Que faça queimar, que todos os dias a chama daquilo que deveria ser apagado por causa daquela maldita guerra que tomava conta daqueles vales e povoados. Crianças morriam, sua família era colocada em risco, sua própria vida estava fadada a ser descartável facilmente apenas pela dominação.
Uma ganância de provar quem era mais forte, quem aguentava mais perder pessoas como um mero objeto de uso de seu exército.
Entretanto, ardia, incendiava e tornava-se extremamente descontrolado aquele incêndio no peito de ambos quando seus olhares se cruzavam. Quando no meio daquela guerra um sentimento surgiu ali juntamente com a vontade de estar junto e desvendar o corpo um do outro.
O desejo era como a chama de um amaterasu que não apagava nunca.
Eram aqueles olhos vermelhos pelo sharingan, os cabelos pretos, as expressões sérias e as sutis olheiras que levavam seus pensamentos até o mais profundo tentando compreender seus sentimentos, suas perdas. Já o outro...tentava encontrar naquela armadura cinza uma brecha para ver o corpo com curvas tão bonitas que ela tinha, os cabelos pretos preso em um rabo de cavalo tão justo que não davam margem para se soltar, mesmo com a batalha constante. O rosto de quem não se intimidava por nada, e por ninguém...
Madara lembrava-se perfeitamente da primeira vez que realmente a notou. Hashirama estava ao seu lado tagarelando ruidosamente sobre seu sonho de ter uma vila onde seu rosto estivesse esculpido na pedra, o Uchiha não conseguiu prender a atenção por muito tempo naquilo. Olhava mais a frente onde dois shinobis lutavam, reparou que um era o maldito do Tobirama Senju, a sua grande pedra no sapato. Instantaneamente começou a torcer para o shinobi de armadura prateada. O shinobi em questão acertou Tobirama com uma rasteira que o fez cair no chão, Madara sentiu-se surpreso ao notar que o ninja habilidoso era Toka Senju, prima de Hashirama.
Semicerrou os olhos a observando verdadeiramente, claro que já havia lhe visto antes, ainda mais por causa de Hashirama, mas sendo sincero consigo mesmo nunca havia prendido sua atenção nela. Até porque Toka nunca havia sequer dado o trabalho de comprimenta-lo. Deu um sorriso de lado quando Tobirama levantou-se e partiu para cima dela sendo atingido novamente com um chute no rosto e caindo encostado em uma raiva.
Madara tinha de admitir, ela era incrível. Sua atenção voltou-se para Hashirama quando o mesmo começou a gritar que estava sendo ignorado e acertou-lhe com um soco no ombro.
E então se perdeu naquelas explicações sem graça e insuportável do amigo, ignorou os discursos moralistas e cheios de sonhos das quais apesar de acreditar, não tinha sequer metade da paciência para falar tampouco sair espalhando aos quatro cantos...e tudo por causa daquela kunoichi habilidosa com o ar debochado.
A respiração ficou meramente descompassada no momento que ela soltou os cabelos negros que foram parar embaixo dos ombros, notou que o brilho da luz do sol mostrou seus olhos verdes, como esmeraldas. E foi ali, naquele momento, que uma Senju havia chamado a sua atenção.
Embora Toka não admitisse em voz alta, nem mesmo para a amiga Mito, ela sempre havia reparado em Madara. O amigo Uchiha de Hashirama. Porém, por causa da má fama que seu clã tinha, ainda mais em relações aos Senju, Toka preferiu nunca dirigir a palavra ao rapaz, até o dia em que o viu na margem do rio treinando com Hashirama. O Uchiha ria debochadamente por conseguir derrubar Hashirama ao chão, a Senju que estava indo treinar resolveu interromper.
— Por quê não treinamos eu e você agora? - Madara a olhou confuso.
— Você quer treinar comigo?
— Sim. - ela respondeu de forma curta e objetiva, com medo que sua voz revelasse o quanto ela estava ansiosa para aquilo. O considerava um adversário forte, e no fundo era um seu sonho derrubar um pouco daquele maldito ego de Uchiha Ordinario.
— E desde quando a grande Toka Senju fala comigo? - Ele cruzou os braços, a morena apenas ergueu uma sobrancelha e se posicionou com o bastão.
— O Uchiha está com medo de levar uma surra para uma mulher? - Madara fechou o rosto.
Hashirama vendo a situação tentou intervir, mas recebeu dois olhares ameaçadores, então resolveu se afastar e apenas observar seu amigo apanhando.
— Espero que você não leve isso para o coração depois, Senju.
Toka deu uma risada sem humor.
— Espero que você não leve isso para o coração, Uchiha. - Cruzou os braços e evidenciando ainda mais seu semblante de deboche. - Principalmente por saber o quão sensíveis vocês são, espero não te fazer chorar após terminarmos.
Raiva, foi o único sentimento que Madara sentiu naquele momento. Mas não das suas palavras ou daquele rosto cretino típico daquele clã desgraçado e sim de si mesmo. Da grande vontade que brotou em seu corpo de prensá-la contra uma parede qualquer e calar aquela boca insolente com um beijo até vê-la sem ar.
E então ele ativou seu sharingan e ela sorriu novamente de lado, preparou sua melhor pose de batalha e eles começaram com uma série de chutes, socos pontapés. Ora, poderiam dizer que estava sendo injusto o fato dele poder prever cada um dos seus movimentos por causa do seu poder visual, mas jamais aquilo seria uma desvantagem para Töka, pelo contrário...era um desafio.
Toka desviada de seus golpes com perfeição, o que deixava Madara irritado e admirado. O que o fez abrir a guarda sem que percebesse, a Senju notando a brecha que Madara deixou, aproveitou a oportunidade para lhe dar uma rasteira, assim o derrubando, ela parou por cima apontando o bastão para o seu rosto com um sorriso irônico.
