inuzukadogstyle1524670866 Ráilla G. Neji Inuzuka

Bem, ele não pôs uma arma na cabeça de Kiba pra obrigar o garoto, mas não era preciso. Sempre foi passional, mas Kiba não estragaria completamente seu último ano por um chefe substituto problemático.


Fanfiction Anime/Manga Not for children under 13.

#naruto #yaoi #shinokiba
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oneshot

Inuzuka Kiba deu quase cinco giros na cadeira de rodinhas, jogando as mãos para o ar em um agradecimento sem som. Depois olhou pros lados, pra se garantir de que estava sozinho.
Finalmente! Acabara o trabalho, e podia sair mais cedo no fim de semana! E ele sabia exatamente o que aquilo significava. Mandou, com pressa, a mensagem de aviso para Hana ir buscá-lo, assinou sua frequência e horário (ele acrescentou os minutos que faltavam pra completar sua carga horária diária, era um espertinho) e saiu praticamente voando do escritório, indo postar-se na frente da galeria em que o primeiro ficava.

Só faziam três semanas que estagiava naquele escritório, mas provavelmente iria acabar mudando toda sua rotina (mais ainda) e pedir pra Tsume, sua mãe, que o deixasse ir de moto pra escola. Era cansativo passar todo o dia fora e atrapalhar a sexta-feira a noite da irmã, como ele achava que atrapalhava. Mesmo assim, ele mantinha em mente que as noites mal dormidas e o trabalho a mais seria recompensado.

Em algum momento.

Talvez.

Ainda assim era o único ponto que o mantinha estável, o único hábito que mantinha desde criança: passear com o cachorro antes de chegar a escola – agora, faculdade – e deixar o cachorro com a irmã (a diferença era que agora deixava o melhor amigo na clínica veterinária dela). Passava o dia em aula, e quando não estava em aula ficava andando pela cidade com os amigos, principalmente Naruto. Eram o tipo amigos que não admitem gostar um do outro mas nunca se largavam, mesmo que fosse só pra competir e brigar. Naruto só era mais próximo de Sasuke, coisa de que Kiba sempre sentia ciúmes. E nunca teve vergonha de admitir.

Hana chegou alguns minutos depois, na moto do irmão.

—Hoje eu quero pilotar, anda, desce.

—Fala direito, sou sua irmã mais velha.

—Não.

—Então eu não desço, e vamos logo que a mãe estava bem zangada.

—Por quê?

—Porque ela é ela.

—Aham.

Eles se encararam por longos doze minutos, nenhum queria ceder, e ambos tinham o mesmo orgulho... Mas Kiba pesou as prioridades: assistir filmes com Naruto ou continuar sendo orgulhoso?

—Por favor, melhor irmã do mundo, do Universo e da Galáxia, posso pilotar a minha moto?

E Hana sorriu, vitoriosa, quando desceu e esperou o irmão assumir. Quando segurou no ombro dele, Kiba andou alguns centímetros com a moto. Hana soltou o fôlego, alto.

—Ainda não subi!

—Desculpa.

Kiba esperou que ela tentasse de novo, mas, assim que Hana ergueu o pé esquerdo, Kiba andou mais alguns centímetros. Hana quase tropeçou.

—KIBA!

Ele começou a rir, e Hana já estava irritada. Fez sua última tentativa, e mentalmente se prometeu que não conseguir ali significava um belo murro no irmão, mas ele simplesmente fez de novo. Acelerou quase dois metros, dessa vez, e foi o suficiente pra Hana tropeçar, e a mais velha caiu de bunda no chão.

—EU VOU MATAR VOCÊ!

Orgulho era mais importante que Naruto, ás vezes.

***

—Mãe, o Kiba tá correndo igual um cão no cio atrás de... qualquer coisa, na verdade. Fala com ele. –a mais velha seguiu direto pro quarto, e ao passar, Hana deu uma piscadinha pro irmão. Não era a primeira nem seria a última vez que Hana usava Tsume em suas vinganças. E quando a mãe apareceu no portal da cozinha, Kiba jurava que saía fumaça das orelhas dela.

