ghyun GHyun .

Lembra que nos conhecemos em Paris? Para muitos isso é clichê, mas para mim foi o momento mais mágico de minha vida. Não estávamos na Torre Eiffel, mas sim em frente à bela Catedral de Notre-Dame e seus Reis e Gárgulas testemunhando o nascimento de nosso amor. E esses mesmos Reis e Gárgulas são testemunhas do quanto ainda te amo.


Fanfiction Bands/Singers For over 18 only.

#exo #krismin #epistolar #memórias #alzheimer #carta #minseok #kris #suicídio
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Bonjour Mon Amour


Você se lembra que eu estava presente quando o médico disse que você estava doente?

Confesso que de início não acreditei que fosse verdade, apesar dos sinais estarem tão nítidos. Mas não me culpo por isso, não sou médico, sou apenas um cara ingênuo que vende flores.

Eu sempre te amei, você sabe disso.

Lembra que nos conhecemos em Paris?

Para muitos isso é clichê, mas para mim foi o momento mais mágico de minha vida.

Não estávamos na Torre Eiffel, mas sim em frente à bela Catedral de Notre-Dame; e seus Reis e Gárgulas testemunhando o nascimento de nosso amor.

E esses mesmos Reis e Gárgulas são testemunhas do quanto ainda te amo.

Eu estava com a minha barraquinha de flores — verdadeiras e falsas, e lembro-me bem de suas palavras ao pegar a flor que eu mesmo te fiz naquele momento: "Nunca gostei de flores reais sem estarem no campo".

Entreguei-te a flor, suas bochechas enrubesceram, seus olhos já puxados quase se fecharam com o sorriso que você me deu.

Você agradeceu pela flor que tanto custou em aceitar de graça, e foi embora.

Naquele momento soltei um suspiro amargurado achando que nunca mais te veria.

A França é grande para quem não a conhece, apesar de não chegar aos pés dos países da América.

Para a minha grande surpresa, quando encerrei o trabalho naquele dia, você me encontrou no meio daquele mar de pessoas e me convidou para jantar.

Sempre fui um covarde para me expressar, você sabe disso porque sempre me xingou por eu me desprezar.

Naquela noite não passamos de conversas, estávamos conhecendo um ao outro, e eu ainda tinha o sentimento de que nunca mais te veria novamente.

Você me contou que só estava de passagem, era um turista. E eu te contei que ganhava a vida vendendo flores para os apaixonados; eu não era um francês, naquele momento era igual alguns clientes.

Um apaixonado.

Trocamos nossos números.

Nunca achei que você fosse me ligar.

Você me ligou uma semana depois, conversamos por várias horas.

Você não estava mais em Paris, e nem eu.

A Coréia do Sul era o seu país natal, eu já sabia quando você me contou. Eu já tinha viajado para lá e reconheci o idioma quando você falou na língua materna com um integrante do seu grupo de excursão.

Você tinha dito que me achava bonito.

Eu entendia a sua língua materna, mas você não sabia disso.

Eu também tenho os olhos puxados, mas não sou coreano.

Sou sino-canadense.

E também sou covarde.

Começamos como conhecidos, nos tornamos amigos, melhores amigos, ficantes... e quando você me pediu em namoro, eu recusei.

Você teve toda a paciência do mundo comigo.

Você sabia que eu gostava de ti.

Você esperou.

Você me entendeu.

Você me acalmou, me explicou que não tinha nada de errado em nos amar.

Eu não tinha a paciência que você tinha, acho que é por isso que sempre viajei.

Eu também sabia que você gostava de mim.

Enquanto você esperou, eu fugi.

Depois de um ano eu voltei, você me entendeu, me aceitou de volta.

Você acalmou o meu lado covarde.

Eu tinha medo do que as pessoas poderiam pensar ao nos ver juntos, de mãos dadas, abraçados, nos beijando... Éramos dois homens numa sociedade preconceituosa.

Mas você era único.

Você conseguiu me conquistar no primeiro olhar, no primeiro sorriso.

E eu engoli a minha covardia por você.

Nos amamos dia a dia.

E nos amávamos cada vez mais.

Você chorou quando te levei num campo que tinha suas flores favoritas: cravos rosa.

Você era lindo até chorando.

Eu trabalhava com flores, mas era você quem sabia seus significados.

