pandorawn Saaky chan

Eu já sabia que Sasuke Uchiha, meu novo vizinho, havia se tornado um alvo no minuto em que Ino colocou os olhos nele. Minhas próximas semanas se resumiriam em ouvir seus planos sobre como conquistá-lo antes de qualquer outra garota, e mesmo sem más intenções ela estaria se enaltecendo como a melhor de toda a escola, deixando claro que garotas iguais a mim, uma simples integrante do clube de artes, não tinham a mínima chance. Era isso que a equipe de líderes de torcida havia ensinado Ino a fazer. Ser sempre a melhor. No meio de meus devaneios me deparei com os olhos negros me analisando. Olhei mais uma vez para o garoto e foi a primeira vez tive o desejo egoísta de que Ino não conseguisse o que queria.


Fanfiction All public. © Masashi Kishimoto

#sasuke #sakura #sasusaku #naruto #romance #spirit #colegial
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O novo vizinho

Abril. Terça-feira. Quase final do segundo ano.


Me abanei usando uma de minhas folhas. Apesar de estarmos na metade da primavera, o verão já estava se esfregando na nossa cara, então não deixava de ser um calor insuportável. Arrow City tinha o dom de fazer o verão parecer um inferno, literalmente. Me pergunto como nenhuma das líderes de torcida ainda não havia desmaiado, treinando nesse sol de uma da tarde. Eu definitivamente já teria pedido arrego. Até mesmo os jogadores do time de futebol estavam correndo fatigados em voltas no campo, seguindo ordens do treinador Gai.

Observei mais uma vez as garotas enfiadas em seus uniformes curtos e femininos, usando a cor vermelha para representar a equipe de Arrow High School. Tsunade gritava a plenos pulmões as instruções que elas deveriam seguir, e de longe notei o quanto Ino estava insatisfeita com as ordens, porém ainda assim tomou seu posto e fez o que deveria fazer. Saltos e piruetas, a pose perfeita de uma capitã da equipe de líderes.

Ino Yamanaka estava nessa posição desde um ano e meio atrás, no início do ensino médio. Era claro que a loira iria continuar querendo manter seu nível de popularidade - que já não era baixo no ensino fundamental - entrando na equipe das garotas mais amadas da escola, e não demorou muito para que ela realmente se tornasse a mais amada, elogiada por seus olhos cor do céu - ou oceano, não me lembro bem como especificam - e cabelos loiros e brilhantes - palavras de fãs convictos diziam que ela era a garota mais bonita do colégio. Era como se realmente houvesse algum privilégio em estar dentro do grupinho de líderes. Era uma coisa que eu, Sakura Haruno, na minha humilde posição hierárquica, nunca experimentaria.

Ao invés de Ino, eu estou posicionada na ralé da pirâmide de popularidade. O clube de artes não recebia tantos holofotes quanto deveria, e era o único lugar em que eu me encaixava. Não que eu achasse de todo ruim, afinal depois que Ino começou a dedicar seu tempo a equipe até mesmo na hora dos intervalos, eu precisava me enturmar com outras pessoas e não ficar dependendo da única amiga que tive até os quinze anos. Tenten e Gaara foram a saída perfeita para isso, a morena eu conhecia de idas a loja de bolos de sua mãe e o garoto era um antigo conhecido, e fiquei duplamente feliz em vê-los como integrantes do clube de artes.

Depois de alguns minutos, ouvi o apito indicando o final do treino. Ino se aproximou, o cabelo loiro preso em um rabo de cavalo e os fios que ficavam soltos grudando no suor da testa. Quando ela pegou sua mochila ao meu lado, juntei meus desenhos e lápis, me levantei para ir embora com ela.

- Até amanhã, Ino! - Duas garotas da equipe passaram ao nosso lado, e a loira acenou simpaticamente. Era sempre assim, não me lembro de uma única vez que uma das líderes tenha me cumprimentado ou notado a minha existência. A amiga ofuscada pelo brilho de Ino Yamanaka, provavelmente era como a maioria me via.

Não há muitos motivos para que eu seja considerada amiga de Ino, além do fato de que tudo sempre aconteceu assim. Os pais da loira eram amigos de longa data da minha família, resultando em nos criar praticamente como irmãs desde muito pequenas. Era simplesmente assim, e nenhuma de nós nunca achou ruim. Tínhamos uma a outra quando precisávamos, nos apoiávamos e gostávamos uma da outra, mesmo que não tenhamos muitas coisas em comum - na verdade, tirando o fato de que o único filme que nós duas gostamos juntas seja Planeta dos Macacos, Ino e eu não temos absolutamente mais nada para se comparar. No passado era mais fácil lidar com isso, com essas diferenças, já que a loira se importava mais com nossos dias tomando sorvete do que com os garotos que ela iria sair no final de semana. Às vezes a popularidade dela sufoca a nossa amizade.

