lasther Lasther B.

Byun Baekhyun é um escritor adepto a escrever histórias fracassadas e numa segunda-feira qualquer, após sofrer um acidente, acorda em uma realidade totalmente diferente da sua anterior, onde tem um relacionamento sério, amigos e uma família que o oferece apoio. Um estranho apresenta-se como seu namorado, pedindo a mão de Baekhyun em casamento, no entanto, na manhã seguinte, ele desperta e tudo está de volta ao normal, a mesma vida caótica de sempre. Logo depois de assinar um contrato dos sonhos com uma editora de livros, ao receber alta, Baekhyun ficará responsável em escrever a biografia de um dos rappers mais arrogantes da atualidade, Park Chanyeol, o cara que possui a mesma aparência que lembra vagamente seu personagem e o futuro noivo que pensou ter conhecido enquanto estava em coma. ATENÇÃO: Essa fanfic possui cenas de sexo, sendo, portanto, não indicada para menores de 18 anos. Leia por responsabilidade própria e não copie sem a devida autorização da autora. Não aceito adaptações. Ⅱ CHANBAEK/BAEKYEOL Ⅱ REALIDADES PARALELAS Ⅱ VIAGEM ASTRAL Ⅱ +18 Ⅱ (Postado também no Wattpad e no SocialSpirit)


Fanfiction For over 18 only.

#sci-fi #multiverso #chanbaek #baekyeol #baekhyun #chanyeol #yaoi #exo #realidades-paralelas
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Verso 1: Brevemente infinitos.

Notas Iniciais:meus agradecimentos a Teeh, a Bea e a Gabi pela betagem, vocês são sempre muito incríveise pacientes comigo.

Boa leitura, seus lindos, e sejam bem-vindos de volta a viagem para Multiverso! <3


📷


Para alguns, segundas-feiras podiam significar recomeço, uma oportunidade de ser e de fazer melhor, mas para mim, segunda-feira sempre havia sido apenas mais um dia como qualquer outro. No entanto, foi naquela segunda-feira específica que minha vida virou de cabeça para baixo, literalmente falando.

O sangue escorria pela lateral do meu rosto e minha visão estava turva como o inferno. Independente de quem ou o que estivesse ouvindo os meus pensamentos, eu repetia a mim mesmo que eu estava pronto. Onde estava a bendita luz? Ela apenas deveria aparecer e me levar de uma vez.

Basicamente, eu era um escritor que escrevia tudo aquilo que jamais viveria. Meus dias monótonos se resumiam a regar plantas pelas manhãs, as tardes sendo dedicadas ao meu emprego em uma livraria que decaía aos poucos em falência, as noites eram gastas com a escrita e finais de semana para levar Aslan ― meu labrador babão ―, para passear pelo parque.

Eu odiava concordar com a minha mãe, mas eu era a droga de um solitário, arrastando-me pelos dias e fugindo de qualquer tipo de demonstração afetiva, diferentemente da maioria das pessoas da minha idade. Sexo não era o meu ponto alto como os diálogos que eu ouvia dentro do metrô, eu me sentia excitado e coisas assim, mas nada que a imaginação não resolvesse.

Há quase meia-hora atrás eu era apenas um cara pronto para sair de casa. Havia pego as chaves do carro, olhado uma última vez para Aslan ― que estava rebeldemente deitado em cima do sofá ― e resmungado algumas palavras como:

― É bom não comer nada não-comestível enquanto eu estiver fora, não quero meus móveis ou chinelos pela metade, estamos entendidos?!

Me lembro que ele devolveu com um latido. Eu revirei os olhos ao pensar que, com certeza, ele não atenderia ao meu pedido e que como sempre, eu não deveria esperar por uma resposta sensata.

O tempo estava fechado a meia-hora atrás, as calçadas vazias e regadas por pós-chuva. Acomodei a jaqueta jeans no corpo e entrei no meu carro velho. Enquanto o dirigia, meu celular vibrou. Desbloqueei a tela do celular e percebi que estava recebendo uma ligação. Era a minha mãe. Não era para dar uma boa notícia, provavelmente.

― Baekhyun?