E você me contou que o cravo rosa tinha como principal significado "admiração", mas que também poderia significar "nunca te esquecerei".

Você quebrou uma regra sua.

Apanhou um cravo e me deu.

Aquele cravo valia mais do que todas as flores que já te dei na vida.

Com aquele simples gesto, você tinha gravado na eternidade que nunca me esqueceria.

Mas os anos se passaram, vinte anos para ser mais exato.

Nossa paixão nunca diminuiu.

Apesar dos preconceitos que passamos por sermos dois homens, eu sabia que muitos invejavam o nosso amor.

Como todo casal, nós tínhamos nossas brigas, mas você era calmo, teve paciência comigo.

E eu aprendi a ficar.

Tanto que ainda continuo em nossa casa...

Lembro exatamente do dia que você me disse que havia algo de errado com você.

Rio agora ao lembrar que eu havia respondido que era fome, você tinha acabado de acordar; mas agora tenho vontade de chorar, apesar de algo me impedir.

Os dias passaram, você voltou a dizer que algo estava errado.

Quando questionei o que era... você se esqueceu.

Foi então que comecei a prestar atenção.

Logo percebi que você estava esquecendo as coisas muito rápido.

Fomos ao médico para descobrir o que tinha de errado.

Quando ele deu o resultado do exame, senti que meu chão se despedaçou e que estava sendo engolido pela escuridão.

Mas você segurou a minha mão ao perceber que eu estava em pânico e sorriu.

Você sempre foi calmo... e seu sorriso sempre me acalmava.

O médico havia tentado nos confortar dizendo que tinha tratamento para o seu caso e que você ficaria bem.

Eu nunca confiei em médicos.

Você começou o tratamento, tomava remédios todos os dias, e todo mês voltava ao hospital para fazer novos exames.

Mas eu havia percebido...

Eu queria voltar a ser o cara ingênuo da barraquinha em Paris.

Eu havia percebido que você não estava melhorando.

Se eu ainda fosse o cara ingênuo da barraquinha em Paris, teria fugido quando o médico deu os resultados dos novos exames.

Você estava fadado a me esquecer.

Nós brigamos; não no dia que o resultado saiu, mas no dia seguinte, logo de manhã.

Nós havíamos trocado de papéis.

Dessa vez eu era o calmo e você era... eu.

Você queria ir embora antes que me esquecesse, tinhas medo do que estava por vir e não queria que eu sofresse junto.

Mas eu permaneci.

Você tinha me mudado.

Eu te amava.

Suas memórias passaram a durar poucos meses.

Quando você me esqueceu pela primeira vez, foi uma confusão.

Você teve medo de mim e eu tive de te explicar tudo.

Contei como nos conhecemos, nosso primeiro encontro, te mostrei uma foto que tiramos em frente ao Palácio de Versalhes e uma gravação que nosso amigo tinha feito quando visitamos o Museu do Louvre. Mostrei o cravo rosa que você tinha me dado — eu o havia guardado; apesar de estar seco e ter perdido toda a graciosidade, ainda significava muito para mim.

Suas memórias de mim começaram a desaparecer a cada três meses.

Quando você me viu editando um vídeo no computador, perguntou o motivo de eu estar fazendo aquilo e respondi que era para te mostrar na próxima vez que me esquecesse.

Você me deu um beijo e disse que nunca iria me esquecer.

Mas você esquecia.

O vídeo te ajudava a se lembrar de mim pelos próximos meses.

Eu realmente cheguei a acreditar que você nunca me esqueceria, como havia prometido quando me deu a flor.

Acho que eu ainda era o cara ingênuo da barraquinha de Paris.

Quando suas memórias passaram a sumir com mais frequência, a cada mês, você começou a espalhar recados pela casa.

Não me importei, era um sinal que você se importava comigo.

Havia um recado colado na cabeceira da cama que você lia todos os dias, até mesmo quando não tinha me esquecido.

" Não fique com medo, você o ama. "

Eu podia ser ingênuo, mas não era tolo.

Quando você lia aquele recado, eu podia ver a tristeza em seu olhar.

Você tentava me enganar dizendo com seus sorrisos que estava tudo bem, e eu fingia acreditar para não te preocupar.

Em um de seus esquecimentos, nós estávamos em Paris para relembrar como era aquela praça onde nos conhecemos; eu tinha o vídeo comigo e tudo ficou bem.