—COMO É QUE É?

Foi só essa frase que Kiba ouviu. O resto entrava por um ouvido e saía pelo outro, ele já tinha até decorado a fala da mãe. “Você nem tem carteira ainda! Quer parar em alguma blitz? E se você for preso? Acha que eu vou te tirar de lá? Você não tem responsabilidade, não, Kiba?! Quem você acha que vai cuidar do Akamaru?! Vai jogar tudo pro ar em seus últimos semestres?! VAI?! Por que não faz como sua irmã que já tem até clinica própria? VOCÊ QUER ME MATAR DE DESGOSTO, INGRATO?! VOCÊ SÓ TEM A MIM, KIBA, HANA VAI COMEÇAR A FAMÍLIA DELA E NÃO VAI TER TEMPO PRA UM IRMÃO IRRESPONSÁVEL, E QUANDO EU MORRER, COMO VOCÊ FICA? Você não tem pai, SÓ TEM A MIM! SE ESFORCE MAIS! Não, e essas suas notas?! Acha mesmo que vai defender direitos de animais em algum lugar com essas notas? VOCÊ MAL SEGUE SEUS DEVERES, SEU IRRESPONSÁVEL, BEBEZÃO, E-”...

Pelo menos naquela vez não teve o clássico “UMA HORA EU VOU SUMIR DESSA CASA!”, mas só porque antes que tivesse, Naruto bateu na porta e Tsume foi abrir, ainda gritando. O loiro nem se assustou. Aquilo era mais comum do que água ser molhada.

—Boa noite, tia Tsume. Vim dormir aqui hoje, vamos assistir e estudar amanhã pra semana de provas.

—Claro, Naruto, querido. Agora, KIBA, VAI DIRETO PRO QUARTO E ARRUMA AQUELE CHIQUEIRO, NÃO SEI COMO CONSEGUE VIVER LÁ, RÁPIDO! Naruto não vai querer sentar onde você já...

—Deu, mãe! –Kiba correu escada acima, puxando o melhor amigo.

—Continua, tia! O que ele já fez?!

—CALA A BOCA, DESGRAÇ-

Os gritos foram abafados quando a porta fechou e Tsume voltou pra cozinha.

Por mais que brigasse ás vezes (sempre) com o filho, ainda sentia orgulho dele. Mesmo sendo mãe, nunca imaginou que ele conseguiria estudar Direito. Claro, ele tinha aqueles picos de ansiedade, quando virava a noite estudando, mas ainda assim... Não que ela não fosse orgulhosa, claro. Inuzuka Tsume estava sempre se exibindo nos encontros com amigos, uma filha veterinária e o outro quase formado, e eu fiz so-zi-nha!

***

Ninguém na face da Terra, Kiba podia jurar, ninguém, era mais idiota do que ele e Naruto. Estudavam juntos, pois por algum milagre passaram no mesmo curso e faculdade, e Sasuke também, mas depois de algumas provas de (influência Uchiha) inteligência, ele fora adiantado. Bom, mas essa não era a parte importante. Kushina com certeza se juntaria com Tsume pra matar os dois, porque, os idiotas, foram dormir nas casas um do outro pra (supostamente) estudar, e passaram o fim de semana todo assistindo idiotices, sequer foram filmes bons.

Agora, na segunda pela manhã, um olhava pro outro com uma mistura de desespero e preguiça, e a preguiça era maior, tanto que nem tentaram estudar em cima da hora, o que sequer adiantaria. Praticamente ninguém ia bem nas provas de Kurenai, mesmo quando se esforçava, com exceção de Neji.

E a semana só começara.

