João Roberto era o maioral
Kakashi lembrava muito bem dos seus dias de adolescente, de como vivia cada segundo como se fosse o último. E ele sabia, inconscientemente, que passara aquilo pra Naruto. Naruto não era seu aluno favorito, nem Sasuke ou Sakura. Eram todos iguais, mas tendo acompanho os três por tanto tempo, sentia-se apegado aos adolescentes.
Naruto e Sasuke eram tão problemáticos! Francamente, Kakashi também era órfão, mas não lembra de ter dado tanto trabalho... Okay, talvez um pouco.
Mas os garotos tinham Iruka, e o adulto não tinha (ou não enxergava ninguém) nada além da dor de perder o pai, e depois, Obito e Rin juntos. Se não fossem aqueles malditos carros...
Depois os três seguiram suas carreiras. Naruto estava alistado no exército, a guerra diminuíra a idade necessária; Sasuke assumiria a empresa dos Uchiha, sozinho, assim que chegasse aos dezoito, e Sakura estudava pra passar nas provas do curso que queria seguir, e Kakashi sabia o quanto Medicina era puxado.
Por isso não estranhava o modo de como seus três alunos favoritos estavam separados, quase não viu que era proposital.
Mas de uns tempos prá cá
Naruto e Sasuke nunca se deram bem. Mas Yamato, Capitão de Naruto e coincidentemente amigo de Kakashi, dizia que o loiro só falava sobre o Uchiha.
Naquela noite o grisalho entendeu o motivo de que, quando tentava reunir os três, Sakura alegava estudo, Naruto estava em rachas ilegais por toda Osaka, e Sasuke, que só seguia pro fim da escola, inventava dever de escola.
Mas, bem, não é como se ninguém desconfiasse deles. Na verdade havia até uma aposta entre os professores, sobre qual se assumiria primeiro. Só Sakura perdia, e Kakashi pediu que Tsunade apresentasse pessoas novas pra rosada.
Mesmo longe, e negando pra si mesmo, Kakashi agia como um pai, pra todos os três.
Johnny estava com um sorriso estranho
Foi Gai quem entrou na sala dos professores espalhando as novidades: Sasuke e Sakura estavam namorando e Naruto iria correr no fim de semana.
Kakashi odiava aqueles carros.
Foram aquelas máquinas que tiraram tudo dele. Estava sempre tentando fazer Naruto parar, mas o loiro, na síndrome adolescente de imortalidade, dizia que era divertido. De noite, pela primeira vez, ele foi grosso com o professor (ex-professor, mas sempre da família). Dizia que Kakashi não era seu pai, que não tinha ninguém pra si ali, e que ninguém o esperava inteiro em casa. Não tinha mais, sequer, Jiraya; Kakashi não soube como responder.
As máquinas prontas
Ele não pôde ir à corrida, e se pudesse não iria. Nunca conseguiria ir até o fim, não contra seus traumas. Kakashi simplesmente esperou, sabia que na folga da Academia Militar, Naruto se desculparia e passaria horas e horas falando sobre como era incrível dirigindo.
Gai e Yamato também não foram. Kakashi os mandou à Sakura e Sasuke, respectivamente. Nenhum dos dois podia suspeitar quem estava por trás da ajuda, pois negariam a todo custo - sequer percebiam que era ajuda. Era só uma visita, certo?
Só naquele dia, mais tarde, quando seus informantes contavam como os adolescentes estavam, Kakashi soube da história.
Só deu para ouvir foi aquela explosão
Hiruzen saía da sala de Kakashi como se o mundo ruísse.
Os dois se esforçaram tanto pelo Uzumaki, ambos acabaram se apegando, mas nada se comparava ao amor - e só agora ele percebia - que Kakashi sentia pelo aluno. Filho. Ele queria ter sido um pai melhor pro loiro.
E na saída da aula, foi estranho e bonito
Aoba substituiu Kakashi quando o grisalho precisou correr da sala. Sentia que continuar ali o esmagaria, pois cada aluno era uma lembrança diferente.
Especialmente Sasuke. Ele estava naquela classe. Estranhamente, ele teve calma ao sair da escola. O tempo todo foi calmo e paciente, por mais que os outros chorassem ou continuassem desacreditados.
Kakashi não conseguia acreditar ainda, obviamente, e nem sabia pra onde corria.
Só se deu conta ao chegar.
Ele se ajoelhou ao lado dos túmulos de seus melhores amigos e se permitiu chorar, mostrar as emoções que tanto escondia. Tirou a máscara, precisava respirar.
E até hoje, quem se lembra
Um coração
Kakashi repetia mentalmente seu discurso, que deveria ter dito pra Naruto antes do acidente. Deveria dizer que não precisava se magoar em perder seu primeiro amor, que sequer o tinha perdido. Dizer que Sasuke e ele estavam praticamente destinados a ficar juntos, que logo a paixão platônica de Sakura terminaria, e que Naruto deveria se alegrar independente de ter Sasuke ou não. Ele tinha que ser feliz sozinho, e Naruto era forte o suficiente pra aquilo.
Mas Kakashi não foi ver o aluno (ex-aluno, mas pra sempre seu filho) antes da corrida, não pôde dizer ao outro que tivesse cuidado na pista, que voltasse inteiro ou não comeriam rámen com Iruka.
Ele não conseguiu ajudar seu (quase) filho no momento mais necessário, e agora perdeu mais alguém para os carros.
Bye, bye, Johnny
Kakashi bateu na janela do carro preto, e o motorista do Audi abaixou o vidro mesmo a contragosto.
Sasuke estava claramente bêbado, seu mapa estava aberto no local do acidente de Naruto.
Mas dessa vez seria diferente.
Kakashi não esconderia mais nada, e ele estava enfrentando seus medos.
Ele entrou no carro, e do banco do passageiro, alcançou o whisky que terminou de beber com Sasuke.
Bye, bye, Johnny
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