— Len, vai dormir! — Rin me repreende ao passar pela porta do meu quarto, já de pijama.
— Tá, tá. Já vai... — murmuro, sem desviar os olhos da tela do computador. Rin é minha irmã gêmea e, por conta de poucos minutos, como ela gosta de fazer questão de não deixar isso de lado, também minha irmã mais velha. Como todos os irmãos, sempre tivemos altos e baixos em nossa relação, ora parecendo melhores amigos, ora parecendo que iniciamos uma guerra civil. Como uma montanha russa, acho que dá para se dizer.
— Só não vá virar a noite.— fala, indo em direção ao próprio quarto.
— Tá bom, mãe! — exclamo, rindo.
Mas apesar de tudo, somos extremamente protetores e sempre nos preocupamos um com o outro, especialmente pelo o fato de nossos pais passarem a maior parte do tempo viajando por causa do trabalho. Eles estão em Londres agora, por exemplo.
E a minha vida tem sido assim pelos 16 anos da qual estou vivo.
✹
Eu aperto o travesseiro contra o rosto, irritado. Por que está tão claro? Eu me viro e espio para ver as horas. E então os meus olhos se arregalam.
8:15, droga! A aula começaria em 15 minutos!
Pulo da cama e abro o armário correndo, pegando o meu uniforme — vantagem em momentos como esse, não ter que me preocupar em escolher roupa — . Assim que o pego me lanço para o banheiro e o visto, logo em seguida fazendo uma rápida higiene matinal. Saio de lá e voo para a cozinha, me deparando com o café da manhã já pronto. Como Rin é membro do Grêmio Estudantil, ela tinha mais responsabilidades e assim, para poder cumpri-las adequadamente, ia para a escola mais cedo que eu. Com isso, ela sempre fazia o café da manhã e o almoço. Enquanto eu, o lanche da tarde e o jantar. É assim que dividimos essa tarefa.
— Itadakimasu — murmuro enquanto como um pedaço de torrada e guardo o meu obento na mochila. Tomo o meu suco e saio de casa com o pão na boca, correndo para a parada de ônibus...
Apenas para ver o último ônibus escolar da manhã partindo, já longe o suficiente para me fazer desistir de persegui-lo.
....
Droga!
Olho a hora no celular: 8:23. Eu começo a correr em direção a escola, mesmo sabendo que demoraria, no mínimo, 10 minutos para chegar lá a esse ritmo.
É, eu chegaria atrasado.
Mas então uma ideia me vem à mente quando passo em frente a um beco. Visualizo mentalmente o mapa da cidade. Aquela rua pode ser um bom atalho! Apressado, ando em sua direção. É estreita, suja e bem escura, considerando que é dia. Mas isso não irá me deter! Respiro fundo e me apresso novamente, logo sendo coberto pela escuridão daquela rua. Mas não era tão escura assim, afinal. Tanto que eu consigo ver quando esbarro em alguém. Ou melhor dizendo — uma nota importantíssima nessa situação —, um cara com roupas desleixadas, um olhar tenebroso de assustar qualquer um e, bem... um tamanho três vezes maior que o meu. Ah! E outra coisa também importante: ele estava acompanhado de mais outros quatro caras com expressões tão amigáveis quanto.
Eu recuo imediatamente e me curvo de forma exagerada — acho que bem necessário numa hora dessas —, gritando um pedido de desculpas enquanto sinto o olhar assassino do homem sobre mim. Se desse para evitar um conflito, seria melhor. Principalmente com gente como aquela. Levanto a cabeça e começo a andar de ré — esse caminho foi uma péssima ideia — até que sinto as minhas costas baterem em alguém. Olho para trás: eu estou encurralado!
Então sinto meu cabelo sendo agarrado e a minha cabeça bruscamente puxada para trás, me fazendo olhar para a primeira pessoa da qual esbarrei. Aparentemente, ele é o líder dessa gangue. Engulo em seco, nervoso.
— Você me deixou de mal humor. Quem sabe você não possa mudá-lo sendo o meu brinquedinho novo, hein? — diz, colocando a lâmina de um canivete a poucos centímetros do meu pescoço. Eu arregalo os olhos e ele me empurra contra a parede com força. Por um momento minha visão fica turva e apenas ouço a risada dos outros. — Agora, como será que devo começar?
Aperto os punhos, nervoso. Parece que pedidos de desculpas não irão funcionar. Não que eu acreditasse nisso antes, mas, sabem, a esperança é a última que morre. E, se eu não fizer algo logo, eu serei o primeiro.
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