kixnara Chris Nara

Sábado à noite, filmes do Godzilla, tofu frito e a companhia de seu gato. Hajime pensou que essa era uma combinação perfeita e nada poderia estraga-la. Ele não poderia estar mais enganado.


Fanfiction Anime/Manga For over 18 only.

#lgbt #haikyuu #iwaoi #Iwaizumi-Oikawa
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Eu não sou o Tetsu-chan

Nada poderia ser melhor que o silêncio e a tranquilidade de um sábado a noite. Quase todos os seus vizinhos tinham saído para curtir o fim de semana, mas Iwaizumi permaneceu em seu apartamento apreciando a companhia dos três amores de sua vida: Tofu frito, filmes do Godzilla e seu gato.


Ele também gostava de sair, ia frequentemente ao bar com seus amigos na sua cidade natal. Mattsukawa e Hanamaki, que tinham se mudado para Tokyo muito antes dele, o convidaram para sair e lhe apresentar a cidade, mas como hoje era o aniversário de namoro deles, Iwa não quis atrapalhar os pombinhos.  


Seu plano de virar a noite maratonando filmes e se entupindo de tofu estava fluindo perfeitamente bem e nada poderia atrapalhá-lo. Bom, pelo menos foi o que ele pensou até ouvir batidas contínuas na sua porta, o que era estranho, visto que ele tinha uma campainha.


Hajime não tinha pedido comida e com certeza não estava esperando por ninguém tão tarde da noite, então quem diabos poderia ser?

As batidas continuaram enquanto o moreno calçava seus chinelos e se dirigia até a porta.


— Já vou! — Ele disse para quem quer que estivesse do outro lado.

Iwaizumi tentava destrancar a porta enquanto a pessoa impaciente do outro lado continuava batendo. Ele desejou poder jogá-lo pela janela.

—T-Tetsu-chan— O estranho disse jogando os braços em volta de Hajime assim que ele conseguiu abrir a porta — Por que demorou tanto? Está frio aqui fora.

Tetsu quem? Quem era esse idiota e o quê diabos ele estava fazendo na sua porta às duas da manhã?

— Tetsu-chan, eu não me lembrava que seu prédio girava tanto.


Otimo! Um bêbado.


Iwa saiu, parcialmente, do seu estado de choque tentando processar a situação.

Ele podia chamar o porteiro, ou a polícia ou simplesmente jogar o bêbado infeliz pra fora e seguir tranquilamente com sua maratona, como se nada tivesse acontecido.


Hajime pensou em todo trabalho que seria explicar a situação para o porteiro ou a polícia e descartou as opções, ele só queria seu sossego de volta, o mais rápido possível. Ele ainda podia jogar o bêbado para fora e fingir que ele nunca esteve ali. Era uma boa ideia, uma ótima ideia.


Hajime olhou nos olhos perdidos do bêbado, pareciam duas gotas de chocolate de tão marrons. Ele suspirou e amaldiçoou Deus ou quem quer que fosse o responsável por ter o feito com um coração tão mole enquanto puxava o estranho para o sofá. Iwaizumi não queria se sentir culpado por algo de ruim ter acontecido com aquele idiota.


— Tetsu-chan, quando foi que você começou a malhar? — O estranho perguntou, passando as mãos pelos braços de Iwaizumi.


Iwaizumi revirou os olhos e o ignorou, ajeitando o bêbado no sofá. O cheiro de tequila era absurdamente forte.


Seus amigos diriam que era loucura colocar um bêbado estranho para dentro de casa assim, mas Iwaizumi não teve escolha, no momento que ele olhou nos olhos do estranho, ele simplesmente não podia abandoná-lo. Hajime decidiu culpar a grande quantidade de tofu frito que provavelmente tinha bagunçado seu cérebro.


— Ok... Tudo bem — murmurou para si mesmo — Ei.... Você pelo menos lembra o próprio nome? — perguntou, tentando chamar a atenção do bêbado que agora acariciava seu gato.

— Tetsu-chan, eu não sabia que você tinha adotado um gato. — O estranho disse puxando o felino para o seu colo e ignorando a pergunta do moreno — Isso provavelmente foi ideia do Kenma, não foi? Ele é louco por gatos.


Iwaizumi suspirou, massageando a ponte do nariz.


Seu gato subiu pelo peito do estranho até o ombro e lambeu o rosto dele. O estranho riu, virou-se para olhar o gato e este lhe deu outra lambida, agora no nariz.

“Fofo” foi o primeiro pensamento que veio na cabeça de Hajime e mais uma vez ele culpou o tofu, porque aquilo claramente não era normal.