— Espero que seu orgulho não fique ferido, Uchiha. - Madara cerrou os olhos aproveitando sua distração para derrubá-la, girar e ficar por cima dela. Segurou seus braços acima de sua cabeça, e devolveu o sorriso irônico.
— Digo o mesmo, Senju.
O coração de Toka acelerou por causa da proximidade de ambos, reparou nos olhos negros que a fitavam em desafio, em como sua respiração estava rápida e ofegante devido o esforço físico que ambos fizeram.
— Não se esqueçam que eu estou aqui. - Madara olhou friamente para o amigo, que naquele momento se controlava para não gargalhar. — Sai de cima da minha prima, Madara.
— Eu lembro que você está aqui primo, mas admito que devo ter esquecido de te avisar quando cheguei que vários homens da aldeia estavam cercando sua adorável noiva.- Toka deu um largo sorriso quando Hashirama levantou-se e saiu sem ao menos despedir-se.
Quando ele já estava longe de sua vista, ela e Madara trocaram um olhar e começaram a rir do desespero do Senju que havia saído dali correndo.
— Se eu soubesse que era tão fácil assim se livrar do seu primo...
— Oh, mas eu não estava mentindo. Só acho que demorei um pouco para avisá-lo.
— Você tem sorte, Töka Senju...mas ela pode não durar sempre. - Apesar de parecer uma ameaça, Madara sorria de canto. Pois sabia que aquilo era apenas uma provocação jogada ao vento na esperança que ela pegasse.
E então ela apenas deu um de seus melhores sorrisos em deboche, forçando seu corpo para o lado e dessa vez ficando por cima dele.
— Isso foi um pedido para treinar comigo novamente? - Perguntou encarando os olhos que agora estavam negros novamente, admirando cada traço daquele rosto tão sério. Se aproximou, deixando seus lábios nos dele, a menos de centímetros de distância e sussurrou: — Quem sabe eu não aceito o seu convite.
Madara não resistiu, quebrou aquela mínima distância entre os dois capturando o lábio inferior de Toka em uma mordida suave. A Senju soltou um gemido fraco e abriu a boca iniciando assim um beijo desejoso e apressado, ambos queriam aquilo a muito tempo. Toka colou seu corpo junto ao do Uchiha, que subiu sua mão até a nuca da morena. Madara a puxava mais contra seu corpo, parecia que o contato era pouco, desejava sentir mais, desejava sentir sua pele.
Toka estava deixando levar-se pelas sensações que aquele homem causava em si, mas ao sentir o membro duro contra sua barriga foi obrigada a voltar a realidade. Estava no chão de um campo de treinamento aos beijos com um Uchiha, não um Uchiha qualquer, mas Madara o líder daquele maldito clã esnobe.
Colocou a mão no peitoral do outro quebrando o beijo e afastando o contato. Madara a observou confuso enquanto ela se levantava e ajeitava o cabelo. Toka olhou para ele de com uma máscara de ironia e indiferença.
— Muito bom treinar com você, Madara. Espero poder experimentar outros tipos de treino também.
O Uchiha ficou ali parado a observando se afastar completamente chocado, quando o significado das palavras da Senju bateu sobre si ele sentiu raiva. Então ela andava tendo outros tipos de treino com alguém?
Madara sentia-se entediado demais para ficar naquela casa vazia, a solidão parecia gritar com ele em cada cômodo. Não queria encarar seus demônios naquela noite. A noite estava quente, decidiu por um hakama negra e sair pela vila. Estava alguns metros longe da sua casa observando nada em particular quando duas risadas chamou sua atenção, olhou em volta até notar Mito Uzumaki e Toka andando de braços dados, conversando e sorrindo. O Uchiha deu um sorriso torto ao notar que Toka usava um qipao onde podia ver suas pernas perfeitamente enquanto caminhava. E era a primeira vez que a via sem aquela armadura.
E estava linda, os cabelos soltos e a pose relaxada enquanto ria com a noiva do seu melhor amigo. Recordava-se daquela maldita tarde onde seus lábios se encostaram e pode beijá-la da maneira que havia pensado e sonhado a algum tempo.
Queria dizer a ela que queria mais, muito mais.
Notou quando Hashirama aproximou-se de Mito por trás a abraçando, o Senju sussurrou algo que a fez rir e os dois saíram apressados de mãos dadas. Madara revirou os olhos já imaginando o porque daquela pressa. Toka olhou em sua direção, já havia sentindo que ele a observava, reconheceria aquele chakra em qualquer lugar.
Decidiu então ir até ele. Inconscientemente Madara ergueu o corpo ficando atento a aproximação da Senju, amaldiçoou mentalmente o maldito qipao que abria conforme ela caminhava revelando as pernas torneadas por causa dos treinos diários. Toka aproximou até restar apenas um palmo de distância entre ambos.
— Lembra do treino que eu te disse É uma excelente hora.- Sussurrou, com aqueles lábios esculpidos pelo próprio Kami-Sama.
As mãos do Uchiha foram diretamente para a cintura dela, enlaçando com seus braços e aproximando seus corpos de uma vez. A Senju abriu um pequeno sorriso de canto, passando levemente sua língua pelos lábios dele e deixando uma mordida ali, de um jeito um tanto quanto provocativo.
Talvez a ideia de serem pegos a excitava e mesmo que odiasse admitir, saber que estava tendo esse tipo de relação com o temido Uchiha Madara, causava ainda mais uma estranha sensação de poder que estremecia seu corpo inteiro. Aquele olhar, o maldito olhar que fazia seu coração bater descompassado pensando na ideia de ver aquela merda de sharingan ativado, por sua causa. Pelas coisas que causava naquele homem dito tão poderoso.
Segurou firmemente na gola da roupa que ele vestia, aproximando novamente seus rostos; estavam ofegantes, arrepiados e cansados daquela tensão e vontade de ver quem possuiria quem dentro de um maldito quarto fechado.