Olhei para os Reis e Gárgulas da Catedral de Notre-Dame que eram testemunhas do quanto te amava e pedi-lhes para que você nunca me esquecesse.

Mas as suas perdas de memória pioraram.

De meses, passaram para semanas.

Sempre que te pegava encarando algum recado que tinha espalhado pela casa, eu sabia que você havia se esquecido e te mostrava o vídeo.

E tudo ficava bem pelos próximos dias.

Quando achei que não poderia piorar mais, descobri que podia.

De semanas, você passou a me esquecer por dia.

Todos os dias...

Você acordava, se assustava comigo ao seu lado na cama, lia o bilhete na cabeceira do móvel, me acordava, dizia que não sabia quem eu era. Eu te contava os fatos, te mostrava o vídeo... tudo ficava bem até o dia seguinte.

Novos bilhetes passaram a fazer parte da casa.


" Não o afugente, você o ama."

" Você prometeu nunca esquecê-lo."

" Você foi a causa dele ficar, então não o esqueça."

" Ele é o único que continua ao seu lado."

" Você ama o sorriso tímido dele, não se esqueça disso."

" Ele teve de vencer várias coisas para permanecer ao seu lado. Ele te ama como você o ama."

" Mesmo depois de tudo, ele continua te amando."

" Você se apaixonou logo que o viu no meio daquelas pessoas e só pediu por uma flor como desculpa para puxar assunto, mas o surpreendido na história foi você. Ele fez uma flor especialmente para você."

" Se você ainda não se lembrar dele pelos bilhetes, assista ao vídeo que tem na área de trabalho do computador."


E foi assim que descobri como você tinha se apaixonado por mim, e que continuava a me amar mesmo me esquecendo todo dia.

Mas até mesmo as pessoas mais calmas têm seus limites.

E você tinha atingido o seu.

Lembro da terrível cena que vi ao chegar em casa...

Pode não parecer, mas estou demorando para escrever essa carta. Tenho de parar sempre que começo a chorar... Não quero borrar o papel com minhas lágrimas.

Eu tinha prometido que não iria chorar.

Você deveria ter-me contato o que planejava fazer, poderíamos ter pensado em algo juntos. Poderíamos ter mudado o rumo... Poderíamos ter...

Você não precisava ter feito aquilo.

Eu tinha te prometido que ficaria ao seu lado até o fim.

Você se lembrava de mim quando tomou a decisão? Por quanto tempo você pensou para tomar aquela maldita decisão?

Você se lembrava de mim quando...

Eu gosto de pensar que você nunca me esqueceu... Era o que tinha escrito em seu diário. Desculpe por tê-lo lido sem sua permissão, mas eu precisava saber o que passava em sua mente...

Mas tenho minhas dúvidas.

Você pensou em como eu me sentiria? Você sequer pensou que haveria outro fim? Você realmente se lembrava de mim todos os dias ou fingia se lembrar para não me deixar preocupado? Você se lembrava que eu havia dito que não te abandonaria?

Então... Por que me abandonou?

Lembra do dia que fomos ao médico saber o resultado do exame? Lembra que eu tinha sentido meu chão se despedaçar e ser engolido pela escuridão?

Hoje descobri que aquela escuridão era o Limbo...

Eu tinha caído no seu Limbo.

Ainda tem muitas coisas que eu gostaria de te dizer, mas acho que agora você sabe...

Ainda sou o cara ingênuo da barraquinha de flores que você conheceu em Paris.

Ainda digo "Bonjour Mon Amour" sempre que venho te visitar neste campo-santo.

Você sente minha falta? Você se lembra de mim independente de onde esteja? Você se lembra que me ama? Você se lembra que te amo?

Não tenho respostas para muitas de minhas perguntas, mas de uma coisa eu sei...

Os Reis e as Gárgulas são testemunhas do quanto sinto sua falta e que ainda te amo.


Ass.: O vendedor de flores que você prometeu nunca esquecer.

June 6, 2018, 5:59 p.m. 2 Report Embed Follow story
7
The End

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Nayara Cristine Nayara Cristine
VOCÊ GOSTA DE FODER MINHA VIDA EM TODAS AS PLATAFORMAS EXISTENTES TE AMO
June 06, 2018, 18:00

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