floragois Flora Gois

Co-autoria: AuroraSann (OTAYURI) No dia da apresentação de Welcome to the madness, Yuri Plisestsky pensou ter perdido o seu melhor amigo e o rapaz pelo qual estava apaixonado secretamente. Entre idas e vindas da vida ele se vê sempre confrontando esse sentimento que apesar da passagem dos anos nunca passou e aumentou de uma forma inexplicável. Mas,Otabek Altin parece evita-lo de todas as formas possíveis mesmo as vezes parecendo que seus sentimentos são recíprocos.


Fanfiction Anime/Manga All public.

#YuriOnIce
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One

   Eu estava na posição final da apresentação, jogado ao chão. Meu coração batia rápido e minha respiração estava descompassada. O som da platéia era ensurdecedor, mas não era isso que prendia minha atenção. Meu rosto estava virado na direção de Otabek. Ele me olhava com sua costumeira expressão indecifrável, eu não podia saber o que se passava por sua mente ou o que ele sentiu com aquela apresentação. Estava surpreso pelas coisas que fizemos ali. Fechei os olhos e sorri, respirando profundamente.


   Os últimos dois dias haviam sido intensos, a forma única que ele lidava comigo e como ele cuidava de mim me fizeram me sentir especial. Em apenas dois dias o cazaque havia virado meu mundo de cabeça para baixo, me enchido de emoções que eu nunca sentira.


   Senti um calafrio pelo corpo quando lembrei da cena dele arrancando minha luva com os dentes, quem diria que nada daquilo havia sido ensaiado? Otabek deslizou pelo gelo vindo em minha direção e estendeu a mão para me ajudar a levantar. Dei um sorriso que não foi correspondido. Aquilo estava estranho. Segurou minha mão e agradecemos os aplausos.


   — Otabek...


   — Agora não, Yuri. - Me cortou no meio da frase, franzi o rosto diante daquilo. Que porra estava acontecendo? O moreno largou minha mão e seguiu em direção a saída do rique. Eu o segui.


   — Otabek, espera caralho. - o segurei pela mão quando chegamos ao corredor. — O que deu em você?


   — Yuri, me solta. Você está me atrapalhando. - Tentou puxar o braço, mas não o soltei.


   — Atrapalhando o quê? Otabek, para com isso. - Senti meus olhos arderem, porque ele estava me tratando assim?


   — Me deixe ir, vá atrás de Yakov, ele deve estar bravo. - Puxou o braço com força, me empurrando.


   — Otabek. Não faz isso. - Minha voz ficou embargada, eu odiava essas demonstrações de fraqueza, mas ele era meu único amigo, a pessoa pelo qual eu havia me apaixonado. O que fiz de errado?


   — Yuri, vá. - Me olhou nos olhos. — Já arrumou muito problema por hoje. - Deixou um beijo em minha testa e saiu.


   Fiz menção de ir atrás dele, mas minha visão foi tapada por um maldito casal de velhos grudentos.


   — Saiam da minha frente velhos, quero falar com Otabek. - Olhei por cima do ombro de Victor e pude ver o cazaque se encaminhando para a saída, sem nem olhar para trás.

Um nó se fez na minha garganta, o que estava acontecendo? Victor e Yuuri falavam coisas que eu não estava prestando atenção. Yuri Angels gritavam em minha direção e eu não erguia sequer a cabeça para cumprimenta-lás. Yakov veio possesso em minha direção, bravo por eu não ter cumprido a coreografia correta. Não respondi e não falei nada, minha cabeça apenas reproduzia ‘Otabek, Otabek’.


   2 anos depois


   Victor não parava no lugar, enquanto esperava ser chamado para o altar.


   — Careca, você vai furar o chão. - Me joguei no sofá da sala. Estávamos em uma propriedade linda, onde aconteceria o casamento de Victor e Yuuri. Muitas pessoas foram chamadas, inclusive ‘ele’, que não falou mais comigo desde o dia que dançamos juntos.


   — E se ele desistir, Yurio? O que eu vou fazer? - Cruzei os braços e o encarei.


   — Ele já passou alguns anos com você, se fosse pra desistir, teria feito a tempos. - O outro me olhou e se acalmou um pouco, indo arrumar a gravata pela trigésima vez.

Yuuri estava em outro ambiente, com o amigo de longa data Pichit. Chris chegou no quarto que estávamos e me liberou antes que eu jogasse um balde de água em cima do platinado que estava tendo uma crise histérica. Parti em direção ao local do casamento, era no jardim de um hotel fazenda, os velhos queriam algo quase mágico e a decoração realmente estava assim. Cumprimentei algumas pessoas. Cheguei no altar e sentei em uma cadeira ao fundo, esperando. Pessoas ainda chegavam, mas Otabek não estava ali. Mesmo depois de tanto tempo, só a possibilidade de vê-lo novamente, virava meu estômago do avesso. Vi Jean de longe e ele piscava para todos com a “esposa” a tiracolo. Revirei os olhos e olhei para os enfeites ao meu lado, um jarro de flores espalhafatoso. Assim que ergui o olhar, Otabek estava lá. Ele me olhava enquanto bebericava uma champagne. Meu coração deu um salto dentro do meu corpo, desviei o olhar e coloquei uma carranca no rosto. Mila chegou animada ao meu lado e se acomodou.