— Eu te quero, Uchiha Madara. Quero agora. — Esse único sussurro foi o suficiente para que ele entrasse em uma erupção. Que seu corpo se esquentasse com uma mera frase jogada em sua cara. Madara não se importou que possivelmente seriam vistos, que chamaria atenção. Que se foda.
Colocou suas mãos sobre a parte inferior da coxa dela e a olhou, obviamente foi entendido no mesmo instante. Toka pulou em seu colo enlaçando suas pernas pela cintura do mesmo homem que um dia declarou ser um inimigo.
— Madara…- Sussurrou ao sentir a ereção formada ali, amou saber que era a responsável por aquilo.
Sentia suas costas batendo sobre a parede próxima de um canto escuro com certa violência...e não reclamou, pelo contrário. Não era frágil e muito menos uma donzela em perigo.
Era uma kunoichi forte e principalmente uma mulher muito bem resolvida que sabia o que gostava e principalmente o que queria…
E nesse momento a razão dos seus desejos era ele. Constatou que poderia ser pegos em flagrante a qualquer momento ali, e a ideia só a deixou mais excitada. Enfiou as unhas nos ombros do Uchiha fazendo assim que seus corpos ficassem ainda mais próximos e ela pudesse sentir o quanto era desejada.
— Me leva daqui, Madara. - Ordenou com as palavras falhando de sua boca por sentir os castos beijos em seu pescoço, juntamente com as leves mordidas e chupões naquela região que possivelmente deixariam a sua pele vermelha no dia seguinte.
E não podia se importar menos por isso.
— Não quer começar aqui? - Sussurrou em seu ouvido, deixando em seguida uma mordida em seu lóbulo. — Se exibir comigo, em meu colo dessa forma não te excita, Senju?
Aquilo a arrepiou completamente e de fato, gostava daquilo. Gostava daquela tensão que se formava entre eles, adorava ainda mais a maneira como ele dizia o sobrenome de seu clã que por alguma razão isso a tirava de si, como uma provocação quase indireta sobre aquelas guerras que insistiam em travar.
E então, se recordava quando pensava naquele maldito homem que antes era inimigo todas as noites, pelos sonhos que tinha com os olhos amaldiçoados brilhando exclusivamente para ela.
— Então o poderoso Uchiha Madara, líder do clã Uchiha quer ficar aos beijos publicamente com uma Senju? - Sorriu debochada, separou-se dele novamente e desceu de seu colo. O puxou por sua blusa, colando novamente os rostos. — Quero mais que isso, quero mais que algo rápido. — Sua boca passou a explorar o pescoço dele, inalando aquele perfume maravilhoso que esse desgraçado tinha. — O perigo me excita sim, de fato isso você acertou. — Agora, o encarou novamente com seus olhos verdes brilhantes por causa da lua cheia. — E é exatamente por isso que estou aqui com você. Por ser perigoso, por essa atração ser quase nociva que me faz ter uma vontade louca de tirar essa porra de sorriso debochado de seus lábios e colocar você em seu lugar, Uchiha.
Madara praticamente rosnou e colou ainda mais seu corpo no dela.
— Me diga o que quer, porra! - Um sorriso triunfante brotou nos lábios daquela mulher forjada pela própria Deusa da Luxúria, se é que existia alguma...e se de fato existisse, com certeza teria cedido seu poder a Toka.
— Eu quero que você me foda, Madara. - Segurou firmemente nos cabelos longos que ele tinha. — Quero que você me tire daqui, me leve para aquele seu clã maldito e faça comigo o que acabei de te pedir. — Percebeu um olhar surpreso vindo dele, e sorriu debochada. — O que foi? Tem medo de levar uma Senju para sua casa e eu acabar de matar o resto de vocês? Ou melhor, tem medo com que alguém veja que o Poderoso Uchiha Madara cedeu aos encantos de uma Senju? - Talvez aquele havia sido o limite que alguém aguenta, possivelmente a última vez da qual permitiria uma fala como aquela. O sharingan se ativou no mesmo instante e ela riu, gargalhou e o beijou em seguida. Com volúpia, luxúria e intensamente. — Consegui o que queria. - Mordeu os lábios dele, era isso que queria ver. — Agora me leve logo para a sua casa, Madara.
Sem reação, era como Madara estava por alguns segundos até finalmente conseguir esboçar algum tipo de reação, e esta que foi pegar a mulher e levá-la até sua casa que por alguma sorte era perto demais de onde estavam. No caminho trocaram beijos, puxões de cabelos e provocações sussurradas ao pé do ouvido.
Toka sentia extasiada pelas mãos fortes ocupando cada pedaço de seu corpo, pelo brilho vermelho do sharingan brilhando por sua causa, pela sua provocação e insolência. Ela, a própria especialista em genjutsus, que tinha o prazer de deixar seus oponentes desestabilizados por suas táticas de ilusão, orava a Kami-Sama para que aquilo fosse real.
Era completamente insano, sem nexo e possivelmente uma enorme irresponsabilidade, falha de caráter e uma grande traição ao seu clã e família; mas não podia evitar, aquilo era mais forte que si mesma. Aqueles malditos lábios eram a sua ida direto ao inferno e a própria demonstração que de talvez os boatos de seus primos eram reais: Madara era um demônio.
Entretanto, a partir do momento que a porta daquela maldita casa foi aberta e agora, dentro daquele clã desgraçado percebeu havia vendido a sua alma ao próprio diabo. E gostou disso, quis se afogar nas chamas daquele inferno que aquele homem era.
As roupas foram jogadas por aquele quarto, uma-a-uma. Os olhos de ambos brilhavam em cores diferentes, os corações batendo em um mesmo ritmo e os pensamentos que estavam completamente confusos até então, foram varridos para fora de suas mentes a partir dos momentos que os corpos se juntaram em um.