― Mãe, eu estou no trânsito. ― Meus olhos atentamente analisavam a direção do carro enquanto eu equilibrava com o ombro, o celular em meu ouvido.

― Como foi o encontro?

― Eu não fui.

― Como assim, não foi? ― O tom parecia de reprovação.

Lá vamos nós de novo! Suspirei baixo.

― Sinto muito, eu disse mais de cem vezes que não pretendo entrar em nenhum relacionamento agora, nem me casar ou qualquer coisa amorosa que esteja planejando.

― Mas a garota era linda, você nem chegou a conhecê-la direito.

― Mãe, eu sou homossexual, quantas vezes tenho que te explicar isso?

― É uma fase, precisará construir uma família no futuro e precisa de uma boa garota como esposa.

― Desde quando eu preciso de alguma coisa? Por acaso relacionamentos homossexuais também não constroem uma família? Por favor, mãe, pare com isso e não me ligue mais. Eu estou bem sozinho, gosto da minha vida assim.

― Não entende que eu... Eu quero netos, Baekhyun. Você está quase na casa dos trinta anos e minhas vizinhas não param de esfregar na minha cara o quanto é bom cuidar de crianças.

― Elas estão mentindo. Quem gosta de trocar fraldas e ouvir choros pela noite? No fundo, apenas tratam os netos como troféus ou assuntos da semana. Tire essa ideia da cabeça e me deixe viver como eu quiser.

Desliguei. Outra ligação.

― Mãe, eu estou dirigindo ― insisti. ― Não podemos falar outra hora?

― Desculpe, Senhor Byun. ― Ouvi um sorriso logo após a voz masculina. ― Não é a sua mãe, é de uma editora de livros. Você foi selecionado.

Desviei a atenção por um milésimo de segundo e um ruído ensurdecedor de buzina de caminhão foi o suficiente para eu tentasse frear meu carro num movimento nada calculado. Tudo se tornou escuridão, e então, após meu carro capotar inúmeras vezes, paramos no meio do acostamento, de cabeça para baixo. Era o meu fim.

Park Chanyeol era o meu personagem favorito. Ele tinha cabelos negros, olhos avelã, era extremamente alto e dono de uma empresa de finanças. Tinha vinte e oito anos, assim como eu, e um conhecimento extraordinário em filosofia. Era graduado em Ciências Contábeis e havia conquistado mais certificados do que eu poderia contar. Eu o tinha criado para mim, unicamente baseado no que eu idealizava num pretendente. E era incrível quando a criatividade me azucrinava até que eu escrevesse a noite toda sobre ele. Sua personalidade encantadora me fazia gastar horas na frente do notebook, registrando as frases marcantes e sua forma amável de ser.

As outras histórias que eu tinha postado até então foram um fracasso total: contos curtos e sem sal, vendidos para um jornal de bairro com um pseudônimo qualquer assinado embaixo. Tudo se resumia a mesmice e depois de um tempo, meus textos já não continham nenhum valor. Por conta disso, resolvi que eles ficariam escondidos dentro das minhas gavetas, escondidos do mundo e em conserva, pois talvez fosse o melhor a ser feito.

Ele também dominava os meus sonhos, como uma obra em movimento. Seus olhos escuros falavam comigo e os lábios eram pura tentação. Os toques não eram sentidos e sempre que voltava para minha realidade sem graça e com juízo, eu me lamentava malditamente por isso.

Naquele instante, eu estava com sua imagem bem na minha frente, no mesmo local clássico dos meus devaneios. Ele andava pelo escritório com um montante de papéis em mãos de um lado para outro, concentrado nas planilhas, passando por mim, sem perceber minha presença. O acompanhava em silêncio, pois nesses sonhos eu nunca tinha conseguido falar alguma coisa.

Chanyeol sentou-se em sua respectiva poltrona, parecia impaciente e cheio de seriedade junto ao cenho franzido. Massageou a testa e largou os papéis sobre a mesa, de forma brusca, dando um suspiro pesado. Eu desejei dizer uma palavra acolhedora, ou ao menos, tentar algo próximo disso.

Aproximei-me da estante lotada de livros ao lado de sua mesa e analisei as obras. Os títulos eram desconhecidos, tentei anotar os nomes e seus criadores em mente, mas sempre que eu acordava, as palavras se tornavam um borrão duvidoso em minha mente.