 Iwaizumi voltou a se concentrar na situação. Sentou em frente ao outro, segurou seu queixo, forçando-o a olhar para si.


— Você está muito bêbado, mas eu não sou o Tetsu-chan. Então você poderia me dizer seu nome? Eu preciso saber pra começar a pensar no que eu vou fazer com você.  


O estranho ficou encarando Hajime, ele quase podia ouvir as poucas engrenagens ainda em bom funcionamento dentro do cérebro do idiota tentando ligar as coisas.


— Oh — o estranho disse, boquiaberto olhando para Hajime —Você não é Tetsu-chan.  


Louvado seja Deus, finalmente!


— Tetsu-chan não é tão gostoso assim — falou casualmente, enquanto corria os olhos pelo corpo do moreno.


Hajime sentiu o sangue subir para as bochechas. Tossiu tentando se recompor.


— Olha, Idiota, são duas da manhã, você está bêbado e invadiu a minha casa. Eu deveria ter chamado a polícia, mas não fiz, então diga seu maldito nome para que eu finalmente possa pensar em um jeito de me livrar de você.

— Polícia? Você é tão pervertido. — Iwaizumi não queria descobrir o que estava passando pela cabeça do idiota — Isso é algum tipo de fetiche? Vá em frente e me prenda. — Ele disse estendendo as mãos em punhos, como se fosse ser algemado —Me puna pelos meus crimes.


Mas que porra...?

Céus, o que eu fiz para merecer isso?


— Eu vou te jogar pela janela— Hajime ameaçou.

— Tão cruel! Eu gosto disso — ele ofereceu o sorriso mais malicioso que Hajime já tinha visto na vida.

— Sério, apenas me diga logo seu maldito nome. — Hajime arquejou


O estranho se aproximou da orelha do moreno, deixando-o em choque e paralisado.


—Tooru — sussurrou — Oikawa Tooru.


Hajime ignorou os arrepios que aquela voz rouca e suave causou, porque, santo Deus, ele não estava atraído por um estranho bêbado que caiu de paraquedas no seu apartamento no meio da madrugada. Ele definitivamente não estava.


— E o seu? — O agora, Oikawa, perguntou, enquanto Hajime tentava se recompor.

— Iwaizumi Hajime.

— Hm... é um bonito nome — Oikawa se jogou de volta no sofá. Estava ficando difícil sustentar a própria cabeça — Combina com você, mas é meio longo, não é? — ponderou — Iwaizumi Hajime— o moreno ignorou como ele gostou do som do seu nome na voz de Oikawa —Iwaizumi... Hm... Já sei! Vou te chamar de Iwa-chan.


Hajime decidiu ignorar o apelido ridículo já que depois que conseguisse se livrar dele nunca mais o ouviria. Oikawa já parecia sonolento, ele tinha que se apressar e arrancar mais informações antes que ele desmaiasse no seu sofá.


— Você chegou aqui falando sobre um tal de Tetsu-chan? Onde ele mora?

— Aqui— Oikawa respondeu, se inclinando para apoiar a cabeça no encosto do sofá. O gato de Hajime se aconchegou perto dele.

— Ei, não durma, você precisa me dizer exatamente onde ele mora — Iwaizumi tentou em vão pedir para o outro permanecer consciente. Se é que dava para chamar aquilo de consciente.

— Urg, Iwa-chan, fale mais baixo, eu quero dormir— reclamou —Mas se você quiser me manter acordado eu posso te dar algumas sugestões — sugeriu, com um leve sorriso malicioso, já que não conseguia mais manter seus olhos abertos, a voz embolada tanto pelo sono quanto pelo álcool.


Hajime revirou os olhos, ele não ia conseguir nenhuma resposta com o outro naquele estado. Puxou Oikawa, passando o braço dele pelo seu pescoço para que ele se apoiasse e o arrastou em direção ao quarto.


—Uh-uh Iwa-chan, tão pervertido, então você decidiu aceitar minhas sugestões — Hajime cogitou jogá-lo pela janela de novo. Ele poderia dizer para a polícia que o idiota escorregou e ele tentou segurá-lo, mas não conseguiu. Seu gato podia ser seu álibi, tudo daria certo.


O felino em resposta aos pensamentos de Hajime eriçou os pelos e mostrou as garras.

Traidor. 


— Cale a boca, idiota ou eu vou realmente te jogar pela janela. Eu só vou te colocar na cama, você já vai acordar com uma tremenda dor de cabeça, mas se quiser acordar com torcicolo por ter dormido no sofá, eu não me importo.