Madara era intenso, sussurrava coisas nos ouvidos dela a instigando a chegar aonde queria, provocá-la, tirar aquela mulher tão cheia de si do sério. E conseguia, Toka estava entregue a ele de corpo, alma e coração. Porém, apesar do seu sorriso debochado naquele rosto sério, o Uchiha também estava entregue para alguém do seu clã rival.
A Senju sabia como tocá-lo, fazê-lo implorar por mais.
Nunca em sua vida havia cedido, nunca cogitou que alguém poderia fazer aquilo...até ela. Até o maldito de lado, o cheiro floral dos cabelos tão negros quanto os seus, os olhos verdes pareciam como as folhas das árvores que cercavam Konoha. Linda, completamente e absolutamente. E eles se entregaram, um para o outro; desvendando cada pedaço de suas peles, entregando sua alma ao inimigo sem pensar nas consequências que aquela atitude traria.
Até que sol aparecesse novamente no céu, até que o seu chakra se esgotasse...eles estariam ali, iniciando algo nocivo, devastador e intenso. E principalmente, apaixonado.
Madara e Toka resolveram seguir com aqueles encontros clandestinos, ambos estavam viciados no toque um do outro. Porém, evitavam falar de sentimentos, evitavam expressar tudo que sentiam. Se entregavam ao prazer que apenas um poderia proporcionar ao outro, as trocas de olhares deixavam claro tudo aquilo que recusaram-se a pôr em voz alta.
Estavam a vários meses nessa relação sem classificação, Toka sentia-se feliz mesmo que não pudesse contar para sua família. Era cada vez mais difícil disfarçar a troca de olhares quando estavam acompanhados dos outros Senjus e a Uzumaki. Ela sabia que Tobirama surtaria se sequer imaginasse a possibilidade que sua prima deitava-se na cama do Uchiha todas as noites.
Toka suspirou exausta e aconchegou-se ainda mais no corpo de Madara. O Uchiha começou a passar a mão nos seus cabelos o que foi lhe deixando sonolenta.
— Espero que você possa entender o que eu vou fazer, Toka. - Madara sussurrou aquela palavras, e Toka começou a questionar-se se estava sonhando ou era realidade até ser vencida pelo cansaço.
Sentia-se exausta e no limite, o treino daquela tarde havia levado mais tempo do que imaginava, porém a culpa era do estresse que estava acomulando já que não conseguia tempo para ver Madara a quase uma semana. Ela sentia que algo estava estranho e diferente nele, só não sabia bem o que era. Estava passando pela sala de Hashirama quando ouviu um barulho e a voz irritada de Tobirama.
— Eu não posso fazer nada, Hashirama. Apenas estou entregando as notícias a você. - Ela parou perto da porta ligeiramente curiosa, era raro ver o primo irritado.
— Como assim Madara foi embora da vila? - quando a realidade por trás daquelas palavras lhe atingiram, Toka sentiu suas pernas tremerem. Apoiou-se na parede, usando todo seu esforço para ocultar seu chakra.
— Ele tentou convencer que o resto do clã o seguisse, mas eles preferiram permanecer na vila.
Ele havia ido embora? Sem se despedir dela? Ela sentiu as lágrimas silenciosas descerem pelo rosto, mas não eram de tristeza e sim de raiva e decepção. Toka iria atrás daquele Uchiha e o ensinaria a nunca mais irrita-la.
E então se lembrou daquelas palavras sussurradas pós-sexo naquela noite, de como Madara havia sido muito mais intenso que das outras vezes e por qual razão percebeu que ele não dormira muito bem durante a madrugada.
Toka saiu apressada dali, acharia Madara e ele teria que dizer olhando nos olhos dela que havia abandonado konoha, que havia abandonado os dois. Ainda que aquela relação não houvesse rótulos, nem que nenhum houvesse ousado dizer como se sentia...era amor, ambos sentiam a cada vez que se entregavam naquela cama, em ambos os clãs...naquela maneira escondida de sempre.
Conhecia de longe daquele chakra agitado, inclusive as maneiras das quais ele sempre tentava ocultá-lo; mas se havia algo que seus treinos juntos haviam ensinado, era como desvendar cada parte desse maldito Uchiha.
Sem pensar muito, com seu coração quase saindo por seu peito saiu em disparada pela floresta; passando pelo mesmo rio que seu primo e o homem que amava iniciaram uma amizade, já havia escutado aquela história da boca de ambos e guardava aquele local com carinho.
E correu, sem pensar nas consequências, sem cogitar que fosse loucura ou que talvez ele não a queria mais. Ignorou absolutamente tudo.
Precisava tê-lo, pela última vez.
O corpo se arrepiou, os olhos encheram de lágrimas e seus sentidos ficaram aguçados quando em uma pequena casa no meio da floresta havia uma presença tão conhecida.
Por alguns segundos pensou como poderia fazer, se bateria na porta ou o chamaria. Porém….era Senju Toka.
Bateu na porta, uma...duas...três…
Na quarta arrombou aquele pedaço de madeira que a separava de quem queria.
Ao fundo no canto escuro o sharingan brilhava forte o vermelho vivo que tanto amava, que aprendeu a gostar e admirar todas as vezes que eles estavam ativos por sua causa.
Viu as íris retornando a cor original, negras...como aquele cabelo que adorava bagunçá-los ainda mais quando o beijava. Percebeu seus olhos enchendo de lágrimas, passou a se aproximar da figura que estava encostada naquela parede.
E o encarou, profundamente como se desvendasse cada parte de sua alma apenas com o olhar...e às vezes Madara achava que de fato Toka podia fazer isso, conhecer cada parte de sua personalidade, seu coração e sentimentos mesmo que não dissesse em voz alta.
E correu novamente...mas dessa vez para os braços dele.
