loryroux Lory Roux

Foi por causa das luzes que Naruto e Sasuke tornaram-se amigos. E cada vez mais luzes acendiam-se entre eles com o passar dos anos, iluminando seu relacionamento. Mas sabiam, no fundo, que as lanternas não podiam se comparar ao brilho que exibiam no olhar sempre que se encontravam. E essas luzes que cultivavam dentro de si mesmos eram o que iluminavam seus caminhos para estarem novamente um com o outro.


Fanfiction All public.

#Naruto #Naruto/Sasuke #Yaoi
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Your Bright

Oláaa. Mais uma oneshot levezinha do OTP.

Espero que gostem

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Não era como se fizesse tanto tempo assim que Naruto conhecia Sasuke.

Na realidade, a primeira vez que falou com o garoto moreno, ele estava estendendo um chaveiro com o sapo de pelúcia que devia estar agarrado a sua mochila. O loiro mal notou quando passou correndo por ele e notou menos ainda que tinha deixado o seu bichinho cair. Ouviu a vozinha grave do pequeno Uchiha chamando-o e por algum motivo que não sabia muito bem, acreditou que trocar aquelas poucas palavras fazia deles amigos. Eram crianças, afinal.

Descobriu alguns dias depois que nunca tinha visto Sasuke antes, porque ele havia acabado de se mudar para seu bairro e estava morando numa casa bonita em frente a sua. O que os separava era um córrego entre as duas residências e uma pequena e inclinada ponte ligava os dois lados da rua.

Foi mais ou menos naquela época que Naruto descobriu – ou ao menos imaginou – que Sasuke não gostava muito do escuro.

Depois de perceber que além de estudarem na mesma escola viviam tão pertinho um do outro, o loiro passava boa parte do tempo olhando pela janela do quarto, vendo se conseguia espiar o que o novo colega estava fazendo. Notou, desse modo, que ele não apagava as luzes na hora de dormir. Havia sempre uma luzinha amarelada acesa por lá.

Certo dia, ouviu alguma movimentação na casa dos Uchiha. Tinha certeza de que ouvia alguém chorar. Era hora de dormir e não havia nenhuma luz ligada no quarto do menino moreno. Naruto tinha certeza que havia algo errado. Procurou pela lanterna que seu pai comprara para si, desesperado. Achou-a nos fundos do guarda-roupa e correu para a janela. Apontou bem por entre as cortinas do vizinho e ligou-a. Suspirou aliviado por ser uma bela lanterna e a luz alcançar até o outro lado. Alguém apareceu na janela. Naruto não sabia dizer se era Sasuke ou o irmão mais velho dele. A pessoa abriu mais as cortinas e o choro cessou.

A lanterna ficou acesa por toda aquela noite.

Talvez tenha sido esse o motivo crucial para Uzumaki e Uchiha terem passado a se falar com mais frequência e Naruto sempre acreditou que o rubor nas bochechas do garotinho moreno tinha a ver com a vergonha de ter medo do escuro, mas isso pouco importava. Naruto não queria implicar com ele por isso, embora com o passar dos anos, tenham encontrado outras razões para tal.

Novos abajures foram comprados e muitas noites foram passadas em claro, apontando lanternas pelas janelas um do outro. Em pouco tempo era como se houvesse um código entre eles. Jamais deveriam deixar de dar boa noite através das luzes que piscavam no quarto.

Havia algo especial ali. Todos haviam notado aquela coisa os rodeando quando estavam juntos. Provavelmente, mesmo os dois rapazes haviam percebido também, mas estava tão bom daquele jeito. Para que complicar sua amizade no auge da sua adolescência?

Por que colocar em risco um relacionamento tão firme apenas pelas coisas estranhas que recentemente vinham sentindo um pelo outro? Era provável que aquela sensação tão quente e confortável sempre que estavam por perto estivesse ligada apenas ao fato de serem melhores amigos e nada mais. Podiam ignorar as vezes em que se perdiam observando os traços um do outro quando distraídos, ou quando se abraçavam e chegavam perto demais, encarando a boca um do outro. Podiam ignorar as batidas frenéticas do coração quando Naruto cismava de abraçar a cintura do moreno e descansar a cabeça em seu ombro, e deviam deixar pra lá o arrepio que corria o corpo toda vez que o loiro respirava contra a pele pálida e vice-versa.

Podiam ligar tudo isso a intimidade que tinham justo numa idade onde eram tomados por hormônios. Era normal que sentissem aquelas coisas com todo mundo, certo? Tudo bem que não se sentiam desse jeito com mais ninguém, mas essa era outra coisa que preferiam não dar atenção. Era melhor esperar isso passar e pronto.

Não iriam se separar nunca, de qualquer maneira.

Bem, era isso que pensavam, como inocentes crianças que ainda eram em seus corações.