— I-Iwa-chan— Oikawa disse ente um bocejo — Tão gentil.


Hajime acomodou Oikawa em sua cama e o cobriu. De todas as formas que alguém podia acabar com um estranho em sua cama, essa era com certeza a mais inusitada.


Quando Hajime estava se afastando para sair do quarto e ir dormir na sala, Oikawa agarrou sua mão.


— Iwa-chan, não me deixe sozinho, eu não vou conseguir dormir — Implorou, usando o pouco de energia que ainda lhe restava para olhar fixamente nos olhos do outro. Hajime estava aprendendo que era melhor começar a evitar aqueles olhos. Ele era fraco para eles.


Suspirou se dando por vencido e se deitando do lado de Oikawa. No final das contas foi bom ter colocado ele para dentro, o idiota não tinha um pingo se senso de autopreservação, Hajime nem queria imaginar o que poderia ter acontecido se ele tivesse encontrado uma pessoa mal-intencionada ao invés dele.


— Boa noite, Iwa-chan.

— Boa noite, Trashykawa. — Era justo que ele também desse um apelido pra ele.

— Rude, Iwa-chan! Rude!


Hajime engoliu o riso que ameaçou sair de sua boca. Oikawa era irritante, ele nem o conhecia e já tinha lhe dado dor de cabeça para a vida inteira, mas ele não podia, nem conseguia, negar que era um pouco fofo.              


                                                             ♔

 Oikawa sentia como se alguém tivesse golpeado sua cabeça com o martelo de Thor. Ele coçou os olhos tentando se acostumar com a luz do dia que atravessava as cortinas do quarto, que, à propósito, notou não ser o seu e nem o quarto de hóspedes de seu amigo. Ele também notou que estava enroscado em algo, algo muito quente, olhou para o lado e descobriu que ele não estava enrolado em algo e sim em alguém.


Oikawa gritou e pulou na cama assustado, se livrando do abraço do outro homem e o derrubando no chão.


— Mas que porra — Hajime resmungou, não havia nada que o deixava mais irritado do que ser acordado bruscamente pela manhã, mas aparentemente o idiota na sua cama estava querendo disputar o cargo.

— Quem... Quem é você? Onde eu estou? Como eu vim parar aqui?

—Pra quem fugiu de todas as perguntas antes, você parece estar se dando muito bem com elas agora — Hajime se levantou, coçando onde bateu com a cabeça no chão — Você não se lembra de nada? — Hajime olhou para o relógio. Oito fodendo horas da manhã de um domingo.

— Uh... Eu não... — Oikawa estava se esforçando para lembrar de tudo que aconteceu, mas só havia fragmentos confusos em sua memória e sua cabeça latejada demais para ele conseguir pensar em algo coerente. Nunca mais eu vou beber. — Nós....? Você sabe... Fizemos alguma coisa?

— Nós... o quê? — Hajime perguntou, parecendo confuso por poucos segundos, então seu sangue correu para suas bochechas assim que ele entendeu —Claro que não! — esclareceu.

— Que alívio, ainda bem — Oikawa passou a mão pelos cabelos, completamente desgrenhados.


Hajime se perguntou se deveria ficar ofendido.


— Ah, não me entenda mal — Oikawa continuou — Eu não sou contra a ideia, na verdade, eu sou muito a favor — Oikawa olhava para Iwa dos pés à cabeça — Mas é que se eu transei com a pessoa mais sexy que eu já vi na minha vida, eu preferiria me lembrar do evento.


Aparentemente todo o sangue do corpo de Hajime decidiu que suas bochechas eram um lugar melhor para ficar. Ele tossiu e virou para o lado tentando esconder o embaraço.


— Sua personalidade duvidosa é a mesma quando está sóbrio, então cale a boca ou eu vou te jogar pela janela.

— Essa ameaça é estranhamente familiar — Oikawa murmurou para si mesmo, tentando se lembrar da noite anterior. Um nome veio. —Iwa-chan? — Ele perguntou, quando o nome passou por sua mente

— Achei que não se lembrasse de nada.

— Apenas fragmentos sem sentido — respondeu se jogando na cama de novo — Eu estava no bar com meus amigos. Eu não me lembro dos detalhes, mas eu não estava conseguindo abrir a porta do Tetsun-chan com a chave que ele me deu, então eu bati.

— Isso é porque você estava tentando abrir a minha porta — Hajime estava vasculhando seu guarda roupa em busca de algo que servisse em Oikawa. Ele precisaria de um banho, aspirina e um café forte e paz. Oikawa era um pouco mais alto, porém Hajime era mais largo, então ele pegou uma calça moletom e uma de suas camisas do Godzilla.