Virei meu corpo e Chanyeol brincava com uma caneta em mãos, quando ele girou pela segunda vez, senti algo me pressionando para frente. Tossi por três vezes seguidas, sentindo que meu ar era puxado para fora e a angústia em minha garganta não me permitia respirar direito. Ouvi gritos, meu nome era chamado desesperadamente por minha mãe. O que diabos estava acontecendo? Eu tinha morrido e estava passando dessa para uma melhor?

Surpreendentemente, Chanyeol se assustou e olhou em minha direção. Espere! Ele estava me vendo? Fiquei desesperado e a tosse me consumia cada vez mais, mas minha confusão mental era ainda maior. Ele estava realmente me vendo? Seus olhos pareciam tão fixados aos meus. Eu só podia estar ficando louco.

Acordei num susto. A mulher segurou-me pelos braços para que meu corpo não caísse da maca. Eu estava na sala de um hospital e o cheiro de remédio não me deixava mentir.

― Graça a Deus você acordou, eu fiquei tão preocupada.

Minha visão permanecia dificultosa.

― Por que eu estou no hospital? ― resmunguei com dificuldade em deixar a minha voz audível. ― Não me lembro de nada.

― Você sofreu um acidente horrível, meu filho. Não se force tanto, ainda está fraco. ― Ela massageou meus ombros com sutileza.

Quem era aquela mulher que me chamava de filho com a voz lotada de carinho? Ela lembrava vagamente a minha mãe, mas o cabelo era diferente, as roupas também e era gentil demais para ser ela de verdade. Faziam mais de meses que ela não me chamava de filho, principalmente depois que revelei minha orientação sexual.

― Acidente? Como isso é possível? Eu estava indo para o trabalho.

― Disseram que você estava no celular na hora que um caminhão passou no vermelho. Ficou em coma e acordou só agora.

― Céus! ― Me forcei a ficar sentado na cama. Gemi ao sentir as dores agudas alcançarem várias regiões do meu corpo. ― Quanto tempo eu fiquei desacordado?

― Três semanas.

― Três?

Ela concordou com a cabeça.

― Semanas?

― Exatamente.

― Isso é loucura!

― Seus amigos ficaram desesperados quando souberam. Seu pai veio correndo me trazer no hospital e seu namorado ficou tão preocupado que mal conseguia dormir.

― Não deveria, eu sou forte... espera, quem?

Desde quando eu tinha amigos? E um namorado?

― Park Chanyeol, seu namorado. Ah, não! Não vai me dizer que se esqueceu dele? Os médicos me afirmaram que seu cérebro não tinha sofrido nenhuma sequela.

― Mãe, pare de falar bobagens, você mexeu nas minhas gavetas, não foi?

Não existia outra justificativa a não ser essa. Ela tinha fuçado nas minhas coisas e encontrado minha história, afinal, eu nunca tinha contado sobre meu personagem para ninguém, sequer citado qualquer detalhe a alguém. Seria possível que algum de meus amigos tivesse o mesmo nome que os da minha história?

― Eu não sei do que está falando. Ah, sim! Deve ser o efeito dos remédios ― comentou para si mesma, tentando se convencer do que dizia.

O beijo na testa me assombrou. Não era minha mãe. Enquanto eu estive em coma alguém tinha a trocado por uma cópia mais arrumada e de sorrisos sutis. Não era ela.

― Precisarei sair, Chanyeol me ligou dizendo que está vindo pra cá e que ficará com você até amanhã. Trarei panquecas com goiaba, seu prato favorito.

Ela saiu do quarto e me deixou sozinho. Fiz uma careta, pois não era meu prato favorito. Eu odiava goiaba, quando era criança, repetia para minha mãe ― para a verdadeira ― que não gostava desse tipo de café da manhã.

A porta se abriu e eu me virei, sem paciência para possíveis enfermeiras. E então, a presença que eu menos esperava no mundo, apareceu bem na minha frente e eu gritei. Gritei tão alto que ele precisou tampar minha boca com a palma de sua mão, enquanto rogava com o dedo pressionando os próprios lábios, que eu ficasse quieto.

