nicansade Franky Ashcar

Shaka possuía problemas que iam além do TOC. Milo só estava lá para complicar. E Afrodite estava alheio a tudo.


Fanfiction Anime/Manga Not for children under 13. © As histórias aqui postada são de exclusividade minha, Plágio é crime conforme a LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 e Art. 184 do Código Penal – Decreto Lei 2848/40. Meu Colega de Quarto – 2018 – Nicca X Keehl

#humor #bl #yaoi #cavaleiros-do-zodiaco #saint-seiya #cdz #Shaka-de-Virgem #MIlo-de-Escorpião #vemprocrack #universo-alternativo
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Capítulo Único

Para a Focs que me ensinou a amar esse ship, para a Nathália que me inspirou na personalidade neurótica do Shaka, para a Dany-chan pelo apoio (não sei o que seria de mim sem você) e para a Letícia Santos que fez a capa amorzinho...

***

Suspirou fundo ao encarar a fachada branca de uma casa de dois andares, completamente desigual para uma ruazinha tradicional grega, dois andares e uma varanda de enorme proporção, à sua frente, a vista de uma vasta área verde com um jardim, gramas verdinhas mesmo com o calor desgraçado que fazia, um banco de pedras próximo a uma bela roseira com suas flores vermelho sangue.

Shaka fora tomado de uma boa impressão em relação àquele sobrado, coçou os olhos azuis apertados imaginando que fosse um sonho estar ali.

Mas algo ainda estava errado, muito errado; sentia-se desconfortável, nem imaginava o verdadeiro motivo, apenas ponderava.

Ao contrário de muitos que se entusiasmariam só com a simples possibilidade de conhecer uma cultura nova, aquela não era a realidade do indiano, algo além do desconforto pela convivência com outros de sua idade, que acabou se tornando um contratempo.

Ao chegar na Grécia seus temores se concretizaram: o abrigo era um recanto estudantil. Contando com ele eram onze pessoas, num espaço enorme e ele sentia-se perdido pela falta de conforto no local decorado por homens entre vinte e vinte cinco, sem um pingo de bom gosto, deixando-lhe desconfortável.

A casa de dois andares era repleta de bagunças em todos os cômodos, a sala com móveis de segunda mão provavelmente comprados em um brechó qualquer lhe dava ânsia, o sofá brega bege encardido no meio dela, causavam nojo iminente em Shaka.

Por isso passou suas primeiras semanas ali esfregando os móveis e o chão até que tudo estivesse em seus conformes, no entanto quanto mais pessoas e mais espaço, mais bagunça.

Sozinho suportava desde seu transtorno obsessivo compulsivo com limpeza e organização, até a inquietude de ser obrigado a apreciar filmes de lutas no final de semana, só pela socialização forçada e sem sentido entre eles; Shaka era diferente, preferia um bom filme ao sair para ver MMA. Tudo isso, junto a saudades agoniante de seus pais adotivos, Shion e Dohko, e seu melhor amigo/irmão, Mu.

Restou outro infortúnio para o indiano: o maldito colega de quarto, Milo, que além de tirar suspiros dele, ainda tinha de vê-lo com as inúmeras garotas correndo atrás dele. Shaka nem sabia o motivo pelo qual sentia-se incomodado todas as vezes que via alguém atracado no porto de Milo.

— “É só tesão!” — repetia mentalmente sempre que o coração falhava ao ver o belo grego com alguém.

Outro fato era que aquele realmente tirava seu juízo por causa da desorganização; o louro pegava-se por horas implicando com Milo e a sua falta de senso. Achava injusto se matar para limpar tudo no final de semana, fazia o favor de lavar as roupas de cama de todos e para quê?

Encontrar o belo homem que dividia o quarto, todo suado deitado com os tênis de treino bem em cima dos lençóis limpos, lhe encarando profundamente e com um maldito, largo e sarcástico sorriso de dentes branquinhos em meio aos lábios grossos e bem desenhados.