   — Ei, Yuri. - Olhei a ruiva que estava agitada.


   — O que foi, mulher? - Juntei as sobrancelhas.


   — Você viu quem está te secando desde que chegou? - Ela deu um sorriso malicioso.


   — Hã?! - Olhei para onde a mulher apontou com a cabeça e lá estava Otabek. Ele ria e conversava com alguns patinadores que não reconheci, mas me olhava de canto quase sempre. Aquilo me esquentou. — O que tem? - Desconversei.


   — Ora Yuri, vocês ainda estão sem se falar não é? Até quando isso vai durar? - Ela me olhou triste o que me deixou irritado - Vocês pareciam se dar tão bem.

Fiz uma careta e desviei dos olhos da ruiva.


   — Não importa, é melhor assim. - Voltei a mexer com as flores.


   O vaso não prendia a minha atenção, tentei olhar disfarçadamente na direção do cazaque. Porém, mais uma vez nossos olhares se encontraram. Senti meu rosto esquentar, mas sustentei o seu olhar. Haviam tantas perguntas que eu gostaria de fazer. Porquê havia se afastado de mim após aquela apresentação?


   A voz do juiz matrimonial dando início a cerimônia me fez voltar ao presente, quebrando assim o contato visual com o idiota que havia partido meu coração há dois anos atrás. O casamento ocorreu sem imprevistos, Victor e Yuuri entraram juntos no jardim, de mãos dadas como sempre, cada um segurava um buquê de rosas azuis.


   Haviam optado por usarem ternos brancos. Yuuri chorava copiosamente, o que não me surpreendeu, vindo do porco japonês. Victor estava com seu enorme sorriso em forma de coração, mas também chorava. Pareciam dois idiotas, idiotas imensamente felizes.


   A cena era de certa forma emocionante, o casal agora no altar, embaixo de um arco coberto por flores brancas e azuis, ao fundo a luz do crepúsculo os cercava dando uma atmosfera única e especial para aquela cena. Se iniciou as trocas de juras de amor, Yakov tentava disfarçar o choro junto de uma Lília sorridente. Os Katsuki choravam de emoção também, casais que estavam presente sorriam e apertavam a mão ou o braço do parceiro.


   Senti um nó na garganta, eu era um espectador antigo do desenvolvimento daquela relação entre o careca e o porco, era algo que eu secretamente invejava. Esse amor incondicional, a parceria, demonstrações de afeto, mesmo que simples, um dia eu teria isso? Instintivamente olhei na direção do homem que um dia julguei que seria essa pessoa para mim. Otabek me olhava com uma expressão triste, mas ao perceber minha atenção em si logo vestiu sua máscara de indiferença, senti um incômodo no peito e voltei a olhar o casal de noivos.


   Ergui o queixo e assisti o casamento sorrindo. Algumas lágrimas escorreram, porém eu não admitiria a ninguém. Assim que Victor e Yuuri selaram os lábios, houve uma chuva de arroz até ambos chegarem ao final do tapete vermelho. Assim que os recém casados saíram de vista, os organizadores começaram a indicar aos convidados onde seria o jantar e a festa. Mila passou por mim e foi correndo em direção a alguns patinadores que já estavam de saída. Pensei em me juntar a ela, porém ao ver Otabek com eles, voltei atrás. Me sentei novamente próximo ao altar e fiquei despedaçando algumas flores. Estava tudo bem, porque ele tinha que me olhar? Percebi o local vazio então resolvi seguir para a festa.


   — Yura? - Assim que me levantei, aquela voz me congelou. Comecei a marchar para longe, mas tive meu braço segurado.


   — O que você quer, Otabek? - Virei de forma brusca, fazendo com que nossos corpos ficassem próximos.


   — Você está me evitando? - Soltei um riso de deboche e olhei o moreno que falava sério.


   — Não fui eu que saí sem falar nada. Não foi eu que fiquei dois anos evitando qualquer contato. - Cruzei os braços e a mão quente do moreno não me deixou.


   — Aconteceram algumas coisas, Yura. - O mais velho se aproximou, me tirando do eixo e fazendo minha compostura quase falhar. — Você não entenderia.


   — Que coisas, Otabek? - As orbes negras se aproximam dos meus olhos, me fazendo abrir a boca em protesto, mas nada disse.