— Oh, isso explica tudo — Oikawa bateu a direita em punho na palma da outra, como se aquilo tivesse feito um click em sua mente e realmente explicasse como ele foi parar na cama de um estranho. Francamente, qual era o problema desse cara?

— Toma — Hajime entregou as roupas limpas —Isso deve servir em você, talvez fique um pouco folgado. Enfim, o banheiro fica no final do corredor.

Oikawa pegou as roupas e seguiu para o banheiro. Hajime foi para cozinha, colocou ração na tigela do gato e preparou o café, e deixou um copo de água com a aspirina no balcão para quando Oikawa voltasse.

—Iwa-chan, você é tão largo. — Oikawa entrou na cozinha, os cabelos úmidos e os braços estendidos para mostrar que a camisa tinha ficada realmente larga.


Ele não está fofo assim, Hajime. Isso não é a típica cena “camisa de namorado”. Não. É. Nunca.


— Deixei remédio pra você — Iwaizumi aprontou — e o café está ali. Tome e você vai se sentir melhor.

— Iwa-chan, você é a minha mãe? — Oikawa brincou, enquanto tomava o remédio.


Hajime lançou um profundo olhar de desprezo, que com um pano de prato no ombro, só o fazia parecer mais uma dona de casa brava. Oikawa achou fofo.


— Desculpe! Desculpe! Vou tomar.

— Você já falou com seu amigo? Ele provavelmente deve estar preocupado.

— Ele ‘tá no Kenma. Disse que ia dormir lá, por isso deixou a chave comigo.

— Então por que você estava batendo chamando por ele?

— Hm... Talvez eu tenha tentado a sorte? Pro caso dele ter mudado de ideia ou não ter ido ainda.


Hajime se convencia cada vez mais que faltava alguns parafusos na cabeça do outro.


Enquanto Oikawa bebia seu café — forte demais para seu gosto, à propósito, porém decidiu não reclamar pois algo dizia que se ele abusasse demais ia acabar realmente sendo jogado pela janela — Algo se enroscou nas suas pernas. Quando ele olhou para baixo, viu um lindo gatinho de pelos brancos e olhos azuis.


— Ei, eu me lembro de você. — Oikawa abaixou, deixando a xicara de café no balcão para pegar o gato.


Hajime observou em silêncio Oikawa brincar com as patinhas do felino. Seu gato nunca foi muito sociável, se parecia muito com ele, não se dava bem com todos facilmente, mas ele parecia gostar muito de Oikawa, então ele não deveria ser uma pessoa ruim.


— Bem, Iwa-chan. — Oikawa colocou o gato de volta no chão e apoiou os cotovelos no balcão, ficando na frente de Hajime — Acho que já aproveitei muito de você, o que posso fazer pra te recompensar?

— Ir embora seria ótimo. — respondeu, dando um gole no café.

— Rude, Iwa-chan! Rude! — Oikawa resmungou. — Mas tudo bem eu sei que você só ‘tá tentando esconder o quanto gostou de mim. Que tal a gente sair pra beber hoje? Eu pago!

— De jeito nenhum! Já tive o suficiente de você bêbado.

— Que tal cinema? Eu deixo você escolher o filme.

Hajime culparia sua descoberta recente sobre a incapacidade de dizer não para aqueles olhos, mas sejamos sinceros, ele não queria dizer não.

— Uh... Pode ser, eu não tinha nada planejado mesmo. — Tentou soar casual e desinteressado.

— Yeeeh — Oikawa comemorou, jogando os braços em volta do moreno, deixando-o corado com a aproximação repentina.


Após terminarem o café da manhã, Oikawa pegou suas coisas e Hajime o acompanhou até a porta.


— Obrigado por cuidar de mim, Iwa-chan! — Oikawa beijou o canto da boca do moreno. Iwa sentiu seu coração vacilar. — Te vejo mais tarde.

— ‘Tá, ‘Tá... Vai logo. — Hajime respondeu, olhando para baixo escondendo o rosto.


Oikawa ouviu o gato se aproximar e miar parecendo triste. Ele se agachou e fez cafuné no felino.


— Não se preocupe, algo me diz que nós vamos nos ver mais vezes. — Oikawa olhou para cima, piscou para Hajime e foi embora, finalmente, para o apartamento certo.


Algo em Hajime dizia que aquela noite havia sido apenas o começo das suas dores de cabeça.

Aug. 4, 2018, 2:33 a.m. 0 Report Embed Follow story
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