— Ah, por favor! Você acha mesmo que pode se comparar a Alice? — O tom de voz dele era cruel, tanto quanto o brilho dos olhos que agora me encaravam enquanto ele despejava palavras duras.
— Lucca, eu sou sua esposa! — Eu revidei. Como ele podia falar daquela forma comigo?
Ele soltou uma risada de desdém e me olhou de cima a baixo. Nesse momento, eu pensei que meu coração fosse explodir de tanta tristeza. Era como se houvesse uma mão de ferro o segurando para que não batesse, sufocando-me.
— Não por gosto meu! Eu era bobo o suficiente para aceitar as ordens do meu avô, e depois de todo o circo que você armou, acabei aceitando esse casamento! — Ele deu um passo em minha direção, os olhos dele que sempre foram tão límpidos, agora estavam escuros como a noite — Eu amo a Alice! Sempre a amei e sempre vou amar!
— L-lucca... — Eu não sabia nem o que falar e senti as minhas pernas ficarem fracas. Para não desabar de vez, me deixei cair de joelhos.
— Amor... não seja assim tão cruel. Vic foi sua esposa por esses três anos... — A voz condescendente de Alice me dava asco. Eu olhei para cima e pude ver a cara de falsa tristeza no rosto dela, com direito a biquinho e tudo. A expressão no rosto de Lucca mudou completamente.
— Eu nunca a amei, Alice. Perdão por ter me casado com ela — Ele acariciou o rosto da mulher com uma ternura com a qual nunca me tratou. Então, voltou-se para mim. O desprezo era quase palpável — Faça as malas. Meu advogado vai te procurar para que assinemos o divórcio. Quando eu retornar, não quero te ver aqui.
Ele disse a Alice que iria ao escritório buscar uns papéis e pediu que ela esperasse. Assim que ele saiu de vista, ela olhou para mim com escárnio.
— Achou mesmo que ele iria gostar de você um dia? — Ah, ali estava a verdadeira Alice! Eu a tinha conhecido antes, mas não sabia que estava com Lucca, na época. Ela sempre foi extremamente desagradável e fingida. Preferi ficar calada — Ele te detesta. E sempre que tocava em você, pensava em mim. Ele mesmo me contou.
Eu bem quis dar uma resposta naquela hora, mas Lucca voltou e eu não daria mais munição a ele. Alice imediatamente se jogou ao chão, quando ele estava olhando para o celular. Ele arregalou os olhos e se virou para mim, com raiva.
— O que fez a ela? — Ele me deu um leve empurrão.
— Amor, tudo bem. Ela... é normal ela estar com raiva!
— Eu deveria matá-la por encostar em Alice! — Ele fez uma coisa que jamais havia feito durante todos os nossos anos de casamento: ele levantou a mão para mim, como se fosse de fato me bater! Mas Alice segurou o braço dele e sussurrou algo em seu ouvido. Ele rapidamente se acalmou — Você tem sorte de Alice ser tão boa! Eu não perdoarei uma segunda vez!
Lucca se levantou com Alice nos braços, se virou e Alice deu uma olhada por sobre o ombro, na minha direção. Ela estava sorrindo, aquela cobra!
Eu queria contar a Lucca que eu estava grávida. Depois de três anos de casamento, sempre tomando injeção contraceptiva por ordens dele, eu nunca tinha gerado uma criança. Porém, fiquei tão abalada com o falecimento do meu pai que acabei me esquecendo completamente de voltar na ginecologista. Quando voltei, ela me pediu o exame de gestação, de praxe, e foi quando eu soube que havia um bebezinho dentro de mim.
Nem sei por quanto tempo ainda fiquei ali naquele chão, mas fui levantada por Ana, a senhora que cuidava da nossa casa. Ela era a governanta.
— Venha, menina. Eu a ajudo — Ela me olhou com pena e eu sabia que era genuína. Ana me recebeu muito bem desde o primeiro momento em que pisei naquela casa e sempre esteve lá para mim.
Eu permiti que ela me ajudasse e juntas subimos para o meu quarto. Ela não falou mais nada, afinal, o que havia para ela falar?
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