   — Posso te beijar? - Senti minhas pernas bambearem. Ele se aproximou mais.


   — Por que? Depois de tudo isso você ainda… - Fui interrompido por um beijo. O gosto de whisky se fez presente.


   As mãos de Otabek desceram dos meus braços para a cintura, me puxando contra seu corpo. Senti sua língua invadir minha boca, então me permiti fechar os olhos e abracei o pescoço do outro. Perdi a noção do tempo ou do espaço. Não sei quanto tempo ficamos nos beijando e trocando arfares.


   — Yuri, Victor está te procurando. - Uma voz nos fez romper o beijo, porém não olhei de onde vinha.


   Otabek me olhou assustado e soltou minha cintura em um pulo. Se desvencilhou dos meus braços, me deixando confuso. Juntei as sobrancelhas em dúvida e ele abaixou a cabeça.


   — Não podemos, é errado. - Começou a dar passos para trás. - Me desculpe, Yura. - Olhou meus olhos e saiu a passos rápidos.


   Olhei quem me chamava e pude ver Chris com um olhar de compaixão. Abaixei minha cabeça e fui ao seu lado. O loiro passou a mão pelo meu ombro e seguimos em direção a festa. Olhei para trás no caminho, porém Otabek não estava mais lá.


               3 anos depois


   Eu estava mais uma vez conferindo minha aparência no espelho, não era necessário. Porém, eu me sentia inseguro, meu cabelo agora chegava na altura da cintura, finalmente eu havia crescido e deixado de ser aquele rapaz com feições delicadas e de baixa estatura. Os vinte anos me fizeram bem, mas não era esse meu foco no momento.


   Eu estava no ápice da minha carreira como patinador, com quatro medalhas de ouro e uma de prata no mundial. Com isso agora eu começaria meus treinos para o próximo GP aqui no Canadá, eu queria estar feliz, mas havia acabado de receber uma mensagem de Victor, que agora era meu treinador já que Yakov havia se aposentado. O careca me avisou que ele também estaria treinando aqui nessa temporada.


   Após três anos, eu teria que bater de frente com uma inevitável convivência com Otabek Altin. Pensar nisso fez sentir uma pontada no coração, a cena dele me dando as costas no casamento dos velhos ainda me machucava de uma forma inacreditável. Mesmo após tantos anos eu ainda não conseguia entender o que o cazaque via de errado no que poderíamos ter. Senti minha garganta secar.


   Eu tentei superar o amor não correspondido de todas as formas que um jovem de dezessete anos consegue imaginar. Fui para festas e boates e bebi mais do que estava acostumado, acordei em camas de desconhecidos. Até mesmo tentei me aventurar em um relacionamento com uma garota e depois com um homem, os dois terminaram de forma desastrosa. Ninguém havia apagado as marcas que ele deixou em mim. Ninguém se comparava a Otabek para mim.


   Suspirei frustrado e me olhei novamente no espelho. Por que fui aceitar isso? Prendi o cabelo agora longo e arrumei a jaqueta esportiva. Havia crescido bastante, comparado ao que eu era quando dancei com Otabek. Talvez eu estivesse maior que ele. Fechei o rosto e saí do vestiário, seguindo para o ringue que frequentaria a partir de agora. Passei entre alguns patinadores novos e todos me olhavam. Murmúrios e vozes baixas. Ignorei tudo e ergui o queixo. Algumas pessoas já estavam se aquecendo no gelo, e para o meu azar, o moreno era um deles.


   Ele estava tão perfeito quanto antes, melhor mesmo que as fotos que postava. O moreno preparava para um loop. Quando passou ao meu lado, me percebeu, errando a preparação e fracassando o salto, beijando o chão. Soltei um sorriso vitorioso e tirei as proteções do patins, entrando no gelo em seguida. Saí em ziguezague, na direção do meu novo treinador. Minha bunda ficava marcada nessa nova calça e fiz questão de exibir isso para todos que estavam ali. Ah, dessa vez ele não me escapava.


   O treino corria bem, com poucos erros, o que era esperado de um campeão. A todo o momento, o mais velho prendia os olhos em mim. Como se fosse gasolina em fogo, isso apenas me provocava, fazendo com que eu tivesse vontade de atiçar o cazaque. Toda vez que Otabek iria saltar ou fazer algo que exigia concentração, eu o encarava, erguia a sobrancelha desafiando e levava um dedo a boca. Ele não aguentava e acabava cambaleando, recebendo gritos e broncas. Era divertido, ao final de contas.


   Assim que ele e o primeiro grupo de patinadores fizeram o primeiro circuito, foi minha vez. Passei pelo moreno quase o esbarrando. Me posicionei no meu lugar e iniciei as ordens de Victor. Giros, saltos, movimentos rápido e nenhum olhar direcionado àquele homem. Eu podia sentir os olhares em mim, até mesmo de quem estava treinando ao meu lado.