― Pare de gritar, Baekhyun! ― Ordenou. ― Por favor, podem achar que eu estou te matando ou algo assim! ― Sorriu. E que sorriso.

Concordei com a cabeça e ele retirou a mão da minha boca, dando-me espaço para falar.

― Como... isso... é possível?

Ele cruzou os braços.

― Pois é, três semanas longe de mim, como isso é possível? Você me assustou, rapaz!

Me inclinei, ficando sentado no colchão e mesmo com os aparelhos médicos espalhados pelo meu braço, tentei tocá-lo com uma das minhas mãos. Queria confirmar se não era uma alucinação da minha cabeça.

Seus olhos acompanharam o meu dedo indicador indo ao encontro de seu tórax. Quando senti a textura de seu sobretudo, meu coração disparou de vez. Era Chanyeol em carne e osso. Que loucura era aquela?

Ele me abraçou sem avisos prévios, me apertou tanto contra seu peito que achei que eu fosse ficar sem ar. Quando se separou de mim e me fitou, eu achei que fosse desmaiar.

― Não sabe o quanto eu estive preocupado nesses últimos dias. ― Os olhos brilharam. ― Achei que nunca mais fosse te ver acordado de novo. Como pôde fazer isso comigo?

― Isso não é possível. Como saiu das minhas histórias? ― O encarei.

Ele riu.

― Do que está falando?

― Você não é real, nunca foi e não deveria ser agora.

― É claro que eu sou real. ― O sorriso parecia franco, mas aquela situação era inacreditável demais pra mim. ― Sou tão real que eu quero me casar com você. Agora, se possível.

― Eu realmente gosto da ideia, mas casar com pessoas que não existem não é algo muito saudável ou bem-visto lá fora.

Outro riso. Ele estava brincando comigo?

― Isso é um elogio ou eu devo ficar preocupado?

― Minha mãe voltou a me chamar de filho depois de quase dez anos me chamando apenas pelo meu nome, o único contato que ela tinha comigo era por ligações e agora ela diz que veio me visitar todos os dias, fora que acabei de ser pedido em casamento por um personagem. Quem deveria ficar preocupado aqui, sou eu, não acha?

― Está delirando! Deve ser o efeito dos remédios.

Revirei os olhos.

― Precisam parar de falar isso, eu não tomei nada, inferno!

― Está rabugento, estou começando a ficar realmente preocupado.

Tentei me levantar da maca, ele buscou me ajudar, doando equilíbrio em seus braços. Quando o senti, eu não sabia se tentava colocar forças nas pernas para ficar de pé ou se tentava pensar em uma teoria convincente do motivo para eu estar ali, tocando-o. E todas as opções me exigiam demasiado esforço.

― Estou te sentindo! ― Acabei dizendo em voz alta. ― Com certeza serei internado.

― Mas já está internado, Baekhyun.

― Você tem cheiro de perfume caro.

Ele sorriu.

― Foi você que me deu esse perfume no meu último aniversário, não se lembra? Eu me viciei tanto nele que está acabando, aliás.

― Eu te dei um presente?

Certo! Eu poderia ter escrito aquela situação. Sim, só poderia ser isso! Não havia outra explicação para parecer tão real, além do mais, algumas coisas que foram escritas a muito tempo, acabam não sendo decoradas pelos seus próprios criadores. Era algo comum no meio literário.

Todos os meus sentidos detectavam algo dele, tal como o aroma forte, meus dedos sobre seus braços fortes e a minha visão que era agraciada por suas madeixas negras e seus olhos sensuais. Ele era lindo demais para existir de verdade.

― Tantos presentes que suponho que tudo que eu tenha hoje ― respondeu ―, vieram do seu bom gosto.

― Onde trabalha?

― O efeito dos remédios ainda não passou?

― Aparentemente não. ― Resolvi entrar no jogo.

― Então, está bem, eu contarei! Trabalho na empresa do meu pai e infelizmente sou o único herdeiro. Eu e você compramos uma casa de frente para a praia fazem três anos, nos conhecemos desde pequenos e namoramos desde os dezessete.