Não esperavam a notícia de que o loiro partiria com a família para outro lugar, porque essa ideia era absurda, mas ela veio mesmo assim. Naruto queria ficar. Inventou as mais loucas e impensadas desculpas para ficar ali, ao lado de Sasuke, mas seria impossível. Gritou, implorou, chorou mais do que se lembrava de ter chorado na vida e ainda estava com o rosto vermelho e os olhos marejados quando foi visitar Sasuke e lhe dar a notícia.

Como assim, vai embora? - o moreno perguntou, sentindo a garganta secar.

Eu não quero – o soluço escapou do loiro e não demorou até que ele chorasse de novo.

Não se sabia quem estava consolando quem. Acontece que o choro de Naruto, simplesmente, fez Sasuke chorar também. E a percepção de que não poderiam mais dividir as noites iluminando o quarto um do outro parecia ter feito seu estômago afundar. Estava perdendo seu melhor amigo.

Não houve nenhum dia fácil depois disso. Estavam apenas ansiosos demais pra passar muito tempo separados. Tanto que, quando Naruto mandou mil mensagens dizendo que ia demorar para passar na casa do Uchiha naquela tarde, Sasuke entranhou.

Quando o Uzumaki finalmente chegou em sua casa carregando duas sacolas, o moreno tombou a cabeça para o lado, sem entender.

O que é isso? - indagou, dando espaço para o amigo entrar.

É um presente.

Naru… Não precisa…

Calado, teme.

O garoto loiro correu até o andar de cima e entrou no quarto do Uchiha sem cerimônias. Tirou de lá um abajur de tamanho médio, azulado. Colocou sobre o criado-mudo e ligou-o na tomada.

Eu já tenho um abajur, dobe. Você não precisava…

Eles são um par – Naruto sorriu abertamente para ele.

Sasuke passou algum tempo encarando aquele sorriso aberto, distraído, antes de perguntar.

Quem é par?

Seu abajur é par do meu. - Abriu a outra caixa, apenas para mostrar um objeto do mesmo modelo do seu, só que laranja – A moça disse que não importa onde a gente esteja, quando colocamos a mão em cima dele, o outro vai acender também.

Sério?

Sim. A gente testou e tudo – sorriu de novo – Então, mesmo que eu vá embora, toda vez que a gente colocar a mão em cima dele, a outra lâmpada também vai acender – dessa vez, o sorriso era um pouco triste.

Sasuke mordeu o lábio. Aquilo era pra fingir que nada havia mudado, ele sabia. Era pra fazer de conta que a distância não os impediria de estar juntos e o Uchiha, de certa forma, agradeceu. Ainda queria Naruto iluminando seu quarto, assim como ele tinha feito anos atrás.

Aceitou o presente sentindo um gosto amargo na boca. Horas se passaram até que o loiro tivesse que voltar pra casa e Sasuke levou-o até a porta. Pararam frente a frente, calados, cheios de ideias e declarações presas na garganta. Mesmo agora, tinham medo de falar algo errado. De deixar escapar alguma coisa que pudesse estragar o que tinham. Os braços rodearam os corpos mais uma vez, demoradamente, sentindo o toque, o cheiro e tudo mais que pudesse ser captado no contato, na carícia. E mesmo que os olhos estivessem ardendo, abriram sorrisos antes de se despedirem.

Testaram o tal abajur naquela mesma noite e, para surpresa e alegria dos dois, funcionava mesmo. Podiam ver o brilho azulado no quarto de Sasuke e o alaranjado no de Naruto.

Sorriam satisfeitos. Foi aquela a última noite do Uzumaki ali.

E nos primeiros meses, acendiam aquelas benditas lâmpadas por quase todo o dia. Era possível que esse fosse o motivo para ter parado de funcionar tão rapidamente. As chamadas diminuíram, primeiro. E foram diminuindo até que pararam.

E ficaram assim, apagadas pelos quatro anos seguintes.

Não havia mais notícia. Não havia mais brilho iluminando o quarto. Só havia um abajur defeituoso sobre o criado-mudo e a lembrança de uma amizade que parecia inquebrável… Mas não era.


Sasuke tinha dezenove anos e ainda não tinha perdido o costume de dormir com alguma luz acesa. Não era exatamente medo o que sentia agora. Apenas preferia assim.

Algo havia se perdido no Uchiha. O sorrisinho brilhante de antes raramente aparecia e já não se ouvia muito a sua voz sem que ele estivesse reclamando de alguma coisa. Não que ele fosse simpático antes, mas, certamente, não era tão mal-humorado.

Estava estranhando os sorrisos esquisitos que seu irmão mais velho direcionava a si naquela manhã. Era o dia do festival de Konoha e Itachi vinha perturbando-o há semanas para ir com ele. Sasuke, na verdade, não queria ir. Estava bem ali e não queria acabar no meio de uma multidão, vestindo Yukata, vendo fogos e lanternas de papel flutuando. Não queria mesmo.