Ao sair pelo portão da escola, seguimos caminho até nosso bairro, caminhando pela calçada de ladrilhos em frente as lojas da rua principal. Nossas casas eram separadas por duas ruas, então era comum sempre irmos embora juntas, mesmo que minhas atividades com o clube acabassem antes dos treinos. Nossos horários de aulas nunca eram os mesmos, por isso tentávamos ainda aproveitar o mínimo de tempo que tínhamos para ficar juntas, ainda que ultimamente isso também tem sido difícil.

- Minha mãe me pediu para ir a sua casa buscar umas flores. - Os pais de Ino eram donos de uma floricultura, e minha mãe cultivava e vendia flores para eles, um trabalho que ela mantinha como hobby. Desde que me entendo por gente, Mebuki Haruno mantém um grande jardim florido atrás de nossa casa, com tanta variedade de plantas que até hoje não decorei o nome de todas.

- Tudo bem. Vai almoçar lá?

- Não sei, vou decidir quando chegarmos. Se você prometer que não vai me torturar comendo um chocolate na minha frente, posso almoçar lá.

- Seria mais fácil se você comesse o chocolate.

- Sabe que não posso. Preciso manter a forma para as apresentações.

- Sinto muito então, pode almoçar na sua casa. Não vou deixar de comer meu chocolate por você.

- Você é ridícula, Haruno. - Passamos em frente a loja de bolos da mãe de Tenten, dei uma olhada para ver se encontrava a morena, mas não duvido que ela estivesse jogando no celular ao invés de estar no balcão. Dei atenção novamente a conversa de Ino. - Shikamaru está namorando Temari.

- Gaara me contou.

- Ah, claro. Esqueci que agora você é amiguinha do Sabaku.

- Não sei porque você se importa tanto.

- Aquele garoto é um ogro de grosseria.

- Só porque ele é o único que não beija seus pés, não quer dizer que seja um garoto ruim.

Para especificar melhor, Ino e Gaara tiveram um pequeno - pequenino - romance de infância, daqueles que só seguram a mão e dizem que o filho vai se chamar Oscar, ou seja, eles eram bem novos. O problema foi que no ensino fundamental Gaara acabou não frequentando a mesma escola que nós, e por ser em período integral também não tivemos contato com ele em outras ocasiões, então no reencontro do ensino médio ele já não tinha o mesmo interesse por Ino. O que afetou de forma absurda o ego dela. Até hoje.

Alguns minutos depois já estávamos na calçada da vizinhança, a rua do arco íris, como cidadãos locais costumavam chamar. Isso porque cada casa até o final da rua era pintada em uma cor do arco íris, com tons claros e escuros de verde, e variando do azul ao roxo. A casa de minha família era exatamente no meio da rua, uma casinha pintada de amarelo claro e uma varanda de madeira escura.

Assim que entramos, Ino foi direto ao jardim nos fundos, e como de costume Mebuki estava usando um chapéu surrado branco, com seus cabelos loiros soltos e volumosos até os ombros. O avental estava sujo de terra e ela parecia satisfeita cuidando de suas plantas. Mamãe sorriu assim que nos aproximamos.

- Olá, meus amores! Como estão?

- Bem. - Respondemos juntas.

- Ótimo.

- Estava esperando vocês para o almoço. Vamos. - Poderia ser três da tarde, mas Mebuki nunca deixava de me esperar para o almoço, sempre com o discurso de como era importante mantermos a refeição em família. Entramos de volta em casa, mamãe trazendo uma muda de flores para que Ino levasse com ela quando fosse embora. Nos sentamos a mesa, sobrando o lugar que era sempre de Kizashi, meu pai.

Ele trabalha como advogado em uma cidade vizinha, uns vinte minutos de carro, volta sempre à noite para contar suas magníficas histórias para nós. Algumas vezes também faz viagens a trabalho, trazendo presentes da Califórnia ou Nova Iorque. Papai acha que eu não sei, mas ele se sente muito mal por ser ausente em função da profissão, e busca compensar isso me mimando com presentes e mais presentes. Eu dou muito valor ao que ele faz pela nossa família, então basicamente aceito de bom grado o que ele me dá em troca de sua plena atenção.

Conversamos sobre algumas coisas aleatórias na hora do almoço, e eu não estava tão atenta assim. Mamãe me chamou atenção algumas vezes, mas meus ouvidos estavam focados no barulho fora da casa, e minha curiosidade me fez comer mais rápido que o necessário para saber o que estava acontecendo.