― Estamos juntos há tanto tempo assim? Caralho!

Ele arregalou os olhos. Havia surpresa em sua expressão.

― O.k! Você acabou de falar um palavrão.

― O que mais? Qual é a sua cor favorita?

Amarelo.

― Amarelo.

Bingo! Pensei. Cádmio, não é?

― Amarelo cádmio ― completou e eu me assombrei.

― Música favorita?

― "The Beginning Of Our Love", da banda The Manly. Foi você quem me apresentou a ela.

A música nem existia.

― Filme preferido?

― The Human Test.

Outra invenção minha.

― Qual sua pior lembrança de quando era criança?

― Quando torci o pé na escada de um escorregador. Era como se minha alma tivesse saído do corpo.

― Certo! Então até os detalhes você sabe. ― Forcei um sorriso. ― Puta que pariu!

― Pare com isso!

― Com o quê?

― Os palavrões.

― Então pare de existir.

Ele sorriu pra mim.

― Não dá. ― Arrastou o dedo sobre meus lábios.

Eu me assustei com a ação. Ele se aproximou enquanto encarava minha boca.

― Posso te perguntar outra coisa?

Ele pressionou os olhos.

― Pode, mas vai logo porque eu estou morrendo de saudades de te beijar.

― Essa história de casamento é realmente séria?

― Obviamente! Eu nunca estive tão certo em toda minha vida.

― Você não me conhece, sou um cara comum demais pra você.

― Eu amo cada normalidade sua, cada minúcia que insiste em desaprovar.

Revirei os olhos.

― Tá vendo? Você é exatamente o que eu quero e isso me assusta, eu só... te criei de algum lugar que nunca compreendi direito, porque é longe demais para ser real.

― Pare com isso! Você não me criou, eu estou bem aqui na sua frente, a ponto de te beijar e tirar um anel de casamento do meu bolso, não me venha com desculpas.

Sorri. Ele ergueu uma das sobrancelhas em resposta, retirou um anel de ouro do bolso e me apontou o pequeno objeto na palma da mão.

― Diz que aceita, por favor!

― Está realmente achando que precisa implorar?

― Olha! ― Ele ajoelhou e eu sorri. ― Se for preciso, aqui estou!

― Não acredito que farei isso. ― Apontei a mão.

Ele colocou o anel no meu dedo anelar. Levantou-se e me abraçou com cuidado.

― O Aslan mora com a gente?

― Quem? ― Me olhou.

― Aslan, meu cachorro.

Ele se mostrou perdido.

― Achei que tivesse alergia a animais de estimação. É algum de brinquedo?

― Se fosse, talvez meus móveis estivessem inteiros. Mas ele não é exatamente um cão, parece mais um monstro que come tudo que vê pela frente.

Ele deu um sorriso, me ajudou a me acomodar numa poltrona e se agachou ao meu lado, avaliando meu rosto e alisando com a mão, meu dedo que continha o anel.

― Fica lindo em você. Na verdade, você é lindo de qualquer jeito.

Aproximei-me de seu rosto e observei as particularidades oferecidas. Ele tinha a pele tão macia, os cílios grandes e a boca era o que mais me chamava a atenção. Eu desejava beijá-lo mais do que tudo.

― O que acontecerá se isso for um sonho? Se eu acordar amanhã e você não estiver mais aqui?

Ele bufou, sorriu e me deu um rápido selinho.

― Então, que seja um sonho infinito ― sussurrou entre os meus lábios.

A voz era tão suave e a proximidade de seu rosto me ludibriava de um jeito surreal. Eu tentei beijá-lo, mas ele afastou o rosto de mim como provocação.

― Quando se lembrar de nós dois, juntos como agora, promete dizer sim para o meu pedido de casamento de novo?

Sorri.

― Eu não seria doido de não aceitar.

Puxei-o pela nuca e o beijei de tal forma que era como se eu realmente fizesse parte de seu habitual cotidiano. Como se a minha vida estivesse entrelaçada a dele, misturada ou destinada a beijos futuros como aquele.

Passamos a tarde toda conversando sobre o quanto a vida de Chanyeol era emocionante, o quanto seus funcionários tinham orgulho do chefe que tinham e como seu jeito de guardar todas as roupas em ordem de cor era estranho e fofo ao mesmo tempo.