O indiano se julgava forte o bastante para resistir ao seu charme, se tornou questão de honra.

A falta de respeito do grego fora o estopim para o estado que o indiano apelidou de ‘calamidade’. Precisava se livrar de Milo, urgente ou como gritava pelo WhatsApp para Mu: “Me livrar dele, NOW!!!”.

Momentos desesperados geram atos tão quanto…

Fora conversar com todos daquela enorme casa que dividia com pessoas com as quais não possuía nada em comum. Aldebaran lhe disse em meio ao um sorriso largo e de coração aberto enquanto sem jeito coçava a cabeça:

— Shaka, sério, Aiolia é muito amigo dele, mas os dois já dividiram o quarto antes, é briga todos os dias de soco e chutes! Vê com o Camus, parece que os dois têm algum tipo de relacionamento de BFF.

Shaka fora até Camus, que riu contido e falou fazendo biquinho, um tanto quanto indiferente as palavras do brasileiro:

— Suave do Milo, ele é pior que sarna para se coçar, até trocaria, mas se já viu o quanto ele fala, quem sabe o Shura, ele é um poço de paciência!

O indiano, já desanimado, sabia muito bem onde encontrar Shura, na sala de exercícios, o local de paredes brancas envolta de espelhos, decorado apenas com aparelhos de ginástica, que iam desde alteres até rodas gigantes e cordas pro crossfit. Observou o lugar exalava testosterona e fedia a meia suja.

Desde quando se mudou nunca nem se quer passou perto daquela sala enorme que o indiano pensava ser um espaço desperdiçado. Não queria ser chato, mas apenas colocava seus estudos em primeiro lugar.

Não só viu o espanhol numa força sobre humana ao levantar os alteres de quarenta quilos, enquanto sua face ganhava um coloração vermelho intenso pelo esforço, como viu de esguelha ao seu lado Deathmask berrando em italiano enquanto batia suas mãos com violência na parede branca exposta sem o espelho:

— Per la veadagem uomo, e levanta questo mais veloce!

Shura gritava vários palavrões. Shaka observava tudo na sala de musculação; Afrodite ao fundo atualizava seus stories do Whatsapp ensinando como malhar os bíceps, e do outro lado podia muito bem ver os gêmeos, Kanon e Saga, passando despercebidos para o trio egocêntrico, filmando tudo e rindo.

Shaka desistiu. Todos ali eram iguais e aquilo o irritou profundamente, então arrumou um novo objetivo em sua vida diante daquela situação, embasado na frase “Os incomodados que se mudem”, e foi atrás de uma nova casa até terminar seu intercâmbio.

Avisou apenas Aldebaran sobre sua decisão, já que era o menos brutamontes daquela casa, e nem mencionara seu tipo físico e sua cara emburrada logo a acordar, aquela afirmativa parecia uma piada.

Passou a não dormir vasculhando a internet atrás de morada e evitar seus pais, não queria contar sobre Milo, sua confusão e seu transtorno obsessivo compulsivo.

Por todos aqueles motivos passou a se isolar, aproveitou o distanciamento de Milo para respirar, desfrutou sua busca para distrair a mente.

Não tinha mais sentido nas noites junto a Milo, não tinha mais capacidade de dizer para ele não pôr a porra do pé no lençol limpo, ou se derreter com o maldito par de olhos azuis noturnos intensos que sempre lhe tirava o ar.

Milo pareceu incomodado, quieto e mais organizado, naquele período.

Logo livraria dele...

E o logo chegou, tão rápido que surpreendeu, era um lar menor que o atual, um apartamento com três estudantes de artes. A casa comparada ao domicílio espalhafatoso de dois andares e seis quartos, fora trocado por um apartamentozinho, cozinha americana, dois quartos pequenos e uma sala de estudos mais aconchegante que a enorme sala de exercícios.

Em menos de uma semana se veria livre de Milo e seu par de olhos azuis como a noite.

