loryroux Lory Roux

Sasuke e Naruto eram muito diferentes. Desde pequenos tinham personalidades distintas, mas isso nunca os impediu de estarem juntos, dividindo o mesmo céu. Agora, Sasuke teria que lidar com uma notícia que abalava todo o seu universo. Afinal, não era todo dia que o seu melhor amigo - e amor secreto - decide se casar.


Fanfiction All public.

#Naruto #Naruto/Sasuke #Yaoi
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Eclipse

Olaaa

Essa oneshot é baseada na música Convite de Casamento. Fiz pra um desafio e to expondo aqui. Espero que gostem <3

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Sasuke se lembrava muito bem do dia em que falou com Naruto pela primeira vez.

Assim como qualquer coisa ligada ao loiro, cada pequena parte das ocasiões que tinham passado juntos ficava muito bem gravada na memória do Uchiha, como se fosse marcada a ferro quente.

Foi no curto cais do lago de Konoha que os dois trocaram o primeiro olhar enviesado. Os dois já tinham se visto diversas vezes, afinal, moravam na mesma rua desde que nasceram, mas tinha alguma coisa… Algo na energia dos dois que impediu que se falassem até aquele momento. Se encaravam de longe quando percebiam que o outro não estava olhando, admirando secretamente o modo como se comportavam de maneiras tão diferentes.

Naruto era como o raiar do dia, alegre, espontâneo, escandaloso, caloroso. Sua voz rouca e seus passos atrapalhados eram divertidos e animados e Kami bem sabia como aquilo parecia aos olhos de Sasuke. Era um exagero, em sua concepção. A própria existência de Naruto lhe parecia um completo extremo de sentimentos genuínos do qual não conseguia desviar o olhar.

A menos, é claro, quando percebia que o outro olharia pra si, o que acontecia com alguma frequência.

Afinal, para o loiro, aquele jeito tão retraído e calado de Sasuke, junto aquele queixo fino erguido e o nariz arrebitado arrogante lhe davam nos nervos. Sasuke era tão indiscutivelmente metido e… Tão irritantemente legal. Aquele jeito inalcançável dava a ele um ar descolado e, diferente do Uzumaki, que passava o dia brincando descalço na rua, todo sujo e suado, Sasuke estava sempre bem vestido e tomava cuidado para não se machucar ou se sujar.

Fresco.

Se Konoha fosse o céu, imenso e infinito, os dois seriam completos opostos, ainda assim. Naruto seria o sol e Sasuke a lua. Dividiram o mesmo céu sem nunca se cruzarem de fato, a menos que ocorresse eclipse.

E claro, esses fenômenos aconteciam vez ou outra.

Naquele dia, no cais, por exemplo. Foi a primeira vez que os dois se olharam ao mesmo tempo e decidiram não desviar. Não sabiam porque nunca tinham se falado antes e, como se fosse muito normal, Naruto foi até lá se sentando ao seu lado, sendo tão invasivo como os raios solares.

E Sasuke se deixou iluminar.

Depois daquele dia dificilmente se separaram. Naruto, quando fazia amizade com alguém, era muito insistente em manter contato, mas tinha algo especial no Uchiha. Talvez fosse o fato de terem se analisado de longe por tanto tempo, mas aquele vínculo tornou-se forte rapidamente.

Os dois garotos eram competitivos e aquilo os fez crescer numa espécie engraçada de amizade e rivalidade que poderia ser mal interpretada por quem visse de fora. Era sempre uma briga seguida de sorrisos divertidos, porque os dois gostavam que fosse daquele jeito. A vontade de superar um ao outro demonstrava reconhecimento e confiança e ambos se entendiam daquela forma.

Não se importavam com o que os outros achavam, até que aquilo se tornou comum para seu círculo de amigos. Naruto e Sasuke eram daquele modo, intensificando seu brilho natural quando estavam juntos porque havia algo de muito precioso na companhia.

E a presença era algo cada vez mais essencial.

