panku Nonaka Panku

Em outras palavras, para livrar-me do peso na consciência por ser um adolescente protegido de alfas por meus pais, teria de unir-me a qualquer um e ainda torcer para que não me tornasse bizarro, frio e oco como todas as Lilias e, com mais afinco, sobreviver. Já havia superado a descrença quanto ao amor dos meus pais, mas o medo de ter o mesmo fim infeliz assombrava-me. (Sinopse Provisória) ❁ LayhaとSayula ❀ TatsukiとHaru ✿ AkutaとNaruto ✾ ShoheiとAki ❁


Fanfiction Bands/Singers Not for children under 13.

#scapegoat #chanty #arlequin #yaoi #abo
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O sol brilhava lá fora, no céu, as nuvens iam para o oeste, entre os galhos mais próximos à janela de meu quarto havia um ninho onde um par de pequenos canários cantarolavam. Ninguém jamais desconfiaria da inveja que me abatia por não ter aquela mangueira como lar. 


Estava farto de olhar ao redor e ver a decoração que qualquer garota sonharia ter na região em que morava, embora, contraditoriamente, estivesse com medo de nunca mais poder tê-la. Os sapatos de salto que sufocavam meus pés guardados em um baú e as roupas folgadas e confortáveis que me cobriam o corpo no preciso instante. O sorriso abatido de minha mãe que refletia no vidro da janela e as palavras de conforto que repercutiam, tarde demais, no cômodo. A boneca de porcelana que pertencera às minhas antepassadas, todas as ômegas da família. 


Ah, eu sempre odiei Lilia cujos olhos, pintados de azul e preto, sempre estavam vidrados nas coisas que iam muito além do plano físico, os quais me induziam a ter pesadelos desde muito cedo, quase todas noites. Odiava-a, especialmente, pelo fato de sua matéria ser oca, fria, não como quaisquer outras bonecas, mas por participar da infância de cada uma e esconder confissões e sonhos puros que muito provavelmente não se concretizaram como disseram à todas elas nas vãs promessas de contos de fadas - com amor eterno, príncipes encantados e afins. 


E, recentemente, algo novo passou a tirar-me o sono em casa, na verdade, ainda em meu quarto. Há dez dias, no meu aniversário de dezessete, meus pais tiraram minha cama e a substituíram por uma maior. 


Tenho de admitir que sempre gostei de receber presentes de meus pais e de meus irmãos mais velhos, com frequência surgiam de repente com mimos que faziam meus olhos brilharem como as estrelas das noites de verão. Não sei o porquê, mas desconfio de que essa seja uma peculiaridade comum entre aberrações como eu. No entanto, desde o instante em que minha tia, Akane, apresentou a famigerada, passei a odiar até isso. 


Quando ela mostrou o seu sorriso cínico e o seu presente, com todos os convidados da festa presenciando minha reação, foi como receber uma facada numa ferida aberta, se assim posso dizer. Senti tanta vergonha que não sei de onde tirei resistência para conter o choro. E se, ultimamente, já estava me sentindo muito vulnerável por coisas mínimas, esse fenômeno veio a frizar meu estado deplorável. 

Todos, sem exceção, conheciam sua fama de preservadora de tradições fanática, mais da metade concordava com aquela sua repetitiva lógica dos tempos de guerra, apoiaram-na naquele caso como em muitos outros ainda mais graves, em público, diante de muito mais que apenas familiares e amigos de suas vítimas, mas senti na pele e, portanto, era mais que certo parecer pior. 


Mantive-me, na medida do possível, comportado, como todo bom ômega deve ser, como mamãe ensinou. Disse que era muita gentileza, forçando o tom mais desentendido que fui capaz, recusei usando todas as palavras educadas que me dei ao luxo de decorar ao longo da vida de farsas que me obrigaram a construir "para que tivesse um futuro", "para que meus instintos não me destruíssem", "para que fosse feliz e mantivesse a honra da família". Mas não foi suficiente, pois ela insistiu com um discurso parelho com o meu em questões de cordialidade até, por fim, minha mãe agradecer em meu nome, para que não nos prolongassemos. 

Assim que todos os convidados saíram, procurei por ela com a intenção de pedir sua permissão para desfazer-me do móvel, mas era tarde demais. A víbora já havia feito sua lavagem cerebral e, naquele momento, tive a impressão de que, dessa vez, perdi o pouco apoio que ela costumava dar-me de uma vez por todas, para sempre. 


Meu pai, há cinco anos, trouxe o primeiro pretendente alfa, um garoto mais velho, da aldeia vizinha, e cobrou um preço absurdamente baixo para um ômega recém descoberto e ainda virgem. Muitos outros vieram até o ano retrasado, quando ele fez frente numa batalha por território e, ao voltar para casa vitorioso e promovido à guarda real, passou a ficar pouco tempo e ter uma participação ainda menor nas decisões em relação ao meu futuro. Só que, independentemente disso, acreditei, até ontem, que sua vontade era livrar-se o quanto antes de mim, para que não o aborrecessem com comentários desagradáveis ou mesmo casos como esses. Ele, um alfa, pai de família e sério como era, tinha muita mágoa por ter um filho homem que não se adequara às suas expectativas, não podia culpá-lo, menos ainda dizer que ele não me amava por isso. Mas se a mamãe apoiava a sujestão de Akane, obviamente, não havia mais a quem recorrer. 


Então, tive de dormir e acordar sobre a indireta de Akane - descartando as três noites que passei em claro sentindo-me uma aberração desafortunada - durante uma semana, até ontem, o dia em que meus pais cederam o quarto de hóspedes com uma condição: 


Tinha de me casar com o pretendente que arranjaram para mim, podendo ocupar o cômodo somente durante os preparativos para a cerimônia de matrimonio. 


Em outras palavras, para livrar-me do peso na consciência por ser um adolescente protegido de alfas por meus pais, teria de unir-me a qualquer um e ainda torcer para que não me tornasse bizarro, frio e oco como todas as Lilias e, com mais afinco, sobreviver. 

Já havia superado a descrença quanto ao amor dos meus pais, mas o medo de ter o mesmo fim infeliz de tantos ômegas assombrava-me. 


Lilia continuava a olhar-me. 


Lilia, você, por acaso, tem pesadelos com tudo o que vivenciou até aqui? 


Você teme, como eu, não ser amada de verdade? 


Será que odiarei a mim o mesmo tanto e pelas mesmas razões pelas quais odeio você?

Jan. 22, 2019, 10:28 p.m. 0 Report Embed Follow story
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