O céu amanheceu claro, sem nuvem alguma, fato que lhe encorajou a correr, voltou para a mesma casa que dividia com pessoas que nada possuía em comum.

Ao voltar para casa percebeu algo anormal o silêncio do bairro que não existia já que o local vivia num caos e gritaria tão intensos, que sempre ao dobrar a esquina já podia ouvir as altas vozes esparramadas e agora nada, o dia ensolarado e o silêncio lhe fez sorrir, ou todos seus colegas estavam dormindo, ou alguém invadiu a casa e estavam presos como refém.

Não era apenas Shaka que percebeu a paz, as crianças brincavam na rua como nunca, a quantidade de pipas ao ar, ou meninas correndo por ai eram impressionante, comparando a antes.

Encarou a casa de fachada alta aonde vivia desde que chegara em Atenas: a mesma parede branca como todas as casas a beira do mediterrâneo, adentrou pelo comprido corredor que dava até a sala e nada, ninguém. Suspirou fundo, finalmente um dia de paz, lavaria pela última vez os lençóis brancos, limparia seu quarto e já começaria a separar suas coisas para a mudança.

Ao entrar na espaçosa sala de estar encarou o quadro que Milo havia pintando, um desenho horroroso e infantil, com uma casinha digna do talento de uma criança de dois anos, e se deixou rir debochado pela primeira vez, já se imaginando sem brigas e gritos.

Sua audição se apurou ao som de uma furadeira e sua paz murchou, era pedir muito.

Subiu as escadas pronto para se trancar em seu quarto e passar a tarde meditando, segurou com uma mão pelo corrimão lustroso de madeira antiga, contava os passos para se livrar do pensamento, e quanto mais de aproximava do segundo andar, mais seus medos se tornavam reais, era Milo, só podia ser Milo. Alcançou o corredor, o único lugar da casa em que as paredes brancas davam adeus e era posto um papel de parede verde, de muito mal gosto, na opinião de Shaka.

Caminhou ciente de que realmente Milo destruía o quarto, apertou a ponte do nariz encarando os detalhes talhados na madeira, enquanto podia ouvir o grego murmurar:

“Baby, I'm just gonna shake, shake, shake, shake, shake...I shake it off, I shake it off (whoo, whoo, whoo)”

Acalmou o repentino aceleramento cardíaco e voltou ao único pensamento. Estava pronto para partir, era só mais alguns dias, segurou forte na maçaneta e abriu sem aviso, antes que desistisse e só ai que se viu perdido num frenesi louco aonde seu coração quase saiu pela boca.

O quarto impecável como nem ao menos Shaka poderia fazer, os lençóis limpos, até mesmo o lado de Milo que sempre era uma bagunça tinha roupas dobradas colocadas de maneira organizada em cima da cama; o único lugar que possuía bagunça era aonde seu colega estava parado, próximo à mesa branca organizava de maneira patética os livros por ordem alfabética, os materiais catalogados numa lista posta milimetricamente reta numa moldura feita a mão por Shaka e sua letra garrafal, as canetas coloridas numa pasta eram postas em ordem formando um arco-íris, e o grego medindo o que Shaka julgou ser uma prateleira. O ar faltou. Milo virou assustado quase deixando o nível cair de sua mão e sua voz ressoou, baixa e rouca:

— Você quase me matou de susto, Shaka!

— Desculpe-me se não sou escandaloso como você, — disse ácido, contendo o embaraço. — aliás, como sabia que era uma prateleira que precisava? — Encarou o outro posicionado em seu lado do quarto.

Os olhos azuis como o céu noturno o encarou intenso, enquanto respondeu simples estalando os dedos um no outro de modo afetado:

— Ora, noto você!

Riu honesto ao perceber as bochechas enrubescidas do indiano. Milo se voltou para o nível e a parede, sorrindo minimamente, sem dar chances para Shaka observá-lo, e perceber o que vinha a seguir.