   Uma hora depois, o treino foi dado como encerrado. Segui em direção a arquibancada, pegando minhas coisas para partir em direção ao vestiário. Percebi o homem dos meus sonhos se aproximando, porém vesti minha melhor máscara de indiferença.


   —Oi Yura. - O moreno se aproximou com a costumeira face inexpressiva. Yura? Sério que ele ainda tenta? Acabei vestindo carranca sem perceber. Coloquei as proteções do patins e saí marchando em direção ao vestiário.


   Quem esse homem pensa que é pra depois de anos chegar com “Yura”. Bufei e tirei os cadarços com força. Outras pessoas adentraram o local, incluindo ele. Voltei a guardar minhas coisas, ignorando a aproximação do outro.


   —Oi, está frio hoje, não? - Juntei as sobrancelhas e olhei indignado o homem sentado ao meu lado no longo banco de madeira envernizada.


   —Como? - As orbes escuras me encararam, fazendo um arrepio subir minha coluna.


   —Não acha que está frio? - Ergueu uma sobrancelha. Ele estava falando sério? Não é possível.


   — Você está brincando com a porra da minha cara? — Ri com a ironia da situação.


   —Eu... Não Yura! - Ele levantou uma mão se aproximando de mim, mas pareceu mudar de ideia deixando cair.


   — Cinco anos sem falar comigo, seu merda. E você vem falar da porra da temperatura? — Me levantei, meu corpo inteiro tremia de raiva.


   —Me desculpe, Yura. - Me olhou um pouco assustado. — Eu não pude falar com você.


   — Ah claro, ia pegar alguma doença contagiosa se aproximando de mim?


   —Não é isso, espera! -Segurou meu pulso, porém o olhei enfurecido, fazendo o largar. —Me desculpa.


   — Eu não quero escutar você, caralho! Sua chance foi a três anos atrás. — O olhei tomado pelo ódio afastando-me dele. Peguei minhas coisas e dei as costas a Otabek. Meu coração parecia querer sair pela a boca, sentia meu corpo inteiro frio, eu suava frio.


   Corri mais rápido que pude para a saída, ignorando os gritos de Otabek e Victor.



2 semanas depois.


   Mais uma sexta feira e os treinos apenas me destruíram. Quase todos os dias, Otabek tentava se aproximar de mim, o que me tirava do eixo e me fazia ficar com os nervos à flor da pele. Por que eu não consigo simplesmente ignorar esse homem? O treino foi finalizado com muito esforço, ouvi alguns gritos e reclamações de Victor.


   — Você nunca fica satisfeito com nada? Velho maldito. — Reclamei enquanto arrumava minha bolsa para ir embora, eu só precisava beber um pouco essa noite. Victor se caminhava em minha direção reclamando e gesticulando.


   —O que está acontecendo com você, Yurio? Desde que ocorreu aquilo com Otabek, você está perdido. - Mantive o olhar fixo no chão, ele não precisava saber o quanto isso está me afetando.


   — Cala boca, velho. Não sabe do que está falando.-- Fechei a bolsa e me levantei a colocando nos ombros, passaria em casa e depois seguiria para um bar encher a cara.


   —Sei muito bem! Preste atenção Yurio, não viemos brincar! Coloque a cabeça no lugar e se resolva com o seu namorado de uma vez. - Saiu andando me deixando com a boca aberta para trás.


   Namorado? Se eu matasse esse velho maldito agora o Porco ficaria com raiva? Sai no local reclamando, aproveitando que nesse momento Otabek ainda estava treinando e não tentaria me parar com suas tentativas falhas de puxar assunto. Cheguei no meu apartamento logo depois, já que era um local simples que eu havia alugado para essa temporada e próximo de onde eu treinava.


   Tomei um banho com calma, com uma água quente que ajudaria a me relaxar. Escolhi uma calça jeans preta e justa ao corpo, ela tinha alguns detalhes de rasgos no joelho e na coxa. Peguei uma blusa raglan preta com estampa de onça nos braços.Me olhei no espelho dando um sorriso satisfeito com o resultado, optei por deixar o cabelo solto mas prendendo do lado esquerdo atrás da orelha. Amarrei meu coturno e peguei o essencial para sair do apartamento. Essa noite eu beberia até esquecer dos meus problemas e do constante incômodo na minha cueca.


   Saí do apartamento animado, através do google, achei uma boate LGBTQ+ maravilhosa e era lá que eu encontraria o que eu queria. Vitor me mataria por estar bebendo perto de competição, porém fazer o que? Cheguei ao local que já estava lotado. Hoje era uma festa em que davam shots de tequila na pista de dança, para a minha felicidade.