Queria xingá-lo, dizer que o odiava profundamente e que jamais aceitaria aquelas coisas. Desejou ser mais forte...mas foi em vão, jamais conseguiria. Não com ele.
Os lábios se uniram novamente em um, desesperados por matar a saudades daquela maldita semana longe. O beijou com ódio, por amá-lo tanto e permitir que aquele sentimento queimasse em seu peito como a chama de um amaterasu...nunca apagaria, só consumiria ainda mais.
— Me diz, Madara...por que. Me explica de uma vez. - Agora, chorava pela primeira vez enquanto socava o peito dele. — Que merda foi essa, Madara?
— Eu precisava ir, Toka. Não posso mais...não dava mais. E eu sugiro que se afaste, me esqueça...não podemos. Aliás, nós nunca deveríamos ter começado e ainda sim insistimos nessa loucura. - A afastou, mesmo que seu coração estivesse ainda mais aos pedaços, mesmo que jamais conseguisse de fato ficar longe dela. Precisava tentar.
— Para de mentir, Madara! - Gritou. — Para de negar que não existe algo além de sexo entre nós, chega de ficar iludindo a si mesmo com essa história de que não podemos. - Colocou as mãos no rosto dele, sentindo as lágrimas escorrerem. — Volte para vila, volte para mim…
— Eu não posso, não mais. Não compactuo com absolutamente nada que foi resolvido, se as pessoas não podem confiar no que sou...como ficar perto delas? - Respondeu, e sua voz carregava uma dor que a muito tempo não sentia. Desde Izuna, desde seus outros irmãos…— Eu não quero perder mais ninguém, Toka.
— Então por que me afasta? Por que desistir de nós…- O Uchiha a afastou, ficou de costas por alguns segundos se virou, com seu sharingan novamente ativo. Mas era outro, um que não havia visto…
— Vá embora, Senju.
— Mangekyou sharingan…- Falou mais baixo, mas seu coração palpitou. — Você acha que me assusta? Acha que eu penso mesmo que irá me atacar? - Agora, sua voz já estava alterada. — Anda Uchiha, me ataca...me mate! Se você é esse demônio que dizem...ME MATE!
E então ele se aproximou dela, em uma velocidade incrível. A segurou pela cintura, colando os corpos e a prensando sobre a parede.
— Eu te amo, amo demais para que se machuque...por minha causa ou de outra pessoa. - E então, a postura dela se aliviou, seus braços foram para os ombros largos e grandes que Madara tinha. E chorou, de felicidade e tristeza por ouvir aquelas palavras que eram de amor e ódio, pela situação, por seus destinos e por não saber o que aconteceria.
— Não me afasta, Madara. - Pediu, enquanto limpava as lágrimas que escorriam dos olhos dele. — Não me deixe sem você, nós daremos um jeito.
— Daremos um jeito. - ele repetiu mesmo que no fundo soubesse que estava mentindo para ambos. Se permitiu amá-la mais uma vez, pôs Toka era seu vício, seu pecado. Prestou atenção em cada parte do seu corpo, amou como se fosse a primeira vez, dando o seu melhor. Sussurrava palavras de amor e promessas que ambos sabiam que jamais poderiam ser cumpridas.
Nos três meses que se seguiram Toka sempre saía furtivamente da vila duas vezes na semana para encontrá-lo. Mais do que nunca seu relacionamento era mantido em segredo, sempre esperava pelo Falcão de Madara aparecer no seu como um aviso que ele a estava esperando. Para evitar a desconfiança de sua família, era normal que mentisse que iria treinar um pouco mais distante e sozinha. Ninguém desconfiava, era normal que ela se esforçasse muito em seus treinos.
Chegou até a cabana e para sua surpresa antes que pudesse bater na porta ela foi aberta, ele a encarava com olhos famintos. Toka abriu a boca para questioná-lo sobre o que estava acontecendo mais foi silenciada por um beijo.
— Tudo bem, aceito ser recebida assim mais vezes. - ele deu uma risada baixa e a abraçou, fechando a porta.
— Eu senti a sua falta, Senju.
Ela suspirou e encostou-se mais nele, o abraçando com força.
— Queria poder te ver sempre, igual antes. Mas queria não ter que esconder o que sentimentos um pelo outro. - Madara colocou a mão em seu queixo levantando seu rosto.
— Eu te prometo que a partir de amanhã as coisas irão mudar. E eu finalmente ficarei com você como deve, só por favor não venha amanhã. Sairei para algo muito importante.
— Promete?
— Eu prometo, Toka.
Logo a roupa de ambos estavam no chão, e os únicos sons que poderiam ser ouvido era dos gemidos de ambos.
x
Estava em missão em uma vila vizinha, Hashirama a havia mandando ali logo cedo. Porém, Toka não sentia-se bem. Desde que acordara na cabana seu estômago parecia revirado, passou perto de uma barraca de peixe quando acompanhava uma médica nin. O cheiro fez a ânsia piorar, Toka cobriu a boca desesperada a procura de um lugar que pudesse vomitar. A Kunoichi notando seu desespero apontou para ruela.
Após por todo seu café da manhã para fora, ela sentia-se como se um grande peso tivesse saído de seus ombros. A mulher colocou a mão coberta de chakra em sua barriga.
— É para ajudar acalmar seu estômago, quando eu também estava grávida os enjoos eram frequentes.
— Obriga... espera! O que você disse? Grávida? - A médica-nin a olhou surpresa cobrindo a boca.
— Oh meu kami, você não sabia? Sinto muito por ter descoberto assim.
E então a Senju chorou, com um misto de emoção e tristeza, por toda aquela situação difícil, mas por outro lado, era um filho do homem que amava. De alguém que apesar dos boatos, confiava extremamente muito a ponto de sair da vila caso necessário. Entretanto, se apegou naquela promessa do dia anterior que ele havia feito...que tudo estaria bem. Ficou determinada a chegar em Konoha o mais rápido que podia, queria trocar de roupa e dormir. Assim o dia seguinte chegaria logo e poderia ver Madara, no fundo do seu coração que ele ficaria alegre por aquela notícia, era a chance de terem uma família.