A quinta-feira foi o pior dia. Talvez até de toda a vida de Kiba.
Akamaru ficara doente, Hana estava trabalhando como uma louca, Tsume estava de plantão na delegacia, e ele estava atolado em provas, trabalhos e seminários, isso fora o estágio no contra turno. Bom, ele lidava com aquilo diariamente, mas naquele dia... O instrutor dele, Iruka, um dos advogados do escritório, estava com um caso muito complicado, e precisou viajar com Kakashi, deixando-o com o último da sala.
O escritório era dividido em trios, somando um total de quase dez grupos, e naquela parte da noite – das seis ás dez –, em todas as quintas, ­só eles três ficavam ali. Ele, Iruka, Kakashi e Kabuto.

Mas Kiba nunca gostou dos olhares estranhos de Kabuto. Pra piorar, Kabuto era o responsável na repartição deles. E pra piorar ainda mais, era o namorado (se é que se pode chamar a relação dele com Orochimaru de namoro) do representante oficial daquele escritório, agora que o antigo, Hiruzen, estava morto.

Foi na quinta-feira que Kabuto viu que suas suspeitas não eram infundadas. Fora todo o cansaço da rotina, ele precisou ouvir todas as reclamações, gritos e resmungos de Kabuto. Depois, quando o mais velho pediu que imprimisse alguns documentos, ele se atrapalhou e pegou o tipo errado de papel. Kabuto amassou as folhas e jogou nele, com mais raiva que o normal. E aquilo estava só começando, já que a viagem de Iruka era prevista pra ser longa.

Kiba saiu ainda mais tarde do que devia, e esqueceu de assinar o horário dele. Na sexta, Kabuto não o deixou assinar pelo outro dia, e ele ficou com uma falta. Kiba mal esperava pra chegar em casa, mas não. Kabuto o obrigou a ir “ajudá-lo” no sábado.

Bem, ele não pôs uma arma na cabeça de Kiba pra obrigar o garoto, mas não era preciso. Sempre foi passional, mas Kiba não estragaria completamente seu último ano por um chefe substituto problemático, ele sabia que quando começasse a trabalhar seria ainda pior, então precisava ficar forte, e aquele era o lugar perfeito pra conseguir. Ainda mais considerando que não teria boa fama se desistisse, e ele nunca contaria pra mãe que parou por culpa de Kabuto, pois Tsume faria uma confusão enorme: ou com Kiba, ou com Kabuto, e em qualquer caso ele estaria admitindo fraqueza.

Então ele simplesmente respirou fundo, xingou (mentalmente) Kabuto com todos os palavrões que conhecia, e sorriu pro mais velho, dizendo que estaria lá no outro dia.

Aquela rotina se manteve, e Kiba estava quase acostumado, apesar de que os recentes hematomas eram difíceis de esconder, mas ele os ignorava muito bem.
Na nova quinta-feira, uma semana depois, ele estava pegando os documentos do chão quando alguém irrompeu pela sala.

—Boa noite, eu vim... Ei, tudo bem com você?

Kiba se levantou com pressa e deixou os papéis caírem outra vez. Não precisou olhar a figura por muito tempo pra saber quem era. O filho do responsável pela sessão de direito logístico, Aburame Shibi, exatamente como o pai.
Nosso Inuzuka lembrava que ele era exatamente igual como no ensino médio. Como poderia esquecer, na verdade? Era apaixonado por Shino desde pequeno, quando estudavam juntos. Infelizmente, ele era hétero (ou burro, por nunca notar as investidas de Kiba), e foi cursar faculdade na Austrália, algo relacionado com insetos de que Kiba não lembrava o nome.

—Shino?! Porra, quanto tempo!

No próximo segundo, ele aguçou os ouvidos, procurando saber se alguém tinha escutado.

—Kiba! Eu não sabia que já estava formado, e ainda trabalha aqui!

—Eh... estágio probatório. Mas, e você?

—Entomologia, comecei na semana passada.

—Não... –Kiba riu, mas bem que estava satisfeito de saber mais da vida do outro. –e você, como posso ajudar?