Enquanto os anos se passavam deixando a infância pra trás, foi quando as coisas começaram a mudar. A adolescência trouxe os hormônios, o surto de crescimento, a mudança de voz, as espinhas e o desejo. E Sasuke, como bom antipático que sempre foi, permanecia em seu pedestal de intocável a qualquer uma que o quisesse, mantendo por perto uma única pessoa que realmente fazia diferença.

Acontece que Naruto não pensava desse jeito. Enquanto Sasuke estava indiferente a quantidade de beijos trocados que os amigos davam, Naruto se sentia cada vez mais enraivecido por ainda não ter acontecido consigo. Bobagem, o Uchiha repetia para si mesmo. A verdade era que muitas garotas queriam ficar com Naruto e Sasuke sabia que também era alvo dos mais recentes desejos adolescentes das meninas que conheciam. Mas havia vergonha, insegurança e algum tipo de acordo entre garotas sobre admirar a beleza a distância juntas e esperar o momento em que o destino resolvesse presenteá-las com o doce sabor dos lábios de algum dos dois amigos.

E o palco para aquela oportunidade foi no aniversário de Kiba.

Era verão, o clima quente tomava a casa do Inuzuka quando decidiram fazer aquela brincadeira boba. O jogo da garrafa parecia perfeito para que tivessem a oportunidade de ficarem com quem queriam. Sasuke não queria brincar. Precisou ser arrastado por Naruto que sempre o convencia a fazer aquelas coisas estúpidas. Sentaram-se na rodinha e o loiro sorria. O Uchiha podia ver a expectativa nos olhos das meninas ao olhar para os dois. Se alguma delas conseguisse ficar com algum deles, exibiria os lábios como se mostrasse um troféu. Um orgulho infantil pelo fato de ter trocado saliva com alguém que mal conhece.

A garrafa foi girada. Naruto estava ansioso. Ainda não tinha chegado a vez dele girar e nem teve a garrafa apontada pra si nenhuma vez. Viu algumas pessoas trocarem selinhos e puxou a respiração, nervoso quando o objeto chegou em suas mãos.

Apoiou-se nos próprios joelhos enquanto girava a garrafa. O coração acelerou esperando quem teria que beijar. Mas não esperava que a ponta direcionasse para seu lado. Seu alvo era Sasuke. Os dois garotos recuaram, em surpresa. Ok, aquilo não estava nos planos, nem mesmo tinha passado pela cabeça deles.

Deixa eu girar de novo – o loiro pediu.

Não – Kiba riu – Saiu, tem que beijar.

Porra, Kiba…

Para de palhaçada, é só um selinho – o aniversariante falou.

Naruto olhou para Sasuke, como se pedisse permissão. Se o Uchiha não quisesse, não insistiria, mas para sua surpresa tudo que o moreno fez foi revirar os olhos e dar de ombros. Bem, por essa não estava esperando. Naruto voltou ao lugar, ao lado de Sasuke. Ainda estavam sentados e assim ficariam porque já seria vergonhoso terem que se beijar. Céus, eram melhores amigos e eram dois rapazes.

Naruto puxou a respiração enquanto apoiava as mãos nos joelhos do moreno. Sasuke permaneceu imóvel quando viu os olhos azuis se fecharem e o rosto se aproximar do seu. A boca rosada e cheia estava entreaberta e isso foi tudo que o Uchiha viu antes de fechar os olhos e receber o selo.

Macia.

A boca de Naruto era extremamente macia e quente. Podia jurar que tinham ficado com os lábios colados por longos minutos, mas sabia que não tinha durado nem um minuto inteiro. No entanto, a sensação dos lábios formigando perdurou por aquela noite inteira e pelos dias seguintes. Não quis mais brincar e Naruto acabou o seguindo.

Sasuke costumava culpar aquela noite pela enxurrada de sentimentos que o acometeu depois disso. Afinal, por qual motivo além desse jogo estúpido, teria passado a reparar de um jeito diferente em seu melhor amigo?

