inuzukadogstyle1524670866 Ráilla G. Neji Inuzuka

Eu quero a sina de um artista de cinema, eu quero a cena onde eu possa brilhar. Um brilho intenso, um desejo, eu quero um beijo, um beijo imenso onde eu possa me afogar... (Músicas: A Deusa da Minha Rua - Nelson Gonçalves, Dama de Ouro - Zéu Britto, e, O Amor é Filme - Cordel do Fogo Encantado)



Fanfiction Anime/Manga All public.

#deusadaminharua #shinokiba #oamoréfilme #damadeouro #romance #yaoi #naruto #songfic
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oneshot

A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o sol, num dourado sonho
Vai claridade buscar
Minha rua é sem graça, mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz
Na rua uma poça d'água
Espelho da minha mágoa
Transporta o céu
Para o chão
Tal qual o chão de minha vida
A minh'alma comovida, o meu pobre coração

***

Kiba pegou a caneca de café quente pelo lado errado, queimando a mão com toda a pressa. Ele não podia se atrasar. Já eram quase nove da noite, ele correu pra perto da janela da frente de sua casa e ficou esperando.

Alguns minutos...

Lá estava ele.

Inuzuka tinha um alarme específico para aquele momento. As nove da noite, toda noite, lá estava ele. Kiba não o perdia por uma só noite, desde que havia se mudado para aquela rua. Seu vizinho, de terno e gravata, e óculos escuros – por quê nunca tirava eles? Kiba tinha certeza de que eram olhos lindos – passava. Ele não o conhecia, não sabia sequer seu nome, mas era seu vizinho da frente, então se se atrasasse, ele entrava em casa e o show estava acabado.
Kiba tinha uma teoria: a de que o rapaz era advogado. Era meio clichê, mas era só o que ele imaginava. A não ser que fosse, talvez, policial, mas o rapaz nunca o vira com armas ou algo parecido. Fora que o outro era sempre muito sério.
Era uma teoria furada... Mas Kiba sabia de uma coisa: o desconhecido tinha namorada.

Estava naquela casa por três semanas, e quase todas as quintas e sábados, uma moça alta, pálida e de cabelos longos acompanhava seu admirado secreto. Kiba não conhecia ela, também, mas Akamaru sempre latia quando ela aparecia, o traíra. Inuzuka nunca entenderia o motivo de seu cachorro gostar tanto da moça que atrapalhava a vida amorosa dele. Mas, de qualquer forma, naquele sábado ele prometera a Naruto que teriam uma noite de jogos. Virou todo o café de vez e sua garganta não gostou nada disso, e foi terminar de preparar o espaço para o amigo folgado que estaria chegando.

Naruto com certeza estaria cansado, tanto ele quanto nosso protagonista, e ambos tinham certeza de que haviam escolhido o curso errado, mas no último ano nenhum iria desistir. Nem seus amigos – e namorado, pra Naruto – deixariam. Kiba riu lembrando de Sakura, que estava sempre batendo em todos e dizendo que era um “estímulo” , e lembrou que ela é quem tinha direito de reclamar. O curso de Medicina certamente era mais puxado do que o de Cinema, que faziam juntos. Se bem que Ino e ela estavam sempre lindas, diferente dos outros dois. A maior surpresa, na verdade, era Shikamaru estudar Direito, mas desconfiavam que tinha o dedo de Temari naquilo.

Akamaru latiu, era Naruto.

***

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida e da dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia é romântica
Um belo dia a gente acorda e hum
Um filme passou por a gente e parece que já se anunciou o episódio dois
É quando a gente sente o amor se abuletar na gente tudo acabou bem
Agora o que vem depois
É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimento
E o mundo todo vira nós dois
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom in dá ré e sobem os créditos
O amor é filme, e Deus espectador!

Shino se aconchegou na cadeira confortável, antes que o filme começasse. Havia prometido a Hinata que descansaria, que tentaria parar de trabalhar tanto – afinal era seu primeiro ano, ir tão rápido não faria bem ao advogado recém-formado. Precisava ouvir a morena. Por isso, ouvindo os conselhos dela, lá estava ele, no cinema, sozinho, no dia dos namorados. Não sabia direito o filme que começaria, só sabia que era de romance. Isso ele sabia por que todos estavam aos pares.

Aburame acabou reparando nos cabelos espetados a sua frente. Ele os reconhecia. Pertenciam ao seu vizinho frontal, aquele que sempre o espiava descendo do carro depois do trabalho. E, lembrando daquilo, Shino pensou que depois do filme deveria conversar com ele pra que parasse. Estava ficando constrangedor.

