leepopuri Popuri Lee

Diz a lenda, que o dia que encontrássemos com nossa soulmate, no momento em que ambos se tocassem, pele com pele, poderiam ouvir os sussurros dos deuses em suas mentes lhes dizendo que aquela é a pessoa certa para a sua vida. Sua alma gêmea, aquela com que você se completaria e então transbordaria. O momento em que toda a sua vida conseguiria entrar em todos os eixos. Os seus felizes para sempre... Na visão de muitos era apenas uma lenda antiga, coisa que apenas crianças acreditavam, pois quais eram as chances de você realmente cruzar com sua alma gêmea com todos tendo uma vida tão movimentada que não possuíam tempo nem para ouvirem seus próprios pensamentos ou coração? Porém Naruto era uma exceção a regra. Uma incrível exceção à regra. Desde bem novo sempre sonhou e acreditou fielmente que um dia encontraria seu par, aquele que os deuses haviam escolhido diretamente e especialmente para si. No entanto, teria ele a sorte de conseguir tal feito quando as pessoas a sua volta o apelidavam de a pessoa mais azarada do mundo? [SasuNaru/ Soulmate/ Dia dos Namorados]


Fanfiction Anime/Manga For over 18 only.

#dia-dos-namorados #LeePopuri #naruto #sasuke #sasunaru #Sussurros-do-Amor
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Capítulo único

Diz a lenda, que o dia que encontrássemos com nossa soulmate, no momento em que  ambos se tocassem, pele com pele, poderiam ouvir os sussurros dos deuses em suas mentes lhes dizendo que aquela é a pessoa certa para a sua vida. Sua alma gêmea, aquela com que você se completaria e então transbordaria. O momento em que toda a sua vida conseguiria entrar em todos os eixos. Os seus felizes para sempre...

Na visão de muitos era apenas uma lenda antiga, coisa que apenas crianças acreditavam, pois quais eram as chances de você realmente cruzar com sua alma gêmea com todos tendo uma vida tão movimentada que não possuíam tempo nem para ouvirem seus próprios pensamentos ou coração?

Porém Naruto era uma exceção a regra. Uma incrível exceção à regra. Desde bem novo sempre sonhou e acreditou fielmente que um dia encontraria seu par, aquele que os deuses haviam escolhido diretamente e especialmente para si. No entanto, teria ele a sorte de conseguir tal feito quando as pessoas a sua volta o apelidavam de a pessoa mais azarada do mundo?

Com quase trinta anos completos, ainda faltavam quatro meses para isso, Naruto já havia passado por tantas situações inusitadas em sua vida que uma amiga próxima sua achava incrível que ainda não havia entrado para algum livro de recordes. Relacionamentos que terminaram de forma ridícula, lugares do qual fora demitido por motivos estranhos. Era a pessoa que sempre caia nas brincadeiras alheias, mesmo que não fosse o alvo delas, também tinha o péssimo hábito de perder suas coisas e ser estabanado.

E era em uma situação envolvendo quase tudo isso que nosso protagonista, Uzumaki Naruto, se encontrava neste exato mesmo. Era simplesmente incrível como uma só pessoa pudesse ser tão azarada.

Para começar aquele dia, estava chovendo desde que o loiro acordara de manhã, uma chuva que alternava de intensidade a todo momento, indo de simples e chatos chuviscos até fortes e preocupantes pancadas. As roupas que estavam no pequeno varal na varanda de seu quarto ficaram ensopadas durante a noite, coisa que o levaria a lava-las todas de novo por conta das pequenas sujeiras trazidas pelo vento que grudaram pelo tecido.

Para evitar de se atrasar, comeu rapidamente seu café da manhã e saiu apressado de seu apartamento, porém a tempo de lembrar-se de tranca-lo, pois acreditem, o mesmo já saíra dali e deixara tudo aberto, foi uma verdadeira sorte ninguém ter invadido.

