ariane-munhoz Ariane Munhoz

Um dia, Daichi havia prometido a Sugawara que jamais o deixaria sozinho. E ele realmente acreditou nisso. Acreditou com todas as suas forças. Mas o destino trabalha sobre nós de maneira engraçada. E existem coisas que simplesmente não podemos prever.


Fanfiction Anime/Manga Not for children under 13.

#haikyuu #daisuga #daichi #sugawara #romance #tragédia #darkfic #songfic #drama #258 #yaoi #lgbt #universo-alternativo #ua #Desafio-AD #Desafio-Retrô #Homofobia
Short tale
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Always here for you

Primeiramente, Haikyuu não me pertence.

A imagem da capa foi retirada do pinterest, créditos ao autor.

Essa fic foi feita para o desafio retrô do Anime Design, cujos itens obrigatórios eram uma música e a fic ser Universo Alternativo.

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=lcOxhH8N3Bo

Dito isto, boa leitura!




(Vire-se)

De vez em quando

Eu fico um pouco solitário

E você nunca irá voltar

Sugawara sentou-se no balanço enferrujado, segurando com força as correntes. Esperando pelo momento em que Daichi o empurraria novamente, como havia feito durante toda sua vida. Pensou em cada segundo, em cada momento em que seu coração batia com força contra o peito e resplandecia de alegria.

− Dai... – murmurou baixinho. Querendo que nada daquilo fosse real. Desejando ardentemente que pudesse voltar no tempo e mudar o imutável. – Dai...

Repetiu novamente, sentindo o choro preso em sua garganta querendo se libertar. Apertando com força as correntes na intenção de sentir-se vivo novamente. Mas nada acontecia. Nenhum poder no mundo era capaz de mudar a realidade onde estava preso.

− DAICHI! – berrou para o vazio, para nenhum transeunte na rua enquanto tentava libertar-se da dor que havia se instalado em seu peito como as patas silenciosas de uma aranha que envenenavam seu coração.

Silêncio.

Estava solitário.

Ele nunca mais iria voltar.

(Vire-se)

De vez em quando

Eu fico um pouco cansado

De ouvir o som das minhas lágrimas

Sugawara ainda se lembrava das costas fortes de Daichi contra seu peito quando o abraçava por trás. Lembrava-se de seu sorriso gentil e de como ele segurava sua mão com força todas as vezes em que sentia medo de seguir em frente.

Lembrava-se sobretudo de como ele sempre acreditara em si. De como vivia lhe dizendo que um dia, um dia Suga brilharia. Ele não seria mais jogado de escanteio. Mas seria uma grande estrela.

− Não permita que os outros digam que você não consegue, Suga. – Daichi lhe dissera certo dia. – Você é o Sol. Não eles. Permita-se brilhar. Permita-se viver. Não seja a sombra presa à luz artificial que eles possuem.

Sugawara queria acreditar nisso. E durante muito tempo, esforçou-se para tal. Mas sempre existia alguém melhor do que ele. Sempre existia alguém que o superava, tornando-se a estrela ascendente do espetáculo. Enquanto ele permanecia de escanteio. Sem nunca conseguir um papel importante. Sem nunca brilhar.

− Tenho certeza de que da próxima vez você vai conseguir. – Daichi insistia. – Não desista, Suga. Nunca desistirei de você.

As lágrimas sempre tomavam seu rosto nesse momento. E Daichi sempre as enxugava. Sugawara achava que não o merecia. Talvez nunca o tivesse merecido.

(Vire-se)

De vez em quando

Eu fico um pouco nervoso

Por terem os melhores anos de minha vida já passado

Mas ele estava sempre ali e estava ali desde sempre. Sugawara não conseguia se lembrar da sua vida sem Daichi desde o momento em que ele havia lhe empurrado naquele balanço pela primeira vez.

− Por que está aqui sozinho? – perguntou, a voz infantil preenchendo seus ouvidos com esperança.

Sugawara havia se mudado com os pais para Tokyo por conta do trabalho de seu pai. Mas tinha dificuldade em fazer amigos. Era tímido demais e não gostava de nenhum esporte. Simplesmente não conseguia se entrosar com ninguém, tornando-se alvo fácil para todos os valentões de seu colégio.