   Em certa altura da noite, perdi a conta de quanto estava bebendo. Não tinha conseguido beijar ninguém corretamente, os olhos negros invadiam minha cabeça e me faziam parar tudo. Esfreguei meus olhos e segui para o bar, pedindo dose de alguma bebida forte. O homem atrás do balcão me entregou a bebida que foi ingerida em um segundo, fazendo minha cabeça rodar.


   —Saí da minha cabeça, maldito! - Falei baixo e peguei o celular, discando o número 2 da lista de favoritos. —Alo? Vitor me passa o endereço daquele ridículo? - Solucei um pouco entre a frase.


   —Yurio? Você bebeu? - O mais velho falou em tom sério.


   —Óbvio que não, velho! Agora se você quiser que eu treine certo, me passe esse maldito endereço! - O outro respirou fundo e deixou o celular em silêncio.


   Vitor me passou o endereço, dando motivos para eu deixar a festa.



Otabek Pov


   Olhei o relógio do celular, ele marcava 3 horas da manhã. Suspirei frustrado passando a mão pelo rosto, eu deveria estar descansando, precisava melhorar meus rendimentos nos treinos, mas Yura não saia da minha cabeça. Me caminhei em direção a cozinha do apartamento, precisava de remédio para dor de cabeça, havia pegado a caixinha e o copo de água, mas a campainha de repente tocou. Quem viria aqui a essa hora? Franzi o rosto e me caminhei para o olho mágico.


   Quando constatei quem estava na porta com um rosto furioso senti meu coração apertar e minhas mãos suarem.Abri a porta lentamente.


   — O que faz aqui Yura? — O loiro cruzou os braços e me lançou uma expressão de raiva.


   —Vim te matar. - Franzi o cenho e ergui uma sobrancelha em seguida. —Mentira, mas some da minha cabeça!


   —Do que você está falando, Yura? — Olhei com mais atenção para o estado do russo, ele estava um pouco descabelo e cheirava a álcool. Porém, mesmo assim ainda me parecia exageradamente lindo. Até com sua ameaça ridícula.


   —Você ainda me pergunta? Qual o teu problema? - Colocou a mão na cabeça e cambaleou no lugar. — Não aguento mais! Foram anos, Otabek! Anos! E você não sai da porra da minha cabeça!


   Tentei conter a vontade que eu tinha de sorrir com o que o loiro acabará de admitir, se eu sorrir, aí sim eu serei um homem morto. Olhei para o corredor onde Yura fazia esse escândalo de madrugada, o puxei pela mão o obrigando a entrar no apartamento logo trancando a porta.


   — Você está a poucas semanas de uma competição importante, não deveria ter bebido assim. — O de orbes verdes me encarou fazendo uma expressão chorosa.


   —Isso é culpa sua! Eu não consigo mais treinar, homem maldito! - Fez bico e vi os olhos verdes marejarem.


   — Não chora, Yura. — Me aproximei devagar puxando o loiro para um abraço, encostei o rosto no seu cabelo. — Eu estou aqui agora.


   —Você vai me deixar de novo, igual sempre faz! - Ele começou a chorar compulsivamente, senti seu corpo tremendo com os soluços. Pela segunda vez Yura abaixava suas defesas para mim.


   — Eu estou aqui agora- Suspirei. — E não pretendo mais ir embora. Agora vem aqui, precisamos cuidar de você.


   —Por que você sempre some? E tão horrível assim conviver comigo?


   — Vem comigo Yura, tome um banho e durma. Amanhã responderei todas as suas perguntas.- O outro tentou se desvencilhar mas acabou concordando.


   Pedi para que o loiro retirasse a roupa suja e fui atendido. Yuri se livrou da camiseta e da calça, me olhando corado em seguida.


   —Fica com a cueca se te fizer mais confortável, Yura. - O loiro acenou positivamente e tirou as meias.


   Joguei minha camiseta de lado e segui em direção ao banheiro com um bêbado nos braços, ele estava um pouco maior do que eu, mas ainda dava para carregá-lo facilmente. Coloquei o homem cambaleante sentado sobre o vaso sanitário enquanto enchia a banheira com água quente. Yuri estava a poucos minutos de apagar totalmente, não poderia deixar ele sozinho na banheira.


   O banho foi dado com dificuldade, já que pouco tempo depois de eu lavar seu cabelo, ele apagou. Acabei por tendo que trocar a cueca de oncinha por uma limpa e seca. Coloquei uma camiseta minha no corpo magro e ouvi um resmungar do outro. Segui com o corpo apagado para minha cama, o colocando com certa dificuldade. Me abaixei ao lado da cama, massageando a bochecha corada pela temperatura da água.


   —Ah, Yuri, você é tão lindo, sempre foi tão lindo. - Suspirei e segui para o seu lado na mesma cama.


   Apaguei a luz e abracei o corpo quente, deixando o sono me levar para o mesmo lugar que Yuri estava.