Mas assim que colocou o pé para fora de seu prédio, seu azar voltou a se mostrar presente. A chuva caia forte do lado de fora e Naruto havia esquecido o guarda chuva em algum canto de sua casa, pensou em voltar, mas não daria tempo de subir, procurar pelo objeto e com isso pegar o ônibus a tempo de chegar ao trabalho na hora. Teria que se virar com o que tinha no momento.

Vestiu com pressa o casaco que carregava e segurou a mochila sobre a cabeça antes de sair correndo até a cobertura do pequeno ponto de ônibus mais próximo. Felizmente a condução não demorou a chegar, porém estava tão lotada que partes de seu corpo que nem havia conhecimento haviam sido esmagadas. Na hora de saltar do veículo foi praticamente cuspido para fora, parece um exagero, mas o Uzumaki quase fora de cara no chão e por pouco a mochila não ficava lá dentro.

Ajeitou-se e correu para o prédio da gravadora que trabalhava. Pelo o que se lembrava teria uma agenda lotada hoje. Seu dia fora realmente agitado e irritante, principalmente pelo fato do computador que utilizava não estar realmente querendo fazer seu trabalho de processar os áudios e nem deixa-lo editar os outros que faltavam. Aquilo estava massacrando todo o seu bom humor.

Em uma tentativa frustrada de solucionar o problema apertou tantos botões na máquina que apenas depois da tela ficar azul e desligar que o loiro pensou em chamar o técnico da empresa para ajuda-lo. Durante todos os longos minutos de espera assistindo a mulher da manutenção tentar ressuscitar o computador, Naruto já havia rezado para o panteão inteiro pedindo que nada de ruim acontecesse com os arquivos contidos ali.

No entanto, os deuses não pareciam estar ao seu lado, pois o laudo apresentado pela técnica não lhe era nada favorável. Embora o computador houvesse voltado à vida, não se podia dizer o mesmo sobre os arquivos que estavam dentro dele. Das vinte músicas recém-gravadas que ainda não haviam ido para o backup, e com isso salvas dessa tragédia, 12 delas estavam corrompidas de maneira que não seriam facilmente recuperadas, 5 delas simplesmente sumiram, 2 estavam com os áudios pela metade e apenas uma se salvara de toda aquela confusão, a única que havia sido processada inteiramente.

Naruto tremia de medo e com a cabeça baixa, enquanto ouvia todo o relato da técnica novamente, a diferença é que desta vez ela se dirigia a sua chefe, estava que a cara não parecia nada boa. Mais uma vez naquele dia rezou para todos os deuses, para que não fosse demitido, que descontassem tudo aquilo de seu salário, mas que não o demitissem.

Porém, não importou o quanto o Uzumaki se explicasse, ou prometesse que consertaria tudo e que podiam descontar de seu salário, nada daquilo adiantou no resultado que já estava fechado. Fora demitido. Ninguém gritou consigo, apenas lhe pediram que juntasse suas coisas, passasse no RH e fosse embora. Para que não fosse processado pelos danos causados, foi acordado que ficaria como se o loiro tivesse se demitido então com isso não teria que receber dinheiro algum da gravadora e este seria usado para consertar os danos causados.

Ainda chovia bem do lado de fora quando saiu de dentro do prédio com a cabeça baixa segurando sua mochila, agora cheia com as poucas coisas que tinha em sua sala, contra o peito. Mais uma vez fora demitido devido ao seu infortúnio, teria que voltar a espalhar currículos pela cidade novamente.

Tentou se manter otimista e enxergar o lado bom da situação, mas estava difícil até mesmo para si. Talvez um período deprimido lhe fizesse bem, mas precisava chegar primeiro em casa para isso. Colocou a mochila nas costas e rumou para a estação de metrô, não estava afim de esperar na chuva por um ônibus.

Seguiu o mais rápido que pode para que não se molhasse demais. Desceu as escadas e foi direto até a área para a compra de tickets. Pegou a carteira na mochila e retirou dela a quantia necessária antes de guarda-la no bolso de trás da calça junto ao celular. Agora, munido do ticket, passou pela catraca seguindo para a área de embarque que teria o destino mais perto de sua residência.