Shino ia falar, quando prestou mais atenção no amigo – ainda podia chamar ele assim? –, e Kiba sempre usava aquelas jaquetas de couro (sintético, nunca teria coragem de usar roupas de pele de animal) idiotas e chamativas, mas aquela cobria mais que o normal. Estava molhada de café, mas não estava aberta. O chão também estava sujo, assim como os papéis que antes ele tentava pegar.

Você passou por um furacão ou o furacão passou por você?

—Diz, como posso te ajudar?

—É assédio moral?

—Shino!

—Eu trabalho com entomologia forense, sabia? Na delegacia, a mesma que sua mãe, cheguei essa semana.

—Não estou pedindo ajuda, não sou uma garotinha indefesa. Posso lidar com meus problemas. Relaxa. Agora, do que precisa?

Kabuto passou pela porta, fechando a mesma, e sequer encarou o estagiário.

—Vim dizer que vou passar na sua casa, mais tarde, beleza?

Shino não esperou resposta, saiu em seguida. Deixou a porta aberta.

E esperto como era, o Aburame aproveitou o fato de que a seção do pai ficava no fim daquele mesmo corredor, então ficou olhando para a porta, sentado do lado de fora da sala.
Não tinha nada a ver com a paixão adolescente que nutria – digo, nutriu – pelo Inuzuka. Só não toleraria esse tipo de injustiça. Pelo resto da noite, Kabuto não fechou a porta.

Kiba sabia que ele estava inventando sobre ir à casa dele, pois até entrar naquela seção, sequer sabia que ele estagiava lá. Mas... lá no fundo, esperava que Shino não estivesse brincando.

***

Inuzuka precisou olhar cinco vezes o próprio relógio. Realmente eram quatro da manhã? Não, mas realmente, realmente mesmo, tinha alguém jogando pedras na sua sacada?
Sim, e ambas Tsume e Hana fariam de conta que não ouviram nada.

Kiba abriu a porta e a janela, de queixo caído quando Shino passou por ela.

—O que você tá fazendo aqui?!

—Avisei que mais tarde viria em sua casa. –Shino se explicou, indo sentar-se, como sempre, na cama do amigo (ele ainda não sabia se podia chamá-lo assim).

—Mais tarde quatro horas da manhã?!

—Fiquei enrolado com o trabalho. Me fale sobre Kabuto.

—Não tem o que falar, sério, cara. Desencana disso. Mas... Já que eu não vou mais conseguir dormir, conta sobre seu intercâmbio.

Shino deixou de lado que ainda não dormira em dois dias, e os dois passaram o restinho da madrugada conversando.

Pela manhã, Shino provou o que não comia á meses: comida caseira. Ele sabia do orgulho de Kiba, eles eram próximos o suficiente pra se conhecer bem, então tinha certeza de que o Inuzuka não diria nada tão cedo. Mas ele não deixaria que aquilo piorasse, que acabasse na delegacia como um homicídio, ou pior, suicídio. Ele não desgrudaria de Kiba até que o convencesse de prestar um belo de um B.O. contra Kabuto (coisa que um estudante de Direito deveria ter feito á séculos, mas Shino não o julgaria).

Tsume e Hana passaram todo o café da manhã esfregando na cara de Kiba que Shino já trabalhava, enquanto ele nem estava formado, mas ele foi salvo por Naruto, que chegava pra seguirem pra faculdade. Shino não gostou de eles serem tão próximos, mas manteve aquilo pra si mesmo, também. Sabia que era infundado, era só bobeira.

***

—Não acredito que você ainda não o beijou! –Neji, estagiário do próprio Shino, quase gritou. –vocês eram praticamente apaixonados, na escola!

—Eu não gosto mais assim dele, ok? Nem ele gosta de mim. Crescemos –AHAM, Neji pigarreou. — , nós dois. Acho que ele está com o Naruto.

