Notas da História:
Os personagens pertencem ao Masashi Mishimoto, porém o enredo é de minha autoria
Capa criada pela Raylany
História betada pela reakens (Animes Design - http://animesdesign-ad.blogspot.com.br)
História baseada na música Mirrors do Justin Timberlake
História postada no Nyah e SocialSpirit
*HakuxKimimaro*
Notas do Capítulo:
Essa história está participando do desafio do crack realizado pelo grupo Inkspired Brasil no facebook.
Mirrors
By: Sr. Artie
Capítulo Único
Como toda primeira vez marcante, eu ainda conservo na minha memória a imagem de quando te encontrei pela primeira vez. Era uma noite comum e eu caminhava despreocupadamente ao lado de Zabuza-sama, no País da Terra, sem possuir a menor desconfiança que nossos destinos se enlaçariam ali.
Você surgiu do nada e saltou bem diante de nós, empunhando um pedaço de osso – ainda não tinha conhecimento sobre sua kekkei genkai –, questionando-nos se víamos da Vila da Névoa. O espadachim levara uma mão à lâmina que carregava nas costas e eu cheguei a pensar que aconteceria uma terrível desgraça, mas Zabuza-sama apenas negou nossa origem e você constrangeu-se por sua atitude rude, desculpando-se e saindo correndo para longe de nós.
Efêmero; esse seria o adjetivo certo para descrever a primeira vez que nos encontramos. Foi instantâneo, transitório. Apesar disso, o curto intervalo de tempo foi o suficiente para que eu conseguisse te compreender.
Desejo confessar que, naquela época, eu simpatizei com você. Não precisei fazer esforço algum, apenas observá-lo nos poucos segundos que o nosso encontro durou, para conseguir notar a solidão do seu olhar, parecia que lhe faltava um propósito. Você espelhou em meu coração, embora não parecesse algo tão simples assim, mas eu consegui enxergar a verdade sobre ti em algum lugar nos seus olhos e, tristemente, cheguei à conclusão de que você refletia meu antigo eu: sozinho e machucado pelas mazelas da vida.
Infelizmente, Zabuza-sama forçou-me a continuar andando e não pude correr atrás você, porém eu quis ir. Queria te alcançar e impedir que continuasse nesse exílio tristonho que é a solidão, porque um dia eu já tinha me permitido me isolar do mundo e sei como sofri até que Zabuza-sama me salvasse.
Só que ações idealizadas não são outra coisa senão pensamentos frívolos. Naquele dia, eu tive vários enquanto assistia você partir.
A segunda vez em que me deparei com você foi uma grande surpresa para mim. Estava realizando uma missão em Iwagakure à pedido de Zabuza-sama, sendo a ferramenta necessária para o homem que me deu um propósito nessa vida. Tentava a todo custo não causar danos vitais aos ninjas com quem estava batalhando; nunca fora de meu agrado matar.
Naquele grupo existia um shinobi em especial que parecia ser de nível Jounin, pois conseguia se esquivar com exímia habilidade de todas as minhas agulhas. Eu não tinha muito tempo, precisava colocar um fim na luta e fugir dali. Como último recurso, utilizei minha Hijutsu: Makyō Hyōshō, prendendo-o numa cúpula formada por 21 espelhos de gelo flutuantes. Entrei em um deles e minha imagem foi refletida nos demais.
Com aquela técnica secreta vinda do meu clã, minha velocidade aumentava consideravelmente, de modo que eu me movia quase na velocidade da luz, impossibilitando que meu inimigo se esquivasse do meu ataque. Quando empreitei o último rompante, numa clara intenção de pôr fim àquela batalha, você surgiu bem à diante, interceptando-me.
— Vocês da Névoa, sempre agindo sem escrúpulos e de forma sanguinária. Por que não tenta me derrotar?
Exasperado, eu te olhei, pronto para atacá-lo, sentindo-me indignado por você ter conseguido acompanhar a minha velocidade e ter entrado dentro da cúpula sem que eu te notasse. Contudo, ao passo que meus olhos alcançaram os seus, eu fui capaz de reconhecê-lo.
Era o mesmo garoto desconhecido daquele dia. Seu olhar não possuía mais a tristura e frieza da solidão como outrora. Dessa vez, ele era vívido, enérgico e assim eu soube que, igual à mim, você havia encontrado uma pessoa para ser o seu propósito. Por um milésimo de segundo, me senti feliz por você. No entanto, lembrei-me de que, agora, você era um inimigo à minha frente, um empecilho para o término da missão dada à mim. Não me permiti fraquejar por causa da memória de anos atrás de um menino fragilizado.