E no cair da noite, estávamos em nosso décimo nono beijo. E sim, eu havia contado! Acabei pegando no sono enquanto Chanyeol segurava minha mão, respirando calmamente contra minha testa. Mesmo que eu não desejasse deixá-lo tão cedo, havia um cansaço arrebatador me entorpecendo.

Talvez eu devesse apenas aceitar o rótulo de maluco, pois nada até então tinha sido tão doce quanto os lábios daquele cara e tão amargo quanto o medo dele sumir das minhas linhas.

Eu acordei na manhã seguinte e ele não estava mais lá. Mas eu já estava acostumado em ter coisas tomadas da minha vida com uma facilidade impulsiva.

― FICOU DOIDO? ― Minha mãe surgiu na porta aos gritos.

Minha cabeça latejou numa dor aguda. Talvez ela estivesse certa pela primeira vez na vida.

Impulsionei força nas mãos para me levantar e ela nem se importou em me ajudar.

― Está louco, Baekhyun! Falar no celular enquanto dirige? Eu deveria te dar uns socos pra ver se aprende a ser gente.

Franzi o cenho.

― Mãe, acalme-se, por favor! Não se deve gritar em hospitais.

― Eu aposto que isso é um plano para você testar meu autocontrole, certo, Baekhyun? Seu pai fez isso durante um ano antes de nos separarmos e ir embora com a amante para outro país, agora você sofre um acidente e vem parar num hospital mais caro que dois meses do meu salário. O que eu faço com você?

Droga, tudo não tinha passado de um sonho! Estava perfeito demais, era de se esperar.

― Por enquanto, apenas pare de gritar. Minha cabeça dói.

― Três dias, terei que pagar por três dias.

― Dias? Não foram três semanas?

― Vira essa boca pra lá, se fosse mais de um mês eu sairia daqui cheia de dívidas.

― Não veio me ver antes?

― E por que eu viria? Estava desacordado, que diferença faria?

Bufei alto, recostando as costas da minha cabeça na parede.

― Onde está Chanyeol?

― Quem? ― Ela me olhou imersa em julgamentos.

― Deixa pra lá!

Enrolei o lençol entre os dedos. O anel havia sumido. Por que eu ainda tinha esperanças em revê-lo?

― Pode me fazer um favor?

Ela suspirou pesadamente.

― Diga!

― Vá até a minha casa e veja como Aslan está, tenho medo dele ter destruído tudo por lá.

― Certo! Mas terá que ser rápido, eu não arrumarei nada, ainda preciso trabalhar hoje.

― Tudo bem! Apenas o dê algo de comer.

Ela saiu, sem beijo na testa ou despedidas. Apenas saiu. E aquela sim era a minha vida de merda.

Minutos depois, alguém bateu na porta com agressividade e eu me alertei. Talvez fosse Chanyeol. Quando a porta se abriu, um homem todo vestido formalmente surgiu, com alguns papéis em mãos.

― Senhor Byun?

― Acho que sim.

Ninguém nunca me chamava assim.

― Trouxe a proposta para analisar. Infelizmente quando ligamos pela primeira vez a ligação caiu e ficamos sabendo que sofreu um acidente no mesmo dia. Mas estamos felizes que esteja se recuperando bem.

A última lembrança antes do acidente piscou na minha mente. A editora de livros, pensei.

― Ah, claro! Me lembrei da sua voz.

― Nós queríamos marcar um horário em sua agenda, mas acho que vai gostar de saber o quanto antes da proposta que nós temos para ofertá-lo.

Tudo que envolvia livros me interessava, não seria diferente daquela vez.

― Escreve histórias, certo?

Pressionei os olhos.

― Escrevo ― respondi incerto.

― Encontramos uma cópia de um dos seus livros. Mandou-nos faz pouco tempo por e-mail e felizmente temos um trabalho pra você.

Ele só poderia estar mentindo.

― Eu aceito!

Ele sorriu com meu evidente entusiasmo.

― Mas eu ainda nem disse do que se trata.

― Não importa! Eu preciso de dinheiro, qualquer emprego está ótimo, ainda mais em uma editora.