—Eu sabia. Quatro anos na Austrália te estragaram. Naruto namora com o Sasuke, retardado.

—EI! Eu ainda sou seu superior. Pegou as provas do caso 112?

—Peguei, Sai já tinha tudo analisado.

Os dois se encararam por sobre a mesa, e Neji observou quando Shino começou a ler o caso. A especialização forense permitiu que ele conseguisse o emprego que sempre quis, com a área em que sempre quis estar. Só precisava ajudar todos que pudesse, e estaria realizado. Já Neji, não. Neji só queria ver o circo pegar fogo, e aproveitava o estágio pra isso.

Ainda não acreditava que fora (muito) ultrapassado pelo Aburame, mas não deixava de se alegrar pelo amigo. Tenten também estava feliz, trabalhando junto de Rock Lee para Kurenai e Hiashi. A turma deles estava praticamente formada, só precisavam apresentar os TCC e alcançar suas médias. Neji se orgulhava disso também, como representante.

Shikamaru, outro dos adiantados como Sasuke, entrou na sala pequena.

—Meu pai, digo, o comandante, está pedindo os arquivos do último efeito Werther. Cara! Isso de trabalhar pra ele é complicado.

—Beijar a Temari nos cantos não é, né? –Neji riu quando Shikamaru ficou vermelho e girou nos calcanhares, saindo com raiva.

—Todo mundo namorando e eu aqui.

—Todo mundo mesmo, até juntos e ao mesmo tempo. Você perdeu muita coisa. Sinto muito, Shino.

O Aburame sentiu o estômago revirar. Kiba teria participado daquilo?

—É brincadeira!

Neji estava rindo, mas o peso subitamente sumiu dos ombros de Shino, e ele quase sorriu. Mas, obviamente, não era ciúmes.

—Não todos... Em três, ás vezes, ou quatro... Se bem que naquela festa...

O peso voltou. Shino fechou a cara e focou somente nos papéis á sua frente.

***

Já era a quinta pessoa que chamava Kiba de idiota. Sakura interrompeu a aula de Anatomia no seu último dia de revisão, só pra dar um tapa na cabeça dele (e, por causa de Kabuto, já estava doendo).

Ela, Ino, Hanabi, Hinata, todas as meninas, e a maioria dos meninos. Ele só precisou dizer ao Naruto que não espalhasse (ou seja, que a Ino não soubesse), mas mal a primeira aula tinha acabado e todos já estavam puxando o Inuzuka pelos cantos, dando tapas e muitos sermões.

Tinham as mesmas reclamações.

“Você me passa três meses reclamando de saudades, quase quinze anos dizendo estar apaixonado, e não beija ele QUANDO ELE APARECE ÁS QUATRO DA MANHÃ NO SEU QUARTO?!”

Naruto até gritou “VAI Á MERDA!”, quando soube da história.

Agora Kiba estava mais cansado ainda. Não podia nem ter vida pessoal?! Esse era o preço de ter amigos?
Que bando de abutres, só queriam que ele contasse detalhadamente um sexo quente e surpresa no meio da madrugada. Estavam decepcionados, apenas. Mas Kiba tinha certeza, Shino nunca sentiu nada por si, nunca sentiria e nada aconteceria. Ele seria eternamente sua paixão platônica. Infelizmente, ele não podia contar o real motivo de Shino ter aparecido, pois não tinha mais nada, era só por causa de Kabuto. Talvez Kiba devesse até agradecer.

Mas... até a amizade deles estava diferente.

E foi pensando nisso que ele pegou a moto, naquela noite. Com Akamaru internado, Kiba ia e voltava sem Hana. Toda a pressão (e Kabuto) do dia e da noite, o fez pesar a mão no acelerador. Depois do terceiro semáforo, Kiba, de jaqueta e capacete escuro, não viu o carro escuro pedindo caminho pela esquina da esquerda. A falta de atenção atrapalhou os dois motoristas, mas pro Inuzuka foi pior.