— Shaka? — monossílabou, voltando para seu trabalho, ouviu um murmúrio “uhun” e questionou. — Que quê ‘cê’ acha de depois que eu terminar aqui irmos ao parque? Está um belo dia lá fora…

A face incrédula passou despercebida para o grego, que estava de costas enquanto Shaka enumerava as vezes que ouviu ele reclamar para Aiolos o quanto odiava ar livre em todas as vezes que o irmão de Aiolia dava as caras e propunha suas incontáveis trilhas. O indiano chegou a cogitar ter caído num buraco de minhoca e estava em um universo paralelo, onde Milo não era um escroto noventa e nove por cento do tempo. Sentiu a necessidade de intervir por tamanha gentileza:

— Fala de uma vez Milo, qual a pegadinha?

As mãos do escorpiano foram parar sem graça no cotovelo coçando enquanto tentou por diversas vezes, fazendo esforço para não gaguejar, murmurar: “Nada.. é q..ue todo mundo sai..u”, depois balbuciou um: “Nã...o, você não é segunda opção, droga!”, o que veio a seguir foi Milo virar bruscamente para encara-o e o grego tagarela perder a fala e ganhar um rosto tão escarlate, que o indiano tentou remediar a situação:

— Calma, não deve ser tão ruim, vamos começar tudo de novo, — Estalou a língua no céu da boca e o encarou por inteiro. Disse; — Qual a pegadinha, Mi-lo? — Pronunciou seu nome de forma melosa e arrastada, percebeu que ele agora mordia os lábios.

— O Debão me contou que ‘cê’ vai embora por minha culpa, — Voltou a morder os lábios enquanto colocava suas mãos no bolso da calça preta apertada. — Não quero que você vá, sei lá, eu gosto de você!

Essa foi a primeira vez que Shaka sentiu-se confortável ao lado de Milo e nem sabia, nunca o viu daquela forma, engasgando palavras, sem seu maldito sorriso sarcástico nos lábios, lógico o rosto vermelho fazia parte de todo aquele conforto. Pensar que ele podia ter algum tipo de vergonha que não compartilhava com mais ninguém e estava ali, frente a frente, pedindo que Shaka não fosse, chegava a ser estranhamente confortável. E mesmo acreditando ser errado, o indiano riu, contido, mas riu, recebendo um olhar de desagrado do outro antes de pronunciar, meloso e quase sem ar pelo pensamento que lhe invadiu:

— Então você gosta de mim a ponto de ser um babaca, só pra chamar a atenção? — deu de ombros. — Milo, que infantilidade!

— ‘Cê’ já se olhou no espelho Shaka? — Fizera uma pausa performática, enquanto passava os dedos pelos cachos dourados e recebia um olhar curioso para si. — Você é todo maduro, inteligente e tem esse cheiro delicioso que, sei lá, mistura baunilha com ervas indianas dos incensos que você teima em acender!

— O que tem isso? — O indiano pronunciou confuso, e desta vez sentiu uma fisgada no peito. – Que meu cheiro tem a ver com você ser um babaca?

— Como chamar sua atenção se a única coisa que sei fazer é jogar futebol, porque você é maior nerd e minha média é cinco!

— Não precisa chamar minha atenção, tem cem por cento dela todas as noites, dividimos o mesmo quarto! — depois estupefato com que ouvira. –— acho que não falamos a mesma língua e isso não tem nada haver com o grego.

Milo lambeu os lábios e o sorriso sarcástico desta vez com uma ponta maliciosa invadiu seus lábios, antes de afirmar:

— Para de se fazer de desentendido!

Milo recebeu um olhar mortal quando deixou de qualquer jeito a parafuzadeira, o nível e os óculos de proteção grudados no pescoço na mesa de estudos de Shaka. Ele estava cansado, cansado da indiferença do outro, cansado de tudo, sabia como ninguém que agiu como um babaca sempre, mas tinha algo no louro que lhe tirava o controle e não sabia como lidar, longe dele, longe de seus braços, com que vinha sonhando nos últimos meses, longe de seus lábios e queria de uma vez tomar Shaka só para si.