Quando a locomoção se aproximava e se preparava para abrir suas portas e liberar os poucos passageiros contidos ali dentro, o celular de Naruto começara a tocar escandalosamente, então numa tentativa rápida de atendê-lo para encerrar o barulho e achar um local para se sentar no vagão, nem ao menos percebeu quando a carteira marrom escapuliu de seu bolso e foi de encontro ao chão, nem mesmo ouviu os gritos de um homem do lado de fora chamando por si enquanto sacudia o objeto em sua mão.

O loiro apenas dera falta dela horas depois quando procurava por um cartão que estaria lá dentro.

 

OoOoO

 

Sasuke tentara entrar no vagão e entregar a carteira perdida ao dono, mas as portas se fecharam rapidamente o impedindo de completar a ação. Estava apenas passando por ali enquanto seguia para a cafeteria que ficava ali dentro quando viu a carteira em questão cair do bolso do loiro que se apressava em atender ao telefone e seguir sua viajem, um verdadeiro atolado em sua opinião. Agora com aquele objeto em mãos e o dono dela longe, Sasuke se perguntava o que fazer.

Suspirou profundamente e continuo com seu destino até a cafeteria, de nada adiantaria ficar ali naquele momento. Pediu por um copo grande de café expresso junto a um salgado de calabresa e sentou-se em uma das mesas. Ao dar um grande gole na bebida amarga e uma mordida no lanche, acabou tendo uma ideia. Talvez houvesse alguma informação sobre como achar o dono loiro e desastrado se investigasse o conteúdo do objeto perdido, esperava que ninguém lhe acusasse de invasão de privacidade depois.

Apesar de não parecer a vista, a carteira possuía bastante coisa. Dois cartões de crédito, algumas cédulas de dinheiro, cartões de entrega de comida, várias anotações e todos os documentos do cara.

Uzumaki Naruto, vinte e nove anos.

Agora possuía um pouco mais de informação, não era muito, mas não precisava mais chamá-lo de loiro ou desastrado ou alguma mistura dos dois termos. Talvez houvesse mais algumas informações nas pequenas anotações guardadas ali.

Depois de ter lido as três primeiras folhas, Sasuke se deu conta de que não eram simples anotações e sim uma espécie de mini diário. Todas as folhinhas possuíam data, a mais antiga era de quatro meses atrás. Movido por uma curiosidade repentina, começou a ler uma por uma em ordem crescente de dias. Deveria se sentir um intruso ao fazer tal coisa, mas logo dizia para si próprio que estava apenas procurando por informações para achar pelo dono delas.

Lendo tudo aquilo o Uchiha percebeu seis coisas:

1- Aquela não era a primeira vez que ele perdia a carteira naquele ano, devia ser algo como a terceira ou quarta vez, mas em todas as anteriores dera sorte de encontrarem e lhe devolverem.

2- Naruto era um cara muito azarado, ainda não acreditava que ele havia sido praticamente atropelado por uma bicicleta, batido em poste qualquer da rua enquanto caminhava e muito menos que ele havia conseguido a proeza de escorregar com a casca de uma banana e quase cair da escada por isso.

3- Ele não era alguém que se deixava ser posto pra baixo e nem ficar muito tempo deprimido, sempre sendo um otimista e tentando enxergar o copo meio cheio.

4- Ele trabalhava em uma gravadora como editor.

5- Felizmente o loiro havia trocado de número recentemente e com medo de esquecer o anotara em uma das notas, felizmente agora teria como se comunicar e entregar a carteira.

6- Sasuke não percebera que ficara cerca de três horas naquilo, lendo com atenção todos aqueles papeizinhos. Seu café já estava frio e seu salgado não existia mais.

