lara-one Lara One

Mulder e Scully investigam o estranho assassinato de uma prostituta. Ao mesmo tempo, Mulder enfrenta o fantasma da culpa que pensa possuir. Scully tenta provar que não é a irmã dele. Participação especial: Andy Sipowics & Diane - NYPD Blue (Nova Iorque contra o Crime)


Fanfiction Series/Doramas/Soap Operas For over 18 only.

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S01#19 - CAVALO DE TROIA


INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

Yorkville - Nova York - 11:18 P.M.

[Som: The Corrs – Dreams]

A Prostituta sai da boate. Pára na calçada. Acende um cigarro.

Do outro lado da rua, alguns garotos estão brigando, com canivetes.

A Prostituta parece não se importar com o que vê. Continua fumando o seu cigarro.

Um carro pára. Ela aproxima-se. Escora-se na janela do carro. Thompson, o homem bem arrumado, com uma fisionomia sinistra e uma cicatriz no rosto, começa a conversar com ela. Ela entra no carro.

Os garotos resolvem terminar a briga. Um deles fica sentado na calçada, enquanto cheira cocaína. Observa o carro em que a Prostituta entrou. Olha pra Thompson, mas mal vê seu rosto por causa da luz difusa que vem do poste.

A Prostituta e Thompson riem dentro do carro. Ela olha pra ele.

PROSTITUTA: - Onde vamos, benzinho?

THOMPSON: - Tenho um lugar bem interessante para te levar.

PROSTITUTA: - Gosto de homens misteriosos...

Thompson liga o carro. A Prostituta joga o cigarro pela janela. Um carro de polícia passa por eles. O garoto, levanta-se da calçada e sai correndo por um beco. A polícia vai atrás dele. O carro parte. Thompson continua calado.

PROSTITUTA: - Você é de poucas palavras, não?

THOMPSON: - ...

PROSTITUTA: - É casado?

THOMPSON: - ...

PROSTITUTA: - Ei, cara, poderia tornar isso um pouco mais interessante?

THOMPSON: - Isso vai ficar interessante.

Thompson puxa uma seringa do bolso. A Prostituta olha pra ele.

PROSTITUTA: - Hum, tem diversão pra nós, benzinho?

Thompson pára o carro num beco escuro. A Prostituta começa a se assustar. Ele aproxima-se dela. Ela tenta sair do carro, mas não consegue. Thompson injeta alguma coisa no pescoço da Prostituta. Ela grita. Começa a sentir seu corpo amolecer e fica imóvel no banco.


Central Park - 7:16 A.M.

Dois rapazes estão correndo, se exercitando. Um deles pára. Fica olhando pra alguns arbustos. O outro pára também.

JOVEM 1: - O que foi?

JOVEM 2: - Tem alguém ali, cara.

Os dois aproximam-se.

JOVEM 1: - Acho melhor chamar a polícia.

O Jovem #1 aproxima-se do corpo. Ao vê-lo, afasta-se correndo, assustado.

JOVEM 2: - Mas que diabos é aquilo?

JOVEM 1: - Cara, vamos chamar a polícia!

Os dois saem correndo, completamente em pânico. Close no corpo da prostituta. Está seco, murcho, completamente duro como uma pedra.

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ LÁ FORA


BLOCO 1:

FBI – Washington, D.C. - Arquivos X - 7:23 A.M.

Scully entra na sala. Mulder olha pra ela, enquanto coloca seus objetos dentro de uma caixa de papel.

SCULLY: - Sabia que se chegasse mais cedo poderia te encontrar aqui. Estou procurando você há uma semana! Tentei seu celular, seu apartamento... Onde está dormindo?

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, precisamos conversar! (OLHA PRA ELE QUE ESTÁ TIRANDO O POSTER DA PAREDE E ENROLANDO-O) ... O que está fazendo?

MULDER: - Estou indo embora. Deixei minha demissão sobre a mesa do Skinner.

SCULLY: - Embora? Mulder, não pode me deixar aqui! Temos que descobrir a verdade! Temos trabalho pela frente...

MULDER: - Já achei ‘minha irmã’, Scully. Não tenho mais nada pra fazer aqui.

Scully aproxima-se dele. Mulder se afasta.

SCULLY: - Mulder, pelo amor de Deus, eles forjaram isso! Não somos irmãos! Eles querem no separar, haveria modo mais convincente de deixarmos um ao outro e de fazer você abandonar os Arquivos X? Pensa, Mulder! Pensa!

MULDER: - Como posso ficar aqui e encarar você depois das coisas que fizemos? É melhor eu ir embora, antes que mais desgraças aconteçam! Eu não vou conseguir ficar aqui com você, olhar pra você todo o dia e remoer a minha culpa! ... Seja feliz, Scully. Adeus!

Mulder passa por ela com a caixa. Scully vai atrás dele. Mulder entra no elevador e fecha a porta depressa. Scully sobe pelas escadas. Mulder caminha até o estacionamento e atira a caixa dentro do carro. Scully aproxima-se. Mulder afasta-se dela. Entra no carro. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Vai agir como uma criança?

MULDER: - Afaste-se de mim!

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, não percebe que é o que eles querem que você acredite? Eu não sou sua irmã, Mulder! Isso é absurdo!

Mulder sai do carro.

MULDER: - Como acha que eu me sinto? Scully, eu sabia desde o início que não devíamos ficar juntos!

SCULLY: - (INDIGNADA) Mulder, olha o que está dizendo! Está com os nervos em frangalhos e eles estão se aproveitando disso! Eu sou a culpada aqui, eu coloquei você nessa! Se não fosse por mim, eles não teriam feito isso com você!

Mulder não consegue olhar pra Scully. Vira o rosto.

SCULLY: - Mulder, trabalhar pra esse homem não vai resolver nada! Não percebe que ele vai usar você e depois descartá-lo com um tiro na cabeça? Você não deve nada a ele, Mulder! Não pode ter caráter para com pessoas que não o tem! Estou aqui, agora eles que se danem!

MULDER: - Eu sou uma das experiências dele. Por isso ele nunca me matou.

SCULLY: - Mulder, você está sem condições de fazer suposições coerentes! Olha o circo que se armou ao seu redor! Muita coisa nova surgiu, você não teve tempo pra assimilar nada! É o jogo deles! Acorda, Mulder!

MULDER: - Bem que ele falou que nos queria separados porque eu acabaria descobrindo algo de que não gostaria! Ele me disse, Scully, que não colocou você à toa nos Arquivos X. Que você era importante na minha vida, não do jeito que eu pensava!

SCULLY: - Mulder, é um jogo de mentiras! Estou tentando conversar com você, mas você não quer escutar as coisas que tenho pra dizer!

Mulder entra no carro. Sai em disparada. Scully entra em seu carro. Sai em disparada. Pára num sinal, ao lado de Mulder. Abaixa o vidro.

SCULLY: - Mulder, precisamos conversar!

MULDER: - Afaste-se de mim, Scully!

SCULLY: - Mulder, por favor...

Mulder passa com o sinal fechado. Scully fecha os olhos. O sinal abre. Ela acelera. Encosta ao lado do carro dele novamente.

SCULLY: - Quer fazer um pega? Meu pé alcança muito bem os pedais!

Mulder passa dela. Scully acelera mais. Freia bruscamente, porque um caminhão atravessa-se em sua frente. Scully esmurra o volante.

SCULLY: - Droga!


FBI – Gabinete do diretor assistente - 8:23 A.M.

Scully entra na sala. Skinner está lendo a demissão de Mulder. Rasga o papel. Scully senta-se.

SKINNER: - Que história é essa de que vocês dois são irmãos?

SCULLY: - Mais uma mentira, senhor. E o Mulder está propenso a acreditar nela.