− Ninguém quer brincar comigo. – confessou baixinho. No mesmo momento em que sentiu as mãos de Daichi sobre suas costas, impulsionando-o para frente.

− Eu estou aqui agora. – disse ele. – Vou brincar com você. E não vou te deixar mais sozinho. Eu prometo.

Os olhos de Sugawara se arregalaram. Tinha apenas oito anos de idade. E o mundo inteiro à sua frente diante do sorriso que Daichi lhe dedicou.

(Vire-se)

De vez em quando eu fico um pouco assustado

E então eu vejo o olhar de teus olhos

− Não sei se vou conseguir, Dai. – Suga murmurou, um tanto inseguro enquanto segurava a folha em mãos. Mas Daichi aproximou-se dele, abraçando-o por trás, sem se importar com as pessoas que poderiam vê-los. Sem se importar com o rosto adoravelmente corado de Suga, fingindo que não se sentia desconfortável com aquilo. E depositou um beijo cálido em sua bochecha.

− Você não vai saber se não tentar, não é? – disse com a voz rouca, o sorriso estampando seus lábios quando o virou em sua direção.

Sugawara encarou aqueles olhos, tão cheios de determinação. Os olhos de quem sempre conseguia tudo o que queria, pois Daichi não desistia até que conseguisse. E através de todo seu trabalho duro, havia conquistado uma bolsa de estudos na faculdade de Tokyo como capitão do time de vôlei. Sugawara sentia-se orgulhoso do namorado, mas não sentia-se propenso a seguir o mesmo caminho. Pois tinha uma paixão pela arte teatral que não poderia ser descrita.

Talvez porque tivesse crescido em meio a isso, vendo sua mãe atuar durante tanto tempo antes de desistir da carreira para cuidar dele. E ela simplesmente não via problema nenhum nisso, pois o amava. E durante sua infância, quando a mãe ainda atuava, diante daqueles cenários fantasiosos e das roupas que variavam de acordo com o tema da peça, Sugawara não sentia-se excluído ou marginalizado do mundo. Pois sentia que poderia ser quem quisesse. Sem nenhum julgamento.

Mas quando decidiu seguir a vida teatral, seu pai não o apoiou. Dizendo que ele somente conseguiria dinheiro se seguisse uma boa carreira se tornando advogado ou médico, profissões em que Sugawara jamais imaginou-se atuando. Pois queria brilhar no palco como um dia sua mãe havia feito. Infelizmente, levada cedo demais pela vida por um câncer terminal que a fez definhar em uma cama de hospital.

“Se seguir este sonho tolo, não será mais meu filho. Pode pegar as suas coisas e sair de casa.”

Foram palavras duras de ouvir do próprio pai. Mas Daichi o recebeu de braços abertos no apartamento em que dividia com o melhor amigo, Asahi, e o namorado, Nishinoya, um líbero baixinho que também fazia parte do time de vôlei de Daichi.

E agora, enquanto encarava aquela certeza nos olhos flamejantes de Daichi, o medo parecia pequeno para Sugawara. Pequeno diante de tudo o que aquele sorriso significava para si.

− Vou conseguir. – disse, pela primeira vez determinado a seguir o sonho que havia abraçado. Pois queria que Daichi se orgulhasse dele. Queria ele próprio orgulhar-se das escolhas que havia tomado para sua vida.

(Vire-se, olhos brilhantes)

De vez em quando eu desmorono

Durante aquele mês, Sugawara esforçou-se para ser mais notado nas aulas de teatro. Enfrentando a própria gagueira e o temor de nunca ser escolhido para o papel principal.

Daichi fazia questão de acompanhar cada ensaio no qual podia comparecer. Cada momento apenas para estar ali para Sugawara. E eram os seus olhos brilhantes e a determinação que via neles que o permitiam seguir em frente.

Pois todas as vezes em que falhava em uma fala ou esquecia-se de algo, eram os olhos dele que enxergava.

E aquilo lhe deu forças para seguir em frente. Como uma espécie de mantra que o fazia acalmar-se nos momentos mais difíceis. Mesmo quando tudo parecia prestes a desmoronar.

E eu preciso de você hoje à noite

E eu preciso de você mais do que nunca

A escolha do diretor estava entre Sugawara e Kuroo, um outro membro do grupo de teatro com uma performance espetacular. Suga tinha receio de não poder vencê-lo. De mais uma vez não conseguir e desapontar a si mesmo. Desapontar Daichi.