Yuri Pov


   Senti um peso sobre a minha barriga, alguém estava com o braço em volta de mim. Essa era a pior parte de passar a noite na cama de um desconhecido, a maldita hora de sair. Abri meus olhos para ver quem eu havia passado a noite e que teria de ser dispensado em seguida.


   Caralho.


   Otabek estava dormindo com o rosto um pouco próximo de mim, eu podia ver perfeitamente a barba para fazer que estava nascendo em seu rosto, o cabelo bagunçado e a expressão relaxada que seu rosto apresentava. Era o braço dele que estava em cima da minha barriga, apertando um pouco minha cintura, olhei para baixo e constatei que a blusa que eu usava não era minha, nem o local onde eu estava me era familiar.


   —Oh, caralho! Não posso ter finalmente dormido com ele e não lembrar de nada.


   —Yura? Acordou? - Ele abriu os olhos me encarando, mas se mantinha sério. Como esse desgraçado mesmo com remela no olho conseguia ser tão fodidamente sexy?


   — Eu fiz besteira não foi? Eu não deveria estar aqui. — Passei a mão pelo rosto, ainda estava deitado na cama dele, mas sentia minha cabeça um pouco pesada.


   —Calma, vamos conversar. - Me levantei, senti um braço envolver minha cintura me prendendo no lugar, minha respiração falhou quando senti Otabek encostar a testa nas minhas costas.


   —O que você está fazendo, Otabek?


   — Me desculpe por ter sido covarde esses anos todos, Yura. Eu só queria proteger você. — Senti meu corpo ficar tenso, o que diabos era isso? — Me perdoa por favor, não vai embora.


   —Me proteger? Como me proteger, Beka? - Senti minhas pernas bambearem.


   -- Você é da Rússia e eu do Cazaquistão, você sabe o que aconteceria se assumisse um relacionamento homossexual. Ainda mais quando eramos menores de idade. - Ouvi a voz dele falhar. —Sempre fomos figuras públicas, você ouviria e lerias comentários maldosos de todos os lugares. Poderia até mesmo perder patrocínios, e a patinação sempre foi sua vida.


   —Eu… - Senti um peso cair sobre mim naquele momento. Ele sempre esteve me protegendo?


   — Eu te amo, Yura. Sempre amei. — Senti os braços dele me apertarem com mais força.


   — Beka, eu… Me desculpe. -Comecei a sentir as lágrimas correrem pelo meu rosto corado. Me afastei um pouco de seus braços e me virei de frente para o moreno, ele estava ajoelhado na cama com uma expressão neutra, mas lágrimas escorriam pelo seu rosto.


   — Yura, não vá. — Dei um sorriso de lado, e me aproximei dele. Passei as mãos pelo seu rosto com calma limpando suas lágrimas. Aproximei meu rosto do seu e encarei as orbes negras que tanto amava, beijei seus lábios com calma, dando tempo dele registrar tudo que estava acontecendo, da decisão que eu estava tomando.


   Otabek me olhou um pouco assustado mas acabou sorrindo, o que me derreteu.


   —Podemos terminar o que começamos no casamento do velho com o porco? — Falei e o moreno me puxou pela cintura.


   Começamos a nos beijar lentamente, mas isso não durou muito. Foram anos cultivando esse sentimento e desejando essas sensações. Rompemos o beijo afobado e nos encaramos. Segurei o mais velho pelos ombros e o empurrei, fazendo-o cair deitado. Subi sob o corpo musculoso do outro e o vi sorrir.


   — Você não tem ideia do quanto eu já me segurei, Yura. - Me puxou pela cintura para mais perto de si, afundando a mão no meu cabelo.


   —É ? Agora não precisa mais, pedaço de mal caminho. - Vi um sorriso malicioso aparecer no rosto alheio.


   Senti meus fios serem puxados levemente e abri a boca, arfando e convidando o outro para um beijo. O gosto de Otabek não mudou durante todos esses anos, ainda me causava arrepios. Senti as mãos do moreno escorregarem de minha cintura para minha bunda, apertando e fazendo nosso corpo roçar. Suspirei e segui beijos para o maxilar. O par de mãos continuou o caminho, indo para a coxa e se fixando ali com as unhas, me arrepiando. Mirei o pescoço do Otabek, dessa vez, todos saberiam que ele era meu. Comecei a morder e puxar, arrancando gemidos e uns arranhões do mais velho. Aquelas marcas durariam semanas.


   —Ahn Yura! Não faz assim! - Parei a sessão de marcas e olhei o mais velho que mantinha um olho fechado e o outro semi aberto.


   —Hm, não pode? - Os olhos de desejo do outro se abriram e um sorriso maldoso surgiu.