SKINNER: - Já liguei pra ele e disse que demissão está fora de cogitação. Ele não está em condições mentais para pensar em nada.

SCULLY: - ... Pedi novos exames. Desta vez eu vou fazê-los pessoalmente.

SKINNER: - Tem certeza de que...

SCULLY: - Senhor, cientificamente eu não tenho certeza. Mas... Isso é extra-oficial: Não preciso de explicações científicas para saber que o Mulder não é meu irmão. É uma coisa de... sexto sentido.

SKINNER: - Agente Scully, percebo uma certa mudança em suas crenças?

SCULLY: - Não, senhor. Mas há coisas que nem a ciência poderia explicar. Acho que estou começando a acordar meus instintos adormecidos.

SKINNER: - Tenho um caso pra vocês. Suspeito que tem “fumaça” nessa história. Uma prostituta foi achada morta. O corpo num estado nada normal. Preciso que você e o Mulder peguem um avião até Nova Iorque.

SCULLY: - Acha que ele irá?

SKINNER: - Não pelas minhas ordens. Mas se o Canceroso está envolvido, Mulder estará lá para apagar as provas.

SCULLY: - Isso não vai acontecer de novo, senhor. Eu prometo.


Apartamento de Mulder - 9:01 A.M.

Mulder arruma suas roupas numa mala. Alguém aproxima-se por trás dele. Mulder puxa a arma e vira-se rapidamente. Sente um alívio. Abaixa a arma.

MULDER: - Você me deu um susto!

CANCEROSO: - Gosto de reflexos rápidos, agente Mulder.

MULDER: - Faça o que quiser, eu não trabalho mais pra você. E não fume aqui dentro.

CANCEROSO: - Está rompendo nosso acordo?

MULDER: - Estou. Vou sumir daqui.

CANCEROSO: - Preciso de você dentro do FBI, Mulder.

MULDER: - Eu não posso mais ficar perto dela!

CANCEROSO: - Pra quem passou a vida toda em busca da verdade, não está sabendo conviver com ela.

MULDER: - Droga, Canceroso! Eu já fiz as sujeiras que você queria! Agora me deixe em paz, eu vou sair por aquela porta e você nunca mais terá notícias sobre mim. Acabou sua dor de cabeça, eu não serei mais um entrave pro seu jogo sujo!

CANCEROSO: - Sabe das regras. Se cair fora eu a pego novamente.

Mulder fecha os olhos. Respira fundo.

CANCEROSO: - Tem um Arquivo X em Nova Iorque. Preciso que encubra o caso. Algum imbecil roubou uma coisa muito preciosa e está me chantageando, quer expor o Sindicato.

MULDER: - E o que quer que eu faça?

CANCEROSO: - Quando descobrir o paradeiro do miserável, você vai matá-lo. Não quero pistas. Suma com o corpo. Suma com as testemunhas, com a vítima. Tome cuidado, ele tem uma coisa perigosa nas mãos.

MULDER: - E o que é?

CANCEROSO: - Isso é tudo o que precisa saber, Mulder.

MULDER: - Se vou trabalhar pra você pelo menos quero saber com o que estou lidando!

CANCEROSO: - Com uma vacina desenvolvida.

MULDER: - Óleo negro?

CANCEROSO: - Agentes químicos poderosos. Em questão de segundos drenam todo o fluído corporal de uma pessoa.

MULDER: - Pra quê querem alguma coisa assim?

CANCEROSO: - Isso é tudo. Vá para Nova Iorque. E não me desaponte.

O Canceroso sai. Mulder senta-se na cama. Põe as mãos no rosto.


Columbia University – Departamento de Medicina – N.Y. - 2:36 P.M.

Scully entra no necrotério. Uma professora a acompanha. Mulder vem atrás delas, meio desligado.

FORBES: - Era uma prostituta, a polícia pediu que ficássemos com o corpo até achar algum parente ou amigo. Vai ver por si, Dra. Scully, o estado anormal do cadáver.

A médica abre uma das gavetas do refrigerador. Mulder aproxima-se. Scully levanta o lençol. Os dois olham para o cadáver. Mulder vira o rosto.

FORBES: - Estranho, não? Nunca havia visto nada assim.

SCULLY: - Está calcificado, como se todo o líquido tivesse sido retirado...

FORBES: - Fique à vontade para fazer a autópsia. Se precisar, estou na sala ao lado.

A médica sai.


2:47 P.M.

Scully se prepara para a autópsia. Mulder está parado, num canto, olhando pela janela.

SCULLY: - Mulder, o que acha disso?

MULDER: - Nojento.

SCULLY: - Não perguntei isso. Sabe de alguma coisa?

MULDER: - Não sei nada.

SCULLY: - Me desculpe, Mulder. Esqueci que agora está trabalhando contra a verdade. Não somos mais colegas e não posso mais confiar em você.

MULDER: - ... Não há nada aí, Scully.

Scully pega o bisturi. Olha pra Mulder.

SCULLY: - Se tentar esconder a verdade, Mulder, eu vou me esquecer de tudo o que já passamos juntos e vou retalhar você, vivo, aos pouquinhos.

MULDER: - ... Isso foi cruel, Scully.

SCULLY: - Cruel é o que fizeram com essa moça! E parece que você não está se importando nem um pouquinho com isso! Olhe pra ficha que está em suas mãos! Ela era uma mulher jovem, bonita. Acha justo o que fizeram com ela?

MULDER: - Scully, eu ainda sou o Mulder, tá certo? Eu concordo com você, minha vontade é de matar aquele desgraçado! Mas eu estou de mãos atadas!

SCULLY: - Mulder, rompa o acordo.

MULDER: - (AFLITO) Se romper eles te matam!

SCULLY: - Se não romper, Mulder, eles matam você e vão continuar a matar mais gente. Há mais vidas aqui em jogo do que apenas a minha. Como acha que me sinto vendo você se afundar na vida por minha causa? Você está sendo egoísta, colocando suas prioridades antes das prioridades dos outros!

Mulder observa pela janela. Scully examina o corpo. Vê a perfuração no pescoço.

SCULLY: - Há uma perfuração de seringa no pescoço da vítima, Mulder. Seja o que for, parece ter drenado todo o líquido corporal. Não faz sentido... Não se pode drenar líquidos de um corpo com uma seringa!

MULDER: - ...

Scully começa a incisão. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Não drenaram, Scully. Injetaram uma vacina.

Scully pára. Tira a máscara.

SCULLY: - Como assim?

MULDER: - Ele não me deu maiores informações. Sei que alguém roubou uma experiência química deles e os está ameaçando. Preciso achar o cara, matá-lo e afastar você da verdade.

Scully aproxima-se de Mulder. Percebe que ele está com os olhos cheios de lágrimas.

SCULLY: - Então por que está me contando isso?

MULDER: - Porque eu ainda quero a verdade, Scully. Porque eu não posso mentir pra você! Não é justo que eu fique escondendo a verdade das pessoas. Eu lutei contra esses homens e agora sou o pior desgraçado de todos eles!

SCULLY: - Mulder, por que não vai até o local onde encontraram o corpo? Respira um ar, tome um sorvete... Eu vou terminar o que estou fazendo e te encontro no hotel. Precisamos conversar. Acho que ainda sou uma amiga, não sou?

MULDER: - ... Você sempre é, Scully.

Mulder sai da sala. Scully aproxima-se do corpo.


BLOCO 2:

Central Park – 4:13 P.M.

Mulder e um policial aproximam-se dos arbustos.

POLICIAL: - As duas testemunhas acharam o corpo aqui. Sem pistas, sem nada.

Mulder abaixa-se, olhando o local. O celular dele toca. Mulder levanta-se e atende.

MULDER: - Mulder.

