Anthony vestiu-se e foi até o salão do palácio imperial, onde seu pai tomava o café da manhã ao lado de alguns de seus aliados e sua esposa.
O jovem patrício sentou-se à mesa, e foi cumprimentado por todos os presentes, exceto por Calpúrnia, esposa de seu pai.
A mulher jamais nutriu qualquer apreço por Anthony. Afinal, ele era o filho bastardo que o Imperador César havia trazido pra casa.
Anthony era filho de uma antiga amante de César, ao voltar da guerra, o novo imperador trouxera consigo o filho bastardo, e o criara como um filho legítimo, o que não deixou a sua esposa nada feliz.
E quanto a Anthony, ele apenas ignorava os chiliques da madrasta.
— Anthony. — Falou César chamando a atenção do filho. — Preciso que vá ao porto da cidade, e traga um dos prisioneiros de guerra para cá.
— Sim, senhor. — Respondeu ele, firmemente.
— Já está mais do que na hora de ter o seu próprio servente. — César disse com um pequeno sorriso no canto dos lábios.
Anthony manteve-se sério, olhou de soslaio para a madrasta e viu que a mulher parecia prestes a explodir de ódio. Ela nunca aprovava nenhuma decisão que César fazia para com o filho. A não ser que algum dia ele decidisse mandá-lo embora, ela certamente iria ser a primeira a ajudar o bastardo a fazer as malas.
— Marco Antonio irá lhe acompanhar ao porto. – Disse César quando Anthony se levantou da mesa, chamando um dos criados para preparar sua carruagem.
O aliado do Imperador levantou-se e seguiu Anthony.
Atravessaram o palácio e prostraram-se no pátio principal, com uma servente galesa segurando um pequeno toldo portátil sob suas cabeças, os protegendo do sol. Não demorou muito e a carruagem apareceu sendo puxada por dois belos cavalos de raça trazidos do sul.
Escoltados por uma dúzia de guardas do palácio, seguiram até o porto.
— Sabe Tony, César parece gostar muito de você. — Marco Antonio falou tentando puxar assunto. — Ao contrário de Calpúrnia. — Marco tinha um sorriso travesso no rosto, enquanto Anthony permanecia impassível.
Marco percebeu que Anthony não estava a fim de conversar e calou-se por fim durante todo o trajeto restante.
— Por que meu pai quis que viesse comigo? — Perguntou Anthony quando já estavam próximos ao porto.
— Não sei. Talvez ele se importe muito com você, no fim das contas. Ou talvez achou que precisasse de uma companhia digna. — Respondeu pavoneando-se.
Anthony não disse mais nada.
A carruagem parou e o patrício desceu, seguido do general.
Não tiveram que andar muito para encontrar o local onde os prisioneiros estavam. Seguiam escoltados por oito dos soldados, o general não queria correr nenhum risco desnecessário.
O vendedor trouxe um grupo de dez jovens estrangeiros que sequer deveriam falar o idioma romano, e que haviam sido presos na última conquista de César. A maioria não deveria ter mais do que 18 anos e estavam todos com uma aparência horrendo. Sujos, alguns com os pulsos e tornozelos feridos pelos grilhões e acima de tudo mal nutridos. Isso era uma constante entre todos ali. Exceto um. Ele era o único que mantinha a cabeça erguida todo o tempo e era o escravo mais belo que Anthony já vira em toda a sua vida.
O homem, parecia ser mais velho que os outros, mas não deveria ter mais do que trinta anos. Surpreendia que tivesse chegado àquela idade e com aquele corpo. Os músculos eram rígidos, estava em uma ótima forma e a pele era clara, embora estivesse coberto por uma camada de sujeira, suor e fuligem. Talvez fosse filho de algum nobre que se perdeu no meio da batalha e acabou sendo levado junto com a plebe.
Anthony parou diante do homem e o observou mais de perto. Seu corpo era imaculado, sem uma única cicatriz sequer, apesar de estar sujo, Anthony não conseguiu deixar de imaginar como seria ter aquele homem forte o dominando. Tinha os cabelos claros e os olhos de um azul muito belo. Seu rosto parecia ter sido desenhado para igualar a perfeição dos deuses. Enquanto Anthony o olharva, o prisioneiro mantinha-se sério, olhando fixamente para algum ponto ao longe.
— Qual o seu nome? — Perguntou Anthony olhando dentro daqueles olhos azuis que pareciam focar o nada.
O homem olhou para Tony e então desviou os olhos para o horizonte novamente.
— Eu lhe fiz uma pergunta! — Anthony falou erguendo o tom de voz, então virou-se para o mercador de escravos. — Por um acaso ele é surdo?
— Não era antes de o senhor chegar. — Falou o homem com simplicidade.
Marco Antonio tomou a frente e acertou um soco no rosto do loiro, que cuspiu um pouco de sangue, e permaneceu imóvel.
— Acho que assim ele aprende a responder adequadamente seus senhores quando lhe for dirigida a palavra. — Marco Antonio voltou para seu posto de antes, logo atrás de Anthony.
— Qual o seu nome escravo? — Perguntou Anthony novamente.
O jovem patrício era arrogante e extremamente orgulhoso.
Sua mãe o criara daquela forma, sempre falando ao garoto como seu pai era grandioso, e que um dia ele seria tão aclamado quanto o pai.
Quando Júlio César aceitou levar Anthony para Roma consigo, o jovem se tornou ainda mais orgulhoso do que já era, afinal, tudo estava saindo como o planejado. Ia para Roma como o filho do Imperador, e em sua concepção aquela era a maior honra que ele poderia receber, e, apenas o próprio Imperador era superior a ele.
— Qual. O. Seu. Nome. Escravo? — Perguntou Anthony realmente começando a se irritar.
Marco Antonio levou a mão à espada, pronto para arrancar a cabeça do escravo fora caso ele tentasse qualquer coisa.
— Steve Rogers. — Falou o homem a contragosto. — E em hipótese alguma serei escravo de ninguém.
Anthony o avaliou novamente com um sorriso maléfico no rosto.
— Irei levá-lo. — Concluiu por fim.
— Tem certeza disso Anthony? — Perguntou-lhe Marco um tanto quanto receoso da escolha do patrício.
— Sim.
Dito isso, Anthony deu as costas, indo de volta a carruagem e deixando para que o General concluísse o negócio.
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