Naquela noite, quando Daichi chegou ao apartamento vazio e viu Suga encolhido no sofá, não disse nada. Apenas o puxou para um abraço quente, permitindo que ele se perdesse ali.

Sugawara respirou fundo, ouvindo as batidas fortes e aceleradas do coração de Daichi. Coração este que sempre lhe acalmava nos piores momentos.

− Estou com medo de falhar outra vez, Dai. – confessou. – Não quero que você pense que sempre serei um fracasso. Que nunca conseguirei ser nada na vida quando você continua batalhando por nós dois.

A voz embargada marcava o quanto Sugawara devia ter chorado antes que chegassem casa. Mas Daichi apenas lhe sorriu daquela maneira terna, erguendo seu queixo e o encarando.

− Hey, − Repousou os lábios sobre os seus em um beijo cálido antes que se afastasse. – você nunca será um fracasso. Luta pelos seus sonhos. Continua mesmo quando te derrubam, sempre mais forte do que da vez anterior. Sempre indo atrás daquilo que deseja. Você está aqui, Suga, e é mais do que eu poderia desejar para a minha vida inteira. Eu estarei ao seu lado. E se você cair, vou te ajudar a se levantar. Você pode me usar como a sua muleta. Pois você também me impulsiona, Suga. Você me faz uma pessoa melhor.

Tocado por suas palavras, Sugawara sentia vida nova dentro de si. Nada pôde fazer além de entregar-se a ele completamente naquela noite. E, com as estrelas como as únicas testemunhas, fizeram amor na sala. Aproveitando-se do fato de terem o apartamento só para si naquela noite, já que Nishinoya e Asahi estavam fora.

E se você apenas me segurar apertado

Nós estaremos nos segurando para sempre

E ele estava lá no momento em que o diretor pediu para que atuassem uma cena novamente. A cena em questão começava com a interpretação de Raoul e Christine. Sugawara permaneceu oculto, apenas observando enquanto os dois se beijavam. De repente, a cena cortava, iluminando-o enquanto aparecia usando a máscara de teatro a as roupas extravagantes. Daichi precisava prender o ar sempre que lhe observava. Pois Sugawara parecia olhar diretamente para ele naquele momento, as lágrimas – verdadeiras lágrimas, não forjadas – corriam por seu rosto.

− Amaldiçoo o dia em que você não fez o que eu pedi!

O olhar de Sugawara desviou-se para um ponto qualquer. A luz diminuía, ainda focada nele, até que o diretor encerrou a cena.

Havia um sorriso confiante no rosto de Daichi quando ele anunciou. O papel de Fantasma era seu. Finalmente Sugawara brilharia.

E mal cabia em si de felicidade. Sabendo que apenas havia chegado até ali porque Daichi havia lhe apoiado.

E nós estaremos apenas fazendo o certo

Porque nós nunca vamos estar errados

Naquela noite, os dois comemoraram. É claro, não tinham muito para um jantar chique, mas Daichi o levou para comer lamen enquanto aproveitavam a companhia um do outro.

− Sempre acreditei em você, Suga. – disse, em certo momento, puxando-o pelo queixo e beijando-o de leve.

Sugawara sorriu. Sem ver que eram observados.

Juntos nós podemos levar isso ao fim da linha

− Ora, se não são as bichinhas! – Uma voz cortou o ar enquanto voltavam juntos para o apartamento de mãos dadas. Daichi ergueu o rosto para encarar os três homens que haviam fechado o cerco ao redor deles.

− Dai... – Sugawara deu um passo para trás. Eles seguravam barras de ferro e tinham uma expressão fechada. O nojo que, durante toda sua vida, havia perseguido Sugawara.

− O que vocês querem? – Daichi perguntou, sem perder a compostura.

− O que nós queremos?! – O homem aproximou-se com uma gargalhada, apontando o cano que segurava na direção dele. – Limpar o mundo de bichinhas como você!

Quando desceu o cano em sua direção, Daichi desviou-se sem dificuldades por conta dos reflexos apurados, adiantando-se e acertando o punho fechado contra seu rosto. Sentindo o impacto contra o nariz do homem que havia se partido, sangrando profusamente.