SIPOWICS (OFF): - Agente Mulder, aqui é o detetive Sipowics, do Precinto 15. Desculpe ficar ligando pra você, mas tem um bastardo sentado na minha frente que diz que viu o homem que matou a prostituta.

MULDER: - Está aí com você?

SIPOWICS (OFF): - Está, mas não sei se pode dar crédito ao filho da mãe. Parece que cheirou até soda cáustica.

MULDER: - Eu estou indo pra aí.

Mulder desliga. Olha pro policial

MULDER: - Pode me levar até o Precinto 15?


NYDP – Precinto 15

Mulder entra. Diane ao vê-lo, aproxima-se. Mulder mostra a credencial.

MULDER: - Agente Mulder, FBI. Preciso falar com o detetive Andy Sipowics.

DIANE: - Ele está na sala de interrogatório. Eu mostro pra você onde fica.

Mulder e Diane atravessam a sala. Diane abre a porta. Sipowics aproxima-se de Mulder. Diane vai embora.

SIPOWICS: - Como vai, agente Mulder? Liguei para o FBI, a fim de dar essa informação e me disseram que estava no caso. Ainda bem que costumo guardar cartões com números de telefone.

MULDER: - É bom ver você, Sipowics. Estou precisando de um companheiro pra afogar as mágoas num copo.

SIPOWICS: - (SORRI) Falou com o tira certo.

O garoto olha pra eles, assustado. Está sentado à mesa de interrogatório. Usa um boné dos Yankees.

SIPOWICS: - Esse filho da mãe, cheirador de porcaria disse que viu a garota entrar num carro, na frente do Holliday’s Club.

GAROTO: - Eu li nos jornais que a moça havia sido achada morta. Só quis ajudar, por que me prenderam?

SIPOWICS: - Olha aqui, espertinho, sua ficha tem mais de dez quilômetros! Se acha que eu sou estúpido, agora vai ver o que é estupidez! Ele é um agente federal, e os federais são treinados pra arrancar verdades puxando-as garganta acima.

O garoto arregala os olhos.

SIPOWICS: -Vou deixá-los à sós. (DEBOCHADO) Faça o que quiser com ele, agente Mulder. Só não deixe lesões corporais.

GAROTO: - (ASSUSTADO) Não, detetive, por favor!

Mulder olha pra Sipowics, segurando um riso. Sipowics fica. Fecha a porta.

GAROTO: - Eu quero um advogado!!!

Sipowics aproxima-se dele.

SIPOWICS: - Vou fazer melhor. Vou trazer uma assistente social pra você. Uma daquelas velhas caquéticas, com óculos de fundo de garrafa, cheias de carinho pra dar, pegajosas e chatas, que trazem quilos de formulários sobre pedagogia e psicologia!

GAROTO: - Não! Eu falo, eu falo!

Mulder puxa uma cadeira e senta-se. Sipowics abre a porta.

SIPOWICS: - Quer beber alguma coisa?

MULDER: - Aceito.

GAROTO: - Eu quero uma Coca.

SIPOWICS: - Não acha que já está cheio de “Coca” por um dia?

Mulder ri.

SIPOWICS: - Eu vou te dar uma Coca se contar o que sabe.

GAROTO: - ....

MULDER: - Traz uma Coca pra ele, Sipowics. Ele vai colaborar. É um bom garoto.

SIPOWICS: - Agente Mulder, não sei como é em Washington, mas aqui em Nova Iorque esses garotos são tão bons quanto os filhos do capeta! Nem saem da barriga das mães e já estão roubando bolsas através de determinados orifícios! Eu sei bem do que estou falando.

Sipowics sai. Mulder olha pro garoto.

MULDER: - Qual o seu nome?

GAROTO: - Me chamam de Big Joe.

MULDER: - Então, Big Joe, torce pros Yankees?

GAROTO: - Ah, corta esse papo furado de tira! Eu não sei porque vim aqui dar informações. O problema não é meu!

MULDER: - Talvez fosse você no lugar dela ou alguém de quem gostasse muito. Não gostaria que alguém se importasse?

GAROTO: - Ninguém se importa comigo, cara!

MULDER: - Eu me importo com você. Não pedi pro detetive ir buscar uma Coca?

GAROTO: - Tá legal, cara. Eu vou contar o que vi. Eu e uns camaradas estávamos numa boa, curtindo um pó. Então chegou o Falcão e a gangue dele, começaram a puxar briga. Nós resolvemos tudo numa boa e eles foram embora. Então eu fiquei sozinho, sentado na calçada e vi a vadia entrar naquele carro.

MULDER: - Viu a placa?

GAROTO: - Não cara, tava escuro e eu tava cheirado, “falô”? Mas eu lembro do sujeito. Ele era loiro, devia ser bem alto, porque a cabeça dele ficava quase perto do forro do carro. Ele tinha uma cicatriz do lado do rosto. Eu até pensei: O que “Scarface” está fazendo pelas bandas, sacou? Scarface... Al Pacino...

Sipowics entra. Coloca uma lata de refrigerante na frente do garoto. Entrega outra pra Mulder. O garoto ergue as mãos, mostrando as algemas.

GAROTO: - Isso é necessário? Como vou beber essa droga desse jeito?

Mulder olha pra Sipowics. Sipowics tira as algemas do garoto. O garoto abre o refrigerante e começa a beber.

MULDER: - Se visse algumas fotos poderia reconhecer o cara?

GAROTO: - Numa boa.

SIPOWICS: - Esse miserável não sabe distinguir o Bill Clinton do Papa!

MULDER: - Vamos dar uma chance ao garoto, Andy.

GAROTO: - Se eu achar o cara, vão me liberar?

SIPOWICS: - Se conseguir visualizar a estátua da liberdade há um metro de distância dela eu te pago um caminhão de refrigerante!

Sipowics pega alguns álbuns de suspeitos. Atira na mesa.

SIPOWICS: - Pode começar. Quanto mais rápido for, mais rápido vai tirar o seu traseiro fedorento desse distrito!

O garoto pega os álbuns e começa a olhar as fotos.


Hotel East End Avenue - 7:46 P.M.

Mulder abre a porta de seu quarto. Scully entra, com alguns papéis na mão.

MULDER: - Encontrei o detetive Sipowics hoje à tarde. Há um garoto que viu o sujeito. Mas como suspeitava, não tinha registros na polícia. Entretanto, a descrição do suspeito foi válida. Andei xeretando alguns arquivos da CIA e descobri que ele trabalha para o governo. É um médico, chamado Bernard Thompson. Trabalhou junto com a Suzanne Modesky.

SCULLY: - Mulder, seja o que for que injetaram naquela mulher, não pôde ser detectado em nenhum exame! Sumiu, sem deixar vestígios.

MULDER: - O que querem com uma coisa tão mortal?

SCULLY: - Ele disse que era uma vacina?

MULDER: - Disse. Mas vacina pra quê? O que pretendem com isso?

SCULLY: - Mulder, você precisa descobrir.

MULDER: - Acha que eles me dirão? Scully, eles não confiam em mim! E você sabe porquê!

SCULLY: - Mulder, seja o que for, essa substância é extremamente perigosa! Você viu o estado do corpo daquela mulher! Parecia que estava em estado de inanição há anos! Que tinha morrido de fome!

Scully caminha até a janela. Olha pra cidade. Começa a chorar. Mulder percebe que ela está chorando. Aproxima-se dela. A abraça.

SCULLY: - Que tipo de pessoa faria uma coisa dessas com gente inocente, Mulder? E se usarem isso em crianças?

Scully solta-se dele.

SCULLY: - E você está os ajudando!

MULDER: - Scully...

SCULLY: - Mulder, quantas vidas vai sacrificar pela minha? Eu odeio você!

Scully sai, batendo a porta.