Mas Deus já tinha feito seus planos. Deus e as amigas de Kiba, que não aguentavam mais ouvir falar no vizinho misterioso e tiveram a sorte de encontra-lo na mesma sessão em que estavam com o amigo! Uma moça tocou no ombro do garoto pálido.

–Hm... O senhor poderia trocar, é, de lugar comigo? –a primeira coisa em que Shino reparou foi no cabelo rosa da garota. Depois, percebeu que ela o chamou de senhor. Francamente! Deviam ter a mesma idade! Uma loira apareceu atrás dela.

–É que queríamos muito ficar juntas, mas as cadeiras estavam lotadas... Compramos outra, logo na próxima fileira...

Shino se preparou pra reclamar. Se ele estava ali, é por que queria estar ali! Mas reparou que as duas seguravam as mãos uma da outra. Não seria amargo só por estar sozinho no dia dos namorados.

–Onde é a cadeira?

A loira sorriu e apontou, coincidentemente, para a cadeira ao lado do moreno de cabelo espetado. Shino começou a andar enquanto as duas soltavam risadinhas.

–Obrigada! –Shino reconheceu a voz da menina de cabelo rosa, mas não se virou pra responder. Desceu para a próxima fileira e andou até o seu vizinho, sentando-se a seu lado.

–Oi. –Shino disse, desconcentrado, enquanto se ajeitava na cadeira, preocupado em não derramar refrigerante ou pipoca.

–Ahn... –Kiba olhou para cima, pra Sakura e Ino, que já estavam se beijando e o impedindo de reclamar. Malditas! Elas com certeza tinham dedo naquilo, francamente, deveriam ter sentado ao lado dele!

–Você mora na casa da frente, né? –Shino olhou pro outro. Antes de Kiba responder, as luzes apagaram. Viu Shino se mover, tirando o óculos, mas não conseguia enxergar direito seus olhos.

Primeiro, Kiba pensou em como tinha sorte. Ele poderia estar com Akamaru no dia dos namorado, mas estava segurando vela para as amigas, até que seu admirado (não tão) secreto, foi sentar-se ao lado dele. Isso, e o fato de que seu vizinho não estava acompanhado. Ou eles tinham brigado, ou, (Kiba começou a se animar) ele não namorasse com aquela morena!
Ele também pensou que talvez fosse apenas um namoro diferente, ou que o rapaz não fosse romântico, ou muitas outras variáveis (é o motivo de tanto Kiba quanto Naruto odiarem as exatas), mas estava muito animado pra dar ouvidos áquilo.

***

Quando eu te vejo
Eu fico torto
Eu fico e penso
Meu amor é tão imenso
Cada vez aumenta mais
Sou o rei de espada
Tô esperando seu jogo
Meu amor pegando fogo
E você escondendo o ás
Tu és a dama de ouro que eu preciso
Meu coração indeciso
Fica pra lá e pra cá
E nesse jogo só o meu é que apanha
Toda vez que você ganha
Você vem me maltratar
Ó dama de ouro
Pega o rei de espada
Dê essa cartada e depois venha me buscar
Solta esse valete
Venha desmarcada
O meu amor estará sempre a lhe esperar

Nem Kiba nem Shino poderiam imaginar a amizade que nascia quando os dois seguravam vela pra quase todos em uma sala de cinema. Era até imaginável, já que dois solteiros juntos em um dia dos namorados tendem a se aproximar – era parte das regras de Naruto - mas ainda assim era engraçado.

Inuzuka era totalmente o contrário de Aburame.
Um era falante, o outro era tão calado, que se Kiba fechasse os olhos, sentia que conversava com uma parede. Um era animado, mas já que o outro não era tanto assim, ele acabava provando da alegria de Kiba. Agora, um tinha um gosto magnifico para filmes, livros e música. Kiba acabou aprendendo bastante com o novo amigo.

Nenhum dos dois comentava nada sobre Kiba nunca perder a entrada de Shino em casa. Eles falavam de tudo, menos sobre o amor.

Naquele dia, jogavam pôquer. Era uma das outras coisas em que Shino era incrível, apesar da aparência de advogado inalcançável.
O assunto daquela noite eram os pais.
Kiba falava, animado como sempre, sobre sua mãe e irmã, e sobre como eram legais, apesar de sua mãe ser tão facilmente zangada. Shino não tinha muito o que falar, só disse duas vezes sobre seu pai ser ainda mais sério e fechado que ele mesmo, e que nem queria ser advogado, mas preferiu não decepcionar o pai.

Kiba também era bastante curioso.

–O que você seria, então?