Dei continuidade ao meu ataque, deixando de lado a hesitação que senti, decidido a remover você de meu caminho. Avancei com uma senbon na mão, cravando-a em seu braço. Choquei-me ao ouvir o ruído de gelo quebrando-se, o que me fez olhar para seu membro superior e notá-lo revestido por ossos, servindo de barreira contra minhas agulhas. Você era um maldito cheio de surpresas, afinal.
— Interessante. — comentei.
Recuei alguns passos e entrei novamente em um dos meus espelhos, tendo meu reflexo refletido nos outros. Você pareceu admirar-se, mas não demonstrou medo.
— Farei você se arrepender de envolver-se em assuntos que não o dizem respeito.
— Será um prazer aniquilar um de vocês da Névoa.
No momento em que você terminou de falar, vários ossos pontiagudos surgiram em seus braços e tronco. Naquela hora, percebi que você era algo para se admirar, tão reluzente e brilhante quanto um espelho — um dos meus espelhos. Não consegui evitar apenas te olhar, tão imponente e seguro de si, totalmente oposto ao dia em que te conheci.
Minha fascinação por você não era um fator a ser considerado naquela batalha, de maneira que você não mais me permitiu estimá-lo em silêncio. Os ossos que você cultivou em seu corpo foram lançados contra meus espelhos; acredito que você queria destruí-los, mas era tolice achar que eles se desfariam por causa de um ataque tão fraco.
— Não adianta, ataques desse nível não chegarão a arranhar meu gelo.
Eu me posicionei, decidido a acabar com essa luta o mais rápido possível para conseguir concluir minha missão. Agilmente, saindo e entrando através dos espelhos, investi contra você repetidas vezes, irritando-me ao ver cada ofensiva ser rebatida por sua exímia defesa.
Você tornou-se arrogante por achar que eu não chegaria a feri-lo, porém não contava com minha percepção elevada. Analisei cada um dos movimentos e decorei suas sequências de defesa, de modo que em um de meus rompantes, finalmente consegui atingi-lo. Vi a senbon deslizar pela pele alva, rasgando-a; deixando o sangue vermelho jorrar, ao passo que você soltava um urro de dor.
— Você se meteu numa luta que não era sua apenas para se envergonhar? — Perguntei.
— Oh, você ainda não sabe do que sou capaz.
— Desista, você não será capaz de me derrotar enquanto eu estiver usando o Hijutsu: Makyō Hyōshō. É impossível para você me vencer, os espelhos aumentam minha velocidade em níveis consideráveis.
— Então eu só preciso quebrá-los.
Foi com essas palavras e cheio de convicção que manchas vermelho-amareladas como larva vulcânica manifestaram-se na curva de seu pescoço, espalhando-se pelo restante do seu corpo. Sobressaltei-me quando vi sua pele mudar de cor, adquirindo um tom cinza-escuro; uma calda surgiu e espinhas ósseas salientes ergueram-se em suas costas, num total de seis. O mais aterrador era o membro de osso de diâmetro exagerado que estava no lugar do seu antigo braço.
Depois que sua transformação acabou, você lançou-se em direção à um dos meus espelhos; sua velocidade havia diminuído e eu senti vontade de rir da sua cara, porque todo aquele visual esquisito não serviria de nada. Só que eu não contava com o poder do seu braço de osso. No momento em que ele atingiu meu gelo, girando como uma furadeira, meu espelho quebrou-se em uma quantidade incontável de cacos.
Impiedoso e inarredável, você partiu na direção de cada um dos espelhos, destruindo-os em um lampejo. Eu não tive tempo de reagir, mas não me permiti abalar por causa do seu poder. Na verdade, quis rir, mais uma vez naquela luta, de você. O seu rosto possuía uma interrogação bordada por ter, enfim, conseguido êxito em destruir os objetos de gelo que flutuavam bem à sua frente, mas mesmo assim não ser capaz de me vez caído ou ferido no chão, aos seus pés.
Era ingenuidade sua achar que o jutsu secreto do meu clã resumia-se apenas aos espelhos, destruí-los não significava sua vitória, você enganou a si próprio. Meu reflexo mantinha-se exibido nos inúmeros cacos de gelo espalhados pelo chão da floresta. Continuei saltando entre eles e desferindo ataques contra você, mas minhas senbons não funcionavam, sua pele havia se tornado mais grossa e mais resistente, impossibilitando-me de feri-lo.
Amaldiçoei-o.
Neve começou a cair do céu e você olhou para cima, buscando entender o porquê de estar nevando ali no País da Terra, em pleno verão. Esse era um dos efeitos da técnica secreta da minha família, o frio que emana dos espelhos é forte o suficiente para fazer nevar, até mesmo quando a estação vigente não é o inverno. Contudo, tão rápido quanto era depositada no chão, com a mesma rapidez desmanchava-se em água.
