jades Jade Wu asheviere Marianna Ramalho izzy02 Izzy Hagamenon

Antes do “Era uma vez…” dos contos de fadas, a vida dos personagens eram bem diferentes. Alguns estavam se apaixonando, outros estavam criando sua fama, ou estavam apenas passando mais um dia tentando alcançar o seu objetivo sem ter sucesso. Agora, já tentou imaginar como foi a vida da Rainha de Copas, da chapeuzinho vermelho e da Gothel antes do “Era uma vez”? Venha descobrir!


#41 in Romance #9 in Contemporary Not for children under 13.

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Ás de Copas

Quando Timothy conheceu Ava, ela lhe disse muitas coisas. Verdades e mentiras, ofensas e piadas, e uma grande quantidade de outras coisas que ele não lembrava de ter perguntado. Ela sorriu para ele, ela praguejou contra ele, e depois lhe pagou um chá, duas xícaras que esfriaram esquecidas entre os dois, porque eram uma dupla estranha demais para prestar atenção em qualquer coisa além do parceiro a sua frente. Os olhos de Ava eram de um castanho suave, Timothy notou, e seriam como chocolate, se chocolate tivesse sabor de ludíbrio. Os de Timothy eram claros feito o vidro e não exibiam nada mais profundo do que isso. Eram, como ele próprio, um lago raso demais para mergulhar.

Ava disse que ele não gostaria de confiar nela. Ele não confiava. Depois disse que estava ansiosa para trabalharem juntos. Depois passou vinte minutos apenas tateando as cartas de um baralho incompleto entre os dedos, talvez esperando que Timothy contribuísse pela conversa – coisa que ele evidentemente não fazia a menor questão –, talvez vendo algo além dele e daquele momento, pois às vezes escolhia uma das cartas entre dois dos dedos ágeis de jogadora e a analisava com a insinuação de um sorriso ou o olhar gelado como uma lâmina.

"Você não parece de metal", disse, em certo momento, como se só então tivesse percebido. "Decepcionante."

Por fim, perguntou se ele não queria ajudá-la. Com uma seriedade estranhamente contrária ao tom enérgico que usava antes, ela afirmou que um dia seria uma rainha. Reinaria sobre o País das Maravilhas. Traria de volta o que nunca deveria ter sido esquecido. Moveria o mundo da forma como ele deveria se mover. Tudo seria certo e estável e belo e vivo, como as rosas sempre seriam vermelhas e sempre haveria tortas no jantar.

E Timothy, novamente, não lembrava de ter perguntado seus planos para o futuro.

Ele só queria uma colaboração por conveniência, uns dias de parceria. Mas apesar da aparente indiferença, a ouviu em cada palavra, cada sonho professado, por razões que ainda não tinha condições de compreender. Talvez apenas gostasse de ouvir alguém que desejava o mundo inteiro quando ele mesmo sentia seus objetivos ainda tão tímidos e enevoados. E mesmo que raramente prestasse atenção suficiente em outras pessoas para conseguir manter uma conversa, ele pontuou:

"Você não parece uma rainha."

Pensou que seria preferível se manter em silêncio, achando que ela se ofenderia. Sabia pouco sobre Ava, mas em alguns minutos desistira de entender a forma como ela enxergava as coisas. De fato, o semblante dela se fechou, porém, Ava sorriu com seriedade.

"E isso, também, é decepcionante."

Ela não era uma rainha. Ela era o que nascia quando se negava o trono a uma.

Na época, o pensamento parecia uma piada. A ainda-não-Rainha de Copas e o Homem que não parecia de Lata. Conseguiam ser essas pessoas tão erradas até na fama crescente que cada um conquistava.

Princesa em desgraça. Guardião corrompido. União perigosa.

Apesar de seu comentário, a convicção naquele tom casual, como se dissesse uma simples verdade, tão verdadeira quanto o perigo de pular na toca de um coelho branco sem um relógio bem pontual, tornou impossível duvidar do que ela dizia. Mesmo que Timothy quisesse, pois era uma pessoa bastante racional e via muitos obstáculos contra aquele futuro, ele não conseguiu enxergar motivos para duvidar de palavra alguma.