Passou tantos anos ao lado de Naruto, livrando-o de castigos, aprendendo das mais diversas coisas ao seu lado, nutrindo algo tão forte e puro que jamais pensou que aquilo pudesse ser algo além de amizade. É claro, isso até provar seus lábios. Tinha sido apenas um breve toque, mas não conseguia esquecer. Toda vez que chegava perto dele agora, sentia o coração se acelerando e ficava reparando em seus traços. O próprio sol, cintilante e iluminado. E Sasuke seguia sendo a lua, ávido para ser banhado com sua luz.

Ficou durante muitos anos segurando seu sentimento, convencendo-se de aquilo passaria. Cada vez que o loiro chegava com uma nova namorada, engolia sua raiva e ciúmes, soltando muxoxos desinteressados nos relacionamentos. E eles nunca duravam, mesmo.

Naruto sempre repetias as mesmas perguntas.

O que acha dela?” “Achou ela bonita?” “Ela é legal, né?”

E as respostas eram sempre um estalar de língua aborrecido. Não demorava muito e Naruto terminava o namoro. Quando Sasuke perguntava o motivo, ele dava de ombros, sorria e desviava o olhar. O Uchiha, satisfeito, não insistia. Os dois seguiam firmes e juntos, ainda que Sasuke não tivesse coragem de se confessar.

Até que ela chegou.

A prima de Neji Hyuuga mudou-se para Konoha quando os dois tinham acabado de se formar. Iam entrar na faculdade e a garota faria o mesmo junto do primo. Hinata era doce, tímida e bondosa. E também péssima em esconder seus sentimentos. Cada vez que Naruto chegava perto dela, a menina corava da cabeça aos pés, demonstrando nítido interesse, ainda que tivesse vergonha de assumir. E Sasuke achou que o fato de poucas palavras saírem da boca da garota fosse o suficiente para Naruto não notar, já que ele não era lá a pessoa mais inteligente da face da terra.

Mas não foi o que aconteceu.

Em pouco tempo, Naruto e Hinata se aproximaram numa amizade estranha. Ele gostava dela, Sasuke notou. E mesmo que ela tivesse beleza e fosse simpática quando conseguiam fazê-la se comunicar, Naruto tinha gostado de algo mais. E esse algo, Sasuke provavelmente nunca descobriria o que era, porque Hinata decidiu mostrar apenas ao Uzumaki.

A notícia de que estavam namorando não tardou em chegar. Sasuke teve a mesma reação que das outras vezes, indiferente, esperando o momento em que ele romperia aquele relacionamento. Se passaram algumas semanas, meses, e nada.

O loiro continuava atrás de si, algumas vezes desmarcando programas com a namorada para ficar consigo. Sentia-se ridículo por se colocar em algum tipo de competição com a garota. Contava mentalmente quantas vezes Naruto escolhia a si e não a ela. Nutria um repúdio pela pobre menina que lhe era estranho e sem sentido, mas Sasuke jamais admitiria.

Nas noites em que Naruto ia para sua casa, fazia questão escolher seus melhores jogos, preparar suas comidas favoritas, deixá-lo do lado preferido da cama e tudo mais que ele quisesse. Enquanto jogavam, roçava a pele de seus braços despretensiosamente, querendo sentir o calor que emanava dele. Quando se cansavam, deitavam na cama larga do moreno e este mantinha as pernas bronzeadas sobre o colo. Naruto sorria. Nunca negou aquele contato, muito pelo contrário. Algumas vezes ele mesmo o buscava e se embolavam durante o sono.

O Uchiha estava certo de que só precisava insistir um pouco mais e Naruto seria somente seu de novo. Mas o relacionamento com a Hyuuga permanecia. Continuou pelos quatro anos seguintes durante o curso na universidade. Sasuke não sabia mais o que fazer. Tinha perdido as contas de quem estava ganhando pela atenção do loiro e estava totalmente perdido, porque aquela garota não cometia um erro sequer que pudesse usar contra ela.