― Então, deixe-me explicar melhor. Precisamos de um escritor que faça um livro biográfico sobre um cantor e que fique encarregado de fazer pesquisas com fontes confiáveis, descobrir mais sobre o passado dele e outras coisas que achar necessário.

Certo! Não parece uma tarefa impossível, eu me achava capaz.

― É só assinar aqui! ― Me apontou um dos papéis que tinha em mãos.

Peguei o contrato no colo. Havia tanto texto e minha cabeça latejava que apenas passei os olhos no início, lendo que eu aceitaria ficar responsável por informações confidenciais e que deveria ter a ética de saber julgá-los como íntegros de uma leitura universal. Tanta abobrinha que resolvi pular tudo e assinar em cima da linha em branco que tinha no final da folha.

Assim que terminei, notei que outra figura surgiu na porta. Alto, fodidamente atraente como qualquer outro pecado nascia para ser e com a aura enigmática.

― Esse será o cantor que servirá de protagonista do seu primeiro livro biográfico. Ele é um rapper bastante famoso, então talvez você já o conheça. ― O homem se direcionou para seu lado esquerdo e eu o segui com os olhos, julgando a imagem do rapaz dos pés a cabeça.

Era Chanyeol e ao mesmo tempo não era. Pelo menos, não completamente. Havia na nova presença, inúmeras tatuagens que completavam qualquer espaço de pele que anteriormente existia naquele corpo, algumas que começavam nas mãos, transformando-se em palavras, desenhos ou números e ficavam escondidas pelo capuz do moletom cinza.

Sim! Era Chanyeol na forma de um gibi ambulante, com a expressão de marra, os olhos pintados com sombra preta, as pontas das madeixas vermelhas saltando do capuz, com piercings espalhados pelo rosto e alargador na orelha. Era Chanyeol, mas um Chanyeol distante da áurea dócil, sem perder o magnetismo no olhar. Era Chanyeol, mas com olhos negros beirando a sensualidade. Era Chanyeol, mas sem o infinito.

July 25, 2018, 7:44 a.m. 1 Report Embed Follow story
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Amanda Luna De Carvalho Amanda Luna De Carvalho
Olá, tudo bem? Faço parte do Sistema de Verificação e venho lhe parabenizar pela Verificação da sua história. Tenho que dizer que amei sua história pelo fato de se tratar sobre personagens que são inventados e criam vida do nada. Até mesmo eu ficaria assombrada de ver qualquer personagem meu vivendo na realidade em que estou. Apesar de todo tumulto formado pelos personagens principais, eu gostei de cada linha. É muito interessante ver isso numa trama tão elaborada. Eu torço para um romance merecedor de roteiro de filme. A coerência está ótima. A estrutura está excelente pois pude compreender as sensações que todos queriam repassar ao leitor. Notei que mesmo que alguns estivessem confusos, suas emoções estavam a flor da pele e condiziam com que realmente queriam. Quando o personagem entra num universo alternativo e lida com sua própria família, além de seu personagem amado, pude sentir toda agitação que aquilo estava causando em sua cabeça e como era adorável ao mesmo tempo. O cheiro do perfume que o personagem sente em seu amor, me deu vontade de sentir essa fragrância também. As intenções da mãe do personagem em querer ter netos chegam a me soar um tanto engraçado e como aquilo estava torrando sua paciência. O cenário é simplesmente adorável e está bem detalhado. Quanto a gramática, notei alguns deslizes e aconselho algumas mudanças: "melho" em vez de "melhor"; "não tê-lo" em vez de "não o ter"; "fazia-se mais de meses" em vez de "fazia mais de meses"; "descobrir, a qual cosmo" em vez de "descobrir a qual cosmo" (sinopse). — Indico essas alterações e espero ter sido útil em dar esses apontamentos. Eu queria estar lá para ver tudo que andava acontecendo durante o decorrer do capítulo pois gostei de todas as minúcias retratadas dentro do enredo. Continue escrevendo seus livros assim, já que torço para cada um dos personagens citados. Espero do fundo de meu coração que tenha muita sorte. Até mais!
May 15, 2020, 21:47
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