− DESGRAÇADO! – berrou, caindo de joelhos e levando as mãos ao rosto. Daichi agarrou o cano na mão, encarando os outros dois. Havia algo naquele olhar, intenso como as chamas mais abrasivas, mas ao mesmo tempo tão frios que poderiam congelar o inferno.

− Não se meta conosco. – Soou ameaçador, segurando a mão de Sugawara enquanto se afastava dali. Os gritos do homem ainda eram ouvidos, enquanto seus comparsas o carregavam para longe dali.

− A sua mão... – Suga olhou os dedos ensanguentados de Daichi. Mas ele apenas lhe sorriu.

− Tudo bem. O importante é que estamos bem.

Sugawara nunca se sentiu tão apaixonado quanto naquele momento.

Seu amor é como uma sombra sobre mim

O tempo todo

(O tempo todo)

Pois vivia para Daichi e Daichi era tudo o que ele tinha. Graças a ele, foi capaz de empenhar-se em cada ensaio, entregar-se tão completamente aos seus sonhos e vive-los.

E agarrava-se à certeza daquela promessa: a de que Daichi estaria para sempre ao seu lado. De que sempre o amaria, da mesma forma que Sugawara o amava.

E tudo o que conseguia sentir era a proteção que o amor de Daichi fazia ao redor de si.

Mas o destino trabalha sobre nós de maneira engraçada. E na mesma proporção que ele nos entrega as coisas, também tira.

Eu não sei o que fazer e estou sempre no escuro

Estamos vivendo em um barril de pólvora e soltando faíscas

E agora, Sugawara sentia-se no fim de um espetáculo onde ele era o único ator. O espetáculo de sua vida que fechava suas cortinas agora que não tinha rumo algum. E sentia os olhos arderem com as lágrimas.

Pois Daichi era seu farol e agora estava completamente no escuro sem saber para onde ir. Sem saber para onde se guiar. Apenas seguindo em frente.

Rumando para os recifes de corais onde se chocaria.

Eu realmente preciso de você hoje à noite

O eterno vai começar essa noite

(O eterno vai começar essa noite)

− Ele ainda não chegou? – Kuroo perguntou, enquanto ajudava Sugawara a terminar de se vestir.

− Da última vez que olhei na plateia, seu lugar estava vazio. – Sugawara tentou disfarçar o nervosismo que isso lhe causava.

− Deve ter sido um contratempo por causa da tempestade, Suga. – disse ele, com um sorriso ladino no rosto. – Não se preocupe. Ele não perderia sua estreia por nada.

Sugawara sabia que não. E confiava em Daichi. Pois ele havia prometido. Ele estaria ali.

Era uma vez eu me apaixonando

Mas agora estou apenas desmoronando

Não há nada que eu possa fazer

Um eclipse total do coração

Mas ele não veio. E durante toda a performance, Sugawara apenas queria que ele estivesse ali para ver como não tinha errado nenhuma fala. Como não havia ficado nervoso ou gaguejado em nenhuma das vezes.

E tudo o que Suga queria era sair dali o mais rápido possível. Tudo o que ele queria era encontrar-se com Daichi e compreender seus motivos e aceitar suas desculpas.

Preso no trânsito, deveria ser isso. Ou na faculdade por conta da tempestade. Qualquer motivo. Qualquer motivo plausível.

Qualquer um que não o tirasse de si.

Mas viu Asahi ali ao lado de Nishinoya. Os amigos que estavam ali no início de sua peça.

− Suga, eu...

− Onde está o Daichi, Asahi? – Sugawara o cortou. Não era de seu feitio reagir assim, mas ali estava ali, beirando ao desespero. Querendo saber a respeito do namorado que nunca havia se atrasado. Nem mesmo uma única vez.

Asahi trocou um olhar com Noya. Havia dor e desespero e tristeza estampados no olhar de ambos. Sugawara era bom demais em interpretar gestos para compreender o que havia acontecido.

− Apenas me diga. – Apertou os punhos com força, amaldiçoando-se.

− Houve um acidente. – Nishinoya adiantou-se, vendo que era difícil demais para Asahi, em meio às lágrimas, prosseguir. – Uns caras homofóbicos. Bateram nele, Suga. Bateram tanto nele... Daichi está no hospital. É grave.