Foi Itachi, seu irmão mais velho, que invadiu seu quarto certo dia depois de ter chegado em casa furioso. Naquela noite, Hinata tinha ganhado e Naruto passaria a noite com ela, o que vinha acontecendo com cada vez mais frequência. O Uchiha mais velho, notando aquela frustração, foi confrontar o caçula.

O que foi dessa vez?

Mas Sasuke se recusava a responder. Não era como se fosse necessário. Itachi sabia muito bem do que se tratava porque conhecia Sasuke melhor do que ninguém.

Você não vai falar com ele nunca? - perguntou o mais velho – Até quando pretende levar esse jogo?

Sasuke puxou o travesseiro e se encostou a cabeceira da cama. Ainda não olhava para o irmão, mas sentia novamente o ar sufocando-o com a verdade entalada na garganta, implorando para sair.

Ele é meu melhor amigo – o mais novo sussurrou – Meu melhor amigo hétero. Eu não quero perdê-lo.

Você tem pouca fé na amizade de vocês se acha que ele se afastaria por isso – chegou perto do garoto – E também… Não sei. Acho que você pode ter uma resposta melhor do que está esperando.

Sasuke se calou, aproveitando em silêncio o carinho do irmão. Naquela noite, decidiu que se declararia para Naruto. Os dias seguintes foram corridos e aquilo o deu tempo suficiente para reunir coragem. No fim de semana, finalmente conseguiu seu tempo a sós com o melhor amigo.

Fez como fazia em todas as vezes. Escolheu os melhores programas e jogos, preparou sua comida favorita e colocou o melhor perfume. Queria dizer sem assustá-lo, queria convencê-lo a dar-lhe uma chance. Queria olhar naqueles olhos azuis intensos e sentir novamente o calor e maciez daqueles lábios.

Quando a campainha tocou, os olhos negros se arregalaram. O coração bateu e forte e foi logo atender a porta. Naruto sorriu e Sasuke sorriu de volta, mas os olhos azuis desviaram-se dos seus. O moreno estranhou, mas se prontificou em começar seu plano.

Comeram, jogaram, o Uchiha se aproximou bastante dele para que pudesse sentir seu perfume e sua pele. E aquele momento da noite em que apenas ficavam lado a lado, trocando conversas sem sentido chegou. As mãos de Sasuke estavam geladas acariciando a tez dourada da perna de Naruto. As palavras se repetindo na mente, embora não conseguisse dizê-las. Respirou fundo várias vezes, reunindo coragem.

Eu a pedi em casamento – foi Naruto quem quebrou o silêncio.

Quê? - Sasuke piscou, confuso.

Hinata – o loiro não o encarava. Apertou mais os dedos pálidos dos pés de Sasuke entre as mãos – Eu a pedi em casamento.

O ar escapou dos pulmões de Sasuke enquanto ele encarava Naruto de cabeça baixa. As palavras morreram na garganta, secas, podres, incapazes de amadurecer e sair pelos lábios. A contagem ridícula montada da própria mente foi destruída por aquela única frase brilhando em neon.

A pediu em casamento.

Havia perdido, para sempre, seu amor.

Hm – respondeu.

Pela primeira vez depois daquela notícia, Naruto deixou escapar um sorriso pequeno.

É tudo que tem a dizer?

O que quer que eu diga? - Soltou a perna do outro.

Os azuis se ergueram encontrando os negros. Ficaram ali por muitos minutos, apenas se encarando. Havia algo que Naruto esperava, sim. Mas se Sasuke não sentia que devia dizer, então tinha feito a escolha certa. Apenas deu de ombros, desviando novamente o olhar.

E naquela noite, enquanto se deitavam para dormir na mesma cama, como fizeram por muitos anos, Sasuke virou-se para o lado oposto. Mordeu os lençóis para não fazer barulho e chorou. Foi tão baixo que ninguém jamais diria que as lágrimas banharam seu rosto quase a noite toda até conseguir cair no sono.