Era inacreditável que alguém como ele tivesse ficado mais de três horas lendo o relato de um completo estranho. Uchiha Sasuke não era a pessoa mais sociável do mundo, era uma pessoa calada, embora se fizesse ser ouvido quando achava necessário, não era de se meter na vida dos outros e nem ficar dando opinião sobre como elas viviam. Não sabia o que, mas algo o atraia para aqueles pequenos pedaços de papel de escrita atrapalhada, muito menos por que as achava um tanto adorável, logo ele que prezava tanto a ordem.

Devolveu o prato a balconista e jogou o que restou do café no lixo. Retirou-se dali e sacou o próprio celular para ligar para o tal loiro Uzumaki Naruto. Conferiu duas vezes o número antes de pressionar o botão verde para dar início à chamada. Fora atendido no quarto toque por uma voz desesperada.

- Quem é?

- Você é Uzumaki Naruto? - perguntou calmo ignorando a pergunta ríspida alheia. Inesperadamente havia gravado com facilidade o nome do outro, não tendo necessidade de conferir nos documentos.

- Sou eu sim, agora quem é você? Se não for importante peço que desligue, por favor, estou em um péssimo dia. - ouviu-o bufar do outro lado.

- Me chamo Uchiha Sasuke e encontrei sua carreira na estação de metrô. Tentei te entregar no momento em que a peguei, mas acho que não me ouviu chamar, as portas do vagão também se fecharam muito rápido. - explicou-se.

- Puta que não me pariu, graças aos deuses. - o moreno teve a impressão de ter ouvido algo cair, mas deixou de lado. - Você não faz ideia da vida que você está salvando.

- Eu ainda estou na estação, teria como você vir ate aqui buscar agora? - perguntou calmo, embora não soubesse se sua vontade de entregar a carteira ao dono tão rápido fosse para se livrar logo daquele fardo ou se era movido por sua curiosidade pelo loiro que prendera sua atenção por três horas seguidas apenas com suas palavras escritas.

- Posso sim. É claro. - ouviu o barulho de chaves e passos apressados, esses que pararam abruptamente - Err... Na verdade, há um pequeno problema... Todo meu dinheiro está com você nesse momento. - sua vergonha era nítida em sua voz, o Uchiha podia jurar e apostar que o Uzumaki estava com as bochechas vermelhas e com uma das mãos cobrindo o rosto para que ninguém pudesse vê-lo, mesmo que provavelmente estivesse sozinho. - Teria como você vir ate aqui? Pode usar o meu dinheiro se precisar. Eu realmente não tenho dinheiro algum comigo em casa.

Sasuke olhou para o relógio pregado em uma das paredes da estação, cinco e quarenta e três da tarde. Não estava tarde e ate onde sua memória podia se recordar não possuía nenhum compromisso marcado para aquela noite, também não lecionaria mais nada naquele dia, então porque não?

- Tudo bem, já estou por aqui mesmo. Pego qual trem e desço em qual estação? - questionou por fim, impedindo que o ex-editor continuasse mordendo o dedão.

Depois de terem trocado informações e referências a cerca deles próprios e do local, desligaram e cada um seguiu para o que deveria fazer. Demorou cerca de quinze minutos para que o moreno descesse no local correto e encontrasse o loiro encolhido sob a marquise da loja marcada.

Parando para vê-lo dessa vez, o Uchiha pode analisa-lo quase que por completo e devia dizer que praticamente batia com a imagem mental que havia produzido. O cabelo loiro estava desarrumado e sua roupa simples amarrotada, mesmo se não houvesse lido todos aqueles papéis certamente poderia dizer que ele era uma pessoa desastrada, desorganizada e que provavelmente vive correndo para não se atrasar. A expressão em seu rosto era distraída e um tanto aliviada, embora pudesse perceber certo grau de tristeza camuflada ali. Realmente Naruto parecia ser alguém transparente com suas emoções e pensamentos.

- Uzumaki Naruto? - resolveu enfim se aproximar e parar de analisa-lo.

- Sasuke?