Então lembrou-se dos caras da outra noite e de como Daichi havia tomado a frente para proteger-lhe. Lembrou-se do olhar que prometia vingança. Lembrou-se do sorriso de Dai...

O chão sumiu abaixo dos pés de Sugawara. O ambiente ao redor foi sugado. Estava sozinho. Daichi não estava ali.

Era uma vez a luz na minha vida

Mas agora existe apenas amor na escuridão

Nada que eu possa dizer

Um eclipse total do coração

Os médicos lhe disseram coisas complicadas, como hemorragias internas e órgãos atingidos. E que Daichi estava em uma difícil e longa cirurgia que visava salvá-lo. Disseram que mesmo assim, ele talvez não conseguisse. Que o prognóstico era de reservado a ruim.

Porque haviam batido tanto nele, tanto.

E Sugawara não estava lá.

A polícia o interrogou.

Ele contou a respeito do incidente, semanas atrás.

Descreveu os três homens.

Tudo em câmera lenta, enquanto as cortinas se abaixavam lentamente.

Enquanto tudo ao redor se tingia em tons de cinza.

(Vire-se)

De vez em quando

Eu sei que nunca será o cara

Que sempre quis ser

E Sugawara fugiu.

Fugiu do que aquilo tudo significava. Fugiu da dor de ter que encarar uma verdade com a qual não conseguiria lidar.

Como seria sua vida sem Daichi?

Como conseguiria seguir em frente sem ele?

Não sabia.

Não queria.

(Vire-se)

Mas de vez em quando

Eu sei que será o único cara

Que me quis do jeito que eu sou

Porque Daichi havia abraçado Sugawara como ele era: cheio de pavores e receios. Sem nenhuma perspectiva de melhora, mas que seguiu em frente porque ele acreditava em si.

A única pessoa que havia lhe aceitado com todas as suas perfeitas imperfeições.

E agora, tudo o que queria era abraçá-lo novamente e reafirmar a promessa de que sempre estariam juntos.

Mas estariam?

Agora que Daichi estava tão distante?

(Vire-se)

De vez em quando

Eu sei que não há ninguém no universo

Tão mágico e maravilhoso quanto você

Pois Daichi havia lhe dado um significado, uma razão para viver. Havia mostrado a Sugawara que ele poderia ser alguém. Que poderia seguir em frente.

Eu serei sua muleta.

Mas agora ele não estava ali, não é mesmo? E tudo em que Suga conseguia pensar, era no seu sorriso e nos olhos que brilhavam tanto.

E queria chocar-se contra aquela luz.

Queria chocar-se novamente contra Daichi e acreditar que tudo ficaria bem.

(Vire-se)

De vez em quando

Eu sei que não há nada melhor

Não há nada que eu não faria

Soltou as correntes do balanço e respirou fundo.

Daichi era forte. Daichi era um guerreiro. Daichi não desistia.

Mas ele não está aqui agora, está?

Suga ignorou a voz em sua mente, correndo na direção do hospital. Querendo vê-lo novamente. Querendo que ele escutasse sua voz. Mesmo que uma última vez.

Amanhecia quando alcançou as portas do hospital.

Ele não estará aí.

Quando finalmente viu Asahi e Noya sentados ali, ao lado dos pais de Daichi.

Você o perdeu.

Amanhecia quando os médicos saíram da sala de cirurgia e se aproximaram deles.

(Vire-se, olhos brilhantes)

De vez em quando, eu desmorono

− A cirurgia foi complicada. – anunciou o médico, enquanto os encarava. – Ele perdeu muito sangue e precisamos retirar o baço. Três costelas foram partidas, o osso de seu maxilar também. Ele está em coma. Não sabemos se acordará ou não. Teremos que esperar.

Sugawara apertou os punhos com força. Enquanto os pais de Daichi choravam.

− Eu posso vê-lo? – perguntou.

− Somente a família.

− Mas eu...

− Vá embora. – A mãe de Daichi disse, os olhos marejados. – Você já fez demais.

Sugawara permaneceu parado enquanto os pais de Daichi se afastavam.

− Não vou. – disse, como ato de coragem.

− Oras seu... – O pai de Daichi tomou a frente, suspendendo-o pelo colarinho da blusa.