Os dias que se seguiram foram exaustivos. Sasuke não queria encontrar Naruto. Vinha-o evitando a todo custo, dando uma desculpa pior do que a outra. Sabia que a notícia do casamento tinha se espalhado rapidamente entre os amigos e não conseguia lidar com isso. Focou-se no emprego que tinha arranjado, engolindo a raiva, a tristeza e todas as outras coisas ruins que cresciam em seu peito até que a oportunidade perfeita surgiu.

Uma transferência para outra cidade. Tudo que queria era se manter longe, porque não suportaria ver aquele casamento acontecer. Talvez a distância o ajudasse a trancafiar aquele sentimento e ele pudesse, um dia, olhar nos olhos de Naruto e ficar feliz de verdade por ele. Pudesse sorrir com sinceridade e desejar coisas boas do fundo do coração, mas naquele momento não podia. Naquele momento, queria roubar para si o brilho daquele sol. Tudo que o restava era seguir em frente.

E antes de partir, finalmente parou de evitar aquele que amava. Fizeram naquela noite como sempre faziam. Beberam como amigos e sorriam com carinho até que Sasuke lhe deu a notícia de que estava partindo.

Queria que fosse meu padrinho – o loiro murmurou.

Sinto muito. É uma oportunidade muito boa. Você entende, não é?

Naruto assentiu. Não o encarou, o que vinha acontecendo muito. E antes de Naruto sair, tirou do bolso interno do casaco aquele pedaço de papel com o aviso iminente de sua desgraça. A superfície branca contrastando com o laço lilás que devia ter sido escolha de Hinata. Parecia um tanto amassado, talvez por Naruto levá-lo daquela forma tão descuidada. Sasuke segurou sem vontade e deu um meio sorriso que não alcançou os olhos.

Foi a última vez que se viram até a viagem. Tudo estava empacotado e Sasuke foi até a estação de trem. Entrou e se sentou em seu lugar, melancólico com a despedida. Não houve mais nenhum contato depois daquela noite. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Apenas um vazio que insistia em ficar ali. Por algum motivo, o convite estava na mochila que carregava consigo. Ainda não tinha aberto. O papel zombava de si até que Sasuke, em algum ímpeto desconhecido, abriu a bolsa e puxou o objeto.

Passou os dedos pelo nome de Naruto escrito em dourado. Sorriu. Ao menos isso combinava com ele. Tirou o laço com cuidado e abriu-o. O convite estava cheio de instruções e frases prontas. Virou o verso que devia estar liso.

Mas não estava.

No canto inferior, em letras bagunçadas, nervosas, que só podiam ser de Naruto, havia uma única frase.


Estou casando… Mas o grande amor da minha vida é você.


Os olhos escuros se encheram imediatamente lendo aquela frase. O coração parecia que iria sair pela boca assim como as mãos tremeram. Um sorriso triste se formou em seus lábios. Deixou que as lágrimas molhassem a folha sem se importar.

Porque ainda haveria um casamento. Mesmo com aquela declaração feita onde deveria haver apenas a prova de que ele amava sua noiva e apenas a ela, Naruto ainda a escolheu. Ainda seria ela a entrar com ele naquela igreja sem saber que o coração de seu noivo não pertencia somente a ela.

Sentiu como se tivesse ganhado pela última vez naquela brincadeira insana que fazia consigo mesmo, mas não importava. A escolha estava feita e ele estava indo embora.

Já fazia três anos que Sasuke vivia daquele mesmo jeito.

Havia se mudado, começado em seu novo trabalho como arquiteto e seus pensamentos sobre Naruto diminuíram com o tempo. Ele ainda estava lá, pairando em seus pensamentos como um fantasma, mas era apenas isso. Uma aparição que surgia e ia embora e Sasuke podia lidar com isso.

