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Maria Eduarda


Tudo culminou depois do baile. Nunca na sua vida inteira Verônica acharia que um dia, ia estar em um evento como aquele. Tampouco bailes humanos. Menos ainda bailes que reuniam seres como elfos, espectros, vampiros e, é claro, humanos. Mas essa oportunidade surge. Seu objetivo era apenas estar lá por algumas horas e depois ir ao bar mais próximo para terminar sua noite. No entanto, os poucos minutos em que estava infiltrada já a fez se arrepender, quando percebe estar atraindo mais atenção do que deveria.


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Uma hora e meia

Estar em uma festa como aquela era uma grande experiência. Pisar além do degrau que começava a propriedade, que só convidados, humanos e elfos e quem sabe mais o quê, a lembrava que nunca mais entraria em um lugar como aquele. A chance era de uma e um milhão.


Seu corpo começou a tremer e ela parou.

Verônica não sabia dizer se era bom ou ruim. Se estava adequada o bastante para uma festa daquele nível ou abaixo do esperado até para os parâmetros humanos. Se ela tivesse vindo com intenções de roubar, talvez as coisas fossem diferentes, ela teria essa necessidade de parecer feliz e disposta a qualquer coisa que lhe aconteça naquela noite.


Devia ser uma coisa boa, não é? Não era como se ficasse a noite inteira dançando até seus calos doem, nem que gostasse tanto de champanhe e vinho (pouco provável que tivesse cerveja) ou se interessasse pela culinária sofisticada.


Ela engoliu em seco, suprimindo a ideia de pedir para alguém vir buscá-la e acompanhá-la para dentro. Para entrar nas portas duplas de mármore, detalhada em linhas de um amarelo escuro com formas arredondadas, tinha que desviar de outros convidados que andavam como se nada devesse atrapalhar seu caminho.


Uns eram humanos — só por estarem ali, deviam ter uma vida... Financeiramente estável —, vestidos de acordo com a ocasião e enchendo o ar de conversas. Não dava para se comparar a como ela se vestia (se nem com os de sua espécie ela conseguia se comunicar, quanto mais outros seres).Ela se sentia despida só de ver como tantos ornamentos cabiam em uma pessoa. Ficou muito tempo se arrumando no espelho, encarando os próprios cabelos escuros, checando o quanto sua pele branca foi bronzeada pelo Sol de manhã, até se conformar com o que via. Aquela figurante fazendo seu papel de figurante.


Outros, se forçasse um pouco o olho contra a aura fluída e diferente impregnada, estavam longe de se parecer humanos.Se comparar a eles era ainda pior.


Um casal entrava com os vestidos esvoaçando pelo chão, passando ao lado de um par de elfos que Verônica avistou ter chifres e suas ombreiras refletiam na luz como prata. Um humano fez um cumprimento com o champanhe para uma elfa com uma roupa da cor do crepúsculo e com... Desenhos de árvores? Era o que parecia. Um espectro passou ao lado de Verônica desfilando sobre os degraus, tintilando os anéis que tinham o mesmo tom amarelo-esverdeado como os colares, os anéis e a roupa.


Ela não podia olhar muito, seria falta de educação.


Mas era quase impossível. Ela sabia que nunca mais iria para um lugar como aquele de novo.


Só que eventos sociais no geral... Não era algo que ela comparecia sempre, com ou sem o sobrenatural. Soava tentador ficar em casa brincando com os gatos da região, empilhando e juntando e bagunçando suas coleções de cadernos, limpar suas amostras de plantas... Quem sabe organizar sua casa inteira, para que amanhã ela esteja limpa para bagunçar de novo e esquecer das coisas por causa do déficit.


Uma opção melhor do que ir a um evento como aquele, em que ficaria no canto a maior parte da noite e rodeada de estranhos.


Afinal, os nobres tinham a noite inteira para festejar e a manhã seguinte para a ressaca. Verônica tinha suas coisas para fazer no Domingo e o fim de semana pode passar num piscar de olhos.

Mas ela já estava ali. Com seu terno cor de vinho no corpo, um brinco nas orelhas e uma posturamodesta, ela prometeu a si mesma; uma hora e meia. Ficaria ali uma hora e meia.


Com isso, ela entrou.


.

.

.


Verônica decidiu encurtar para uma hora.


Realmente, ela não deveria ter vindo.

April 23, 2022, 4:33 a.m. 0 Report Embed Follow story
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