   —Lógico que pode, mas agora é minha vez. - Sorri e tirei o cabelo do meu pescoço, dando espaço pro outro, porém Otabek sorriu e negou com a cabeça.


   Ergui uma sobrancelha e senti as mãos do maior deixarem minhas coxas. Logo um barulho estalado foi ouvido, tirando o ar do meu pulmão e me fazendo gemer. A mão esquerda fez questão de fazer o mesmo caminho, espalmando a outra banda da minha bunda. Abaixei meu tronco, respirando perto do ouvido do outro e empinando minha bunda. Outro tapa e soltei um gemido.


   — Que sorte que você não treina amanhã, Yura. - Começou a beijar e chupar meu pescoço. —Muita roupa, gatinho. - Sorri e ergui meu corpo para tirar a blusa, me exibindo para o moreno.


   Otabek levantou o tronco, começando a beijar meu corpo. Lambia e mordiscava meu abdômen. Seguiu um traço molhado até meus mamilos, me fazendo estremecer com o toque. Eu já não segurava nem um som, gemendo com os fios negros curtos presos em minhas mãos. Olhei para baixo e o par de olhos escuros me encaravam junto de um sorriso malicioso. Mordi a boca e puxei a cabeça do outro pelo cabelo para iniciar um beijo faminto. Rompi o beijo puxando o lábio inferior de Otabek que sorria.


   —Eu sempre quis isso, Beka. - Mirei os olhos brilhantes e voltamos a nos beijar.


   As mãos de Otabek serpentearam minhas costas e se embrenharam no meu cabelo, puxando com força.


   --Ahn! Porra! - A boca quente seguiu para o meu pescoço, iniciando chupões e mordidas.


   Gemia a cada mordida dada pelo outro, com certeza, haveriam marcas em mim também. Tudo foi interrompido de supetão e tive meu corpo jogado na cama. Pude ver o corpo do moreno inteiro e céus, o tempo fez bem para ele. Não tive tempo de ficar admirando, já que fui virado de bruço na cama. Senti a ereção de Otabek roçar minha bunda, arrancando um gemido arrastado de mim. Senti o peitoral do mais velho colar nas minhas costas e uma respiração descompassada no meu ouvido.


   — Empina para mim, Yura. - Um choque passou pela minha coluna, fazendo com que eu obedecesse de prontidão.


   Subi meu quadril, fazendo com que nossos corpos se esfregassem. As mãos de Otabek passearam pela minha coxa, indo em direção a cueca, que foi arrancada lentamente. Gemi arrastado sentindo meu membro preso ser liberto. O moreno começou a morder e chupar meu ombro, descendo em direção a minha lombar.


   —Beka, me chupa? - virei minha cabeça e pedi para o mais velho que parou tudo que estava fazendo.


   — Oi? - Um sorriso surgiu no rosto alheio.


   Me chu… - Não consegui terminar a frase, já que um tapa estalado foi dado em mim.

   

   —O que você quer, Yura? - Agarrei o travesseiro.


   — Por favor, Beka. - Outro tapa. Sentia minhas pernas bambearem.


   O corpo do outro patinador se afastou do meu exposto. Senti a cama se mover sem o peso do outro e ergui a cabeça. O moreno estava na beirada da cama, tirando a cueca lentamente e me olhando. Apertei mais o travesseiro e ameacei a sair da posição que estava, mas a mão morena me segurou no lugar.


   —Onde você vai, gatinho? Ainda não acabei aqui. - O rosto do maior se aproximou de mim, mordiscando meu quadril.


   Senti a boca quente fazer caminho até minha coxa, seguindo para meu membro que pulsava. Otabek lambeu da cabeça até a base, se dedicando a massagear minhas bolas com a língua. Gemi arrastado, porém fui surpreendido pela língua do outro subindo meu períneo. As mãos grandes abriram minha bunda, dando espaço para o que o outro queria.


   —B-Beka! - Coloquei minha mão sobre a do moreno que lambeu minha entrada, me fazendo soltar um grito abafado.


   A língua quente circulava minha intimidade, fazendo meu corpo tremer. Senti a carne molhada adentrar levemente e quase despenquei. Levei minha mão esquerda para meu membro que pingava. Comecei um movimento lento enquanto Otabek se deliciava com minha entrada.


   -Ahn, Beka, continua! - Senti meu orgamos chegando, me fazendo tremer. Para piorar, o moreno chupou com força, me fazendo gozar antes mesmo do esperado. -Puta que pariu, que boca é essa? - Falei mole, despencando na cama.


   Encarei o cazaque e desci os olhos, algo estava pingando e latejando.


   —Minha vez. - Puxei o outro pelo braço e o joguei na cama.


   —Yura, se você não quiser, não precisa. - Encarei o outro e revirei os olhos.


   —Só geme, Beka. - Tentei prender o cabelo, porém foi um fracasso.—Segura isso. - Puxei a mão do outro e fiz segurar minhas madeixas.