Preferiu trocar de número e se manter distante. Não queria ter de responder aquela declaração sabendo que sua resposta não valeria de nada. Não queria saber como andava aquele casamento, nem se Hinata já tinha engravidado. Não queria fazer parte de uma vida onde Naruto pertencia a outra pessoa. Preferia continuar como estava, sozinho, perdido na ilusão de sua voz dizendo-lhe aquelas mesmas palavras que estavam escritas naquele convite. Agarrava-se a isso e seguia como uma noite sem lua. Já não tinha o brilho do sol para iluminá-lo.

Não esperava que nada naquela manhã fosse diferente do habitual até o chamarem para conhecer o paisagista que trabalharia consigo. Desinteressado como era, apenas entrou na pequena sala e apenas quando os olhos azuis viraram-se para si, deu-se o direito e puxar o ar. As orbes negras ficaram fixas na imagem do homem a sua frente, o coração acelerou, o sangue correu nas veias, como se apenas naquele momento tivesse decidido voltar a trabalhar.

Naruto – sussurrou.

E igualmente abalado, o loiro o encarava de volta. Mas diferente do que esperava, não houve fuga. Não houve o desviar que vinha sendo frequente antes de partir. Houve apenas um sorriso surgindo nos lábios de ambos enquanto se aproximavam e se cumprimentavam. Foi Naruto quem puxou Sasuke e lhe deu um meio abraço. Sasuke correspondeu na medida do possível, ainda atordoado com aquela presença. O cheiro, o sorriso, o toque.

A luz.

Naruto – o nome escapou novamente dos lábios, dessa vez como uma prece.

Oi, Sasuke – o loiro disse, ainda perto. A voz foi apenas mais uma das coisas que o deixou impossibilitado de reagir naturalmente.

Não demorou até que mais gente surgisse onde estavam e o dia corresse com assuntos apenas sobre trabalho. Os olhos de Sasuke correram para as mãos de Naruto. Sem alianças. O coração acelerou como se ainda fosse um adolescente. Rever Naruto era algo que poderia acontecer, mas o Uchiha não estava se preparando psicologicamente pra isso nesse momento. Ainda mais, pelo que parecia, com ele descomprometido.

O dia foi longo. Ainda estavam os dois caminhando pelo curto caminho que existia entre o edifício e o prédio onde Sasuke estava morando. Silêncio. Como em muitas outras vezes, apenas andavam sem dizer nada e a companhia aquecia. Chegaram em frente ao prédio. Os dois pararam e se encararam.

Você ‘tá ficando em algum lugar? - Sasuke perguntou.

— ‘Tô – Naruto coçou os cabelos – Um hotel. Não é muito distante.

Ah. - Baixou os olhos, antes de erguê-los de novo – Você… Quer subir?

Naruto abriu um pouco mais os olhos e deixou que um sorriso se formasse antes de assentir, concordando. Seguiu o Uchiha pelo elevador e não demoraram até chegar ao apartamento do moreno. Naruto ficou olhando em volta, deslumbrando.

Nossa, esse lugar é bonito mesmo.

Hm.

Sasuke deixou as chaves sobre a mesinha e tirou o casaco que usava. Esperou que Naruto fizesse o mesmo e ligou a TV, oferecendo o controle.

Eu vou fazer algo pra comer.

Ah, eu vou com você – sorriu – Sinto falta da sua comida.

Novamente, os batimentos tornaram-se mais rápidos no peito de Sasuke enquanto o outro o seguia até sua cozinha. Havia um pequeno rádio que o Uchiha nunca usava, mas Naruto pouco se importava com isso quando o ligou. Ficou escolhendo uma estação enquanto o moreno lavava as mãos e começava a preparar alguma coisa. Uma música conhecida deles começou a tocar.

Ah, não – Naruto deu a volta na bancada parando atrás de Sasuke – Você vai ter que parar o que está fazendo agora, porque precisa performar isso comigo.

Naruto, pelo amor de…

Anda – o loiro virou-o – A gente fazia isso na época da escola, deixa de ser chato.

Éramos dois moleques, ainda bem que lembrou – o outro disse, mas não se negou a mexer os pés junto com o Uzumaki.