Ela era uma rainha, apesar de não se parecer com uma.

Era ou seria, ou sempre tinha sido, e ele só não notara porque ali nada fazia sentido.

O País das Maravilhas era tão mágico quanto a Terra de Oz, e duas vezes mais estranho. Uma estranheza cuja origem era desconhecida, mas bastante familiar. Timothy a percebia aumentar nos últimos tempos. Oz não parecia a mesma sem seu Mágico. O Mágico que ele deveria servir e proteger, e que desaparecera tão misteriosamente quanto havia surgido, deixando para trás o caos em um reino desamparado e as lacunas no passado de Timothy.

"Vai me ajudar ou não?"

"Não do jeito que você quer.", respondeu. O canto de seus lábios puxou-se em um sorriso marcado na cor daquele vermelho tão vivo. Ergueu uma de suas cartas entre eles, escondendo parcialmente o rosto. O Ás de Copas, com um grande coração vermelho no centro da carta. A metade visível do sorriso parecia encantadoramente prestativa. Perguntou-se o que a outra metade escondia. "Pessoas sem coração são muito raras. Não podem pagar pela minha magia."

Timothy pegou a carta das mãos dela, porque começou a achar que ela estava brincando com aquilo. O assunto era sério demais para aquele jeito pândego, mas ele ainda não a conhecia o suficiente para saber que Ava revolvia-se de leviandade em todos os momentos. Nada era sério, principalmente as coisas sérias. Exceto jogos de críquete, é claro. Esses eram de extrema seriedade! Os dedos de Timothy mal tocaram a carta e ele se sentiu invadido por uma onda de memórias intrusivas, vozes altas e incompreensíveis, coisa demais para alguém tão cheio de vazios na mente e no peito. No curto instante antes de soltar a carta na mesa por reflexo, Timothy se viu em outro lugar. Sem as paredes, sem o chá, sem Ava. Piscou, e logo ela estava novamente na sua frente, o sorriso não deixara seu rosto, mas uma sombra em seus olhos sugeria que nem tudo nela era insensatez e diversão. Antes que Timothy perguntasse, ela falou:

"Acredite, querido. Tem sorte por não poder se envolver com magias desse tipo."

Ava conhecia um pequeno truque. Ela colecionava corações. Suas cartas guardavam nomes e memórias, e por isso ela costumava dizer que as cartas de baralho eram seus soldados. Timothy não esboçou reação, mas Ava percebeu as águas tornarem-se turvas nos lagos de seus olhos, turvas demais para mergulhar.

"Já me envolvi com magias piores."

.

Apesar do mistério de seu passado, Timothy sabia que já tinha sido uma pessoa inteira. E isso não tinha nada a ver com seu corpo.

Naquela época, ele realmente ainda não parecia ser de metal, mas, por dentro, peças e fios uniam-se de forma intrincada à carne e aos ossos, uma interseção elegante entre ciência e magia. Em algumas partes eram visíveis através da pele, como na lateral do rosto ou no dorso das mãos, mas apenas para os olhares mais atentos. Ele não tinha sido sempre assim, aquilo era obra do Mágico, no entanto, não eram as peças e os fios que o incomodavam, não o faziam se sentir menos inteiro. O real problema eram as coisas que faltavam, os espaços vazios, as lacunas. Ele sentia que tinha sido alguém antes do Mágico o transformar em um guardião de Oz, e Timothy sequer lembrava se desejara esse papel. Ele não conhecia a pessoa que tinha sido antes, mas queria conhecer, porque duvidava, do fundo do vazio em seu peito, que o Mágico o tivesse transformado em alguém melhor. Era uma arma do Mágico, e armas não precisavam de consciência, muito menos de um coração. Não precisavam de alma para dificultar os seus deveres.