Mas apenas ver a expressão do seu aniki fez o caçula ter certeza de que ele estava irredutível e não aceitaria um não como resposta. Por esse motivo, não estranhou a si mesmo, embora não estivesse lá muito feliz, quando começou a se arrumar pra sair ao cair da noite. Preferiu colocar roupas comuns em vez das tradicionais. Saiu de casa com um Itachi saltitante e o mais novo estava ligando isso ao fato de encontrarem com o primo Shisui.

O centro da cidade estava mesmo cheio dos dois lados do córrego que cortava o lugar. Sasuke ficou quieto a maior parte do tempo e preferia assim. Havia tanta luz que seu coração apertava sem que ele tivesse muita escolha sobre isso. Não conseguia evitar.

A noite passava rapidamente e em algum momento preferiu se afastar do irmão e do primo. Algumas pessoas já iam pra casa. A pequena ponte curvada estava quase vazia. Sasuke seguiu por ali, parando no meio dela. Viu algumas das lanternas caindo devagar sobre a água. As que estavam próximas a beira eram levantadas novamente por algumas crianças para que voltassem a flutuar.

Sasuke queria que alguém o levantasse também. Queria voltar a brilhar.

Apertou a si mesmo, mordendo os lábios até ouvir uma voz atrás de si.

Quer soltar essa lanterna comigo?

O Uchiha virou-se no susto. A voz rouca, embora mais grossa, ainda só podia ser a dele. Os olhos negros se arregalaram e a boca se entreabriu e Naruto tinha certeza que nunca tinha visto expressão mais linda naquele Uchiha.

Naru…

Oi – o rosto do loiro estava iluminado pelo brilho amarelado da lanterna.

O que você…

Queria fazer uma surpresa – coçou os cabelos – Voltei.

Eu… A… O abajur… Ele… Parou de funcionar…

Eu sei. Eu devia ver o período de garantia daquilo – fez um bico – Minha mãe disse que queimou porque a gente usava demais.

Sasuke assentiu.

Então você está de volta?

É – sorriu largamente, aproximando-se mais um passo.

Pra sempre?

É – disse mais baixo – Até que você queira ir pra outro lugar.

Os olhos negros se abriram novamente.

A verdade era que, durante aqueles anos separados, foi inevitável assumir e admitir pra si mesmo o que estava sentindo. Naruto tinha muitos amigos e sentia falta de todos eles, mas Sasuke… Era diferente, ele sabia. Sempre soube. Depois de todo aquele tempo sem conseguir falar com ele, nem mesmo ligar aqueles abajures, decidiu que voltaria para o Uchiha, não importava quanto tempo demorasse.

A oportunidade tinha surgido, finalmente. A casa dos seus pais, antes alugada, agora estava vazia e Naruto decidiu que a tomaria para si. Conseguiu o número de Itachi com algum custo e o avisou que estava chegando aquela noite. E agora vinha a parte mais importante.

Dizer ao teme o que sentia.

Vou onde você decidir ir também – o loiro voltou a falar – Não dá pra passar mais tempo longe. Não dá pra ficar sem você.

Deu alguns passos na direção de Sasuke que recuou até encostar na grade de proteção. Olhou primeiro nos azuis celestes brilhantes, inspecionando a sinceridade no rosto bronzeado até parar na boca cheia e rosada.

Céus, tinha passado um bom tempo imaginando o sabor daqueles lábios e mais tempo ainda tentando negar isso a si mesmo. Afinal, era seu melhor amigo ali. Vivia repetindo em sua cabeça que o sentimento de gratidão que tinha por ele era grande, mas aquela coisa platônica sempre esteve dentro do seu coração. Sempre foi assim.

Você quer estar comigo também? - a voz rouca sussurrando contra seu rosto foi demais.

Dobe.

As mãos pálidas tomaram cada lado do rosto do loiro e a distância entre os lábios desapareceu. O beijo acontecia enquanto a lanterna foi solta pelo loiro que se apressou em segurar o outro com mais firmeza. E enquanto a luz amarelada iluminava o céu junto a tantas outras, um brilho ainda mais forte queimava dentro dos dois.

Sasuke nunca mais precisou manter as luzes acesas pra dormir. Havia algo muito melhor para iluminá-lo agora.

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Aaaaaaa

Gente, foi isso. Espero que tenham curtido. Um beijo no kokoro e Ja nee

Feb. 24, 2018, 7:16 p.m. 1 Report Embed Follow story
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The End

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KL Kitsune Lyra
AAAAAAAAHHHHHHHHH eu to vomitando arco-Iris que coisa mais linda pelo amplo e de narutinho *--------* eu não resisto aos dois criança, sério, é MT fofoooooooooo (cara de felícia esmagando gato) Aaah a adolescência e suas descobertas, a vida com os pais e suas mudanças e despedidas, Naru voltou pro seu amor, pra ser a luz que Sasuke precisa *------* adoreeeeei
June 11, 2018, 13:52
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