Ao se virar para observar o moreno que falava consigo também passou a analisa-lo com certo cuidado. Primeira coisa que notara é que seria obrigado a admitir que o cara era realmente bonito, a pele pálida contrastando com o cabelo profundamente negro na altura dos ombros lhe davam um ar sério e misterioso. Os olhos de ônix eram penetrantes e pareciam enxergar tudo em si. Estava perfeitamente arrumado, bem diferente de si que estava todo bagunçado por conta de todo o estresse causado.

- Bom aqui está. - estendeu a mão com o objeto. - Pode conferir se quiser, está tudo aí.

- Muito obrigado. - respondeu depois de dar uma rápida conferida e guardar a carteira no bolso de trás da calça com cuidado. - Realmente, muito obrigado. - sem dar tempo para qualquer reação alheia, Naruto abraçou o estranho a sua frente com força para depois de alguns segundos se afastar, porém mantendo suas mãos em seus ombros - Você não faz ideia de como salvou minha vida, eu realmente te daria um beijo por isso...

Aí estava um possível defeito do Uzumaki, ser impulsivo e falar antes que sua mente pudesse realmente definir se era adequado tal comportamento. Diferente da vez no telefone, Sasuke pode confirmar sua teoria que o outro ficava vermelho e levava a mão ao rosto numa tentativa falha de se esconder. Outro ponto diferente era que ele próprio também se encontrava corado diante as palavras dele.

- Ou eu poderia apenas te convidar para tomar um sorvete como forma de agradecimento. - se afastou um passo para trás colocando um sorriso um tanto tímido no rosto.

- Não é necessário, apenas fiz o que qualquer pessoa faria. - desviou o olhar para qualquer outro ponto, aquele sorriso causara sem querer um formigamento estranho em si na boca do estômago.

- Por favor, me deixe te agradecer de algum modo.

No fim acabou cedendo à vontade daquele par de olhos azuis e o seguiu para a pequena sorveteria que ficava ali perto. Quem diabos convidava alguém para tomar sorvete quando estava quase chovendo o mundo lá fora? E que tipo de maluco aceitava tal convite mesmo sabendo que terminaria com uma possível dor de garganta depois?

Felizmente a sorveteria estava vazia. Pediu que Sasuke se sentasse em algum lugar enquanto ele fosse buscar as casquinhas. Chocolate amargo para o Uchiha, enquanto o Uzumaki ficaria com uma de baunilha. Pagou pelas duas e após guardar devidamente a carteira no bolso, pegou uma em cada mão e se dirigiu calmamente para a mesa que seu salvador ocupava.

No entanto, não seria a vida de Naruto se tudo nela desse certo.

Enquanto caminhava, de alguma maneira, talvez por um passe de mágica ou divino, Naruto conseguiu tropeçar nos próprios cadarços desamarrados, estes que ele podia jurar que estavam amarrados no segundo anterior.

Caiu. E caiu de uma maneira que talvez fosse preferível ter quebrado o nariz no chão. Não sabia ao certo como tudo acontecera, mas caíra literalmente de boca entre as pernas de Sasuke. Na verdade, no sorvete de Baunilha que caíra naquela região, mas no final dava no mesmo já que Naruto continuava ajoelhado entre as pernas do moreno com a testa em seu baixo ventre e a mão com o sorvete de chocolate apoiada em seu peito.

Azar +8000 x Naruto 0

Deveria sair daquele local o mais rápido possível, mas sua vergonha estava em um nível tão alarmante que não conseguia tomar qualquer ação e Sasuke parecia estar em choque semelhante, pois também não conseguia reagir. Estava apenas com os olhos arregalados encarando a cabeleira loira entre suas pernas, em outra ocasião aquela até poderia ser uma cena deveras agradável e proveitosa, afinal o homem era muito bonito, no entanto, o modo como ele se encontrava ali era desconfortável e frio. Literalmente frio.

Vendo que o outro parecia ter entrado em pane, tocou-lhe os ombros com ambas as mãos e ajudou-o a se erguer de sua pélvis. Normalmente estaria muito irritado por alguém ter-lhe sujado completamente de sorvete, mas estava incrivelmente paciente hoje, seu irmão certamente lhe zoaria se soubesse disso.