Por muito tempo, ele teve um dever claro: proteger Oz, e proteger Oz sempre foi o mesmo que proteger o Mágico. Timothy matara todas as bruxas. As boas, as ruins, as do Leste e do Oeste, de Norte a Sul. Até mesmo tentou matar a bruxinha que dizia vir do Kansas, com quem acabou dividindo a estrada por um tempo antes de saber quem ela era, enquanto voltava para a Cidade das Esmeraldas. Mas a pequena Dorothy havia conseguido fugir.

Talvez fosse uma coisa boa, porém, Timothy estava apenas supondo. A alma que lhe faltava tornava difícil determinar se a vida dela era uma coisa boa ou ruim.

Foi durante aqueles dias de viagem que Timothy começou a perceber que algo estava errado com ele. A criança lhe fez perguntas que ele sentia que deveria saber responder, mas entregou apenas o silêncio. E o silêncio mais alto foi quando ela lhe perguntou seu nome.

Algumas pessoas o chamavam de "Leão das Terras de Oz", pela coragem desmedida do maior dos soldados, e ele ouviu da boca de muitas de suas vítimas o xingamento de "Espantalho do Mágico", pois era uma mente que não tomava as próprias decisões. Mas a maioria o chamava de "Homem de Lata", porque além da consciência, lhe faltava o coração, e ele era algo fabricado, algo para o qual a pessoa que tinha sido antes servira apenas de matéria-prima. Parecia uma alcunha adequada, afinal, e muito pouco era capaz de ofender alguém que nada conhecia de si mesmo, então passou a usá-la também. Era verdadeiramente o Homem de Lata.

Mas naquele momento, a alcunha em sua língua parecia errada.

Tim Mann, protestou uma voz em sua cabeça muito parecida com a dele mesmo. Timothy Mann.

Pela primeira vez em toda a vida que conhecia, ele se viu como realmente era. Podia ser pouco, mas resgatar o antigo nome lhe trouxe uma sensação estranha, um sentimento de perda. Se fosse capaz de sentir algo mais, sabia que se afogaria em luto por quem tinha sido. E todos os vazios e todas as lacunas o queimaram por dentro. Timothy soube que algo grande, importante, fora tirado dele. E precisava recuperar.

Talvez fosse ilusão sua pensar que o Mágico lhe responderia qualquer coisa, quando antes nunca o questionou. Se o Mágico ouvira sua voz duas vezes na vida, era muito, pois costumava apenas ouvir e partir para cumprir a ordem. Mas Timothy precisava daquilo. Não da resposta em si, mas da busca. De querer alguma coisa simplesmente porque queria, porque era seu e lhe foi roubado, e questionar isso era o mínimo a que tinha direito.

Porém, quando chegou à Cidade das Esmeraldas, o Mágico tinha partido. Desaparecido. Não era como em suas viagens, pois até o ar agitava-se com menos energia, ainda adaptando-se à ausência da magia dele. Ele partiu sem aviso algum, sem ordem alguma, deixando para trás a Terra de Oz sem um líder e um guardião sem um mestre. Timothy precisou decidir entre seu dever de proteger Oz ou sua vontade recém-descoberta de deixar tudo ruir e ir atrás de… alguma coisa.

O ar estava estranho como a sua mente, e as paredes translúcidas de esmeralda faziam a luz do sol parecer sombria.

.

Ava não podia trazer sua alma de volta ou lhe dar um coração, embora ela tivesse muitos. Ela não era bem uma bruxa como as que viviam em Oz. Seu pequeno truque com as cartas, porém, poderia levar Timothy às poucas bruxas que ele não havia derrubado em nome do Mágico. Mas ele seguiu em sua busca sozinho. Ava tinha coisas a fazer no País das Maravilhas.

Ela não perguntou outra vez se ele a ajudaria, o que foi um alívio. Timothy temia que sua recém-descoberta força de vontade fosse apenas passageira, temia voltar a desejar alguém que lhe apontasse um caminho para seguir. O pedido que nunca veio também o deixou mais curioso. O Homem de Lata poderia ser útil para Ava como tinha sido para o Mágico, e tinha certeza que ela sabia disso. Mas não precisava de muito para perceber que Ava gostava de conseguir as coisas do seu próprio jeito.