Bateu com a moto no pneu esquerdo do carro, praticamente de frente, e ele teria voado sobre o carro, se não estivesse apertado o guidão com tanta força: seu primeiro acidente.
A batida fez ele baixar os pés no chão, mas as pernas tremiam demais pra aguentar o peso, e ele caiu de lado. A porta do carro abriu.

—Você está bem?!

Ele não podia acreditar naquilo. Shino o perseguia?

—KIBA!

E o que Hana fazia na rua, áquela hora da noite?!
Os dois correram pro homem caído. Kiba notou vagamente que os cabelos da irmã estavam bagunçados como se...

—Shino? E... Kiba? Você bateu nele! –o Inuzuka sentiu a irmã procurar ferimentos pra cuidar, mas por sorte não era nada tão sério. Infelizmente, ela viu algo pior. –Kiba... o que são esses machucados...?

Ela levantou a viseira do capacete, mas não o tiraria. Era médica, façam-me o favor, tinha a noção básica de primeiros socorros. Shino começou a entender o acidente, pois sequer imaginava que tinha batido em Kiba (na verdade foi o contrário) mas viu que ele pedia ajuda com o olhar. Ele cobraria o favor, mais tarde.

—Culpa minha. Nós brigamos.

Hana deu-lhe seu pior olhar. Ela levantou o irmão depois de checar tudo o que podia.

—Vamos ao hospital.

—Não, estou bem.

—Vamos ao hospital. –e foi Shino quem falou, dessa vez.

***

—Sempre corre assim?

Kiba olhou pra Shino, que estava ao lado dele na UTI. Ele realmente não estava machucado demais, mas estar num hospital revelou os outros machucados do nosso Inuzuka, e a raiva de Hana e Shino estava em seu ápice.

—Ás vezes. Estresse piora.

—Vai falar sobre Kabuto?

—Não vai largar do meu pé enquanto eu não falar?

—Não.

O Inuzuka soltou um longo suspiro, e começou a falar. Quase na metade de seu discurso, Hana apareceu, depois de assinar os papéis pra liberação do irmão, e ficou ouvindo enquanto confirmava suas suspeitas. Ela sabia que algo estava errado, e sabia que Shino nunca o machucaria. Sua irritação com o outro foi apenas por eles mentirem pra si.

E foi só naquela noite que Shino colocou juízo na cabeça do melhor amigo... Podia mesmo chamar ele assim?

***

Mais uma vez naquele mês, Kiba acordou com pedras sendo atiradas na janela.

Não... Não acordou, pois estava ansioso demais pra dormir, estava esperando por aquele sinal, e levantou tão rápido que quase caiu da cama. Abriu a janela pra Shino.

—Como está pra amanhã? –Shino sentou na cama, e Kiba sentou ao lado dele. Shino e Hana pegaram tanto no seu pé, que, após registrar uma queixa formal na delegacia, Kabuto recebeu sua demissão. Infelizmente ele não gostou e pediu um processo. Depois de dois recessos, aquela seria (eles esperavam) sua última tentativa, e Kabuto teria que pagar.

Fora tudo isso, Shino aparecia quase toda as madrugadas, quando nenhum estava cansado demais e quando Kiba não teria provas, ou quando Shino não estava em algum caso complicado, isso por praticamente dois meses.

—Ótimo! E você?

—Kiba, tenho uma pergunta.

—Qual?

Aquilo martelava na cabeça do Aburame desde que reencontrou o melhor amigo... Podia mesmo...?

—Ainda é meu melhor amigo?

—Oi?

A expressão de confusão de Kiba respondeu suas dúvidas. Certamente, depois de ficar fora por tanto tempo...

—Não, eu entendo, tudo bem. –Shino sorriu forçado. –Naruto é um ótimo melhor amigo, até.

—Não é obrigado termos apenas um melhor amigo, Shino, e você nunca deixou de ser o meu! Na verdade...