Quarto de Scully - 12:56 A.M.

O celular de Scully toca. Ela sai do banheiro e atende.

SCULLY: - Scully.

SKINNER (OFF): - Volte imediatamente para Washington. Encerre o caso.

SCULLY: - Como assim?

SKINNER (OFF): - Me ouviu, agente Scully. Estou dando ordens para que você e o Mulder voltem imediatamente.

SCULLY: - Aconteceu alguma coisa?

SKINNER (OFF): - Preciso que confie em mim. Se o Canceroso questionar o Mulder, ele vai ter que voltar para aí, mas assim ganhamos tempo. Eu sou o chefe do Mulder ainda. Mando ele voltar quando quiser.

SCULLY: - Descobriu algo sobre o que lhe falei?

SKINNER (OFF): - Ainda bem que me falou o que o Mulder descobriu sobre o caso.

SCULLY: - Senhor...

SKINNER (OFF): - São ordens, agente Scully. Caso encerrado pra vocês. Vá para sua casa descansar. E não conte sobre nossa conversa ao Mulder.

Scully desliga. Corre para o armário e começa a arrumar sua mala.


Hotel Ambassador - 1:11 A.M.

Krycek abre a porta. Mulder entra.

KRYCEK: - O que quer falar comigo?

MULDER: - Encontrei Thompson.

KRYCEK: - O matou?

MULDER: - Não.

KRYCEK: - Por que não? Pegou a vacina?

MULDER: - Achei que era apenas uma amostra.

KRYCEK: - É apenas uma amostra, mas não pode ficar a solta por aí.

MULDER: - ... Não o matei porque quero pegá-lo desprevenido. Ele confia em mim. Vai me entregar as provas e eu vou matá-lo.

KRYCEK: - Mulder, eu não confio em você, sabia?

MULDER: - Estamos empatados.

Mulder sai. Krycek pega o telefone.


Apartamento de Skinner – 1:33 A.M.

Skinner fecha as cortinas. Frohike olha pra ele.

Foco sai do close em Frohike para terminar em Thompson, sentado no fundo da sala.

SKINNER: - Pode falar, aqui é seguro.

THOMPSON: - Nenhum lugar é seguro, diretor assistente. Ninguém está a salvo.

Frohike aproxima-se dele.

FROHIKE: - Posso ajudá-lo se me ajudar.

THOMPSON: - Como posso confiar em você? Eles vão me matar.

FROHIKE: - Eu já estou morto, amigo. Não é uma situação pior do que a sua?

THOMPSON: - Eu os ajudei a desenvolver essa vacina. Não vou dizer que estou com crise de consciência. Eu só quero ferrar com eles.

SKINNER: - Por que acreditaríamos em você?

THOMPSON: - Porque eles me enganaram. Tentaram me matar pra proteger o segredo. Mataram minha mulher. Agora eu vou abrir a boca sobre tudo o que sei. Vou matar até que a polícia se envolva nessa história e a coisa escape do controle deles. Vou expô-los.

FROHIKE: - Pra quê serve essa vacina?

THOMPSON: - Para matar, sem deixar vestígio. Sabe do acordo de colaboração entre nosso país e os miseráveis da África? O governo Africano quer acabar com a superpopulação de miseráveis. Quer coisa melhor do que usar uma vacina anti-malária como cobertura?

SKINNER: - E os vestígios?

THOMPSON: - Não deixa vestígios. A pessoa definha, como se tivesse morrido de inanição. Quem suspeitaria disso? Eles morrem de inanição todos os dias!

SKINNER: - Jesus, como podem ser tão podres?

THOMPSON: - Sobrevivência, sr. Skinner. O planeta está transbordando de gente. Nas últimas décadas temos desenvolvido doenças e vacinas para o Projeto Cavalo de Troia.

FROHIKE: - Que projeto é esse?

THOMPSON: - O inimigo está escondido dentro do próprio corpo. Ele chega disfarçado de presente. Mas é morte. Ou acha que a AIDS é uma doença de macacos? É um vírus alienígena. É a gripe deles. Pra nós é mortal.

FROHIKE: - Vocês tem a cura?

THOMPSON: - Temos a cura de tudo, AIDS, Câncer... O que quiser. Mas isso não nos dá lucro, não para os laboratórios. É melhor manter um doente com medicamentos por vários anos do que lhe entregar uma vacina. Lucra-se mais com isso. O extermínio já começou, e ele está disfarçado de “globalização da economia”. O mundo tem pobres demais, estão contaminando a Terra com sua pobreza. Precisam morrer de fome, sem trabalho, sem direito de defesa.

Frohike olha pra Skinner.

THOMPSON: - É a hora da limpeza, senhores. Aos poucos estamos matando sem que ninguém perceba isso. O que não podemos matar, os desastres naturais fazem por nós. Ou acham que tudo é coincidência? Aviões que caem todos os dias, prédios explodidos por bombas... Os terroristas levam a culpa por nós. E eles falam sua língua materna: inglês.

FROHIKE: - Posso ajudar você se me entregar essa vacina.

THOMPSON: - Como vou confiar em você? O que quer com isso?

FROHIKE: - O que quero é problema meu. Também tenho contas a acertar com esse sujeito.

THOMPSON: - Se me tiraram a salvo do país, eu entrego. Tenho a fórmula também, por isso eles estão desesperados.

FROHIKE: - Vou conseguir documentos falsos e você dá o fora daqui. Mas quero saber tudo o que sabe. Quero provas em minhas mãos.


FBI – Gabinete do diretor-assistente - 9:34 A.M.

Mulder e Scully entram.

SKINNER: - Recebi um recado do diretor. Não foi nada agradável. Quer saber por que encerrei o caso.

MULDER: - E por que encerrou?

SKINNER: - Você mesmo me disse, Mulder. Não era um Arquivo X. Portanto, não percam tempo nisso. Já designei outros agentes.

Scully olha pra Skinner. Mulder não percebe a trama.

SKINNER: - Agora vão fazer seus relatórios, preciso entregá-los hoje.

SCULLY: - Senhor, se precisar, estarei no laboratório. Tenho algumas amostras de DNA para analisar. Pessoalmente.

Scully levanta-se. Sai. Mulder olha pra Skinner.

MULDER: - Por que encerrou esse caso?

SKINNER: - Porque não quero ver você com uma bala na cabeça. Você passou para o lado deles!

MULDER: - Sabe que isso não é verdade! Eu não sei de onde tirou essa imbecilidade, Skinner!

SKINNER: - Mulder, se quer me poupar, até entendo. Mas não subestime minha inteligência. Quando você usava fraldas eu já estava lendo Camus!


BLOCO 3:

Apartamento de Mulder - 7:32 P.M.

Scully entra. Ouve o barulho do chuveiro. Entra no banheiro.

SCULLY: - Mulder, você vai me ouvir!

MULDER: - O que quer aqui?

SCULLY: - Fiz novos exames, Mulder. Vou mostrar à você que está errado!

MULDER: - E se eu não estiver?

Scully abre a porta do box. Olha pra Mulder, debochada.

SCULLY: - Foi um caso de incesto muito agradável.

MULDER: - Scully, não brinca com essas coisas!

Mulder se enrola numa toalha e sai do banheiro. Scully vai atrás dele.

SCULLY: - Mulder, quebre sua palavra com aquele homem, ele não tem palavra!

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, quer me ouvir?

Mulder pára. Olha pra ela.

SCULLY: - Estou ficando irritada, nervosa e com ódio! Quero te matar, sabia?

MULDER: - O que eu podia fazer? Eu... eu queria você de volta. A qualquer preço.

SCULLY: - Mulder, fico orgulhosa de saber que me ama tanto, a ponto de jogar fora sua própria vida e o seu caráter! Eu estou aqui, e precisamos pensar juntos numa maneira de tirar você dessa.