A chance de recomeçarem.
Tentou não desafiar seus limites pensando na vida que havia ali sendo gerada dentro de si, mas queria ir para casa; talvez conversar com Hashirama a respeito, cogitar que seu primo e a notícia o trariam de volta caso as coisas não dessem certo. Era apenas uma possibilidade, mas se agarrou que ela pudesse ser a solução para um acaso.
Quando se aproximou da porta da vila, foi possível ouvir gritos e pessoas chorando; seu coração bateu mais forte e então foi ainda mais veloz que antes. No momento que pisou em Konoha, viu o caos. Por sorte, nem tudo estava destruído, porém, ainda sim, era perceptível que uma tragédia havia acontecido.
— Toka. - Mito a chamou, e em seguida a abraçou apertado. Percebeu que as roupas dela estavam meramente rasgadas e não usava o tradicional quimono de sempre. Estava de armadura, com seus olhos cansados como quem sentia algo. — Graças a Kami está bem.
— Mito...o que houve? - Perguntou a segurando, enquanto a amiga que parecia cansada.
— Mito! - Hashirama gritou, e apareceu atrás de sua noiva e a segurou apertado. Ele chorava, muito. Nunca havia visto seu primo daquela forma.
— O que está acontecendo aqui? - Ela olhou em volta, havia uma mulher chorando abraçada a um homem que aparentava estar morto. — Por Kami, me respondam!
— Hashirama…- Mito suspirou e passou as mãos no rosto do marido. — Me deixe a sós com ela.
— Mas Mito, você….- Colocou os dedos nos lábios dele, e abriu um pequeno sorriso.
— Mas nada, querido. Vá cuidar de todos da vila, ficarei bem. Nós dois temos uma ligação, lembra? Se eu me sentir mal, você vai aparecer. - Vendo que não haviam possibilidades de discussão, o Hokage apenas assentiu, deixando um beijo na têmpora de sua noiva.
— Está bem. Eu te amo — Após sua última palavra, se afastou.
Mito a olhou, tentando esconder sua visível preocupação pela situação e em como contaria a ela; pois sim, de alguma forma suspeitava que entre ela e Madara havia algo muito além que uma rivalidade entre clãs.
Conseguiu convencer a amiga a irem para a casa de Toka, dessa forma, garantiria que estivessem em um lugar tranquilo e que pudessem conversar sem que alarmassem ainda mais as pessoas da vila.
Assim que chegaram, as duas se sentaram e obviamente aquela conversa não iria acabar. Estava prestes a começar.
— Mito, porque Hashirama estava chorando? - a Senju olhou para amiga com receio, tinha medo de saber a resposta mesmo que não admitisse. — Por favor, me conte a verdade.
— Toka…- A Uzumaki segurou em suas mãos, e a olhou nos olhos. - Você e o Madara tinham um...caso, não é? - Disparou, sem rodeios. Direta como sempre.
— Como... como você desconfiou? - Toka desviou o olhar envergonhada, acreditava fielmente que eles nunca haviam deixado transparecer nada que os entregasse.
— Não foi muito difícil desconfiar. — Começou. — Vocês nunca foram o que podemos chamar de discretos. Os olhares que trocavam, a maneira que sorriam um para o outro quando estavam sob olhares do Hashirama e do Tobirama...só não compreendo por não ter contado….por quê não assumir, Toka?
— Como se todos fossem aceitar calmamente algo entre mim e Uchiha Madara.
— E por acaso você acha que eu, ainda mais seu primo Hashirama que o considerava um irmão iria se opor? - Ergueu uma sobrancelha e segurou as mãos dela.
— Estamos falando de uma Senju e um Uchiha, especificamente o líder do clã Uchiha - Toka passou uma mão no rosto. — Eu consigo imaginar perfeitamente o discurso que Tobirama faria. Eu sinto vontade de agredi-lo fisicamente só com a imaginação, imagina se realmente acontecer?
— Não é o Tobirama que deveria ditar os rumos que sua vida toma, Toka. Começamos a partir desse ponto. - Falou de maneira séria, como sempre Mito não media palavras para responder apesar do seu tom ser sempre tão calmo. — Você tem noção do que isso teria evitado? Talvez…- Seus olhos se encheram de lágrimas, e não se poupou de chorar ali.
— Mito, pare de me enrolar e diga o que está acontecendo.
Toka conseguiu perceber a aflição que a amiga estava, e isso só lhe causava calafrios.
— Madara atacou a vila. - Soltou de uma vez. — Ele invocou a Raposa de Nove Caudas...quase destruiu com tudo e então…
— O Madara não faria isso... ele... oh kami - Toka não conseguiu controlar o choro desesperado, sentia-se traída. Como ele poderia fazer uma coisa dessa após prometer que eles poderiam finalmente ficar juntos em paz? A ânsia veio junto com a tensão, a Senju levantou-se apressada cobrindo a boca para não sujar a amiga, colocou tudo para fora enquanto Mito a segurava pelos ombros.
— Kami-Sama, Toka…- Colocou as mãos no ventre dela e sentiu um outro chakra. — Você está…
— S-sim... - Ela não conseguia conter as lágrimas, e ter que lidar que agora estava grávida do homem que amava, mas que depois dessa traição eles nunca poderiam criar aquela criança juntos. - Mito...como o Madara está?
A Uzumaki não soube como responder aquela pergunta no mesmo momento...não sabia como lidar com toda aquela situação, mas precisava ser forte.
— Toka…- Suspirou… - Ele...Hashirama...o matou. E eu selei a jinchuuriki dentro de mim para evitar mais desastres.
— Ele... ele o que?