Algumas pessoas são feitas para lutarem sozinhas as próprias batalhas. Timothy a conhecia a pouco tempo, mas não havia vantagem alguma em enganar a si mesmo. Ele já a admirava.

.

As bruxas que ainda existiam em Oz não acreditavam no despertar daquele por trás do Homem de Lata. Timothy sabia que estava sozinho, talvez mesmo antes do Mágico abandoná-lo, e a desconfiança de suas inimigas declaradas era perfeitamente racional. Mas, por mais contraditório que pudesse parecer, a falta de resultados não lhe causava frustração.

A maioria dos encontros começava com um movimento ousado da bruxa. Timothy não tinha o mesmo conhecimento de magia e habilidade científica para se regenerar depois das batalhas, como antes. A pele ferida não voltava a crescer, deixando exposto o metal que havia por baixo, prateado e resistente, que não ostentava um arranhão mesmo após todos os conflitos. Às vezes, em um gesto nada comum para ele, olhava o metal e sorria, imaginando o que Ava diria caso a encontrasse de novo. Pensava muito em encontrá-la de novo, mas não antes de ter um coração. Como poderia justificar a vontade que sentia de ouvi-la sobre cada plano, fosse bobo ou ambicioso, e saber que o mundo seria um lugar mais interessante quando ela alcançasse seu objetivo? Não exatamente um lugar melhor, mas certamente interessante.

Havia outro motivo também para não querer encontrá-la ainda. O tempo estava lhe fazendo muito bem, e ele tinha medo de descobrir que só queria outra pessoa porque não sabia ser uma pessoa por si só. O Homem de Lata não tinha sido feito para lutar sozinho as próprias batalhas, mas Timothy iria aprender. Era desafiador, mas era gratificante. Ele parecia menos com Timothy e mais com o Homem de Lata agora, porém, contraditoriamente, nunca se sentiu tão fiel a si mesmo. Não estava mais perto de conseguir seu coração ou suas memórias, mas ele tinha sua busca e estava certo no começo, precisava querer alguma coisa mais do que precisava ter. Mas aquela busca, que era como os tijolos amarelos apontando sua direção, parecia chegar ao fim. Das poucas bruxas que o ouviram, nenhuma pôde lhe ajudar. Aparentemente, corações perdidos não podem ser recuperados.

Existem coisas dentro de nós que murcham e morrem ao serem extraídas, da mesma forma que uma planta arrancada do solo. A boa notícia é que você possui um canteiro livre dentro de si, o que permite que algo novo floresça.”

Só porque não trabalhava mais para o Mágico, não significava que tinha começado a gostar de bruxas, e detestava especialmente o jeito como elas falavam.

O fim abrupto de sua busca reacendeu o temor de desaparecer novamente dentro de si, sem coração ou alma. Mas se sentia seguro enquanto ainda tinha suas próprias decisões. E naquele momento, achou ser hora de encontrar Ava outra vez. Ele não tinha um coração, mas ela tinha vários e os entendia melhor do que qualquer um.

Timothy não se surpreendeu ao encontrá-la no coração do reino. A Rainha Avalonne do País das Maravilhas. Não era uma surpresa, sempre soube que ela fora feita para reinar, ou então que faria o reino se tornar feito para ela. Qual era a diferença? O resultado era o mesmo. Também não viu surpresa no rosto dela quando apareceu. Viu... algo estranho, uma espécie de expectativa.

— Você demorou, Tim.

— Estava me esperando?

— É claro. Eu imaginei que precisaria da minha ajuda de novo quando percebesse que não deu certo da primeira vez.

— Na verdade, você se enganou sobre isso. — Ela ergueu a sobrancelha, curiosa, quase ofendida pela sugestão de que estivesse errada. — Não vim mais pedir ajuda. Não vim porque preciso, mas porque quis. Mas, falando em ajuda, vejo que não ficou esperando a minha.

— Fiquei entediada, então comecei sem você. — Ela deu de ombros como se conquistar um reino não fosse grande coisa.

