satanjoker Satan Joker

Se nos contos de fantasia o príncipe ia pelo reino em busca da sua amada de sapatinhos de cristal; não seria diferente que Todoroki Shouto fosse atrás do dono dos tênis vermelhos e também do seu próprio conto de fadas.


Fanfiction Not for children under 13.

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Sapatinho de cristal — algodão vermelho

Nas lindas histórias, tidas como contos de fadas, se diz que o príncipe procurou pela dona do sapatinho de cristal por todo o reino. Dia após dia, calçou o pequeno sapato em cada garota presente em suas terras. Fosse desde as mais novas ou até mesmo as senhoras, tudo em busca do amor claro e efervescente que sentiu naquela noite do baile em que dançou até a meia noite com a atual dona do seu coração.

Alguns, ou no caso a maioria, achava loucura procurar uma moça tão bela como aquela apenas pelo sapato, todavia o príncipe não desistia e continuou não desistindo de encontrar o grande amor da sua vida.

Todos sabem que no final do conto, o jovem príncipe encontrou seu grande amor, que tinha um pé pequeno e um sapato mágico, feito especialmente para ela. Sendo felizes juntos graças ao sapatinho de cristal que proporcionou este encontro.

Era verdade que Todoroki Shouto nunca gostou de contos de fadas ou lendas de amor, sua vida e seu nascimento foi a prova de que pessoas não ficavam juntas por se amarem, que os contos existiam, mas as fadas jamais. Um pai ambicioso como o que tinha era a total prova de que amor com direito a fadas madrinhas, abóboras e príncipes, não existiam. Para ser mais exato, ele acreditava que nunca existiria, então nunca foi um sonhador.

Obviamente, da mesma forma que as nuvens se moldam em formas diferentes a cada segundo e as estórias se adaptam de pessoa para pessoa, o conto do sapatinho de cristal tinha ganhado vida. Havia apenas um pequeno detalhe, não era exatamente um sapatinho de cristal e sim um tênis arrojado, às vezes sujo e esfarrapado devido aos anos de uso, mas um calçado de tom vermelho vibrante que chamava tanta atenção quanto o dono deste.

Sapatos nunca foram importantes para o bicolor, mas era impossível não deixar os olhos rolarem para aquele tom chamativo nos pés do sujeito desde que o vira pela primeira vez, seguido de um analisar cuidadoso do pequeno garoto de sardas e cabelos bagunçados verdes como os olhos. Oh, Shouto se sentia o príncipe daquele conto logo que a Cinderela chegava no baile, encantado, estupefato e incrivelmente de pernas bambas. Foi inevitável a vontade de se exibir assim que os eventos seguiram, exatamente como na aula prática onde os alunos se dividiam em dupla de vilões e heróis. Mas Izuku nunca pôde vê-lo em ação, por causa da enfermaria e do braço quebrado da luta anterior.

Depois durante a batalha contra os vilões tudo se tornou mais intenso, já que a raiva, a angústia e a incerteza rondavam a sua mente naquele dia, pois era provável que alguém com uma individualidade tão perigosa para si mesmo pudesse se ferir muito mais diante de uma ameaça real. Era da natureza do esverdeado em ser heróico e se meter em problemas.

Chegou a ficar aliviado, mesmo que não devesse, quando soube que eles estavam ali procurando All Might e não para fazê-los de reféns. Mesmo assim foi impossível não correr até Izuku o mais rápido possível, pois estava certo sobre sua característica natural para se meter em problemas. E quando encontrou, lá estava ele agindo de acordo com os piores pensamentos de Todoroki, correndo em direção ao portal de Kurogiri e tentando ajudar o símbolo da paz mesmo que não conseguisse fazer nada de fato. Teria sido tranquilo de sua parte notar que Bakugou e Kirishima também apareceram naquele instante e o ajudaram a protegê-lo, mas se tinha uma coisa que não compactuava era com a intimidade que a sua Cinderela tinha para com o loiro explosivo.

Sua Cinderela? Exatamente, foi nesse dia que Todoroki não mais conseguiu evitar a onda de sensações e sentimentos que vinham toda vez que pensava no dono dos sapatos vermelhos escandalosos. Nesse caso, também foi inevitável quando o festival de esportes chegou. Por conta desse ciúme atípico, decidiu ir pelo mesmo caminho que Katsuki normalmente ia; criando uma rivalidade com o garoto sardento, esperando que funcionasse e que isso fosse o suficiente para atrair aqueles orbes redondos e verdes para si.

Dito e feito.

A mente analítica do outro passou a verificar cada movimento seu, sabendo que agora eles eram antagonistas, porém esse sentimento também não agradava o bicolor, pois ele não queria ser "rival", queria ser próximo e mais pacífico do que isso, estar ao seu lado como apoio e como companhia do dia a dia.

E como agora já havia adquirido a total atenção do outro para si, aproveitou para chamá-lo em um canto qualquer e contar a sua história, nada feita de fadas, magia, abóboras e romances magníficos, apenas dragões, monstros e vilões. Uma vida crua e áspera para alguém tão novo como o meio a meio.