—O quê?

—Se não houvesse esse muro em volta de sua sexualidade, seríamos até mais.

Tantos anos de espera, e só naquele momento Kiba sentiu o peso do segredo saindo de si, e ele quase sorriu – não fosse o medo e a ansiedade que sentia da resposta do outro.

—Não tem um muro!

—Tem um muro.

—Não tem!

—Então você é simplesmente bobo. Ou... Não gosta de mim como eu gosto de você. Tudo bem, deixa pra lá. –Kiba também forçou um sorriso, mas o sorriso sumiu...

Não dava pra continuar sorrindo quando Shino o surpreendia com um beijo, gelado e ao mesmo tempo quente.


June 2, 2018, 2:06 p.m. 6 Report Embed Follow story
1
The End

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Lilith Uchiha Lilith Uchiha
Gente que história fofa! Foi incrível como o Kiba conseguiu suportar tudo isso durante tanto tempo, tadinho. Tem que ser muito forte mesmo. Gostei muito de como você construiu os outros personagens também. Dei altas risadas aqui com os sermões da Tsume e o Naruto sempre salvando o Kiba na última hora kkkkkk E o Neji querendo ver o circo pegar fogo, nossa eu gritei aqui huahyahaha Tão fofo o Shino visitando o Kiba escondido, jogando pedrinhas na janela <3 Graças a ele nosso bebê Inuzuka foi salvo daquele sádico do Kabuto! Adorei demais a fic! Kissus^^
March 29, 2019, 04:49

  • Ráilla G. Neji Inuzuka Ráilla G. Neji Inuzuka
    Aaaaaaaaaa! Obrigada, sério! Eu amei escrever essa fic, deixei uns sinais do abuso bem claros pra que se outra pessoa estivesse passando por isso, percebe-se, sabe? E o Shino de herói é meu canon ETERNO! Muito obrigada pelo comentário. s2 May 19, 2019, 17:29
Vany-chan 734 Vany-chan 734
Apareci! ShinoKiba nao eh um shipp que eu tenha costume, mas o Kabuto eh um personagem incrivel prá ser "vilao". Fiquei devastada com o UA, mas pelo menos vc pegou uma temática pouco abordada em fics! Ter os amigos e familia presente nesse processo eh importante mesmo, entao parabéns por isso!
June 08, 2018, 04:12

  • Ráilla G. Neji Inuzuka Ráilla G. Neji Inuzuka
    DEZ DIAS DEPOIS já fazem 84 anos que eu tinha que responder isso, jesus cristo, eu vi e esqueci de falar algo! Que micão. MASSSSSS enfim obrigada por ler, sério, foi minha primeira tentativa de algo numa temática complicada, fico feliz que tenham curtido. E eu não gosto do Kabuto, sério, não sei se pq nas fics da Kaline ele sempre é vilão, mas acabei não gostando mais do personagem...se quiser mudar isso em mim, to sempre aberta ok? Kkdjgkfjgkfjg obrigada por comentar <3 June 17, 2018, 22:16
Kaline Bogard Kaline Bogard
Olá! Eis me aqui também! Quero só reforçar o quanto eu amo ver os autores se esforçando e voltando com histórias encantadoras! Estou mesmo muito feliz pelo tema que você escolheu e por como desenvolveu o plot da história. Deu raiva, deu emoção, deu alegria, deu momentos de "ooownnn" e o final foi feliz, com meus bb vivos e intactos (ou quase isso). Parabens pelo texto!
June 02, 2018, 17:41

  • Ráilla G. Neji Inuzuka Ráilla G. Neji Inuzuka
    Aaaaaaaaaaaaaa! EU SÓ SEI GRITAR obrigada por me apoiar assim, sério, eu fico muito feliz! E eu sempre vou me esforçar mais, esse é meu jeito ninja, dattebayo asduhdushud obrigada de novo, Kaline, te adoro! June 04, 2018, 22:12
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