Sábado de madrugada, Distrito Federal, Brasília. Acorda ofegante. Leva alguns segundos para se recompor. Vira-se para a sua esquerda, em direção ao criado mudo. Pega o celular. Três horas da manhã, ainda? Achei que era mais tarde.
Ele sabia que levantar-se naquele momento atrairia a atenção da esposa, que tem o sono leve. Caso isso ocorresse ela o cravaria de perguntas. Desde seu último surto, há um ano e meio, Márcia passou a ficar mais atenta às mudanças de hábitos do marido. Ela não aguentaria presenciar outra internação de João Marcos.
Já vai levantar? Está preocupado? Ansioso? Você não dormiu nada. Isso faz mal pra saúde. Agora meu sono foi embora também, são coisas que ela diria.
Mas eu preciso me levantar para escrever. Minha mente não para e meu caderno me ajuda a extravasar, justifica a si mesmo. Por fim, conclui que aquela fuga seria demasiadamente arriscada. É mais seguro pegar o fone de ouvido, conectá-lo ao aparelho e procurar um podcast para se distrair e refugiar-se em seu mundo.
Acho às cinco eu consigo, ilude-se.
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