No meio de suas palavras, o seu maior vilão, a sua madrasta má apareceu e com isso achou que tinha o assustado com um passado tão trágico, no entanto se surpreendeu quando este decidiu que o ajudaria a superar seus medos, seu próprio passado e assim utilizar seu lado esquerdo.

Deveria ter passado pela sua cabeça que o fato dos tênis de Midoriya serem vermelhos indicavam que ele gostava mais desse lado, vermelho, fogo, quente, vivo e explosivo — isso também justificava a amizade estranha com Bakugou —, todavia não imaginou que depois de tanta repulsa com essa sua parte, vindo até mesmo de sua amada mãe; Izuku se agradaria dela e a desejaria ver em ação, aspirava em despertá-la.

Naquele dia, Shouto sentiu-se como a princesa, exatamente como aquela donzela que precisava ser salva e de fato foi, assim que o cavaleiro de pés vermelhos veio ao seu encontro salvá-lo do grande dragão, feito por seus próprios medos.

Foi imprescindível que o coração do meio a meio ganhasse vida, que pulasse a cada desespero e lamúria do outro nos eventos a seguir e que fosse ao seu encontro quando este precisou contra o assassino de heróis. Todoroki havia se tornado novamente o príncipe, correndo de um lado para o outro com o sapatinho de cristal por todo o reino para encontrar sua amada, mas nesse caso ele já havia encontrado e admitia isso em alto e bom som para quem o perguntasse, incluindo Katsuki que fez questão de questioná-lo quando ficaram a sós no exame de licença provisória.

"Sim" foi tudo que conseguiu dizer à pergunta do século. Esta que dizia em claro e bom som que amava Izuku como um príncipe amava sua princesa nos contos românticos. Os olhos carmesins piscaram profundamente, para logo estalarem e compreenderem o teor de sua resposta. O loiro explosivo esboçou um sorriso, como se soubesse de algo que Shouto não tinha noção e mesmo que fosse típico seu ser exagerado, apenas lhe desejou sorte de forma pacata e comedida.

Por causa de sua criação rigorosa, o bicolor era muito inseguro e achou que com aquelas palavras que se tratava de um jeito de lhe declarar guerra, porque tinha ideia da proximidade do outro com Izuku, embora não tivesse passado nem mesmo um mês dessa sua conversa para então chocar-se com o loiro junto a Kirishima, definitivamente aos beijos. Morreu e gostaria de morrer novamente de tanta vergonha que sentiu por ter aberto a porta e atrapalhá-los, pior do que isso, que eles tivessem ciência de sua presença incômoda numa situação como aquela. Só que não poderia negar sentir vontade de fazer a mesma coisa com o seu príncipe dos sapatos vermelhos, aquele a quem procuraria pelo reino inteiro apenas para ver novamente.

Singelamente, seguiu os passos que Katsuki lhe dera, indicando como se aproximar da forma correta, mas aquela insegurança de que Midoriya poderia rejeitá-lo a qualquer instante não saia do seu corpo, o seu pior vilão. Mesmo assim seguiu-os como o príncipe guerreiro e desbravador, enfrentando as feras que o proibiam de chegar ao seu destino, chamando no final daquele dia o garoto de cabelos verdes para ir ao cinema, ambos a sós.

Achou que perderia aquela luta e também a vida, quando se deparou com o pior dos monstros novamente, a madrasta malvada que impedia ambos de se encontrarem e vivessem um amor puro: a sua ansiedade.

Ela era a mais terrível vilã da história e por pouco, muito pouco mesmo, Shouto não perdeu tudo ao dar para trás no encontro proposto por si próprio, pois jamais teria coragem de olhar para Izuku novamente se fugisse dele naquela tarde derradeira.

Não obstante que aquele sentimento que o príncipe sentia ao reencontrar o seu amor verdadeiro, veio à tona quando sentiu a mão, do braço repleto de cicatrizes , contornarem os seus durante a sessão na sala escura, deslizando o toque por entre os seus dedos e por fim os entrelaçando um a um até que estivessem devidamente encaixados. E como um ímã, girou o rosto para olhar o rubor exibido pela luz da tela no garoto dono do tênis vermelho — não de cristal, mas de tecido esfarrapado —, antes de Midoriya concretizar a cena final daquele conto, depositando um selar dos lábios macios junto aos seus. Talvez aquele fosse o seu conto de fadas, com um conto completo e as ditas fadas que dançavam em sua barriga logo ao ter um contato direto como aquele, só poderia ser elas que reviravam em seu corpo e formigavam suas extremidades.

E seria demasiadamente estúpido da parte de Todoroki assumir que essa estória terminasse com um final de felizes para sempre, pois aquele não era um fim, apenas um começo, o início do seu feliz para sempre entre o príncipe do sapato vermelho e o também príncipe meio a meio.

March 4, 2018, 8:14 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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