O sorriso nos lábios vermelhos tinham a mesma curva ludibriosa que ele lembrava, realçados por todo o vermelho em suas roupas e no palácio. Uma vez ele a ouvira dizer que detestava vermelho, mas que, se iria manter uma coroa contra a vontade de meio mundo, precisaria aprender a se acostumar com a cor. E ela tinha feito bem mais do que se acostumar. Pelos boatos que ouvira, Ava apreciava a cor do sangue tanto quanto uma boa xícara de chá.

Será que a falta de um coração era o que permitia que Timothy se sentisse tão à vontade, capaz de dividir a mesma xícara com ela enquanto olhava nos olhos de alguém a quem via como um igual?

Ou talvez fosse exatamente o oposto. Se a Rainha de Copas era tão parecida com ele mesmo tendo um coração, talvez a ausência do seu não o impedisse de ser alguém completamente diferente.

A conclusão levou ainda a outra pergunta. Queria mesmo ser alguém diferente? Não tinha tentado muito desde que o Mágico desaparecera. Ainda enterrara muitas bruxas, e não lamentava por nenhuma delas. E havia algo de estranho no ar que ele apreciava cada vez mais. Uma vez ele pensara que o País das Maravilhas era como a Terra de Oz, mas ainda mais corrompido. Uma terra mágica, sem dúvidas, mas algo parecia pelo avesso, revirado, vulnerável. Como Oz também já não era a mesma sem o Mágico. E as duas coisas lhe pareciam tão corretas. Uma Oz sem um Mágico. Um País das Maravilhas coberto de vermelho-sangue.

— O que foi? — Ava perguntou, ao notar um riso discreto. Era a primeira vez que ele retribuía um de seus sorrisos, e ela gostava disso. Mas queria saber o que havia mudado.

— Acho que nunca foi sobre ser, mas sobre escolher... — respondeu. Assim como a busca o interessava mais do que o resultado, a possibilidade de ser uma outra pessoa o importava mais do que realmente ser outra pessoa.

— Meus parabéns, Homem de Lata.

— Você sabia que eu não encontraria um coração.

— Não precisa de um.

— Comentário surpreendente vindo da Rainha de Copas.

Ela sorriu como se fosse contar um segredo. Pegou as cartas que tanto gostava de manusear quando se conheceram, apenas as do naipe de Copas. Cada uma tinha um nome em tinta vermelha, riscados um após um até que ela conseguisse seu trono.

— Eu nunca tive um baralho inteiro a meu favor, sabia? — Ela puxou o Ás de Copas, um grande coração vermelho no fundo branco. — Mas isso aqui... Alma, sonhos, desejos... Quando se rouba o coração de alguém, essa pessoa colocaria o próprio pescoço na guilhotina se lhe fosse pedido. Você não precisa desse ponto fraco, Tim…

Estavam tão próximos que Timothy podia ouvir o coração dela bater. Inclinando-se, Ava tocou seus lábios nos dele. O Homem de Lata jamais faria parte do baralho da Rainha de Copas, e era por isso que sua companhia era sincera. O homem sem coração era o único a quem Ava confiaria o próprio, pois ele estava ali porque queria, não porque ela o tinha colocado entre suas cartas para manusear quando quisesse ou precisasse.

Timothy guardou o Ás de Copas no bolso interno do casaco, bem sobre o vazio de seu peito. Ele tinha o coração de Ava, e cuidaria dele melhor do que havia cuidado do seu.

Sept. 1, 2022, 2:26 a.m. 1 Report Embed Follow story
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Samuel Araújo Palmeira Samuel Araújo Palmeira
A história é fascinante e cheia de nuances. A dinâmica entre eles é intrigante, com Timothy sendo uma figura sombria e Ava, uma personagem misteriosa e complexa. A maneira como ela manipula as cartas e Timothy reconhece suas próprias falhas e limitações cria um contraste poderoso. É interessante como a narrativa explora temas de confiança, poder e identidade. A interação deles é carregada de subtexto e sugere uma profundidade emocional surpreendente, especialmente considerando o passado enigmático de Timothy e o ambicioso futuro de Ava.
January 15, 2024, 03:18
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