Perdida, dolorida e esgotada após um grito liberado no sufoco, caiu na terra úmida de chuva outonal. Era madrugada e muito provavelmente o dia chegaria. Até lá deveria suportar o breu que envolvia como capa. Não sabia se deveria permanecer parada até o Sol voltar ao céu. Quem sabe, seria o mais inteligente.
Aproximou a mão do rosto e depois afastou tentando entender a intensidade do próprio escuro. Breu molhado. Podia sentir o respingar no próprio vento frio e aquele mundo coberto cheio de vida. O coração acalmou e desacelerou e, aos pouquinhos, os sentidos retornavam à estabilidade para tentar perceber o mundo.
O medo que sentia era das panteras. A mata as tinha presentes. Perigosas. Um aviso aos humanos para se manterem longe. Infelizmente, estava ali contrariando as regras. Era uma invasora que poderia ser morta.
Então, aos poucos, começou a se movimentar para longe da onde havia gritado em desespero. Em uma fuga contra o possível perigo, os passos tentavam ser silenciosos e cuidadosos com qualquer toque nos galhos, folhas e terra. Até que a ouviu Paulina e Eliza.
O coração acelerou e começou a andar na direção do som. Elas precisavam se calar. Era uma tolice mortal. Só que elas falavam como se o mundo quieto e silencioso não fosse uma armadilha dos felinos. Agora andava o mais rápido que podia. O desespero tomou conta.
Paulina e Eliza estavam lá. Contudo, havia mais alguma coisa, a pantera. Corpo grande e peludo encoberto pelas camadas da noite. Olhos se revelando nas sombras pelo brilho agoniante, focados nelas.
Parou atrás das irmãs, que não a haviam percebido ainda, pois estavam de costas. A pantera rosnando e olhando pronta para o ataque. Então o animal a viu assim como ela o enxergava também. Frente a frente. Pronta para aquele ataque.
Ela pulou na frente das irmãs quando o bicho saltou e caiu por cima dela. Entraram em combate. Morreria por elas, mesmo que fosse apenas um reflexo de defesa. Uma grande e breve guerra entre ela e a pantera ascendeu e no mesmo segundo acabou. Por fim, morreu.
O dia pouco a pouco emergia.
Paulina e Eliza observaram o corpo caído. A espingarda e o rifle, na mão de cada uma, cumpriram seu papel. Lílian estava morta. Sob a luz jazia a pantera.
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