou 

O quão fácil é se importar 

E também o quão difícil é demonstrar 

Não ser egoísta 

Sair de si

Perguntar, abraçar, sorrie

Dizer palavras sobre amar

Encontrar ao outro

Depois de se encontrar

Entender a tudo

E a todos

E mesmo assim não saber como ajudar."


6 - epílogo 


O meu pai cuidou da minha mãe até o fim, eu sempre estive lá para que todos pudessem vê-la sorrir, meu irmão não deixou de me odiar, e depois da morte da mamãe meu pai como esperado virou um alcoólatra e eu e o jarman, tentarmos tira-lo dessa sua nova vida e o colocamos em uma clínica, apesar de discordamos várias vezes.


E eu? Eu continuo escrevendo os meus versos, mas julgo que aprendi muito, e cresci mentalmente, não prestei atenção em alguém que sofria e a perdi, descobri a importância que as pessoas podem ter em nossas vidas e sequer percebemos isso, bem clichê, mas ninguém se importa até aprenderem com a vida, agora sei que não fazer nada às vezes e a pior opção.


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                          FIM

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Dec. 12, 2018, 12:26 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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