As orbes de um azulado incógnito encaravam a garrafa de um tom tão oposto. O vidro laranja mórbido transformava o líquido amarelo pálido em algo sem cor definida.
Os dedos finos batucavam sobre a mesa plastificada, com logotipos que ele não fez questão de reconhecer. Rodeavam, também, o bico do objeto que segurava, sentindo a calidez conforme repetia os movimentos.
Os lábios de um rosa frio sorviam pequenos goles, ficando, gradativamente, úmidos e escorregadios. As mãos molhadas apresentavam uma quentura um tanto anormal, e ele as secava em sua calça social num negro completamente frívolo.
O semblante carregado de expressões pesadas e apáticas encarava o poente com suas cores quentes ao longe. Tentava acalentar seu próprio coração com a paisagem entre os vagalumes e estrelas, sentindo sua alma expandir-se por um simplório segundo, para, logo depois, mutar-se novamente à solidão.
As pálpebras cansadas fecharam-se um pouco mais. Via algo entre o preto alaranjado e o cinza escurecido, suspirando entredente e sentindo o líquido gelar-lhe o âmago e a garganta já seca. Quando abriu os olhos, teve o vislumbre de um vermelho acastanhado, e soube, por momentos, que seu destino estava lá. Atado aos cabelos lisos e à armação azul.
Porque tudo o que desejava era voltar para casa, com a certeza de amar e ser amado; proposta alguma tiraria sua razão de si. Yuuri pertencia-lhe de forma perene, e, por fim, evidenciaria seu relacionamento ao mundo. Nada ou ninguém faria o homem que amava de mercadoria, não enquanto ele estivesse ali para impor-se e dar-lhe o que ninguém mais poderia. E não era a fortuna em seu nome, ou seus contratos de posse. Era, simplesmente, paixão.
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