MULDER: - Estou ferrado, Scully. Saia de perto de mim, porque me tornei um monstro.

SCULLY: - Vá dormir, Mulder. Depois de uma boa noite de sono, vai começar a perceber coisas que não está percebendo agora!

MULDER: - Vá embora.

SCULLY: - Não vou. Vou ficar aqui, a noite toda, nem que eu durma no sofá. Mas vou cuidar de você.

MULDER: - Scully, prometa que não vai tocar em mim!

SCULLY: - (IRRITADA) Pra começo de conversa tome um calmante de deite-se naquela cama! Ordens médicas! Eu tenho trabalho a fazer e não posso ficar aqui discutindo com criança teimosa! Vá já para o quarto, Mulder, ou vai apanhar tanto que vai dormir à força!

Mulder vai para o quarto. Scully suspira. Vai para o computador de Mulder. Mulder a espia pela porta.

SCULLY: - Vá dormir, Mulder!

MULDER: - Eu não consigo dormir direito há dias!

SCULLY: - Mulder, você nunca me viu furiosa. Não me tire do sério!

MULDER: - Eu não quero dormir, Scully!

Scully levanta-se. Começa a atirar nele tudo que acha pela frente. Mulder corre pro quarto.


1:47 A.M.

[Som: The Corrs – Dreams]

Scully, de óculos, sentada na frente do computador, com uma caneca de café. Recebe por fax o resultado das novas amostras de Mulder enviadas por ela. Na tela, várias amostras de DNA, retiradas de um arquivo. Scully as imprime em lâminas e as compara com a de Mulder, contra a luz do abajur. Sorri. Mulder entra na sala. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Confirmado pela segunda vez, Mulder. Eu analisei, outro médico analisou. Meu irmão você não é. Talvez seja meu tio, primo...

MULDER: - (IRRITADO) Como pode achar isso engraçado?

SCULLY: - Estou tentando aliviar o clima por aqui. Descansou?

MULDER: - ... Tem certeza de que não somos irmãos?

SCULLY: - Mulder, tenho tanta certeza disso quanto dois e dois são quatro. Mulder, os testes de DNA não têm erro! Não suspeita que a agente DeWitt ainda está desaparecida? Daquele envelope deixado sobre a mesa, das amostras que foram roubadas... Ou acha que tudo é uma coincidência?

MULDER: - Tem certeza?

SCULLY: - (PERDENDO A PACIÊNCIA) Absoluta, Mulder! Eles fizeram isso num momento em que você estava desabando emocionalmente. Só não entendo por que deixaram um furo desses! Não sabiam que eu iria analisar isso novamente?

MULDER: - ... Sei lá, Scully, eu não consigo pensar em mais nada.

SCULLY: - Mulder, deixa eles pensarem que acreditamos nas mentiras deles. Ganhamos tempo com isso.

MULDER: - E como vamos continuar juntos?

SCULLY: - Vamos fazer de conta que somos imorais, “maninho”!

MULDER: - (FAZ CARA DE NOJO)... Péssima ideia, Scully. Me enoja de pensar! Tem certeza mesmo que...

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, cala a boca! Você só tem uma maneira de pertencer a minha família e sabe qual é o jeito! Se quer pular fora, use outra desculpa, esta não vai funcionar.

Scully continua analisando as amostras. Mulder pega o café dela e bebe. Scully puxa a xícara dele, deixando um pouco do café cair no chão.

SCULLY: - Não! Devolve isso aqui! Não precisa de cafeína, precisa dormir, Mulder!

MULDER: - Que férias maravilhosas que tivemos! Estou mais cansado do que estava antes.

SCULLY: - Mulder, temos férias ainda. Dessa vez, eu escolho o lugar, porque você e o Skinner não sabem escolher lugares para passar férias!

O telefone toca. Mulder olha pra Scully. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Deixe cair na secretária.

MULDER: - Eles não são idiotas pra deixarem recados na secretária.

Mulder atende.

CANCEROSO (OFF): - Vai receber um Arquivo X pela manhã. Vá pra Utah e faça sua parte. Nova Iorque está com o Krycek agora.

Mulder desliga.

MULDER: - Pelo menos sempre sei com antecedência o lugar pra onde vamos. É como participar daquela série Early Edition! Só que o gatinho é um leão faminto!

SCULLY: - O que ele disse?

MULDER: - Pra fazer minha parte em Utah.

SCULLY: - Não vamos pra Utah, Mulder. Estamos de férias.

MULDER: - Ah, ah, ah! Acha que vou dizer isso à ele?

SCULLY: - Mulder, você está ficando frouxo!

MULDER: - Frouxo? Scully, você sabe com quem estamos lidando?

SCULLY: - Com um velho hipócrita.

MULDER: - Não vai achar meu pai aí, Scully. Desista disso!

SCULLY: - Pelo menos sei quem não é seu pai...

MULDER: - Scully, você tem sido o meu cérebro nos últimos dias...

SCULLY: - Eles me contrataram achando que eu era uma imbecil. Vou provar pra eles o quanto de QI eu tenho! Estão menosprezando a detetive aqui? Pois eles vão ver o que é bom pra tosse! Não conhecem o meu lado de leoa ainda, aqueles idiotas!

Mulder olha pra ela, arregalando os olhos.

MULDER: - Uau, Scully!

SCULLY: - Meteram-se com o meu homem. Agora vão arranjar uma boa dor de cabeça! Posso parecer indefesa, mas é só aparência. Isso serve de aviso pra você também, Mulder!

MULDER: - Eu estou comportado agora.

SCULLY: - Acho bom. Agora seja um bom menino e volte pra cama.

MULDER: - (ORGULHOSO) Scully, impressão minha ou está tentando me salvar? Está perdendo seu sono tentando me ajudar?

SCULLY: - (DEBOCHADA) Não, Mulder. Estou ajudando a mim mesma. Não vou perder um cara como você, que sempre volta no outro dia. Agora vá dormir, antes que eu atire o computador na sua cabeça.

Mulder vai pro quarto, sorrindo como criança boba. Scully larga as lâminas sobre a mesa.

SCULLY: - (SUSPIRA) Deus, o que eu faço? Conto ou não pra ele?


10:26 A.M.

Mulder levanta-se. Vai até a sala. Scully está dormindo no sofá. 

MULDER: - Scully, perdemos a hora! Estamos atrasados.

SCULLY: - Ahn??

MULDER: - Mayday, mayday, planeta Terra chamando agente Scully! Perdemos o horário, estamos atrasados para o trabalho! Câmbio, desligo!

Scully senta-se no sofá, sonolenta.

SCULLY: - Vá você, Mulder. Tenho coisas a resolver.

MULDER: - Acha que vou deixar você aqui sozinha, matutando bobagens nessa sua cabeça doentia?

SCULLY: - Caia fora daqui, Mulder. Preciso pensar. Vou pro meu apartamento.

MULDER: - Scully, por favor, não faça bobagens.

SCULLY: - Se fizer, vou avisar você antes. Prometo.

Mulder olha pra ela. Ela dá um sorriso.

SCULLY: - Agora vá, Utah está esperando por você.


Apartamento de Scully - 3:32 P.M.

Scully está ao computador. Recebe o aviso de que tem um e-mail.

SCULLY: - Mas que diabos é isso?... Hum, “amada”? (RINDO) Amada? Mas quem é o idiota?... Tenho encontro marcado em seu ‘coração’ às 2 da madrugada. Estarei esperando cheio de ‘amor’ para te dar, no lugar em que ‘nos conhecemos pela primeira vez’. Ainda te acho quente... Assinado “Don Juan”...

Scully começa a rir.

SCULLY: - Cuidadoso como sempre!