Logo estávamos cercados de água e eu enxerguei a oportunidade de conseguir pôr um fim naquela luta desnecessária. A utilização do Hijutsu: Makyō Hyōshō consumia uma quantidade exorbitante de chakra, eu não tinha muito mais tempo antes de começar a sentir a exaustão por manter aquele jutsu por um espaço de tempo considerável.
Por essa razão, quando notei o grande volume de água disposto à nossa volta por causa da neve derretida, apressei-me em sair de dentro dos pedaços de gelo, me pondo em sua frente.
— Qual é o seu nome? – Perguntei.
— Kimimaro.
— Foi interessante lutar contra você, Kimimaro, mas preciso terminar minha missão e retornar ao mestre Zabuza, então vamos encerrar isso de uma vez. Hijutsu: Sensatsu Suishō.
Mil longas e afiadas agulhas de gelo foram produzidas daquela água, todas direcionados contra você. Lancei-as de uma vez, em alta velocidade. Devido a sua transformação, você não era mais capaz de reagir à tempo e, apesar de ela ter lhe conferido uma pele resistente, as agulhas te atravessariam.
O ataque final empreendido por mim saiu exatamente como idealizei. Observei seu corpo cair por terra e sua transformação horrenda regredir, até que voltasse ao normal. Seu olhar esmoreceu e suas pálpebras fecharam-se; você não seria capaz de dar mais um passo. Era seu fim, a luta estava acabada e eu saí como o vencedor.
Procurei o último ninja de Iwagakure para derrotá-lo e, enfim, concluir minha missão. Não fiquei surpreso quando não o encontrei em nosso entorno, ele deveria ter fugido quando você destruiu meus espelhos, não me dando outra solução senão procurá-lo em meio àquela floresta fechada.
Virei-me e afastei-me poucos passos de você, quando o ouvi murmurar algum nome.
— Orochimaru-sama… desculpe-me.
Observei você por cima do meu ombro de relance, tentando levantar-se. Sua resistência física era alta, percebi, mas você estava inválido. Não adiantava tentar ficar de pé diante de mim mais uma vez, porque você iria cair novamente.
— Orochimaru-sama… eu perdi e… envergonhei seu nome.
Cada palavra foi dita de maneira sôfrega. O tom de voz não era de raiva por causa da derrota; era auto repreensão por ter pedido, por ter vacilado com alguém com quem você jamais deveria errar. Eu mesmo reconhecia aquela entonação; já tinha a usado várias vezes quando fraquejei em frente ao Zabuza-sama.
Eu desejei rir, pois era engraçado o modo como éramos estranhamente parecidos, quase idênticos. Inferi que talvez você fosse minha outra metade, como um dos meus espelhos olhando de volta para mim. Eu não podia deixá-lo ali sozinho, não depois de saber que você algum dia lutou contra o terror da solidão.
Aproximei-me de você e o peguei nos meus braços. O levaria para alguma aldeia nas redondezas e deixaria aos cuidados de um médico. Quando você melhorasse, seria capaz de retornar ao seu mestre e se redimir pelo dia de hoje.
Com pouco mais de uma hora de viagem, encontrei um vilarejo pequeno, mas que, felizmente, dispunha de um médico. Deixei-o deitado na cama, decidido a partir. No entanto, ao alcançar a soleira da porta, o observei de relance e vi seus olhos abertos, presos em mim. Parei meus passos e me mantive quieto no lugar, apenas te olhando.
— Sabe — comecei —, se um dia você se sentir sozinho, saiba que eu estou sempre do outro lado, paralelamente, como em um espelho. Então, ponha sua mão no vidro e eu estarei aqui para puxar você.
Seu olhar de interrogação mostrou que você não tinha compreendido minhas palavras, de modo que supus que você não foi capaz de enxergar dentro de mim, como eu consegui fazer com você.
Não disse mais nada e saí pela porta, porque o amanhã seria um mistério para todos nós. Senti seus olhos presos nas minhas costas e me senti feliz por você ter ficado ao menos um pouco curioso sobre mim.
“Mantenha seus olhos em mim, garoto, você é meu reflexo e tudo o que eu vejo é você”, pensei.
Definitivamente, o ontem é apenas história e o amanhã é uma incógnita, porque depois de nosso segundo encontro dois anos atrás, eu continuei ansiando pelo dia em que você viria até mim, mas você nunca veio.
Nesse momento, depois que tive meu peito atravessado pelo Raikiri de Kakashi, um ninja de elite de Konoha, eu desejo que você nunca venha até mim, pois eu não vou estar aqui por você. O meu lado do espelho quebrou, me desculpa se um dia você tentar se olhar e não conseguir ver seu reflexo, pois ele não estará mais nesse mundo.
“Kimimaro, me desculpe”.
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