− Bate. – Sugawara o olhou nos olhos ao dizer isso. – Bate se quiser. Mas eu estive aqui para ele o tempo todo, como Daichi esteve para mim. Ele nunca me abandonou e sempre esteve ao meu lado, acreditando em mim. E não vou deixá-lo simplesmente porque não podem me aceitar. Se quer me bater e me culpar pelo que aconteceu, faça isso. Mas eu amo o seu filho. E eu não vou embora daqui.

Asahi e Nishinoya se aproximaram. O primeiro afastando o pai de Daichi de Sugawara, enquanto Noya já estava pronto para comprar a briga.

− E seu filho o ama também. – Asahi esclareceu. – Não transformaremos isso em um campo de batalha quando todos aqui querem o mesmo.

O pai de Daichi cuspiu aos pés de Sugawara.

− Faça o que quiser. Mas nunca mais chegue perto do meu filho.

Eles se afastaram, indo na direção da UTI. Enquanto Sugawara entregava-se ao choro, amparado pelos amigos.

Era uma vez a luz na minha vida

Mas agora existe apenas amor na escuridão

Nishinoya e Asahi precisaram ir embora, mas Sugawara permaneceu ali. Esperando. Viu quando os pais de Daichi deixaram a sala, aos prantos. E quando um residente aproximou-se, encarando-o.

− Vi a conversa acalorada de vocês mais cedo. – disse ele. – Não conseguirá nada ficando aqui.

− Não vou embora até poder vê-lo. – Sugawara rebateu com dureza.

− Eu sei que não. Porque é um cabeça dura. – Deu de ombros. – Kuroo me falou a seu respeito e sobre o que aconteceu. Vamos, venha.

Sugawara arqueou as sobrancelhas. Observando Kuroo parado perto da máquina de refrigerantes e piscando para ele.

− Mas você não vai se encrencar?

− Você quer vê-lo ou não? – Tsukki bufou, ajeitando os óculos sobre a ponte do nariz. Sugawara apenas sorriu. Não existiam palavras para descrever sua gratidão.

Não há nada que eu possa fazer

Um eclipse total do coração

Entraram na UTI esgueirando-se e Sugawara vestiu-se com o avental, as luvas, o gorro e os propés após passar por uma rigorosa esterilização.

Você tem cinco minutos, Tsukki lhe dissera.

Sugawara aproximou-se da cama, onde Daichi estava conectado a tubos, inclusive um em sua boca.

Ele não consegue respirar sozinho.

Tocou sua mão, ainda que a luva não permitisse sentir o calor de seus dedos.

− Eu estou aqui, Dai, não vou desistir de você. – murmurou, sentindo os olhos arderem com as lágrimas.

Pois mesmo que o destino estivesse contra eles, mesmo que o vazio quisesse lhe engolir vivo, Sugawara não desistiria dele. Da mesma forma que Daichi nunca havia desistido.

Estaria ali quando ele despertasse. Esperando-o. E correria atrás de seus sonhos, acreditando piamente que enxergaria aquele sorriso confiante e o brilho de seus olhos mais uma vez.

(Vire-se, olhos brilhantes)

(Vire-se, olhos brilhantes)

(Vire-se)

Notas:

Link do blog: http://animesdesign-ad.blogspot.com.br/

Aiai, quando entrei pra esse desafio, meu plot era totalmente diferente, o fandom e o ship também. Mas quando eu parei pra reler a letra, BAM. O ship tomou conta da história e ela foi se desenvolvendo de acordo com a música.

Suga e Dai são muito meus nenéns! E conforme eu escrevia, me apaixonei completamente por essa história.

Adorei trabalhar cada ponto dela e espero que vocês também curtam a história ao lerem! Foi muito bom participar desse desafio!

Então, é isto! Espero que vocês gostem da fic, que o clima da música não seja muito destruidor e que tenhamos esperanças. Juro que me deu vontade até de continuar, haha. Quem sabe? Até breve!



June 12, 2018, 2:07 p.m. 5 Report Embed Follow story
8
The End

Meet the author

Ariane Munhoz Dona de mim, escritora, louca dos pássaros, veterinária e mãe dos Inuzuka. Já ouviram a palavra Shiba hoje?