- Desculpa... Me desculpa... - ouviu-o sussurrar completamente alarmado e em choque.

- Está tudo bem. Foi só um acidente. - o Uchiha não o conhecia, mas pelo o que lera e o pouco que vira, sabia que aquele tipo de expressão não combinava com o outro.

- Me desculpe... - sua cabeça continuava baixa, coisa que forçou Sasuke a erguê-la colocando seus dedos sob o queixo dele forçando a cabeça dele para cima.

Porém a ação não só provocou o que já era esperado, como também algo que certamente nenhum dos dois esperava. Assim que os olhos azuis se ergueram e se encontraram com os negros alheios uma pequena corrente elétrica percorreu o corpo dos dois acelerando ambos os corações. O mundo parecia estar em silêncio, um grande silêncio que era preenchido apenas por risadas e pequenas falas sussurradas.

"Finalmente."

"É ele."

"Aí está."

"Não o perca."

"O escolhido."

Estavam ambos paralisados encarando um ao outro com os olhos arregalados. O que havia acabado de acontecer? O que eram aquelas vozes? O que fora aquele choque e agora esse calor que se espalhava? Aquilo não poderia ser o que Naruto sempre esperou. Não é?

Quais eram as chances do cara organizado e arrumado que salvara sua carteira ser sua alma gêmea? Principalmente quando ele próprio era uma pessoa tão desastrada e azarada? Quem diria que no meio de toda aquela maré de azar que era a vida do Uzumaki encontraria a pessoa a qual era destinado?

Sentimentos e pensamentos semelhantes também se espalhavam por Sasuke. Então toda aquela história sobre soulmates não era apenas uma lenda afinal. Era tudo real? Apenas saiu daquele estado de transe quando Naruto levantou e pegou um monte de guardanapos que havia na mesa para tentar limpar o sorvete sobre si. Ele estava vermelho.

- Eu moro aqui perto, você pode se limpar lá e eu posso lavar sua roupa ou te emprestar uma minha se quiser. - estava tão sem jeito que torcia para que o outro houvesse entendido suas palavras emboladas.

- Acho que vou aceitar...

E foi assim que terminaram indo para a casa do loiro desastrado. Ao contrário dos seus pensamentos o apartamento não estava muito bagunçado, apesar de uma mochila completamente revirada na mesa de centro da sala. Após lhe dizer para que ficasse a vontade, Naruto sumiu por uma porta que presumiu que fosse a do quarto e não demorou para voltar com uma muda de roupa nos braços e lhe entregar indicando onde era o banheiro.

Não demorou para se trocar e logo entregou a roupa suja para que o loiro a colocasse na máquina para lavar. Em meio aquele tempo a chuva aumentara drasticamente lá fora e não dava sinais de que fosse parar tão cedo. Como faria pra ir embora não fazia a mínima ideia, não estava de carro e um guarda chuva com certeza não daria conta daquela quantidade de água. Teria que passar a noite ali? Poderia ligar para seu irmão pedindo ajuda, mas não queria lidar com os olhares e piadas que receberia do mais velho.

Mas talvez não fosse uma grande tortura permanecer ali. Sasuke tinha que admitir que o jeito desastrado que normalmente lhe irritaria parecia extremamente adorável ao seus olhos naquele momento. Seria aquilo a magia das tão famosas almas gêmeas?

Falando sobre almas gêmeas, enquanto sua roupa secava, talvez fosse uma ótima oportunidade para que pudessem conversar sobre aquilo.

- Você quer conversar sobre isso? - indagou depois que Naruto lhe entregou uma xícara de café. - Sabe, sobre os sussurros na sorveteria...

- Quero... Eu acho... - sentou-se no sofá ao seu lado trazendo as pernas pra perto do peito as abraçando enquanto segurava sua própria xícara de café.

- Parece que somos soulmates... Sinto muito que tenhamos descoberto dessa maneira tão... - qual seria a melhor palavra para descrever aquele momento?