Apenas se deixou aproximar até estar perigosamente perto e, de perto, pode encarar as íris azuis-celestes apertadas que tanto gostava, sentir mais de perto o cheiro de baunilha, e observar o rosto enrubescido tão delicado e bonito, que chegou a perder o fôlego. E, por outro lado, Shaka não entendeu porque não se sentiu ofendido, mesmo ficando claras as intenções do outro, eram as mesmas que as suas ou não mais?

E Milo estava perto o suficiente para sentir sua respiração bater contra seu rosto, quando ouviu a voz do outro soar embargada é um tanto quanto emocionada:

— Vai ficar quieto Shaka? — Falou quase colando seus lábios, sem quebrar o contato visual.

— Quer que eu diga o quê? — Não fora convincente o suficiente que não estava esperando por mais proximidade, apenas jogou as palavras no ar, com uma ponta sarcástica, afinal também sabia brincar.

— Depois de tudo até agora…

— Um pouco de atitude, — Shaka riu abafado. — É você o interessado!

O grego perdeu o ar quando os longos dedos do outro tocaram os seus, entrelaçando-os logo em seguida. O indiano o encarava divertido, a mão suou e o coração acelerou quando os corpos grudaram por impulso, os lábios de Milo encontraram os de Shaka, o escorpiano, quase afoito, enlaçou de imediato a cintura esguia do outro.

O toque dos lábios foram lentos um se acostumando com o gosto, o cheiro e a aproximação de seus corpos, e nunca nada pareceu tão certo quanto Milo era para Shaka, quanto Shaka era para Milo.

O beijo se intensificou, com uma súbita invasão da língua do grego galgando cada cantinho dos lábios gostosos de Shaka, o abraço se intensificou com força por um e o outro. Os corações interligados pelo mesmo motivo, batendo no mesmo ritmo. Era como se o braço de Shaka fizesse parte de Milo, como se as pernas de Milo entrelaçadas as de Shaka sempre tivessem estado ali, tão certo, tão deles.

O beijo foi interrompido pela necessidade de Milo encarar as íris apertadas azuis celestes de Shaka. Apenas mordiscou os lábios macios de Shaka e lhe encarou com intensidade, prendendo sua testa com a do outro para não quebrar o contato visual, subiu sua mão até alcançar a tez alva, selou o nariz fino e arrebitado de Shaka, e permitiu-se ficar assim, sem nada a ser dito, os únicos sons presentes eram os da respiração, a calada os tomou pela mão enquanto se encaravam.

Só quando Milo chegou a crer que a partir dali as coisas mudariam, Shaka fechou seus olhos por um segundo voltando a lhe encarar, e depois de muito parecer incomodado e o grego ter a ciência de que era por sua culpa, deixou as palavras sair calma, rouca e baixa pelos lábios:

— Milo — sussurrou seu nome arrastado. — foi maravilhoso, mas será que dá para você limpar essa bagunça, now!

Ele riu de seus TOCs, mas na verdade Milo não estava certo se queria ou não ajudá-lo, mesmo que a falta imediata de resposta fosse seguida de um olhar medonho, ele não deixou intimidar-se, chegou a rir sem graça antes de falar com manha:

— ‘Cê’ nem aceitou meu convite, Sha!

— Não me faça te mat...

Shaka fora calado por um beijo desta vez cheio de paixão e pressa. Milo sabia algo que Shaka não poderia imaginar; tudo já estava uma bagunça, ele querendo ou não.

(...)

O jardim atrás da residência era sempre bem cuidado por Afrodite e, naquele dia, ele possuía companhia Deathmask, que tagarelava sem parar sobre algo que Afrodite nem ao menos prestava a atenção, ou sequer se importava, só ouviu algumas vezes o nome de Milo ser pronunciado pelo outro. O sueco dava de ombros já que sua cabeça passava tudo. Quando se fala tudo, tudo mesmo, do piar das corujas, ao som do mar, menos ao homem sentado tão perto de si o observando em sua empreitada pelo jardim perfeito.

