[Ilhoon]
Miei alto, quase que escandaloso.
Audível o suficiente para o som ecoar pelo ambiente, mirei de forma feia o rapaz que entrara em casa, após mais um dia de trabalho. Como ele havia ousado cruzar a porta, depois de me largar horas sozinho dentro daquele apartamentozinho, falecendo de tédio?
Era uma imensa falta de respeito comigo!
Miei mais uma vez, vendo Hyunsik largar as chaves sobre o balcão de pedra, totalmente desesperado para vir até meu encontro. O Im já não podia me abandonar mais e esquecer da minha existência sem me cumprimentar ao chegar.
Até por que, eu já sabia que ele estava viciado em mim.
— Ah! Eu não me esqueci de você, Ilhoonie! — disse, fitando-me no cantinho da sala de estar. — Olha só, eu te trouxe um brinquedo para que não tenha de ficar o tempo todo sozinho, enfurnado aqui. — começou a furnicar em sua bolsa, sentando-se sobre o sofá.
Mas o que custava deixar a televisão ligada o dia todo?
Energia elétrica, eu sei. Mas era um mimo que o humano poderia me dar. Mais um além de todos os outros, claro, eu mereço. E muito.
Miei mais uma vez, sendo pego no colo e afagado por inteiro. Os dedos percorreram meu corpinho peludo, amaciando meu pelo quase que laranjinha. Espreguicei-me sobre seu colo macio, ronronando ao esperar ver o que diabos ele havia trazido para mim.
Eu sabia que ele passava o dia to-di-nho preocupado comigo.
Hyunsik amava a mim, e somente a mim. Ele voltava para casa todos os dias correndo, só pra fazer carinho na minha barriguinha, pousar o dedo sobre meu focinho, e me deixar arranhar seus braços firmes.
Coisa a qual fazia questão de deixar que eu marcasse, para que não estragasse o sofá velho de sua avó.
Não que eu o deixasse intacto.
— Aí ó, — jogou a bolinha besta sobre o chão de madeira. — um novelinho só seu. — acariciou minhas orelhas, como se aquilo fosse me despertar alguma atenção para o objeto. — Comprei do mais felpudo, do jeito que sei que você gosta.
Torci o rosto, miando alto novamente ao pousar a pata sobre o rosto do moreno.
Tá’ de sacanagem se acha que eu vou brincar com um novelo.
— Ah, coisas para animais hoje em dia são tão caras! Não o destrua com cinco minutos Ilhoonie. Comprei com muito amor...
Tá’ agora eu vou destruir esse pedaço de esfera enrolada.
Pulei sobre o objeto, afiando as unhas nele com vontade. Ao fincar as patinhas sobre o novelo, ele se prendeu nelas, me prendendo por inteiro ao tentar me livrar do tecido embrulhado. Nervoso, dei voltas sobre mim mesmo, torcendo o nariz ao me ver preso no meio de uma bagunça enquanto o humano ria sem piedade.
Reclamando, enchi seus ouvidos de miados irritantes para que viesse me desprender.
Quem ele pensa que é?
Eu quem mando nesse relacionamento, tá achando o que Im Hyunsik!? Sou um amorzinho de gato, e você tem que me amar!
Não demorou para que ele viesse me desembrulhar, e logo, me encher de carinhos de novo. Mas eu já estava bravo. Ele não estava merecendo meu afeto, então, virei de costas para ele, demonstrando toda minha insatisfação — já sabendo que o humano viria atrás de mim.
— Jung Ilhoon, se não vier para cá agora, não terá os petiscos das quintas feiras! — ele achava mesmo que podia me chantagear.
E de fato.
Os petiscos das quintas a noite eram os melhores.
Fui até lá só pelos petiscos; e pelo sorriso que o moreno estampou ao ver meu ato. Ele me pegou, deitou-se sobre o chão e ergueu os braços para cima, contra a luz, apenas para ficar me observando por longos minutos. Eu virei o rosto, extremamente constrangido com seus orbes furtivos, bobos e apaixonados.
Mas minha barriguinha roncou após ele me deixar descansara sobre seu peitoral.
E por mais que eu estivesse com fome, era confortável estar ali, aconchegado sobre seu corpo, demonstrando todo o controle que eu tinha sobre o rele humano que eu deixava dormir abaixo de mim.
Sabia que o Im estava apaixonado por mim. Por meu entorno, por meu pelo, meus olhos, minha cor, meu ronronar, miado e bigodinhos. Claro, eu sou um astro, um ídolo, é impossível não me amar.
Só não podia deixarem descobrir, que eu também estava apaixonado por Im Hyunsik.
— Hmn, não podemos dormir aqui, está frio. — disse, roçando o dedo sobre minha cabeça. — Vou te deixar dormir sobre minha cama hoje, Ilhoonie. — manhou de forma tão fofa que pareceu até um gato.
Hyunsik era um humano.
Apesar de ele agir e ser como um gatinho.
Ele não era um híbrido, mas seria um ótimo animalzinho.
E só eu poderia escutá-lo miar enquanto dormia, agarradinho comigo em sua cama quentinha, enquanto sujava seu casaco preto com meus pelos laranjinhas.
— Ilhoon! — clamou. — Não estrague o novelo! — gritou, ronronando para que pudesse ouvir. — Gatinho mau!
Sorri por dentro, após ter vingado sua chantagem.
Ele continuou ali, falando asneiras enquanto encarava-o abobado.
Enquanto eu, fazia questão de escutar cada um de seus miados.
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