Era noite.
Uma noite qualquer, como todas as outras.
Ela olhava pela janela. Observava as pessoas passando apressadas ou vagando lentamente sem rumo.
Era uma noite qualquer até ele chegar. Vestindo terno e gravata e segurando sua maleta. Ele destoava do resto.
Ela o observava atentamente enquanto ele parava perto de uma grande árvore.
Pôde perceber pequenos detalhes que outros deixariam passar. Olhava o relógio a cada vinte ou trinta segundos, parecendo impaciente e com pressa. Ela percebeu que ele esperava por alguém. Olhava em volta procurando e depois voltava ao relógio.
Ela pôde perceber também os olhares.
O olhar de admiração de um garotinho que passava com a mãe.
Os olhares desconfiados de um policial.
Os olhares cheios de desejo das mulheres lindas e solteiras que passavam.
O olhar apressado e preocupado dele. Esse olhar se suavizou quando avistou a pessoa que esperava.
Uma mulher.
Exuberante e vestida tão formalmente quanto ele.
Não havia nenhum olhar de ternura ou qualquer outro sentimento. Não eram namorados, nem estavam em um encontro. Eles trocaram as malas que seguravam e se foram. Cada um para um lado.
E a noite voltou a ser uma noite qualquer.
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