Estava a noite tão agradável, o cheiro de terra enquanto adubava rosas brancas e vermelhas, a lua cheia, o vento sereno batendo em seu rosto, uma noite tão gostosa que passava quase despercebido o que Deathmask dizia que respondia monossilábico aos assuntos do outro sem qualquer atenção.

— Mi stai escutando Afrodite? — falou alto em seu constante sotaque italiano.

— Lógico que tô’, — o pisciano coçou o nariz com os dedos sujos de terra deixando-o marrom, — sabia, na cara que o Milo ‘tava’ pegando o Camus. — deu de ombros sem notar o olhar perturbado do outro para si.

— Ma che cazzo, principessa, — Deathmask apoiou as mãos no banco e levantou num salto. – dove te tirou questo creatura?

— Hm, — desta vez o dedo sujo apoiou em seus lábios, e pensativo respondeu: — a conta outra Paollo, se eles não estão se pegando então nada faz sentido, oras!

— Come assim? — o italiano questionou curioso.

— Aqui ó! — Mostrou o aplicativo de um site da universidade. — Sabe, as garotas são estranhas de mais, tem histórias até nossas, olha aqui. — Ele aponto para uma imagem aonde eles estavam se encarando. — Muita criatividade, até parece que eu pegaria você! Se fosse para pegar um homem, pelo menos não um com cara de mendigo!

— Si foder, Afrodite!

— Bem longe de você, filhote de cruz credo!

Deathmask voltou sua atenção ao aplicativo cheio de fotos gays dos dois, riu e disse casual:

— Aposto che io sono il ativo!

Afrodite deu de ombros, antes de completar:

— Tanto faz, nem de macho eu gosto! — Ambos riram.

...

A noite foi agradável, um barril com cerveja gelada era posto num balde no meio da sala de estar grande com móveis gastos. Num dos sofás, Afrodite observava Shaka e Milo, o indiano sentado com a cabeça no colo do outro, enquanto Milo acariciava seus fios.

Fora lá depois de pelo menos duas horas do monólogo do italiano que Afrodite, entendeu ser sobre Shaka, e riu falando alto mais para si mesmo esquecendo por um momento a existência de todos ali.

Capturou a atenção de todos os companheiros que assistiam a final do campeonato de MMA:

— Aí, que idiotice pensar no Camus com Milo! — riu grave. — Quando elas descobrirem vão se matar de chorar!

— Idiota mesmo! — Camus concluiu.

A briga e as vozes altas invadiram a sala de estar, enquanto Shaka rolava os olhos para aquele bando de idiotas. Teria de se acostumar. Era assim e sempre seria.

+

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April 30, 2018, 2:26 a.m. 11 Report Embed Follow story
13
The End

Meet the author

Franky Ashcar Vivendo entre linhas, garranchos, letras fora de ordem e obras inacabadas. Igreja KakaGai 🐢💚🐕 Me sigam nas redes sociais @frankynhooo

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Post!
Anne L Anne L
Olha, eu achei muito pesada essa alfinetada em quem shippa Camus e Milo, okay??? kkkk Gostei da escolha do ship, viu? Logo que bati o olho nele, vim ler. Achei que você conduziu bem a história, só deu uma acelerada ali na atitude do Milo. Talvez pudesse ter colocado umas dicas a mais ao longo da história. Tô rindo eternamento do Afrodite que não gosta de macho kkkk me engana que eu gosto, querido ahuahu Até mais!
May 07, 2018, 20:51