- Estranha? Desconfortável? Inusitada? - tentou completar por si.

- Algo assim. Devo admitir que eu pensei que isso só fosse uma lenda infantil, mas todas aquelas vozes na minha cabeça... Não dá pra negar.

- Sabe... Eu sempre acreditei que era real e realmente esperei por esse dia. Mas já estava desistindo disso, afinal quais eram as chances de uma pessoa tão desastrada e azarada como eu dar uma sorte dessas? - riu sem emoção - Agora que esse dia realmente chegou, não sei mais o que pensar... Desculpe que sua alma esteja presa a uma pessoa sem esperança como eu.

- Não se desculpe por isso. Acho que sou eu quem deveria me desculpa pela sua alma estar presa a alguém insensível e seco como eu. - bebeu do café.

- Você não parece ser assim. Você parece alguém muito legal, principalmente pelo fato de não ter surtado comigo depois do sorvete.

- Acredite, meus alunos costumam me chamar de carrasco ou demônio. Eu não sei porque estou sendo tão legal hoje, é algo anormal para mim, talvez seja porque somos almas gêmeas, ou porque realmente achei adorável o seu jeito de levar a vida. - podiam ser adultos, mas ambos coraram diante tais palavras.

- Como pode dizer que sou adorável? Como posso ser adorável sendo que basicamente tudo dá errado na minha vida? - riu achando certa graça nas palavras alheias - Eu até fui demitido hoje...

- Acho adorável, porque mesmo com as dificuldades você não se deixa abater e sempre dá um jeito de dar a volta por cima. - virou-se de lado para olhar-lhe diretamente nos olhos - E tenho certeza que vai conseguir mais uma vez. Não dizem que a vidas se endireitam depois que acham suas almas gêmeas?

- Como pode dizer esse tipo de coisa quando acabamos de nos conhecer? - os olhos azuis estavam ligeiramente arregalados, como ele sabia dessas coisas? Ele não poderia estar apenas chutando.

- Peço desculpas, mas eu acabei lendo os papéis dentro de sua carteira enquanto procurava por informações suas. - confessou sua invasão de privacidade de mais cedo - Espero que não fique muito chateado por conta disso.

Porém, antes que Naruto pudesse vir a ter qualquer reação diante aquela confissão, um grande raio cortou as imensas nuvens de chuva seguido de um poderoso trovão. Aquilo foi o suficiente para gelar-lhe o corpo inteiro e não conseguiu evitar um grito assustado quando em um estouro todas as luzes da casa se apagaram deixando-os no escuro. Já era pouco depois das sete da noite juntando com a chuva forte o céu estava escuro até demais.

Estava tão escuro na sala, que era apenas iluminada quando alguns raios cruzavam o céu, mas Sasuke conseguia ver no breu o loiro ao seu lado tremer. Como era possível que um adulto daquele tamanho tivesse medo do escuro? Ou seria por causa da tempestade? Não saberia responder e também não perguntaria; deixaria para o outro falar quando lhe fosse mais confortável.

Não tinha intimidade para força-lo a nada, mas talvez pudesse ajudar de alguma forma.

- Há alguma vela por aqui Naruto? - indagou calmo.

- A-acho que t-tem na cozinha... No armário perto do fogão... - sua voz também estava trêmula.

Não queria deixar o outro sozinho, então procurou o mais rápido que pode pelas velas com a ajuda da lanterna do celular. Felizmente os fósforos estavam ao lado delas. Acendeu três delas na mesa de centro da sala onde estavam, também fechou as cortinas para que o outro não visse o show de luzes que ocorria lá fora. Havia acertado em sua suposição, pois o dono da casa parara de tremer um pouco.

Foram longos minutos daquela forma, com cada um de um lado do sofá em silêncio, mas o Uzumaki ainda parecia um tanto tenso. O que mais poderia fazer para ajudar? Estava perdido em seus pensamentos quando, por sorte, ouviu a voz do loiro sussurrar ao seu lado.

- Será que eu poderia te pedir um favor?

- Vá em frente...