   Desci beijos pelo peitoral do outro, percebendo como o músculo se contraia conforme minha língua passeava pelo abdômen. Segurei o falo pulsante do Otabek na mão e comecei uma masturbação lenta. O vi fechando os olhos e jogando a cabeça para trás. Passei a glande pelos lábios, vendo as pernas do moreno estremecerem. Sem aviso prévio, engoli toda a extensão, sentindo meu abdômen contrair em reação ao membro grande.


   —Porra, Yura! - Senti a mão que segurava meus fios ficar mais firme.


   Comecei um boquete molhado, fazendo o outro gemer e murmurar coisas desconexas. Abandonei o membro para minhas mãos e segui para as bolas, chupando levemente.


   —Yura, eu vou gozar. - Tentou puxar minha cabeça para longe, porém eu engoli o membro do outro novamente, o fazendo jogar o corpo para frente, se afundando mais na minha cavidade úmida.


   Por mais que o gosto seja ruim, engoli sem protestos. Subi pelo corpo do cazaque engatinhando e iniciei um beijo lento, fazendo o outro sentir o próprio gosto.


   —Você é uma delícia, não acredito que passei tanto tempo sem isso, Yura. - Sussurrou no meu ouvido. Sorri e comecei a rebolar na ereção que voltava a se formar no corpo abaixo de mim.


   —Sabe, Beka, eu queria sentir você dentro de mim. - rebolei para frente e para trás, estimulando o membro que já estava duro.


   —Como quiser, senhor. - Otabek me tirou do colo e seguiu para o banheiro para pegar camisinha.


   Me sentei na cama e afastei minhas pernas para começar a me preparar. Assim que o moreno retornou com uma embalagem de lubrificante e camisinha já colocada, se chocou com a minha cena.


   — Alguém está com pressa. - sorriu e engatinhou em minha direção.


   —Pressa eu estava a três anos atrás, já não sei o que é agora. - O empurrei na cama, subindo e o beijando. — Preciso te sentir.


   Peguei o lubrificante e derramei na mão do moreno, a guiando para minha entrada. Senti o moreno inserir dois dedos sem dificuldade e fazer movimentos em tesoura para me preparar.


   —Ok, chega. - Retirei a mão do outro e segurei o membro alheio, posicionando-o na minha entrada.


   Respirei fundo e deixei meu corpo descer, sentindo Otabek me preencher lentamente. Gemi quando tudo foi colocado. Não esperei muito e comecei a me mover, apoiando minhas mãos no peitoral do outro. Minhas pernas erguiam e abaixavam meu corpo sem dificuldade, fazendo Beka atingir cada vez mais fundo.


   — Ahn, Yura, isso é tão bom! - As mãos alheias se fixaram na minha cintura, me fazendo voltar com mais força.


   Subia e descia numa velocidade constante. Sentia meu corpo tremer toda vez que Otabek atingia minha próstata. Comecei a sentir um arrepio percorrer meu corpo e choraminguei.


   — Beka, mais forte! Ahn! — finquei as unhas no peitoral do moreno, o fazendo segurar mais firme na minha cintura e foder mais forte.


   Parei de quicar e comecei a mexer meu corpo para frente e para trás, fazendo com que o membro alheio massageasse meu interior. Senti meu abdômen começar a contrair involuntariamente.


   —Beka, eu vou gozar. - Encarei as orbes negras. Fui puxado pelo braço para um beijo afoito.


   —Goza comigo, Yura. - Otabek fixou os pés no colchão e começou a estocar mais forte, me fazendo estremecer.


   Mais algumas estocadas e me derramei, apertando o membro do outro e mordendo sem ombro. Otabek começou a me beijar e logo gozou, gemendo na minha boca. Nos beijamos intensamente enquanto os hormônios pós orgasmo passeavam sob nosso sangue.


   Eu me deitei no peitoral do meu cazaque e fiquei fazendo círculos em sua pele, me sentia exausto e até mesmo um pouco dolorido. Porém, não me arrependia de nada, eu estava onde queria, nos braços de que eu queria e amava.


   — Beka?


   — Sim?


   — Nunca mais ouse ir embora. — Levantei o rosto fixando meus olhos nos seus. — Vamos enfrentar o que for juntos, não me obrigue ir atrás de você e te dar uma surra. — O moreno soltou uma risada e deu um beijo na minha testa.


   — Sou todo seu, Yura. — Dei um sorriso sincero com aquela afirmação. — Vai namorar comigo ou não?


   — Precisa perguntar ainda? — Beijei o homem que a anos virava meu mundo do avesso, o meu primeiro amigo. O meu primeiro e último amor.

Feb. 24, 2018, 10:37 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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Flora Gois Gosto de usar a escrita como terapia.

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