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karvie spero karvie spero
Depois de 84 anos, venho trazer o comentário em nome do AD, como prometido... "Bem, começando pelo critério da criatividade, acreditamos que sua história está numa média em questão do que foi relatado nela. Porém, criatividade não se resume a isso e a forma como você construiu a narrativa é algo mais inovador sim e interessante também, dando mais emoção à leitura ao passo que avançamos, principalmente quando se escuta a música tema ao mesmo tempo, o que nos leva para o próximo critério. Você definitivamente fez um bom trabalho contextualizando a música em sua história. Total Eclipse of the Heart nos narra o ponto de vista de uma pessoa que sofre constantemente com demônios próprios, mas que possui um porto seguro em outro indivíduo que pode salvá-la desses demônios, ao mesmo tempo que ambos unem forças para lutarem contra algo que atinge os dois, até que alguma coisa acontece e esse pilar lhe é retirando, deixando-a sozinha no escuro. Foi o que vimos com Sugawara enfrentando seus problemas de insegurança; Daichi sempre o apoiando e levantando a moral independente de qualquer coisa; eles lutando contra a homofobia; e por fim esse atentado horrível contra o Sawamura. Tudo interligado do começo ao fim de uma forma bem discorrida e tocante como deveria ser, considerando a carga emocional da canção escolhida. Sobre a escrita e a ortografia, a análise imparcial e competente da nossa beta encontrou erros na pontuação de frases, principalmente no uso do ponto final (.). Segundo ela, "dá a sensação de que as frases são curtas demais, e às vezes a escolha errada de conectivo dá a impressão de que faltou um link entre as frases. Mas foi um angst leve até, ainda que tenha terminado de forma abrupta". Enfim, foram erros mínimos e que quase passam despercebidos, então tome isso como um incentivo para se atentar mais a esse lado e ficar ainda mais afiada quando for escrever! E sobre as regras, nenhum problema, você cumpriu tudo certinho! No mais, foi uma excelente oneshot! Uma boa dose de emoção e demonstração de talento para escrita, parabéns <3 Deu para ver que você se empenhou pelo desafio e nós agradecemos muito por você ter participado dessa nossa brincadeira!"
October 22, 2018, 03:48

  • Ariane Munhoz Ariane Munhoz
    Ah, Karvie, que bom que você apareceu aqui! Eu fico feliz que você tenha curtido a história em um contexto geral. Eu sei que não saí muito daquela zona do que é normal, mas eu gostei bastante de trabalhar a história. Eu tento construir a narrativa num aspecto de mesclar o passado e o futuro porque eu acho que cria um clima de suspense. Eu gosto muito de explorar músicas em um contexto geral. Houve uma época em que eu tinha bastante preconceito com fanfics song, mas eu aprendi a gostar aprendendo a trabalhar com elas de um ângulo um pouco diferente. Eu fico feliz de ter conseguido passar os sentimentos do Suga e de como o apoio do Daichi foi essencial pra ele do início ao fim. Por isso perder o pilar de sustentação foi tão difícil. Eu confesso que: 1) a fic não foi revisada 2) eu tenho mesmo dificuldade com essas coisas! As frases curtas é meio que um vício, tenho tentado melhorar isso numa história mais nova que venho trabalhando, mas nem sempre é fácil. Agradeça demais à sua beta, juro que vou tentar melhorar e me atentar mais nesses pontos! Eu amei de verdade participar do desafio, me animei desde o primeiro instante. Pode ter certeza que em breve, quando eu tiver um tempo livre, apareço lá pra solicitar alguns premios! Beijos e muito obrigada por ter se disponibilizado pra comentar! October 30, 2018, 23:40
Enai Shirotani Enai Shirotani
aaaah meus bb's eu quero muito meu dai acordando é uma hist maravilhosa e perfeita adoreiiii e so queria muito mais cap pelo menos um do meu bb acordando
July 20, 2018, 20:04

  • Ariane Munhoz Ariane Munhoz
    Ahh, fico feliz que tenha gostado. Infelizmente, a história teve que ser oneshot por causa do desafio, mas quem sabe mais pra frente não faço uma continuação? Obrigada por ler e comentar! July 22, 2018, 15:43
  • Enai Shirotani Enai Shirotani
    ain ficaria super feliz com isso *o*/ Parabens sua escrita é otima e a hist perfeita *3* July 25, 2018, 20:10
~