— Madara está morto, querida. - Nesse momento, trouxe a Senju para seus braços e a apertou ali. Sabia que no momento que o entendimento lhe caísse, a dor seria insuportável.
— O que eu vou fazer sem ele Mito? Ele me prometeu... - ela entregou-se ao choro e a dor, sentia por sua perda e pela criança que gerava no ventre.
x
Os dias passavam e Toka tornava-se mais reclusa. Mito observava a amiga evitar conversas sobre sua situação, notou o rosto sorridente se transformar em uma máscara de indiferença, a infelicidade tomar conta de seu coração.
Ela já estava no seu quinto mês de gestação, a barriga estava grande, esperava gêmeos. Nem mesmo quando havia recebido a notícia de que teria dois bebês frutos do seu amor com Madara havia conseguido dar um sorriso que alcançar-se os olhos.
Toka não conseguia olhar nos olhos de Hashirama mais, sabia que o primo fora obrigado a chegar no ponto de matar Madara, mas não conseguia aceitar. Olhar para ele lhe causava dor, fazia aquela ferida aberta em seu peito sangra mais.
A tristeza e o vazio que carregava consigo a consumiu aos poucos. No início do sexto mês de gestação Toka sentia-se mais fraca do que nunca, parecia que o simples gesto de caminhar levaria toda a sua força, com muito esforço levantou-se da cadeira no jardim e começou a caminhar para a casa principal do clã, notou Mito a observando da janela. Antes que pudesse chamar a Uzumaki uma dor que parecia rasgá-la por dentro tomou conta de si, um grito desesperado foi ouvido por todos que estavam próximo.
Mito correu na direção da Senju quando a viu se curvar com a mão no ventre avantajado.
— Hashirama! - a ruiva gritou desesperada enquanto corria, precisava da ajuda do agora marido naquela situação.
— Raposinha? - o moreno apareceu desnorteado pelos gritos, observou a esposa correndo alarmada na direção de Toka, que agora estava caída no chão desmaiada. — Kami-Sama, Toka!
Hashirama pegou sua prima em seu colo, levando em seus braços queria levá-la a um hospital próximo àquele lugar.
— Mito, não...eu não quero…- Sussurrou. — Hashirama, me solta…
— Querida, por favor. - Passou as mãos nos cabelos dela. — Não é o momento, você não está bem…
— Hashirama, o que houve? - Tobirama correu apressado para onde eles estavam. — Toka, você está bem? O que você tem? - Perguntou aflito.
— Ela não vai aguentar até levarmos a um hospital, nós teremos que fazer o parto. - Mito olhou na direção de Tobirama que absorvia aquelas palavras assustado.
— E-eu só ... estou com seis meses. - Toka sentiu vontade de chorar. Era cedo demais, não podia ter o bebês agora.
Mito sentiu tristeza por sua amiga, Toka não podia perder tudo.
— Tobirama e eu cuidaremos disso, Toka. Você e os bebês ficaram bem.
Era uma mentira, Toka sabia que ela só tentava acalmá-la. Notou quando Hashirama a levou até um dos quartos e a colocou sobre uma cama, mais uma vez a dor descomunal tomou conta de si. Ela não conseguia se impedir de gritar.
Com o passar das horas as lágrimas se juntavam com o suor, a dor piorava.
Tobirama a mandava fazer força para as crianças saírem enquanto Mito compartilhava chakra com ela. Hashirama se mantinha ao seu lado segurando a sua mão, ainda era um choque para ele a idéia de sua prima está grávida, o clã havia descoberto no final do quarto mês quando Toka não conseguiu mais esconder a barriga volumosa. E por mais que ele e Tobirama tenham tentado, ela recusava-se a dizer quem era o pai das crianças.
Naquele ponto, a Senju já sentia tantas dores que não conseguia mais dissermir o real do imaginário. Mito passou a perceber uma oscilação de chakra muito forte e passou a se preocupar, assim como Tobirama.
— Madara...Madara…- Os dois irmãos se entreolharam assustados, e miraram a prima na cama novamente. — Madara...não me deixa, não...eu te amo...nós daremos um jeito…
— Mas que po... - Tobirama foi interrompido por um olhar felino de Mito. — O maldito Uchiha? Logo ele?
— Agora eu posso entender...- Hashirama olhou triste para a prima. Tudo parecia fazer sentido agora. Sua tristeza, sua recusa em revelar o pai da criança e principalmente o porquê da Senju evitá-lo a tanto tempo.
O Hokage ainda não havia superado aquele dia e principalmente a luta que tivera com seu melhor amigo, sentia o peso daquela batalha em seus ombros e da morte de alguém que considerava seu irmão, o coração apertado por sua esposa ter se sacrificado e selado uma besta dentro de si e agora...como não havia percebido? Os olhares, às vezes que ela saiu para treinar fora da vila...tudo, absolutamente tudo caiu sobre si juntamente com um grande arrependimento.
Como deixou as coisas chegarem a esse ponto?
— Me perdoe Toka - ele passou a mão na testa da prima tirando os cabelos do seu rosto. — Eu falhei em trazer ele de volta, falhei com vocês.
— Cadê o Madara, Mito? Eu preciso dele aqui. - A Senju perguntou chorosa para a amiga, que só a segurou com mais força começando a chorar junto. Não sabia o que falar, sabia que eram apenas delírios da amiga.
— Mito, preciso de você aqui. - Tobirama a chamou com uma voz preocupada.
A Uzumaki foi para o seu lado nervosa sem entender o que estava acontecendo.
— Não vamos conseguir realizar esse parto assim. - Ele falou em um sussurro que apenas ela escutasse. — Precisamos abrir a barriga dela, ou esses bebês não irão nascer. O cordão umbilical…
— Nós não temos nada aqui, Tobirama…- Hashirama voltou em volta e seu coração acelerou mais forte.