Pistoleiros Solitários - 4:31 P.M.

Thompson está de pé. Langly coloca uma barba postiça nele. Suzanne ajeita a roupa dele. Frohike aproxima-se.

FROHIKE: - Aqui estão os papéis que prometi. Passaporte, identidade, tudo o que precisa.

THOMPSON: - Como vão me tirar do país?

LANGLY: - Isso é conosco. Estamos ficando experts nisso, não é, Byers?

Byers está pensando longe, admirando Suzanne.

SUZANNE: - Thompson, quero a vacina.

Thompson entrega um pequeno tubo pra ela. Entrega um disquete.

THOMPSON: - Aqui estão as informações, colega.

LANGLY: - Vocês trabalharam juntos?

SUZANNE: - Não exatamente juntos, mas nos conhecemos. Fomos usados por eles da mesma maneira.

LANGLY: - Esta noite, levaremos você até o México. Vou deixá-lo numa cantina chamada El Cacto. Lá vai falar com um cara chamado Cucaracha. Ele tem uma passagem pra você. Escolha o destino, suma do mapa, e hasta la vista, baby. Não vamos saber onde você está.

THOMPSON: - Vão fazer o que me disseram com o que lhes entreguei?

FROHIKE: - Pode apostar.

THOMPSON: - Vocês são malucos! Não sabem com quem estão lidando!

BYERS: - Temos um amigo que está com problemas.

FROHIKE: - Vamos tirá-lo dessa. Ele merece. Já fez muito mais do que isso por nós.


Apartamento de Scully - 10:18 P.M.

Scully abre a porta, usando um avental. Mulder entra.

MULDER: - Era um Ar...

Mulder pára de falar. Olha por tudo.

SCULLY: - Não se preocupe, não há escutas. Já verifiquei até dentro do meu O.B.!

MULDER: - (RI) ...

SCULLY: - (FAZENDO BEIÇO) Mentira, Mulder. Não uso mais essas coisas, infelizmente... Tá, o que descobriu?

MULDER: - Era um Arquivo X, Scully.

SCULLY: - Entregou o relatório?

MULDER: - Ainda não. Mas já liguei pra ele, dando o meu parecer. Encobri as provas, Scully.

SCULLY: - Ligou pra ele? Hum... Quem diria que eu ouviria isso um dia!

MULDER: - É mais um número de telefone que depois desaparece misteriosamente.

Scully vai pra cozinha.

SCULLY: - Fiz um jantar pra você.

MULDER: - Macarrão com bacon?

SCULLY: - Não. Arroz à grega, batatas à dorê e um gostoso e suculento filé.

MULDER: - (DEBOCHADO) Acho que deveria ficar em casa, mulher, tomar conta das crianças e preparar meu jantar. Eu sou o homem, eu vou trabalhar. Onde estão meus chinelos, meu cachimbo e o controle da TV?

SCULLY: - Hum, estamos com um senso de humor bem aguçado hoje.

MULDER: - Você me dá forças pra continuar lutando. Quando você se vai, eu fico perdido.

SCULLY: - Vá tomar um banho, Mulder. Não vai deitar na minha cama suado desse jeito!

Mulder vai entrando no corredor.

SCULLY: - Tenho que sair hoje à noite.

Mulder pára. Vira-se pra ela.

MULDER: - E onde vamos?

SCULLY: - Não vamos. Eu vou. Você fica.

MULDER: - Mulher minha não sai de noite por aí sozinha! Ah, não mesmo. Está cheio de tarados oportunistas espreitando suas caças pelas esquinas!

SCULLY: - “Yes, me Jane, you Tarzan”! ... Só na sua cabeça, Mulder! Eu tenho um encontro.

MULDER: - Encontro?

SCULLY: - Com ‘Don Juan’.

MULDER: - Se isso te deixa feliz, Scully, eu comprei uma fantasia de Zorro, mas ainda não pude usá-la, não tivemos oportunidade.

SCULLY: - Mulder, tenho um encontro hoje com alguém que me acha “quente”, entendeu?

MULDER: - Sério? Mas como você descobriu...

SCULLY: - Mulder, sou uma boa detetive, embora você já disse que não. Sei de tudo, Mulder. De toda a encrenca em que está metido. Don Juan tem algo pra me dizer. Acho melhor ficar por aqui, pra não levantar suspeitas.

MULDER: - Tá, eu fico.

SCULLY: - Ah, quanto a fantasia de Zorro: se estiver mentindo, Mulder... Eu vou cobrar sua promessa. Agora vá pro banho!

MULDER: - (DEBOCHADO) Não trouxe roupas.

SCULLY: - Tudo bem, te empresto uma camisola.

MULDER: - ... Interessante. Não havia pensado nisso.

SCULLY: - Democracia, Mulder. Uso suas cuecas e você minha camisola. Vá pro chuveiro! Anda!!! Você está fedendo a cigarros!

MULDER: - Como se não fumasse escondida, sua menina má!

SCULLY: - Mulder, quer levar um filé na cara?

Mulder corre pro banheiro.


10:45 P.M.

Mulder senta-se à mesa. Está sem camisa, apenas de calças. O prato está servido.

MULDER: - Não vai jantar?

SCULLY: - Estou de dieta. Mulder, ficar sem camisa à mesa é falta de etiqueta!

MULDER: - Não, é falta de camisa mesmo... Ei, quer me deixar gordo com tanta comida?

SCULLY: - (SEDUTORA) Quero. Mulheres não olham pra homens gordos.

MULDER: - ... Hum, isso tá delicioso.

SCULLY: - Aviso, Mulder: Se “lavar os pratos” à sua maneira, vai se entender comigo!

MULDER: - Eu não estragaria suas porcelanas...

SCULLY: - Acho muito bom.

MULDER: - Ah, Scully, até me sinto mais calmo, sabia? Você entra na minha vida, e, ao mesmo tempo em que bagunça tudo completamente, consegue me deixar calmo.

SCULLY: - Você gosta de bagunça, Mulder. Outro aviso: não deixe a toalha de banho atirada no chão. Tire a colcha da cama antes de deitar. E não atire na minha TV! Nem encha o carpete do quarto com cascas de semente de girassol!

MULDER: - (INDIGNADO) Eu não fico reclamando das suas maneiras quando você está no meu apartamento!

SCULLY: - Claro que não reclama! Eu acabo sempre organizando aquela bagunça!

MULDER: - (DEBOCHADO) ... Scully, tem tempo pra uns amassos naquele sofá? Estou com saudades...

SCULLY: - Mulder, você está muito saidinho hoje!

Mulder faz cara de cachorrinho pidão.

[Som: The Corrs – Dreams]

SCULLY: - Não, Mulder, não mesmo! Eu não caio mais nessa. Nosso relacionamento já está na fase do “eu te conheço muito bem, sei bem qual é a intenção”.

MULDER: - Você me faz esquecer dos problemas, sabia?

SCULLY: - Mulder, não!

MULDER: - Acho que é o jeitinho como fala comigo... Eu gosto de ser mandado.

SCULLY: - Que bom, pois eu gosto de mandar.

MULDER: - (OLHA FIXAMENTE NOS OLHOS DELA) ...

SCULLY: - O que foi? O que está olhando?

MULDER: - Você.

SCULLY: - Hum, Mulder. Mas que droga! Por que não fica quieto, eu preciso sair!

MULDER: - Essa colou?

SCULLY: - Muito bem.

MULDER: - Vou tentar outra....

Mulder levanta-se. Vai pra sala. Scully o acompanha com os olhos, desconfiada.

SCULLY: - O que vai fazer, Mulder?

MULDER: - Vem aqui, Scully.

Scully levanta-se. Vai até a sala.

MULDER: - Quer apostar que eu não vou dizer nada, nem fazer nada e você vai ficar maluca e me arrastar pra aquela cama?