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    Não foi minha intenção, alfinetada não foi para quem shippa os dois, e sim para quem só shippa os dois e não deixa ninguém shippar mais nada... Hahaha... É uma alfinetada pela paz, parar com brigas idiotas por causa de ship.... HAHAHA... Fico feliz que tenha lhe agradado, eu percebi, só tava com medo de passar de 10 k, tipo ultimamente eu começo a detalhar uma história e acaba saindo do meu controle, HAHAHA, mas dá próxima sem pressa. Fico feliz que você se interessou pelo ship eu tô amandinho tanto ele que encho todo mundo para escrever sobre, espero que logo vire popular <3... É tanto trabalho aqui HAHAHA. Lógico que gosta sim, Afrodite Sorry, mas não dá.... Obrigada pelo comentário lindo 😍😍😍 beijos May 08, 2018, 13:10
Alice Alamo Alice Alamo
Oi! Parabéns por ter participado do desafio! Gostou de participar? Quando vi o Shaka na capa já fiquei toda derretida, eu adoro o cavaleiro de Virgem, é o meu favorito dentre os de ouro. E eu tenho um carinho muito grande pelo Milo! Nossa, amo ele nas fanfics! O casal é um que eu já tinha lido, acredita? É um crack, mas eu já vi alguém, alguma vez, fazendo fic deles. Gosto muito do universo em que eles dividem dormitórios e são obrigados a conviver! E, na boa, colocar alguém tão bagunceiro quanto o Milo perto de alguém tão organizado quanto o Shaka é pedir para ter atrito, né? hahahahahha. Eu não entendi bem a primeira parte que o Afrodite aparece na história, não ficou claro para mim a cena. Mas parte do Milo com o Shaka ficou boa, apesar de breve. E eu ri com a referência ao provável Milo/Camus! Eu shippo os dois, mas adoro quando há fics deles com outras pessoas. Parabéns pela história, viu? Adorei ter um pouco de cavaleiros do zodíaco no desafio!
May 07, 2018, 01:28

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    Eu gostei, tanta história maravilhosa, tem umas tão criativas, que meu Deus, bateu o kokoro. Tô muito na onda desse ship, um dia ele vai dominar a terra, escreve o que eu tô falando <3 Eu vi uma fic deles também, tão cheio de Angst que eu queria escrever o contrário, meu otp não merece hahaha (brincadeira). Só não é dos casais mais conhecidos, mas desde que comecei a shippar tô pedindo para todo mundo encher o mundo de Poisonbuda <3 exaltando o Otp hahaha. Não tive a intenção de ofender o ship não U.U, eu gosto muito de camus!/Milo, e DmxDite na verdade eu gosto muito desse último, é mais uma piada mesmo. Obrigada Alice por ter lido e comentado, pelas dicas :) Beijões 😍😍 May 08, 2018, 12:59
Diana  Borges Diana Borges
hahahaha amei bem divertido beijos
May 02, 2018, 05:55

Daniela Machado Daniela Machado
Nicca-sama, meu amor, você sabe que sempre vou te apoiar como eu puder, seja com betagem, review ou até apoio moral, sempre que precisar, só chamar u.u Sobre a fic... o que se pode falar sobre a pessoa em quem eu mais boto fé de que vai ser uma escritora no futuro? Ficou maravilhosa, bem escrita, bem betada (não sou modesta mesmo, amor hã-ham) e super envolvente, não precisa nem shippar pra amar <3 Incrível, mas não é novidade, vindo de você u.u Bjoos e, novamente, boa sorte '3'
April 30, 2018, 19:00

  • Franky  Ashcar Franky Ashcar
    Ain Dany-chan, eu sinto tanto orgulho de lembrar que há dois anos, você apareceu dizendo coisas tão carinhosas e ao passar dos anos você continua a mesma flor, e cara pego seus plots e a perfeição de sua narrativa e tenho certeza que você tem futuro com escrita. Obrigada por tudo nesses últimos dois anos, por sua amizade, seus puxões de orelha, pelas suas dicas e por me fazer chorar como uma idiota. Obrigada de verdade ♥️ May 01, 2018, 15:10
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