— Isso terá que servir…- Mito retirou uma das mãos da mulher, e colocou em sua perna retirando uma kunai e entregando a Tobirama. — Infelizmente, isso terá que servir…
— E como iremos costurá-la depois? - O mais novo indagou e a ruiva suspirou pesadamente.
— Não iremos. Tenho chakra o suficiente para fechar a ferida. - Respondeu, e nesse mesmo momento seu corpo ficou em tons de amarelo e laranja.
— Mito…- Hashirama colocou as mãos na boca ao vê-la com o manto da kyuubi tomando seu corpo.
Tobirama seguiu em frente com o plano, antes sussurrando um pedido de desculpa a Toka.
— T-tobirama... por favor... salve eles. - a Senju falou fraca fazendo com que seus primos a olhassem aflitos.
— Ele vai salvar os três, Toka. - Hashirama respondeu apertando a mão da prima com mais força. Ela balançou a cabeça negativamente.
— Madara... morreu, sei que estou f-fraca. Salve os bebês. - a cabeça dela tombou para trás quando sua vista começou a escurecer.
Hashirama desesperou-se quando notou o aperto em sua mão ficando fraco. Tobirama respirou fundo e começou a cortar a barriga de Toka, ele sentia como se a dor fosse nele, ela estava tão fraca e esgotada que não conseguia mais gritar, apenas chorava enquanto Mito tentava compartilhar chakra para em uma esperança vã diminuir sua dor.
Tobirama começou a cortar a placenta e pode notar alarmado que o cordão umbilical realmente estava em volta do pescoço de uma das crianças. Eles eram pequenos, novos demais.
Tentou afastar os pensamentos negativos enquanto tiravam as crianças. Hashirama correu para o seu lado quando segurou um dos bebês, era uma garotinha. Tobirama tirou o último bebê e Mito agilizou para tampar a grande ferida.
— É um casal, Toka! Um casal. - Hashirama foi para o lado da prima segurando a criança enquanto Tobirama segurava os outros.
Toka deu um sorriso fraco, podia sentir sua alma esvaindo-se do corpo. Ela não sobreviveria, olhou para o primo exausta.
— Chame-a de Sayuri e ele de Izuna. - Dessa vez ele pode notar o sorriso sincero que a prima deu. — Eu e ele sempre pensamos que chamariam assim.
Tobirama sentiu uma pontada ao ouvir o último nome, sabia que Madara nunca havia superado a morte do irmão que havia sido morto por ele. Notou quando a mão que a prima estendia caiu sobre a cama e os olhos vazios vidravam a criança em seu colo.
— Não! - Mito gritou tentando mais uma vez usar todo seu chakra possível para curar a amiga, para trazê-la de volta. Mas nada adiantou.
Hashirama e até mesmo o sempre orgulhoso Tobirama choravam, até notarem que as crianças em seu colo não pareciam reagir. Nem choro era ouvido naquele quarto além dos adultos.
Mito notou o olhar alarmado de Hashirama que colocava a criança sob a cama. Os gêmeos eram prematuros, mas todos tinham a esperança que sobreviveriam.
Porém os dois pequenos corações não batiam, o último desejo de Toka estava desfeito diante deles. Nem mesmo os frutos daquele amor impossível haviam sobrevivido.
A Uzumaki parou o que estava fazendo e suspirou, seu quimono branco estava sujo pelo sangue de sua melhor amiga e família, repensou por vários minutos onde havia errado e o que deveria ter sido feito para consertar.
Será que se alguém soubesse daquele caso as coisas não teriam sido diferentes? Tentou relembrar pequenos pontos daqueles últimos meses na tentativa de compreender seus próprios erros.
Mas nada justificaria...nada.
X
O enterro de Toka estava cheio daqueles do seu clã. Não havia sido contado para os outros quem era o pai das crianças, apenas que os bebês prematuros não haviam sobrevivido ao parto. Hashirama e Mito choravam diante dos três túmulos.
Haviam enterrado Toka entre Sayuri e Izuna. Seus nomes haviam sido gravado nas lápides com o sobrenome Senju e o símbolo do clã.
Todos estavam tão comovidos com a situação que não notaram a distância um homem escondido nas sombras das árvores. Quando o enterro acabou um dos shinobis caminhou disfarçadamente até o homem nas sombras.
— Quem morreu?. - o shinobi sendo controlado por um genjutsu poderoso apenas abaixou a cabeça. Ele não deixava que vissem o rosto dele.
— Toka Senju, meu senhor. - Ele notou quando o homem fechou a mão em punhos e encolheu-se por medo.
— Quem? Quem tocou nela? - Ele aumentou a voz, por um momento perdendo seu controle. Queria destruir o maldito que havia lhe assassinado, a tirado de si para sempre.
— Ninguém, Toka morreu no parto junto com as duas crianças.
Ele não teve reação para aquilo que ouvia. Toka estava grávida? De gêmeos? Ele havia perdido os três, novamente perdia sua família. A pontada em seu peito doía mais que o machucado naquela luta que ele havia sobrevivido por tão pouco. Sentia como se seu coração tivesse sido arrancado de seu peito.
Madara havia voltado ali agora que estava recuperado exatamente para buscá-la. Para viverem juntos como ele havia lhe prometido. Mas havia visto a comoção estranha e ficado curioso para saber o que era. Era fácil manipular um ninja qualquer com o sharingan.
A dor deu lugar a raiva irracional, enquanto ele enforcava o homem na sua frente após saber todas informações que queria permitiu as lágrimas silenciosas de ódio escorrerem. Ela havia dado o nome de seu irmão a uma das crianças, e pela ironia do destino o bebê também faleceu. Jogou o corpo do shinobi inerte ao chão e deu as costas.
Estava na hora de começar os seus planos. E naquele momento ao dar as costas aos três túmulos, Madara deixou uma parte sua para trás que nunca mais recuperaria.
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