Scully começa a rir.

SCULLY: - Combinado. Aposto um pote enorme de sorvete de chocolate!

MULDER: - Não está de dieta?

SCULLY: - Pra fazer você perder, Mulder, eu topo todas!

Mulder fica olhando pra ela. Scully olhando pra ele. Scully começa a rir.

SCULLY: - Mulder, por que está me olhando desse jeito?

MULDER: - Porque eu gosto de olhar você.

SCULLY: - Essa não cola mais, Mulder. É velha!

MULDER: - (OLHANDO PRA ELA) Eu sei...

SCULLY: - Mulder, pára com isso! Não fica olhando pra mim!

Os dois ficam parados olhando um pro outro. Mulder aproxima-se dela. Scully afasta-se.

SCULLY: - Mulder, não vale tocar um no outro.

MULDER: - Tá certo. Mas não vale ficar tão longe.

Scully aproxima-se dele. Ficam frente a frente. Scully mexe o nariz.

SCULLY: - Que perfume é esse, Mulder?

MULDER: - Não estou usando perfume.

SCULLY: - Está sim...

MULDER: - Não vale falar, Scully!

Scully cheira o pescoço de Mulder, que olha desconfiado pra ela.

MULDER: - Scully, essa desculpa não colou.

SCULLY: - Você está usando perfume, não me chame de mentirosa!

MULDER: - Tá bom. Estou usando.

SCULLY: - Mulder, você está... muito cheiroso... com esse cabelo molhado...

Scully fica olhando pra ele. Mulder faz uma cara de debochado, contendo o riso. Continua olhando pra ela. Aproxima seu rosto do dela. Ergue as sobrancelhas como se perguntasse com os olhos: “e então?”. Scully ri. Eles ficam se olhando por segundos. Scully agarra Mulder. Ele se afasta.

SCULLY: - Não dá, Mulder, pára com isso, eu não aguento mais!

MULDER: - (CRIANÇA MIMADA) Eu ganhei um pote de sorvete de chocolate! Eu ganheiii! Você perdeu!!!

SCULLY: - Mulder, não é justo! Você trapaceou! Esse perfume... Isso está me enlouquecendo!

MULDER: - Eu não falei e nem toquei em você. Não quebrei as regras.

SCULLY: - Vou tomar um banho gelado e depois vou me sentir melhor.

MULDER: - Ah, Scully, por favor... São 11 da noite, tem tanto tempo até às duas!

SCULLY: - Tempo? Mulder, até às duas horas não é nada! Eu preciso de mais tempo!

Mulder fecha os olhos. Suspira. Scully vai pro banheiro.

MULDER: - (GRITA) Tá bom! Eu espero você voltar! Mas vou espalhar sementes de girassol por todo o quarto! E vou quebrar o aspirador!

Scully volta pra sala. Mulder faz cara de pânico.


BLOCO 4:

Scully encara Mulder.

SCULLY: - (INDIGNADA) Não está na sua casa, Mulder!

MULDER: - E daí? Vou atirar seus CD’s do Bryan Adams pela janela, vou revirar suas gavetas, beber seu uísque, dormir de sapatos, quebrar suas porcelanas, gritar na janela, pra todos os seus vizinhos ouvirem.

SCULLY: - E vai gritar o quê?

MULDER: - Que você é uma tarada! Você atiça, atiça e depois foge com medo!

SCULLY: - (INCRÉDULA) Medo?

MULDER: - (DEBOCHADO) É... medo.

SCULLY: - (IRRITADA) Eu não tenho medo de você!

MULDER: - Prova.

SCULLY: - Mulder, não vai me pegar dessa vez. Faça o que quiser fazer. Pode destruir tudo. Se alguma coisa anormal acontecer por aqui, aquele peixe dourado vai amanhecer boiando no aquário!

MULDER: - Pobre do peixinho, Scully! Vai descontar sua ira nele?

SCULLY: - Não, no único animal naquele apartamento: Você!

MULDER: - Vou te mostrar o animal...

Mulder corre atrás dela. Scully tenta fugir dele aos gritos e risadas. Entra no quarto e segura a porta. Mulder empurra a porta, tentando entrar.

SCULLY: - (RINDO) Mulder, não!!!

MULDER: - (DEBOCHADO) Scully, eu amo você...

SCULLY: - (RINDO) Mulder, sai daqui!

MULDER: - Scully! Não faz assim comigo...

SCULLY: - Cai fora, Mulder! Seu louco, tarado, pervertido!

MULDER: - (IRÔNICO) Puxa vida, Scully. Só um beijinho...

SCULLY: - (RINDO) Eu conheço esse seu “só um beijinho”! Não termina só nisso!

MULDER: - Ah, Scully, é hora do “sai capeta”!

SCULLY: - Não!!! Eu não estou possuída pelo demônio, não preciso de exorcismo!

Mulder solta a porta. Scully espia pela fresta. Mulder está cabisbaixo, fazendo beiço.

SCULLY: - (SÉRIA) O que foi?

MULDER: - Você não precisa de exorcismo?

SCULLY: - Não.

MULDER: - (PIDÃO) Scully, mas eu preciso!

Scully abre a porta e o puxa pelas calças pra dentro do quarto.


Pistoleiros Solitários - 2:03 A.M.

Langly abre a porta. Scully entra, ajeitando os cabelos revirados. Langly olha assustado pra ela.

SCULLY: - Desculpe o atraso... Tive um ‘imprevisto’ ...

LANGLY: - Está bem?

SCULLY: - Um pouco tonta ainda, mas não é nada.

Suzanne entra na sala. Scully olha pra ela. Sorri.

SCULLY: - O que está fazendo aqui?

SUZANNE: - Liguei para saber como eles estavam e acabei me metendo numa confusão.

SCULLY: - O que o Dom Juan Frohike quer comigo?

LANGLY: - Ele quer que fique aqui, com a Suzanne. Eu e o Byers precisamos sair.

SCULLY: - Mas, eu não estou entendendo nada...

LANGLY: - Fique aqui e não volte para o seu apartamento. Me entendeu?

SCULLY: - Langly, o que está acontecendo por aqui?... O Mulder...

LANGLY: - Não, ele não corre perigo. Mas preciso que confie na gente. Fique aqui. Vocês duas podem ficar comentando as novelas, fazendo bolo, sei lá o quê. Tranquem as portas.

As duas olham indignadas pra ele. Langly sai. Entra num furgão. Byers está na direção. Thompson ao lado dele, vestido de mexicano.

BYERS: - Apertem os cintos! Vamos pro México!

LANGLY: - Arriba!!!


Apartamento de Scully - 2:41 A.M.

Mulder abre a porta. Frohike entra.

MULDER: - Está maluco? O que está fazendo aqui? Se eles souberem que está vivo...

FROHIKE: - Cale a boca, Mulder e me escute. Preste atenção: Preciso do número de telefone daquele canalha.

MULDER: - Está maluco?

FROHIKE: - Agora, Mulder. Não tenho tempo a perder.

MULDER: - O que vai fazer com isso?

FROHIKE: - O que vou fazer é problema meu, não seu. Fique fora disso, quanto menos souber, melhor pra você e pra adorável agente Scully. Já estou com saudades do perfume dela...

MULDER: - (DEBOCHADO) Não quer cheirar o meu pescoço? Também estou perfumado!

FROHIKE: - Sai fora, Mulder. Me dá o número.

Mulder pega o celular. Procura o número.


Pistoleiros Solitários - 3:21 A.M.

Scully e Suzanne estão na cozinha, tomando café. Suzanne lixa as unhas.

SCULLY: - Mentira! Você não está falando sério!

SUZANNE: - Estou. Mas não é o momento certo. Estou numa fase da minha vida em que ‘estou consideravelmente morta’!