- Poderia ficar mais perto de mim? Eu realmente não gosto da combinação escuro e tempestade... - pediu com a voz tão baixa que não teria ouvido se não tivesse prestando atenção - Desculpe, eu sei que parece infantil, mas eu não posso evitar...

- Todo mundo tem medo de alguma coisa, não precisa se desculpar por isso.

Dito isso se arrastou para o lado no sofá até que ficasse com o corpo encostado ao dele. Se lhe perguntassem não saberia dizer por que havia passado seu braço direito sobre os ombros de Naruto em um tipo de abraço. Fora apenas natural e um tanto impulsivo, não realmente pensara antes de tomar alguma decisão ali.

Nenhum dos dois também percebeu quando caíram no sono embalados pelo calor um do outro enquanto conversavam para distrair o loiro do barulho lá fora. Muito menos como Naruto acabou deitado sobre o peito de Sasuke, e este com os braços ao redor de sua cintura. Incrivelmente dormiam tranquilos atrelados um no outro.

O Uzumaki foi o primeiro a acordar devido o celular que tocava ininterruptamente. Resmungou um pouco antes de esticar o braço em busca do aparelho barulhento, não percebeu, mas sua movimentação acabou acordando a pessoa abaixo de si. Atendeu sem olhar para a tela direito, pois a claridade lhe incomodava os olhos.

- Alô... - sua voz estava rouca e um tanto irritadiça por ter sido acordada de forma abrupta.

- Naruto? Sou eu Tsunade, sua chefe. - a voz feminina se apresentou despertando-o quase que por completo. Sentou-se ficando entre as pernas do moreno que estava de olhos fechados.

- Não seria ex-chefe? Você me demitiu ontem, lembra? - havia um pouco de acidez em sua voz.

- É claro que lembro, é por isso que estou te ligando. E humildemente lhe peço desculpas por isso. Foi tudo uma espécie de mal entendido. - começou sua explicação.

- O que quer dizer com isso? - olhou para o lado ao sentir a movimentação de Sasuke ali que também se sentava sem retirá-lo do meio de suas pernas.

- O que eu quero dizer, é que fizemos uma investigação e por sorte TenTen descobriu um detalhe que enquanto concertava não havia reparado. Em resumo da situação, armaram para que o computador estragasse e você ficasse como culpado. Você teve muita sorte senhor Uzumaki. - era aquilo mesmo que estava ouvindo? Naruto tivera sorte? Pela primeira vez na vida Naruto tivera sorte? - Por isso quero lhe pedir desculpas pela sua demissão e dizer que as medidas contra a pessoa que fez isso já foram tomadas. Também gostaria de dizer que caso queira voltar para o seu cargo ele é todo seu a partir de amanhã.

- É claro que quero.

Passaram mais alguns minutos discutindo mais algumas coisa antes que desligassem. Naruto estava em uma mistura de choque e animação pela novidade. E teria ficado muito tempo daquela maneira se não fosse pela voz de Sasuke próxima a si.

- Parece que você não é tão azarado assim. - a voz rouca perto do seu ouvido lhe causou arrepios pela espinha e por toda a epiderme - Parabéns por conseguir seu emprego de volta.

No final das contas parecia que aquela parte da lenda também era verdadeira. Encontrar sua alma gêmea realmente fazia com que sua vida entrasse nos eixos caso já não estivesse. Talvez Sasuke fosse realmente o que faltava em sua vida, uma dose de sorte para aplacar sua dose de azar.

E quem sabe não poderia surgir um sentimento bom e incrível de tudo isso?

Foi com esse pensamento na cabeça que levantou dali perguntando com um sorriso no rosto se o Uchiha gostaria de tomar café da manhã.

Nov. 13, 2018, 1:55 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

Meet the author

Popuri Lee Escrevo desde criança, mas apenas em 2013 comecei a postar oficialmente meus escritos. Possuo conta no Nyah e no Spirit, então não se afobem se virem minhas fanfics por lá, todas contas possuem o mesmo nome.

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