- Preciso ir agora, minha mãe deve precisar de ajuda na loja. O festival das cores já é semana que vem. - Era uma feira de artesanato, que atraía muitos turistas interessados em floricultura, tecidos, e outras coisas caseiras. Acompanhamos Ino até a porta, e um grande caminhão de mudanças estava estacionado na rua, era de lá que vinha o barulho. Olhei confusa e vi que os móveis estavam sendo carregados para a casa ao lado.

- Parece que realmente compraram a casa de Chyo. - A antiga moradora era uma senhorinha problemática que vivia causando intriga na vizinhança, mas que também assava e distribuía os melhores biscoitos no natal. Ela morava com um neto, Sasori, que foi embora no início do ano para a capital onde os pais moravam, para poder cursar a faculdade de engenharia.

Sasori é uns dois anos mais velho que eu, e antigamente eu entrava escondida no quarto dele à noite para jogarmos videogame - e um pouco mais tarde, devido a curiosidade de uma adolescente com quinze anos ter chegado, descobrimos que poderíamos fazer outras coisas também. Isso era frequente graças as janelas que ficavam próximas demais. Tecnicamente Sasori foi o meu primeiro e único namoradinho, e eu tive que chorar duas semanas escondidas quando ele foi embora, se Mebuki visse faria questão de ligar para ele e contar que eu estava com saudades.

- Vamos dar as boas-vindas! - Mamãe era aquele tipo de vizinha que ia te receber com uma torta de framboesa para desejar uma boa estadia na casa. Ino e eu nos encaramos e seguimos minha mãe até o casal parado no gramado da casa lilás, o homem tinha um semblante tranquilo e mantinha as mãos no bolso da calça. A mulher com longos cabelos negros, vestindo uma camiseta branca e jeans claro, sorriu largamente assim que nos avistou. Pelo visto ela e mamãe já se dariam bem.

- Olá, sou Mebuki Haruno. Sejam bem-vindos a rua do arco íris. - Elas se cumprimentaram e então mamãe nos apresentou, duas crianças escondidas na sua sombra de sua simpatia.

Eles eram Fugaku e Mikoto Uchiha, e em uma conversa de cinco minutos as duas mulheres já estavam planejando um jantar para apresentar as famílias. Enquanto esperava a permissão de minha mãe para que saíssemos dali educadamente, senti Ino cutucando minha mão e ao perceber que ela queria me mostrar algo, um carro preto estacionando perto de nós entrou no meu campo de visão.

O motorista saiu do carro, cabelos negros e longos, camiseta branca estampada e uma bermuda ridiculamente colorida. Ele sorriu simpaticamente ao se aproximar, rodando as chaves do carro no dedo. Parecia mais velho, e eu diria com toda certeza que era filho do casal. Os olhos eram iguais aos de Mikoto. Mas rapidamente minha visão focou no passageiro, com um cabelo rebelde e camiseta preta. Não parecia simpático, nem parecia que iria se esforçar, mas já era mais bonito que qualquer cidadão dessa cidade. Não era real, ninguém pode ser tão bonito assim, certo?

- Ah, chegaram! Esses são meus filhos, Itachi e Sasuke. - O mais velho nos cumprimentou e percebi que seu cabelo era aparentemente mais hidratado que o meu. Logo, o rapaz apresentado como Sasuke se aproximou e apenas acenou com a cabeça. Mikoto continuou a falar, agora se virando para Ino e eu. - Creio que vocês e Sasuke tenham a mesma idade. Ele vai estudar na Arrow High School, então espero que se dêem bem!

A animação da mãe não parecia contagiar o filho. Ele nos encarou ainda com uma feição séria e seus olhos negros passavam uma forte impressão. Parecia absurdo dizer isso, mas enquanto ele me encarava, minhas mãos suaram e o pescoço se arrepiou. Isso não acontecia desde Sasori.

- Pode deixar, vamos enturmar ele! - Ino tomou a frente como sempre fazia, tomando também a atenção do moreno. Ela sorria lindamente e os olhos piscavam em um flerte descarado - pelo menos eu consigo perceber Ino flertando à metros de distância.

No meio de meus devaneios me deparei com os olhos negros voltando a me analisar. Respirei forte. Olhei mais uma vez para o garoto e foi a primeira vez – sem saber ainda o porquê - que tive o desejo egoísta de que Ino não conseguisse o que queria. 

Feb. 26, 2018, 3:20 p.m. 0 Report Embed Follow story
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