As duas riem.

SUZANNE: - Essa coisa toda de ter que fugir desse governo oculto, de ser uma mulher morta... Redefiniu todos os aspectos da minha vida. Se é que posso chamar de vida ficar fugindo e me escondendo. Preciso estabelecer minha cabeça, resolver assuntos pendentes...

SCULLY: - Eu disse isso ao Mulder também. Mas ele é impulsivo, já me encostou na parede. Eu não tenho condições de fazer isso nos próximos anos.

SUZANNE: - E ele sabe disso?

SCULLY: - Não. Nem quero que saiba! Mas veio com um papo de alianças que me deixou perturbada.

SUZANNE: - O John é uma gracinha, mas não é o momento. Preciso de tempo.

SCULLY: - Precisamos de tempo.

O telefone toca. Suzanne levanta-se. Liga o gravador e o filtro. Pega o telefone e escuta. Não fala nada.

FROHIKE (OFF): - Sou eu, o Frohike.

SUZANNE: - Ah, pode falar.

FROHIKE (OFF): - Fase 1 terminada. Fase 2 também. Vá pra fase 3: 555-3435. Estou indo pro local combinado.

SUZANNE: - Tome cuidado, Frohike. Aquele velho é perigoso.

FROHIKE (OFF): - Eu também sou perigoso. Estou me sentindo o próprio James Bond. Só falta uma dúzia de garotas bonitas! Nosso amigo careca já está no edifício, para qualquer problema futuro. Mantenha a Scully aí. Só a libere quando eu ligar. Se eu não ligar... Sabe que o plano fracassou.

Suzanne desliga. Aproxima-se do computador.

SCULLY: - Algum problema?

SUZANNE: - Não, nada. Scully, poderia ir buscar um sorvete pra nós?

SCULLY: - Sem problemas.

Scully sai. Suzanne pega o telefone. Disca o número.

CANCEROSO (OFF): - Alô?

Suzanne tecla algo no computador. Ouve-se a voz de Mulder.

MULDER (OFF): - Preciso falar com você, é urgente.

CANCEROSO (OFF): - O que quer, Mulder?

MULDER (OFF): - Tenho informações que lhe interessam. Me encontre na garagem do Bureau.

CANCEROSO (OFF): - O que está acontecendo, Mulder?

Suzanne desliga. Respira fundo. Pega o telefone e disca.

SUZANNE: - Fase 3 terminada. Prossiga, Frohike.


Garagem do FBI - 4:13 A.M.

O Canceroso aproxima-se, com cautela. Olha para todos os lados.

CANCEROSO: - Mulder?

Frohike sai de trás de um carro. O Canceroso olha pra ele, surpreso.

CANCEROSO: - Pensei que estivesse morto.

FROHIKE: - Também pensei.

CANCEROSO: - O Mulder me enganou direitinho.

FROHIKE: - Ele não sabe que estou vivo. Também tenho escutas nos telefones dos outros, sabia? Ouvi coisas que me fizeram usar truques naquela noite. Como usei truques pra trazer você até aqui.

CANCEROSO: - Ora, poderia ter me ligado, marcaríamos algum lugar pra tomar uma cerveja...

FROHIKE: - Deixa de cinismo, seu escritorzinho fracassado! Sei que está chantageando o Mulder.

CANCEROSO: - Você é apaixonado por ele, não?

FROHIKE: - Você vai me escutar, imbecil.

CANCEROSO: - Acho que não sabe com quem está lidando. Devo recordá-lo?

FROHIKE: - Quero que deixe o Mulder e a Scully em paz! Me entendeu?

CANCEROSO: - Ora, vai utilizar quais argumentos para isso?

Frohike mostra a vacina.

FROHIKE: - África, projeto Cavalo de Troia. Mulheres, crianças e jovens morrendo aparentemente de fome... Aposto milhões que a ONU e a UNICEF adorariam saber disso. Se é que já não sabem. Mas tenho certeza de que a opinião pública americana não sabe.

O Canceroso acende outro cigarro.

CANCEROSO: - Você é um retardado. Acha que vai me chantagear com essa besteira? Não sei do que está falando.

FROHIKE: - Tudo bem, vai saber amanhã pelos jornais do mundo todo.

CANCEROSO: - Não gosto que me ameacem, sr. Frohike. Não sabe na encrenca em que está se metendo.

FROHIKE: - Deixe-os em paz e eu calo a boca. Se não deixar, tenho amigos espalhados pelo mundo que tem uma cópia da fórmula, prontos para correrem aos jornais. Vai arriscar?

CANCEROSO: - ... Miserável, eu vou acabar com você!

FROHIKE: - Hoje não. Hoje é meu dia de acabar com você, “Canceroso”.

O Canceroso puxa uma arma. Está abalado com a situação.

CANCEROSO: - Prefere levar uma bala na cabeça ou uma no peito? Pode escolher, não tenho pressa.

FROHIKE: - Tanto faz. Se eu não voltar em uma hora, os jornais vão saber. Meu pessoal todo está preparado para apertar a tecla enviar do programa de e-mail.

O Canceroso encara-o. Seus olhos brilham de ódio. Abaixa a arma.

CANCEROSO: - Considere-se um homem morto.

O Canceroso sai do prédio. Frohike olha pra trás. Entra num carro. Sai em disparada pelo outro lado do prédio.


Apartamento de Scully - 6:33 A.M.

Mulder abre a porta. Krycek entra com uma arma apontada pra ele.

KRYCEK: - Você não é tão importante que não possa levar uma bala na cabeça!

MULDER: - O que está havendo?

KRYCEK: - Seu amiguinho andou bisbilhotando coisas que não devia!

MULDER: - Que amigo?

KRYCEK: - Você fracassou! Pensou que havia matado o desgraçado, mas ele está vivo e sabe demais!

Krycek engatilha.

KRYCEK: - Agora você morre por ele.

Scully entra com a arma em punho.

SCULLY: - (GRITA) Quando der o primeiro tiro, acertarei sua cabeça que não vai ter tempo nem pra reviver imagens da sua vida miserável! Largue a arma!

KRYCEK: - ....

SCULLY: - (GRITA) Eu disse pra largar essa arma!

Krycek vira-se rapidamente e chuta Scully. Ela cai no chão. Mulder o segura pelo braço. Os dois disputam a arma. Scully levanta-se e mira sua arma na cabeça de Krycek. Ele desiste, erguendo as mãos. Mulder tira arma das mãos dele.

MULDER: - Eu não sei o que está havendo aqui! Eu estou cumprindo a minha parte! Por que querem me matar?

KRYCEK: - Vou embora, Mulder. Você não deve mais nada pra nós. É incompetente demais pra qualquer serviço! Você é melhor como inimigo, Mulder. Porque é tolo demais. Não tem estômago pra isso! É um covarde!

Krycek sai depressa do apartamento. Scully respira ofegante, nervosa. Mulder fecha a porta. Os dois se abraçam.

SCULLY: - O que aconteceu, Mulder?

MULDER: - Não sei, Scully! Eu não sei!

Close do microfone de escuta, nos pés do sofá. Do outro lado da cidade, o Canceroso desliga o gravador. O Caçador olha pra ele.

CANCEROSO: - Eles não sabem de nada. Aquele imbecil agiu sozinho mesmo.

CAÇADOR: - O que vai fazer?

CANCEROSO: - Vamos dar tempo ao tempo. Um dia eu vou matar aquele desgraçado. Mas hoje não.

O Canceroso acende um cigarro. Traga-o profundamente.

Lá fora, o sol desponta no horizonte, num brilho intenso. Lembrando que a luz sempre domina as trevas.

Fade out.


21/12/1999

Nov. 21, 2018, 1:33 a.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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