Você é tão preso – Naruto apoiou as mãos nos quadris de Sasuke, movendo-os divertidamente. Para se apoiar, Sasuke segurou seus ombros – Você era melhor nisso.

Usuratonkachi.

Um passo para mais perto. Os corpos estavam próximos agora. Os olhos negros, antes baixos, agora se ergueram para encarar os azuis que o olhavam, divertidos. As mãos apertaram um pouco o tecido nos ombros de Naruto que chegava mais perto.

Senti sua falta.

Eu também – sussurrou de volta.

Era como um segredo.

Você mudou seu número. Te procurei, mas não consegui falar contigo.

Eu… Tive um problema com o número antigo.

Você não precisa mentir pra mim.

Sasuke mordeu os lábios. Naruto encarou aquele ponto, a expressão tornando-se mais carregada.

E Hinata? - perguntou.

Não houve casamento.

Sasuke arregalou os olhos.

O que? Por que?

Naruto riu.

Ela era uma garota legal. Acho que uma das melhores pessoas que conheci – os globos azuis, antes perdidos em algum canto da cozinha, voltaram-se para ele novamente – E esperta.

Como assim?

Ela sabia que não ía dar certo.

Por que? - As palmas suavam.

Porque eu amo outra pessoa.

Sasuke piscou. As mãos grandes de Naruto apertaram mais seus quadris e subiram pela cintura. O corpo se aproximou mais. O nariz de Naruto roçou sua bochecha de leve. Os lábios tocaram seu rosto, fazendo um trajeto até a orelha.

Eu pensei em ir até você – o loiro sussurrou – Depois de ter me declarado no convite, fiquei com medo de que me odiasse, mas ainda tentei. Só que você sumiu. Achei que não quisesse me ver. Eu disse a mim mesmo que estava tudo bem, mas você está aqui agora… E eu não posso evitar querer você.

Naruto – o sussurro ou gemido, ou seja lá o que saiu dos lábios de Sasuke fizeram os pelos do loiro se arrepiarem.

Me desculpe ter sido covarde pra dizer isso cara a cara, mas, ainda que não me queira, eu sempre vou te querer – aspirou o perfume do outro – Eu te amo tanto.

Eu… Eu sempre amei você.

Estavam num sonho, só podia ser.

Depois de todos aqueles anos estavam novamente juntos, sussurrando suas declarações no ouvido um do outro, ouvindo sua música preferida desde que eram adolescentes. Depois de todas as vezes em que Naruto começava um novo relacionamento para chamar a atenção do Uchiha, ganhando apenas indiferença e depois de ter dito a ele que pretendia se casar com outra, sendo largado em Konoha, achou que não houvesse nenhuma emoção forte o suficiente para fazer seu coração palpitar

E lá estava ele, na cozinha, sentindo-se tão pleno com Sasuke ali em seus braços, que mal cabia em si. A boca roçou o caminho de volta, querendo os lábios que tanto queria provar desde a primeira vez. O toque tímido não durou muito tempo. Logo trataram de se saborear com cuidado e intensidade, desbravando a curiosidade em provar o sabor do outro enquanto dedilhavam o corpo e os cabelos.

Aquele era mais um daqueles fenômenos, dessa vez ainda mais belo e inesquecível. Um eclipse tão bárbaro que era capaz de tirar o fôlego.


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aaaaaaaaaa obrigada a quem leu até aqui

Espero que tenham curtido

UM BEIJO NO KOKORO E JA NEE

Feb. 24, 2018, 8:11 p.m. 1 Report Embed Follow story
22
The End

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KL Kitsune Lyra
Gente só vc mesma pra fazer uma coisa linda e emocionante dessa com essa música tema kkkk gente será que esses dois nao sabem o significado da palavra diálogo nao Gente? Sério, não tem condições, uma conversinha de 10 minutos teria poupado anos de sofrimento, mas não, vamos pelo caminho mais difícil ne? O importante é que mesmo que o amor da Lua e do Sol pareça impossível, sempre há um lindo eclipse para uni-los <3
June 11, 2018, 04:12
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