Eu não consigo mais...
As palavras ferem. Não são como agulhas no coração, não, elas estão mais para facas com serras a rasgar a carne e criar um rombo na minha sanidade.
As minhas mãos tremem ao digitar, o tremor alcança quase a frequência do meu coração assustado, que bate no peito como um louco aprisionado em uma jaula junto a um predador prestes a devorá-lo. A respiração é confusa, ela tropeça no caminho até minha boca e nariz, enrola-se na traqueia e volta aos pulmões me sufocando e fazendo com que eu comece a soluçar.
As palavras do ódio alheio estão arquivadas, pastas e pastas empilhadas em minha mente. E então o choro rompe, uma vã tentativa de fazer com que esse ódio todo recebido saia da minha cabeça, como se olhos fossem as torneiras a permitir a vazão dessa crueldade armazenada em meu crânio.
O frio me atinge, como se o sangue se recusasse a continuar seu caminho em minhas veias, quase como se quisesse que eu perdesse a consciência para fugir dessa realidade.
O pânico me assola.
Meu estômago se contorce, e quase consigo visualizá-lo se contraindo mais e mais, expulsando do meu corpo o veneno das mentiras ditas.
Não há o que fazer, não há o que dizer... a trama de falácias é longa, um fio se enrosca ao outro, um nó impede que se chegue ao próximo, e a verdade ao fim é um objetivo inalcançável.
O coração continua no peito infelizmente, e tudo o que mais se quer é que ele pare de fazer tanto escândalo, é retomar as rédeas do próprio corpo e não se deixar abater pelas palavras ácidas, pelos xingamentos maldosos, pelos julgamentos pre concebidos, pelas conclusões precipitadas e equivocadas. Mas não dá...
De repente, o que achava que estava sob controle escorrega entre os dedos, e o caos se faz visível, tão claro quanto o sol a romper no amanhecer.
Encolhida, deitada na cama com os olhos fechados e o corpo ainda a tremer pelos soluços teimosos que não se calam, só me cabe esperar que os minutos se arrastem, que o frio passe, que meu estômago termine de me fazer vomitar cada injustiça e que minha mente finja apagar cada ofensa.
E, quando isso acontece, não me mexo, permaneço inerte como se o menor movimento pudesse quebrar a falsa harmonia recém estabelecida. Durmo, porque é uma forma fácil de fugir de tudo. No dia seguinte, ao acordar, finjo que nada aconteceu, mantenho a mente ocupada, cumpro minha rotina e ignoro a vontade de pegar o celular. Contudo, é inútil, eu sei, eles sabem, todos sabem, uma hora ou outra eu vou abrir o navegador, o aplicativo, o que seja, e a internet fará o seu papel de me levar novamente ao mesmo pesadelo do dia anterior...
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