Você lembra?
Quando nos vimos pela primeira vez?
Ou apenas eu que o vi?
Lembra quando trocamos mensagens?
Quando queríamos?
Ou seria apenas eu que realmente queria?
Lembra quando você me chamou de Bonita?
Mesmo sem me conhecer.
Eu não era e nem sou.
Lembra que tentei te alertar disso?
Mas você contrapôs, e eu não questionei.
Lembra quando sorrimos a toa?
Ou eu estava rindo sozinha todo esse tempo?
Lembra das noites em claro que passamos conversando?
Mesmo cansada eu estava ali, pois queria muito a sua campainha.
Mas você queria a minha?
Ou seria apenas a sua insônia que não o deixava dormir e eu era apenas um passatempo?
Lembra da minha animação e insegurança ao falar com você?
Estava tão acanhada e fora de órbita que fiquei cega.
Você me tranquilizou. Lembra?
Me fez abrir as portas.
Me entregar por inteiro.
Mas e as suas portas? Eu não tinha percebido, ou você as escondeu tão bem de mim?
Sempre fechadas.
Lembra das promessas e certezas?
Todas vazias, frutos de uma irrealidade.
Lembra quando nossos lábios se tocaram?
Sempre imaginei esse momento. E Você?
Queria poder dizer que foi mágico.
Que borboletas saltaram no meu estômago da forma correta.
Elas saltaram, porém arranhavam.
Querendo vomitar aquele gosto de indiferença.
Aquele gosto de pena e obrigação.
Tão amargo e vergonhoso.
E ao acabar elas se embolaram sem saber por onde sair.
A constatação da realidade veio como um todo.
As borboletas finalmente saíram.
Ganharam forma de lágrimas.
Bem sutis e indefesas.
Mas você não lembra, não é mesmo?
Não percebeu o que acontecia.
Na verdade não teve importância, afinal era apenas eu que estava vivendo o momento.
Dançando a canção da ilusão e aprendendo sozinha
Da forma mais agridoce que alguém poderia experimentar.
Você não lembra.
Você nem vai saber.
O quanto me quebrou
O quanto me diminuiu e coisificou'.
E você continua ali, um belo e imponente desastre.
Nada consegue destruir a beleza ao seu redor.
Mas não o culpo por isso
Você não compreende a dimensão disso.
Não, você não lembra.
Não queria.
Não abriu as portas.
Não imaginou.
Não soube e não compreendeu.
Thank you for reading!
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