Shino terminou a jogada, levantando os olhos – sempre de óculos – para o amigo.

–Entomólogo.

–Não acredito. Você? Ao ar livre, procurando insetos?

–Eu poderia estuda-los dentro da minha casa, mas, se fosse preciso...

Kiba ria antes mesmo do fim da frase.

–Veja pelo lado positivo, você conseguiria uma visão melhor de mim em casa, do quê agora que passo todo o dia no escritório.

Kiba parou de rir. Antes do fim da frase. E estava corado.
Shino sabia?!

–Eu não...

–Akamaru me contou que você nunca perde minhas chegadas. –Shino estava rindo, agora. Kiba corou mais ainda. Cachorros não falavam, então Akamaru não pode dizer que era mentira, pois ele nunca trairia seu dono.

–Não faz mal ter um amor platônico saudável por meu vizinho e amigo. –Kiba deu de ombros, repetindo exatamente as palavras que Sakura dizia a ele. Engraçado, mesmo que Shino não soubesse dessas conversas com Haruno, ele repetiu o que Ino dizia:

–Espiar os outros não é saudável.

–Você não é os outros, é meu amigo!

Shino começou a dividir as cartas outra vez, quando algo passou por sua mente.

–Espera, amor platônico?

–Platônico, infelizmente você namora com a tal da Hinata. –Kiba riu, disfarçando o nervosismo ao fazer carinho em Akamaru.

Foi a vez de Shino rir, outra vez.

–A Hinata?! Se ela fosse minha namorada eu não estaria sozinho no dia dos namorados á três meses, não acha? –a risada ficou mais baixa, quando terminou a divisão e deixou o monte preparado. –mas você o Naruto... Ele sabe desse amor platônico?

–Naruto? Claro, ele é meu melhor amigo. Apesar de que o namorado dele, Sasuke, viva rindo de mim por causa disso. –Kiba continuava corado, sem tirar os olhos de Akamaru.

–Eu jurava que ele era seu namorado!

Kiba olhou, finalmente, para Shino. Se ergueu e curvou-se sobre a mesa, tirando o óculos de Shino. Aquilo precisava ser dito olho no olho.

–E o que você diria, se ele fosse?

Estavam solteiros. O assunto estava no ar. Kiba seguiria seus instintos (o que significa que ele ouviria os conselhos de Hana), sendo direto.

Os dois se encararam por alguns minutos. Shino abaixou as cartas, pegando uma dama de ouro e entregando ao Inuzuka.

–Eu diria que quando eu te vejo, eu fico torto, eu fico e penso que meu amor já é tão imenso, mas cada vez aumenta mais. Sou o rei de espada, espero o seu jogo, meu amor pegando fogo e você sempre esconde o ás. Tu és a dama de ouro que eu preciso, e meu coração indeciso fica pra lá e pra cá. Nesse jogo parece que só o meu é quem apanha, pois toda vez que você ganha, vem me maltratar. Então, dama de ouro, pega o rei de espada. Dê logo essa cartada, e depois venha me buscar. Solta esse valete. Venha desmarcado. O meu amor estará sempre a lhe esperar.

Antes de mais nada, Kiba se beliscou.
Estava sonhando? Ou o admirado secreto dele estava se declarando?! De verdade?

Poderia ser uma pegadinha? Ou, talvez, brincadeira?
Tudo bem se for brincadeira, Kiba pensou, vamos brincar.

Obviamente, Inuzuka só brincava pra valer.

–Bom, é verdade sim que eu nunca perco quando você chega, mas eu posso explicar. É que você é o deus da minha rua. –Shino perdeu rapidamente o fôlego, não estava acostumado a ser elogiado. Kiba não tirava largava o olhar do Aburame, praticamente subia na mesa para se aproximar mais. –você tem os olhos onde a lua costuma se embriagar. Nos seus olhos eu suponho, que o sol, sonha em buscar claridade. Não, não suponho. Tenho certeza.

Kiba riu, lembrando da voz de Naruto repetindo “estou certo!” milhares de vezes no dia, e Shino estava certo de que podia ouvir aquela risada pelo resto da noite, pelo resto da vida!

–Essa rua é sem graça, você sabe, mas quando por ela passa seu vulto que me seduz, essa ruazinha modesta é uma paisagem de festa, tipo uma cascata de luz. Transporta o céu para o chão.

Sabe a parte de “Kiba quase subir na mesa”?
Ele não ficou só no quase.


Em menos de trinta segundos, os dois se beijavam.

April 26, 2018, 5:49 p.m. 0 Report Embed Follow story
2
The End

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